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A revolução silenciada

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Mensagem por Vitor mango Sex Abr 20, 2012 1:18 am

De outras margens
A revolução silenciada

por MARIA JOÃO TOMÁS, INVESTIGADORA DO IEEIHojeComentar

A "hipocrisia ocidental", o chavão que o Médio Oriente usa, e abusa, para classificar a atitude europeia e americana, não podia ser mais adequada para classificar o que se está a passar no Bahrein. Se não fosse a indecisão do Conselho Mundial da FIA em realizar neste fim de semana a 4.ª prova do circuito mundial de Fórmula 1 na cidade de Sakhir, no Sul do país, provavelmente pouco se falaria daquela que já é denominada a "revolução silenciada".

Há mais de um ano que a população do Bahrein continua a sair para as ruas, em manifestações gigantescas que são brutalmente reprimidas, com mortes, torturas, perseguições e prisões arbitrárias. As reivindicações são as mesmas dos outros ativistas da Primavera Árabe. Pedem eleições livres e democráticas. Queixam-se de que têm o mesmo primeiro-ministro desde a década de 70 do século passado, e que é tio do atual emir, que por sua vez também acusam de governar o país com um poder quase absoluto. Culpam a família real de controlar a economia do país e de estar cada vez mais rica enquanto o povo está cada vez mais pobre e sem empregos. Reclamam também da forte influência da Arábia Saudita nos destinos do seu país, não só pelos laços familiares que unem as duas casas reinantes, mas também porque o emir deixou que o Rei saudita construísse um complexo de cinco pontes e vários viadutos para ligar os dois países. E, por fim, não gostam da existência dos oleodutos submarinos que transportam o petróleo vindo da Arábia Saudita para depois ser refinado e tratado em solo do Bahrein, criando uma dependência económica que eles acham desnecessária, visto que o seu país tem muitas riquezas que não estão a ser devidamente aproveitadas.

A juntar a tudo isto, o maior foco de descontentamento é a descriminação de que são alvo os xiitas, a maioria da população, por parte do Governo sunita. Os privilégios são concedidos à minoria sunita, desde a habitação a melhores salários, enquanto os xiitas enfrentam enormes dificuldades no acesso ao emprego, à educação e aos cuidados de saúde. Queixa-se a maioria xiita de que o Governo destrói as suas mesquitas e que vai recrutar emigrantes sunitas, a países como o Paquistão, dando-lhes condições de vida que recusam aos xiitas.

Mas por que razão a revolução no Bahrein está a ser silenciada e ninguém se insurge contra o envio de tropas sauditas para ajudar o emir a reprimir mais eficazmente as manifestações? E por que continuam os americanos a vender armas ao Governo do Bahrein ?

A resposta está na localização do país e na confluência de diversos interesses geo-estratégicos. Desde logo, situa-se no golfo Pérsico, perto do estreito de Ormuz, onde passa 40% do petróleo e 20% do transporte marítimo mundial, e qualquer destabilização nesta zona representa um perigo a evitar a todo o custo. Mas também é no Bahrein que está instalada a 5.ª Frota Naval dos Estados Unidos, que interessa manter, devido às constantes ameaças iranianas. Por outro lado, a eventual vitória de um partido xiita no Bahrein, em caso de eleições livres, quebraria os equilíbrios na região e daria mais força ao Irão, que poderia aqui encontrar um importante ponto de apoio.

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