Senhor Presidente
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Senhor Presidente
Senhor Presidente,
Há muito, muito tempo, nos dias depois que Abril floriu e a Europa se abriu de par em par, foi V.Exa por mandato popular encarregue de nos fazer fruir dessa Europa do Mercado Comum, clube dos ricos a que iludidos aderimos, fiados no dinheiro fácil do FEDER, do FEOGA, das ajudas de coesão (FUNDO DE COESÃO) e demais liberalidades que, pouco acostumados, aceitámos de olhar reluzente, estranhando como fácil e rápido era passar de rincão estagnado e órfão do Império para a mesa dos poderosos que, qual varinha mágica, nos multiplicariam as estradas, aumentariam os direitos, facilitariam o crédito e conduziriam ao Olimpo até aí inatingível do mundo desenvolvido.
Havia pequenos senãos, arrancar vinhas, abater barcos, não empatar quem produzisse tomate em Itália ou conservas em Marrocos, coisa pouca e necessária por via da previdente PAC, mas, estando o cheque passado e com cobertura, de inauguração em inauguração, o país antes incrédulo, crescia, dava formação a jovens, animava a construção civil , os resorts de Punta Cana e os veículos topo de gama do momento.
Do alto do púlpito que fora do velho Botas, V.Exa passaria à História como o Modernizador, campeão do empreendedorismo, símbolo da devoção à causa pública, estóico servidor do povo a partir da marquise esconsa da casa da Rua do Possôlo. Era o aplicado aluno de Bruxelas, o exemplo a seguir no Mediterrâneo, o desbravador do progresso, com o mapa de estradas do ACP permanentemente desactualizado.
O tecido empresarial crescia, com pés de barro e frágeis sapatas, mas que interessava, havia pão e circo, CCB e Expo, pontes e viadutos, Fundo Social Europeu e tudo o que mais se quisesse imaginar, à sombra de bafejados oásis de leite e mel, Continentes e Amoreiras, e mais catedrais escancaradas com um simples cartão Visa.
Ao fim de dez anos, um pouco mais que o Criador ao fim de sete, vendo a Obra pronta, V.Exa descansou, e retirou-se. Tentou Belém, mas ingrato, o povo condenou-o a anos no deserto, enquanto aprendizes prosseguiam a sanha fontista e inebriante erguida atrás dos cantos de sereia, apelando ao esbanjamento e luxúria.
No início do novo século, preocupantes sinais do Purgatório indicaram fragilidades na Obra, mas jorrando fundos e verbas, coisa de temerários do Restelo se lhe chamou. À porta estava o novo bezerro de ouro, o euro, a moeda dos fortes, e fortes agora com ela seguiríamos, poderosos, iguais.
Do retiro tranquilo, à sombra da modesta reforma de servidor do Estado, livros e loas emulando as virtudes do novo filão foram por V.Exa endossados , qual pitonisa dos futuros que cantam, sob o euro sem nódoa, moeda de fortes e milagreiro caminho para o glorioso domínio da Europa.
Migalha a migalha, bitaite a bitaite, foi V.Exa pacientemente cozendo o seu novelo, até que, uma bela manhã de nevoeiro, do púlpito do CCB, filho da dilecta obra, anunciou aos atarantados povos estar de volta, pronto a servir.
Não que as gentes o merecessem, mas o país reclamava seriedade, contenção, morgados do Algarve em vez de ostras socialistas.
Seria o supremo trono agora, com os guisados da Maria e o apoio de esforçados amigos que, fruto de muito suor e trabalho, haviam vingado no exigente mundo dos negócios, em prol do progresso e do desenvolvimento do país.
Salivando o povo à passagem do Mestre, regressado dos mortos, sem escolhos o conduziram a Belém, onde petiscando umas pataniscas e bolo-rei sem fava, presidiria, qual reitor, às traquinices dos pupilos, por veladas e paternais palavras ameaçando reguadas ou castigos contra a parede.
