Linda a Velha
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Linda a Velha
A LENDA DE LINDA-A-VELHA - LISBOA
Numa casa acastelada, situada nos arredores de Lisboa onde nascia uma
pequena povoação ainda sem nome, vivia uma recatada e esbelta jovem que
cavaleiros e jograis cortejavam. A todos, com discreta delicadeza,
rejeitava. Até que - há sempre um dia - apareceu um moço fidalgo, amável
e bem parecido. Olharam-se, e logo, se amaram. Falaram os olhos e
entenderam-se - a expressiva linguagem dos olhos! Só, depois de, à
noite, o jovem lhe ter cantado madrigais, chegaram à fala. Confessaram,
mutuamente, o súbito amor que brotara em ambos.
Aconteceu que o enlevo foi fugaz. É que, entretanto, a rogo do papa, o
rei tinha anuído a participar numa cruzada à Terra Santa, para libertar a
Palestina das garras dos infiéis. Os fidalgos foram convocados e o
jovem amador lá partiu, com o coração destroçado, mas animado pelas
juras de inquebrantável amor. Da varanda da torre de sua casa, a jovem,
entre lágrimas de saudade, viu a armada descer o Tejo e, de seguida, foi
à capela rezar pelo êxito do seu bem-amado. Mas a nau em que este
seguia foi surpreendida por uma tempestade à entrada do estreito de
Gibraltar (então chamado Colunas de Hércules). Naufragou e a tripulação
pereceu. Ninguém teve coragem, quando chegou a notícia, de lhe contar o
nefasto acontecimento. Mas ela, com o passar do tempo, adivinhou-o. O
amor, porém, não morreu e alimentou a sua alma, com tanto vigor que até
conservava a sua juventude facial, inexplicavelmente.
O corpo perdia o viço, os cabelos embranqueciam, mas o rosto permanecia
sem sinais de velhice. O seu aspecto era o de uma "linda velha".
Depois da partida do seu amado, a jovem castelã adquirira o hábito de se
demorar, à tarde, na varanda da torre, contemplando o Tejo, na
nostálgica expectativa de ver regressar o querido fidalgo. Com o avançar
dos anos, já não era a esperança que a movia - era o hábito e a
saudade. E as pessoas que passavam olhavam-na e comentavam, com
admiração: como é "linda a velha"! E assim aquele casarão onde residia
passou a ser conhecido pelo paço da "linda velha", que veio a dar o nome
à povoação.
"Lendas Portuguesas" Recolha de Fernanda Frazão
Edit. "Amigos do Livro"
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Numa casa acastelada, situada nos arredores de Lisboa onde nascia uma
pequena povoação ainda sem nome, vivia uma recatada e esbelta jovem que
cavaleiros e jograis cortejavam. A todos, com discreta delicadeza,
rejeitava. Até que - há sempre um dia - apareceu um moço fidalgo, amável
e bem parecido. Olharam-se, e logo, se amaram. Falaram os olhos e
entenderam-se - a expressiva linguagem dos olhos! Só, depois de, à
noite, o jovem lhe ter cantado madrigais, chegaram à fala. Confessaram,
mutuamente, o súbito amor que brotara em ambos.
Aconteceu que o enlevo foi fugaz. É que, entretanto, a rogo do papa, o
rei tinha anuído a participar numa cruzada à Terra Santa, para libertar a
Palestina das garras dos infiéis. Os fidalgos foram convocados e o
jovem amador lá partiu, com o coração destroçado, mas animado pelas
juras de inquebrantável amor. Da varanda da torre de sua casa, a jovem,
entre lágrimas de saudade, viu a armada descer o Tejo e, de seguida, foi
à capela rezar pelo êxito do seu bem-amado. Mas a nau em que este
seguia foi surpreendida por uma tempestade à entrada do estreito de
Gibraltar (então chamado Colunas de Hércules). Naufragou e a tripulação
pereceu. Ninguém teve coragem, quando chegou a notícia, de lhe contar o
nefasto acontecimento. Mas ela, com o passar do tempo, adivinhou-o. O
amor, porém, não morreu e alimentou a sua alma, com tanto vigor que até
conservava a sua juventude facial, inexplicavelmente.
O corpo perdia o viço, os cabelos embranqueciam, mas o rosto permanecia
sem sinais de velhice. O seu aspecto era o de uma "linda velha".
Depois da partida do seu amado, a jovem castelã adquirira o hábito de se
demorar, à tarde, na varanda da torre, contemplando o Tejo, na
nostálgica expectativa de ver regressar o querido fidalgo. Com o avançar
dos anos, já não era a esperança que a movia - era o hábito e a
saudade. E as pessoas que passavam olhavam-na e comentavam, com
admiração: como é "linda a velha"! E assim aquele casarão onde residia
passou a ser conhecido pelo paço da "linda velha", que veio a dar o nome
à povoação.
"Lendas Portuguesas" Recolha de Fernanda Frazão
Edit. "Amigos do Livro"
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
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