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O mais universal dos italianos

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Mensagem por Vitor mango Dom Set 18, 2011 11:37 pm

O mais universal dos italianos

por João LopesHoje

Do período neo-realista aos grandes filmes confessionais, Federico Fellini foi o cineasta italiano com maior projecção internacional. Quatro dos seus títulos receberam o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro

No dia 29 de Março de 1993, em Los Angeles, quando Federico Fellini recebeu um Óscar honorário, a Academia de Hollywood apresentou a habitual antologia de imagens do homenageado com uma das suas mais célebres frases: "O visionário é o único verdadeiro realista."

Como poucos, Fellini conseguiu essa proeza de fazer filmes absolutamente individuais, introspectivos e obsessivos, ao mesmo tempo deixando-nos a sensação paradoxal de pintar um mundo próximo e realista (mesmo quando esse é, antes de tudo o mais, um mundo de fantasmas). Afinal de contas, talvez seja isso também que ajuda a demonstrar a sua universalidade. Ao consagrá-lo com aquele Óscar (poucos meses antes da sua morte, a 31 de Outubro de 1993), a Academia estava também a celebrar o cineasta que dirigira nada mais nada menos que quatro títulos premiados com o Óscar de melhor filme estrangeiro: A Estrada (1954), Noites de Cabíria (1957), Oito e Meio (1963) e Amarcord (1974).

Como outros criadores italianos da sua geração (nasceu em 1920, em Rimini, uma cidade do Adriático), também Fellini começou por ser profundamente marcado pelo neo-realismo. Foram, afinal, os neo-realistas que ofereceram aos espectadores italianos algumas das primeiras ficções para lidarem com a herança traumática da Segunda Guerra Mundial. Como argumentista de Roberto Rossellini, em particular nos clássicos Roma, Cidade Aberta (1945) e Paisà (1946), Fellini foi uma das personalidades fortes dessa época, mesmo se a sua evolução pessoal rapidamente o iria afastar das coordenadas neo-realistas.

Desde os primórdios como realizador, em O Sheik Branco (1952) e Os Inúteis (1953), o universo de Fellini, ainda que sem menosprezar a observação social, foi adquirindo as características de uma paisagem intimista e confessional. O filme decisivo nesse processo terá sido Oito e Meio, visão terna e cruel do labor de um cineasta (Marcello Mastroianni) que possui uma muito óbvia e contundente dimensão autobiográfica. Por vezes, essa dimensão passou pela integração da sua mulher, Giuletta Massina, por exemplo em Julieta dos Espíritos (1965) ou, já na fase final, em Ginger e Fred (1985), visão implacável do universo televisivo, com Massina e Mastroianni nos papéis principais.

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