E não contentes, o repetiram segunda vez, e V. Exa, com pungente sacrifício lá continuou aquilíneo cônsul da república, perorando homilias nos dias da pátria e avisando ameaçador contra os perigos e tormentas que os irrequietos alunos não logravam conter.
Que preciso era voltar à terra e ao arado, à faina e à vindima, vaticinou V.Exa, coveiro das hortas e traineiras; que chegava de obras faraónicas, alertou, qual faraó de Boliqueime e campeão do betão; que chegava de sacrifícios, estando uns ao leme, para logo aconselhar conformismo e paciência mal mudou o piloto.
Eremita das fragas, paroquial chefe de família, personagem de Camilo e Agustina, desprezando os políticos profissionais mas esquecendo que por junto é o profissional da política há mais anos no poder, preside hoje V.Exa ao país ingrato que, em vinte anos, qual bruxedo ou mau olhado, lhe destruiu a obra feita, como vil criatura que desperta do covil se virou contra o criador, hoje apenas pálida esfinge, arrastando-se entre a solidão de Belém e prosaicas cerimónias com bombeiros e ranchos.
Trinta anos, leva em cena a peça de V.Exa no palco da política, com grandes enchentes no início e grupos arregimentados e idosos na actualidade.
Mas, chegando ao fim o terceiro acto, longe da epopeia em que o Bem vence o Mal e todos ficam felizes para sempre, tema V.Exa pelo juízo da História, que, caridosa, talvez em duas linhas de rodapé recorde um fugaz Aníbal, amante de bolo-rei e desconhecedor dos Lusíadas, que durante uns anos pairou como Midas multiplicador e hoje mais não é que um aflito Hamlet nas muralhas de Elsinore, transformado que foi o ouro do bezerro em serradura e sobrevivendo pusilâmine como cinzento Chefe do estado a que isto chegou, não obstante a convicção, que acredito tenha, de ter feito o seu melhor.
"Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente.
E pela mesma razão."
EÇA DE QUEIROZ
Respeitoso e Suburbano, devidamente autorizado pela Sacrossanta Troika,
António Maria dos Santos
Sobrevivente (ainda) do Cataclismo de 2011
Há muito, muito tempo, nos dias depois que Abril floriu e a Europa se abriu de par em par, foi V.Exa por mandato popular encarregue de nos fazer fruir dessa Europa do Mercado Comum, clube dos ricos a que iludidos aderimos, fiados no dinheiro fácil do FEDER, do FEOGA, das ajudas de coesão (FUNDO DE COESÃO) e demais liberalidades que, pouco acostumados, aceitámos de olhar reluzente, estranhando como fácil e rápido era passar de rincão estagnado e órfão do Império para a mesa dos poderosos que, qual varinha mágica, nos multiplicariam as estradas, aumentariam os direitos, facilitariam o crédito e conduziriam ao Olimpo até aí inatingível do mundo desenvolvido.
Havia pequenos senãos, arrancar vinhas, abater barcos, não empatar quem produzisse tomate em Itália ou conservas em Marrocos, coisa pouca e necessária por via da previdente PAC, mas, estando o cheque passado e com cobertura, de inauguração em inauguração, o país antes incrédulo, crescia, dava formação a jovens, animava a construção civil , os resorts de Punta Cana e os veículos topo de gama do momento.
Do alto do púlpito que fora do velho Botas, V.Exa passaria à História como o Modernizador, campeão do empreendedorismo, símbolo da devoção à causa pública, estóico servidor do povo a partir da marquise esconsa da casa da Rua do Possôlo. Era o aplicado aluno de Bruxelas, o exemplo a seguir no Mediterrâneo, o desbravador do progresso, com o mapa de estradas do ACP permanentemente desactualizado.
O tecido empresarial crescia, com pés de barro e frágeis sapatas, mas que interessava, havia pão e circo, CCB e Expo, pontes e viadutos, Fundo Social Europeu e tudo o que mais se quisesse imaginar, à sombra de bafejados oásis de leite e mel, Continentes e Amoreiras, e mais catedrais escancaradas com um simples cartão Visa.
