As crises do capitalismo
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As crises do capitalismo
As crises do capitalismo
por MÁRIO SOARESHoje5 comentários
1 A Visão História, do último fim de semana, dedicou todo o seu número "Às crises do capitalismo". É um texto com várias colaborações, muito interessante e instrutivo, que vai desde o começo da Revolução Industrial, que se iniciou em Inglaterra, e que passou depois pela teoria de Karl Marx e do seu amigo Friedrich Engels, que marcou o século dezanove e parte do vinte.
Claro que o capitalismo, tal como o definiu Marx, criou vários movimentos que o antagonizaram, como o "socialismo" que Lenine criou na Rússia, no pós-guerra de 1914-18, precisamente em 1917, um regime socialista totalitário, como o definiu, anos depois, a grande filósofa judia alemã, Hannah Arendt. Antes dela, bastante antes, o grande Léon Blum, político francês e fundador do Front Populaire, tinha criado o socialismo democrático do (SFIO), opondo- -se frontalmente ao comunismo soviético.
Em 1936, no começo da Guerra de Espanha, tão inutilmente violenta, o professor da Universidade de Cambridge Lord Keynes publicou o seu célebre livro Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda (que tenho traduzido em francês pela editora Payot). Foi Keynes que levou o presidente Franklin Roosevelt a implantar na América do Norte o célebre "new deal", que levou a América a ultrapassar a crise de 1929 - e a que se lhe seguiu - e a ter podido valer ao Reino Unido, no momento mais crítico da II Grande Guerra, e, finalmente, com o Plano Marshall, a salvar a Europa das devastações da guerra.
Durante o período que vai entre 1945, fim da II Guerra Mundial, e o momento atual houve várias crises do capitalismo, umas mais graves do que outras, e foram sendo progressivamente vencidas. Mas nunca conduziram ao comunismo, como alguns, nesse tempo, supunham. Estamos agora a viver, no meu entender, a mais grave de todas, que surgiu após o colapso do comunismo. Porquê? Porque o capitalismo mudou muito, e o mundo também. A globalização desregulada está a transformar tudo, sem critério. A relação de forças entre os diferentes Estados também, sobretudo os emergentes. O capitalismo está a perder a cabeça, como disse Stiglitz e hoje não tem já as suas bases éticas e protestantes. Deixou de obedecer a valores. O único valor é o dinheiro, e passou à frente de tudo. Os Estados estão subordinados aos mercados, em vez de ser o contrário. A economia deixou de ser real e passou a ser virtual graças aos paraísos fiscais. Os dirigentes políticos, aceitam, sem reserva, as avaliações das agências de rating e temem-nas quando lhes fazem críticas...
A ideologia dominante hoje nos Estados da Zona Euro é o neoliberalista. São os partidos populares, ultraconservadores, sem ideais, para além dos interesses próprios, que dominam a União Europeia. Se há muito desemprego - cada vez mais -, se as pessoas morrem por falta de cuidados de saúde ou mesmo à fome, os dirigentes neoliberais encolhem os ombros e pensam, para eles: "Pois que morram, é a seleção natural..." O que representa um recuo civilizacional tremendo.
por MÁRIO SOARESHoje5 comentários
1 A Visão História, do último fim de semana, dedicou todo o seu número "Às crises do capitalismo". É um texto com várias colaborações, muito interessante e instrutivo, que vai desde o começo da Revolução Industrial, que se iniciou em Inglaterra, e que passou depois pela teoria de Karl Marx e do seu amigo Friedrich Engels, que marcou o século dezanove e parte do vinte.
Claro que o capitalismo, tal como o definiu Marx, criou vários movimentos que o antagonizaram, como o "socialismo" que Lenine criou na Rússia, no pós-guerra de 1914-18, precisamente em 1917, um regime socialista totalitário, como o definiu, anos depois, a grande filósofa judia alemã, Hannah Arendt. Antes dela, bastante antes, o grande Léon Blum, político francês e fundador do Front Populaire, tinha criado o socialismo democrático do (SFIO), opondo- -se frontalmente ao comunismo soviético.
Em 1936, no começo da Guerra de Espanha, tão inutilmente violenta, o professor da Universidade de Cambridge Lord Keynes publicou o seu célebre livro Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda (que tenho traduzido em francês pela editora Payot). Foi Keynes que levou o presidente Franklin Roosevelt a implantar na América do Norte o célebre "new deal", que levou a América a ultrapassar a crise de 1929 - e a que se lhe seguiu - e a ter podido valer ao Reino Unido, no momento mais crítico da II Grande Guerra, e, finalmente, com o Plano Marshall, a salvar a Europa das devastações da guerra.
Durante o período que vai entre 1945, fim da II Guerra Mundial, e o momento atual houve várias crises do capitalismo, umas mais graves do que outras, e foram sendo progressivamente vencidas. Mas nunca conduziram ao comunismo, como alguns, nesse tempo, supunham. Estamos agora a viver, no meu entender, a mais grave de todas, que surgiu após o colapso do comunismo. Porquê? Porque o capitalismo mudou muito, e o mundo também. A globalização desregulada está a transformar tudo, sem critério. A relação de forças entre os diferentes Estados também, sobretudo os emergentes. O capitalismo está a perder a cabeça, como disse Stiglitz e hoje não tem já as suas bases éticas e protestantes. Deixou de obedecer a valores. O único valor é o dinheiro, e passou à frente de tudo. Os Estados estão subordinados aos mercados, em vez de ser o contrário. A economia deixou de ser real e passou a ser virtual graças aos paraísos fiscais. Os dirigentes políticos, aceitam, sem reserva, as avaliações das agências de rating e temem-nas quando lhes fazem críticas...
A ideologia dominante hoje nos Estados da Zona Euro é o neoliberalista. São os partidos populares, ultraconservadores, sem ideais, para além dos interesses próprios, que dominam a União Europeia. Se há muito desemprego - cada vez mais -, se as pessoas morrem por falta de cuidados de saúde ou mesmo à fome, os dirigentes neoliberais encolhem os ombros e pensam, para eles: "Pois que morram, é a seleção natural..." O que representa um recuo civilizacional tremendo.
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
Vitor mango- Pontos : 117551
Re: As crises do capitalismo
A ideologia dominante hoje nos Estados da Zona Euro é o neoliberalista. São os partidos populares, ultraconservadores, sem ideais, para além dos interesses próprios, que dominam a União Europeia. Se há muito desemprego - cada vez mais -, se as pessoas morrem por falta de cuidados de saúde ou mesmo à fome, os dirigentes neoliberais encolhem os ombros e pensam, para eles: "Pois que morram, é a seleção natural..." O que representa um recuo civilizacional tremendo.
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