CITAÇÃO, 125
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CITAÇÃO, 125
Rui Ramos, Entre neoconservadores e neoprogressistas, hoje no Público. Breves excertos:
«Não sei se repararam, mas já é a segunda vez, nos últimos dez anos, que nos mandam mudar de ideias. A primeira foi a 11 de Setembro de 2001. Ainda não tinha assente o pó das Twin Towers e já uns quantos fazedores de opinião, a que nos habituámos depois a chamar “neo-conservadores”, nos mandavam pôr Noam Chomsky no lixo e assentar praça na cruzada pela americanização do mundo. Em 2008, o “11 de Setembro” parece ter sido a 15, quando tombou o Lehman Brothers. Ainda sem sabermos quantos bancos vão falir, já outros fazedores de opinião, a que talvez possamos chamar “neoprogressistas”, nos dão ordens para deitar fora Milton Friedman e iniciar a batalha pela regulamentação e inspecção da vida inteira. Em 2001, tivemos de ser todos “americanos”; teremos agora de ser todos “regulamentados”?
[...] Os neoprogressistas andam há anos à procura do seu “11 de Setembro”. Ao principio, julgaram que iria aparecer sob a forma de um Vietname. Mas o general Petraeus tirou a guerra do noticiário. Experimentaram depois a “economia”, como Clinton em 1992, mas pelo lado pouco promissor do proteccionismo. Finalmente, saiu-lhes na rifa um “crash à 1929”. E, tal como os seus rivais em 2001, ei-los a declarar o “fim da festa”: não da liberdade de costumes, mas da liberdade dos mercados. Seria tempo de voltarmos ao curral do Estado, regulamentados, inspeccionados e taxados muitas vezes ao dia, como no velho século XX.
As coisas, como sabemos, não correram bem aos neo-conservadores. [...] Rapidamente se percebeu que não seria possível brincar aos imperialismos vitorianos num mundo cada vez mais chinês, indiano e russo. Entretanto, a fim de evitar uma “recessão”, isto é, o reajustamento do nível de vida no Ocidente, as autoridades criaram as condições monetárias para um “sofisticado” sistema financeiro ir alimentando o consumo — até agora.
[...] Os Estados ocidentais têm pela frente o espectro da reforma dos baby-boomers e as despesas de saúde correlacionadas. Vão precisar de muito dinheiro. Ora, o sistema financeiro, agora em dificuldades, foi um grande meio de “inventar” dinheiro: o verdadeiro equivalente ocidental das fábricas chinesas. Os neoprogressistas não têm alternativa. Mas se os Governos se endividarem para resgatar a galinha dos ovos de ouro, o que sobejará para as despesas estatais com que sonha o neoprogressismo?
[...] Há um facto que os neoconservadores não perceberam em 2001, e que os neoprogressistas não estão a perceber agora: é que a “festa”, quando acaba, acaba para todos.»
Etiquetas: Citações
posted by Eduardo Pitta em Da Literatura
Rui Ramos, Entre neoconservadores e neoprogressistas, hoje no Público. Breves excertos:
«Não sei se repararam, mas já é a segunda vez, nos últimos dez anos, que nos mandam mudar de ideias. A primeira foi a 11 de Setembro de 2001. Ainda não tinha assente o pó das Twin Towers e já uns quantos fazedores de opinião, a que nos habituámos depois a chamar “neo-conservadores”, nos mandavam pôr Noam Chomsky no lixo e assentar praça na cruzada pela americanização do mundo. Em 2008, o “11 de Setembro” parece ter sido a 15, quando tombou o Lehman Brothers. Ainda sem sabermos quantos bancos vão falir, já outros fazedores de opinião, a que talvez possamos chamar “neoprogressistas”, nos dão ordens para deitar fora Milton Friedman e iniciar a batalha pela regulamentação e inspecção da vida inteira. Em 2001, tivemos de ser todos “americanos”; teremos agora de ser todos “regulamentados”?
[...] Os neoprogressistas andam há anos à procura do seu “11 de Setembro”. Ao principio, julgaram que iria aparecer sob a forma de um Vietname. Mas o general Petraeus tirou a guerra do noticiário. Experimentaram depois a “economia”, como Clinton em 1992, mas pelo lado pouco promissor do proteccionismo. Finalmente, saiu-lhes na rifa um “crash à 1929”. E, tal como os seus rivais em 2001, ei-los a declarar o “fim da festa”: não da liberdade de costumes, mas da liberdade dos mercados. Seria tempo de voltarmos ao curral do Estado, regulamentados, inspeccionados e taxados muitas vezes ao dia, como no velho século XX.
As coisas, como sabemos, não correram bem aos neo-conservadores. [...] Rapidamente se percebeu que não seria possível brincar aos imperialismos vitorianos num mundo cada vez mais chinês, indiano e russo. Entretanto, a fim de evitar uma “recessão”, isto é, o reajustamento do nível de vida no Ocidente, as autoridades criaram as condições monetárias para um “sofisticado” sistema financeiro ir alimentando o consumo — até agora.
[...] Os Estados ocidentais têm pela frente o espectro da reforma dos baby-boomers e as despesas de saúde correlacionadas. Vão precisar de muito dinheiro. Ora, o sistema financeiro, agora em dificuldades, foi um grande meio de “inventar” dinheiro: o verdadeiro equivalente ocidental das fábricas chinesas. Os neoprogressistas não têm alternativa. Mas se os Governos se endividarem para resgatar a galinha dos ovos de ouro, o que sobejará para as despesas estatais com que sonha o neoprogressismo?
[...] Há um facto que os neoconservadores não perceberam em 2001, e que os neoprogressistas não estão a perceber agora: é que a “festa”, quando acaba, acaba para todos.»
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posted by Eduardo Pitta em Da Literatura
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