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As feridas de Frida

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As feridas de Frida Empty As feridas de Frida

Mensagem por Vitor mango Dom Set 04, 2011 8:56 am

As feridas de Frida
por Ana Vidal | 03.09.11
| 5 denúncia(s)

As feridas de Frida 9043527_6r6oB




As feridas de Frida Khalo foram muitas, e quase todas tiveram nome de mulher.


Diego Rivera, o homem a quem ela
chamava carinhosamente "panzón" por causa do volume da sua barriga,
tinha, além disso, idade para ser seu pai e era "feo como un cerdo", nas
palavras de uma amiga de Frida. Pelo seu lado, Frida era uma
mulher-menina, fisicamente frágil (quanto a força interior, a conversa é
outra) e doente, um vidrinho colorido e exótico que Diego gostava de
exibir. Porém, nada disso impediu que se tivessem amado loucamente e que
esse amor, aparentemente tão desequilibrado, se tenha já tornado
lendário. É claro que, visto à distância, tudo parece mais romântico. A
verdade é que Frida sofreu muito também por causa desse amor. E se
acabou por transformar-se numa excêntrica para a sociedade mexicana ao
liberalizar, também ela, as suas relações amorosas, foi porque nunca
conseguiu que Diego correspondesse ao modelo que ela queria para a sua
vida afectiva. Foi ele o seu mentor no mundo da arte, mas foi também ele
que moldou nela a provocação e a révanche, que a perverteu e a
obrigou a reagir assim, como uma fera ferida que mostra as garras para
se defender e acaba atacando também.
Diego Rivera era um homem torturado e
conflituoso, dado a excessos e, sobretudo, muitíssimo mulherengo. Como
artista plástico era um ícone já na sua época, aclamado e respeitado
internacionalmente, o que acrescentava uma aura de mito ao charme rude
que o caracterizava. Essa combinação produzia um efeito mágico no
universo feminino e anulava totalmente o seu desastrado aspecto
exterior. Dizia-se dele, com certeza não sem um certo exagero, que era
magnético. O rol de mulheres que lhe caíu aos pés - antes, durante e
depois do casamento com Frida - foi quase infindável, e essa fama era um
rastilho poderoso que incendiava as novas candidatas.
Para além das insuportáveis dores
físicas que a fatalidade lhe causou* (provocando-lhe ainda a
impossibilidade de ser mãe, como dano colateral), Frida sofreu
incontáveis humilhações com as infidelidades de Diego, as quais, aliás,
culminaram na mais dolorosa de todas: um caso com a sua própria irmã,
dentro de portas. Esse drama quase a levou ao suicídio e fez com que
quase rapasse o cabelo (uma das suas imagens de marca, em penteados
elaborados), se desfizesse de todos os adornos e até que se vestisse de
homem, matando impiedosamente toda a sua feminilidade e exuberância
transbordantes. Mas Frida era também uma artista: exorcizou todas as
dores na pintura deixando para a posteridade, nos seus quadros, um
retrato arrepiante do seu sofrimento e da sua coragem. Aqui fica a minha
homenagem a essa grande mulher, que morreu mais ou menos com a idade
que eu tenho agora. Admiro nela a obra e a vida, ambas de uma
originalidade espantosa.
Acrescento, à minha, outra homenagem: a
de Pedro Guerra (cantautor espanhol pouco conhecido aqui no burgo), que
escreveu em honra de Frida Khalo a canção "El Elefante y la Paloma" -
letra e música de sua autoria - cuja letra, baseada num texto da própria
Frida, aqui transcrevo:






EL ELEFANTE Y LA PALOMA




A Frida le duelen los huesos
y mirándose al espejo
pinta todo su dolor
A Frida le duele la vida
y apriendendo de su herida
llena todo de color

Diego mi Diego, Diego mi amor
por qué pienso que eres mio
si eres solo tuyo, Diego
si eres solo tuyo, Diego...

Frida miró al Elefante
y empezó a desdibujarse

pero nada le importó
Diego miró a la Paloma
y la amó entre tantas cosas
entre el lienzo y la pasión

Diego mi niño, Diego pintor
por qué pienso que eres mio
si eres solo tuyo, Diego
si eres solo tuyo, Diego...



Frida descansa en el lecho
y se pinta hasta en el pecho
con tal de sobrevivir


Diego mi amigo, Diego = Yo
por qué pienso que eres mio
si eres solo tuyo, Diego
si eres solo tuyo, Diego...







*Vítima de poliomielite infantil aos 6 anos, ficou com a perna direita
defeituosa, mais delgada e curta que a perna esquerda; aliás, essa perna
acabaria por ser amputada. Aos 18 anos, foi vítima de um acidente
brutal: o autocarro onde
viajava
foi abalroado por um eléctrico. Frida foi trespassada por um varão
metálico, sofrendo danos irreversíveis na coluna vertebral. Em inúmeros
dos seus quadros se podem ver os rígidos aparelhos ortopédicos que usou
para sustentar a coluna partida, que eram autênticos instrumentos de
tortura.




tags: frida khalo

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