asco da Gama e a arte de “bem tratar” as gentes do Índico
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asco da Gama e a arte de “bem tratar” as gentes do Índico
asco da Gama e a arte de “bem tratar” as gentes do Índico
Peter Sloterdijk, Palácio de Cristal, Relógio D’Água, pág. 122.
«Em
30 de Outubro [de 1502], Vasco da Gama, agora ao largo de Calecute,
ordenou ao samorim que se rendesse e exigiu a expulsão da cidade de
todos os muçulmanos. Quando o samorim contemporizou e mandou enviados
para negociar a paz, Vasco da Gama replicou sem ambiguidade. Capturou no
porto, ao acaso, um certo número de negociantes e pescadores,
enforcou-os imediatamente, depois esquartejou os corpos, atirou mãos,
pés e cabeças para uma embarcação que mandou para terra com uma mensagem
em arábico na qual sugeriu ao samorim que utilizasse aqueles bocados de
corpos de gente para fazer um caril.»
Daniel Boorstin, Os Descobridores, Gradiva, pp. 170-171
Publicada por
AMCD
em
Quarta-feira, Abril 29, 2009
Etiquetas:
História,
Vasco da Gama
Nestes
tempos de retorno da pirataria ao Índico, mais precisamente nas águas
somalis, e face ao humanismo demonstrado por holandeses (que libertaram
os piratas e os enviaram numa embarcação para terra) e pelos actuais
portugueses (cuja lei nacional os impede de deter piratas naquelas
águas) lembrei-me de Vasco da Gama. Cantado e idolatrado pelos nossos
maiores poetas – Camões e Pessoa – Vasco da Gama não passa de um vilão
aos olhos de historiadores e filósofos contemporâneos.
Talvez não
tenha sido por acaso que os japoneses quando avistaram as velas dos
nossos barcos pela primeira vez (fomos os primeiros europeus a demandar
as suas costas), nos chamaram “bárbaros do Sul”.
Eis o que dizem
historiadores e filósofos contemporâneos do comportamento do nosso Vasco
a quem, segundo os poetas, os deuses abriram as portas do céu:
«Quando
da sua primeira viagem à Índia, em 1497, Vasco da Gama, sem motivo
especial, mandou incendiar e afundar, depois de o ter pilhado, um navio
mercante árabe, a bordo do qual se encontravam duzentos peregrinos que
se dirigiam para Meca, incluindo mulheres e crianças – prelúdio a uma
“história do mundo” dos crimes externos.»
tempos de retorno da pirataria ao Índico, mais precisamente nas águas
somalis, e face ao humanismo demonstrado por holandeses (que libertaram
os piratas e os enviaram numa embarcação para terra) e pelos actuais
portugueses (cuja lei nacional os impede de deter piratas naquelas
águas) lembrei-me de Vasco da Gama. Cantado e idolatrado pelos nossos
maiores poetas – Camões e Pessoa – Vasco da Gama não passa de um vilão
aos olhos de historiadores e filósofos contemporâneos.
Talvez não
tenha sido por acaso que os japoneses quando avistaram as velas dos
nossos barcos pela primeira vez (fomos os primeiros europeus a demandar
as suas costas), nos chamaram “bárbaros do Sul”.
Eis o que dizem
historiadores e filósofos contemporâneos do comportamento do nosso Vasco
a quem, segundo os poetas, os deuses abriram as portas do céu:
«Quando
da sua primeira viagem à Índia, em 1497, Vasco da Gama, sem motivo
especial, mandou incendiar e afundar, depois de o ter pilhado, um navio
mercante árabe, a bordo do qual se encontravam duzentos peregrinos que
se dirigiam para Meca, incluindo mulheres e crianças – prelúdio a uma
“história do mundo” dos crimes externos.»
Peter Sloterdijk, Palácio de Cristal, Relógio D’Água, pág. 122.
«Em
30 de Outubro [de 1502], Vasco da Gama, agora ao largo de Calecute,
ordenou ao samorim que se rendesse e exigiu a expulsão da cidade de
todos os muçulmanos. Quando o samorim contemporizou e mandou enviados
para negociar a paz, Vasco da Gama replicou sem ambiguidade. Capturou no
porto, ao acaso, um certo número de negociantes e pescadores,
enforcou-os imediatamente, depois esquartejou os corpos, atirou mãos,
pés e cabeças para uma embarcação que mandou para terra com uma mensagem
em arábico na qual sugeriu ao samorim que utilizasse aqueles bocados de
corpos de gente para fazer um caril.»
Daniel Boorstin, Os Descobridores, Gradiva, pp. 170-171
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