Ao fim de dez anos, um pouco mais que o Criador ao fim de sete, vendo a Obra pronta, V.Exa descansou, e retirou-se. Tentou Belém, mas ingrato, o povo condenou-o a anos no deserto, enquanto aprendizes prosseguiam a sanha fontista e inebriante erguida atrás dos cantos de sereia, apelando ao esbanjamento e luxúria.
No início do novo século, preocupantes sinais do Purgatório indicaram fragilidades na Obra, mas jorrando fundos e verbas, coisa de temerários do Restelo se lhe chamou. À porta estava o novo bezerro de ouro, o euro, a moeda dos fortes, e fortes agora com ela seguiríamos, poderosos, iguais.
Do retiro tranquilo, à sombra da modesta reforma de servidor do Estado, livros e loas emulando as virtudes do novo filão foram por V.Exa endossados , qual pitonisa dos futuros que cantam, sob o euro sem nódoa, moeda de fortes e milagreiro caminho para o glorioso domínio da Europa.
Migalha a migalha, bitaite a bitaite, foi V.Exa pacientemente cozendo o seu novelo, até que, uma bela manhã de nevoeiro, do púlpito do CCB, filho da dilecta obra, anunciou aos atarantados povos estar de volta, pronto a servir.
Não que as gentes o merecessem, mas o país reclamava seriedade, contenção, morgados do Algarve em vez de ostras socialistas.
Seria o supremo trono agora, com os guisados da Maria e o apoio de esforçados amigos que, fruto de muito suor e trabalho, haviam vingado no exigente mundo dos negócios, em prol do progresso e do desenvolvimento do país.
Salivando o povo à passagem do Mestre, regressado dos mortos, sem escolhos o conduziram a Belém, onde petiscando umas pataniscas e bolo-rei sem fava, presidiria, qual reitor, às traquinices dos pupilos, por veladas e paternais palavras ameaçando reguadas ou castigos contra a parede.
E não contentes, o repetiram segunda vez, e V. Exa, com pungente sacrifício lá continuou aquilíneo cônsul da república, perorando homilias nos dias da pátria e avisando ameaçador contra os perigos e tormentas que os irrequietos alunos não logravam conter.
Que preciso era voltar à terra e ao arado, à faina e à vindima, vaticinou V.Exa, coveiro das hortas e traineiras; que chegava de obras faraónicas, alertou, qual faraó de Boliqueime e campeão do betão; que chegava de sacrifícios, estando uns ao leme, para logo aconselhar conformismo e paciência mal mudou o piloto.
Eremita das fragas, paroquial chefe de família, personagem de Camilo e Agustina, desprezando os políticos profissionais mas esquecendo que por junto é o profissional da política há mais anos no poder, preside hoje V.Exa ao país ingrato que, em vinte anos, qual bruxedo ou mau olhado, lhe destruiu a obra feita, como vil criatura que desperta do covil se virou contra o criador, hoje apenas pálida esfinge, arrastando-se entre a solidão de Belém e prosaicas cerimónias com bombeiros e ranchos.
Trinta anos, leva em cena a peça de V.Exa no palco da política, com grandes enchentes no início e grupos arregimentados e idosos na actualidade.
Mas, chegando ao fim o terceiro acto, longe da epopeia em que o Bem vence o Mal e todos ficam felizes para sempre, tema V.Exa pelo juízo da História, que, caridosa, talvez em duas linhas de rodapé recorde um fugaz Aníbal, amante de bolo-rei e desconhecedor dos Lusíadas, que durante uns anos pairou como Midas multiplicador e hoje mais não é que um aflito Hamlet nas muralhas de Elsinore, transformado que foi o ouro do bezerro em serradura e sobrevivendo pusilâmine como cinzento Chefe do estado a que isto chegou, não obstante a convicção, que acredito tenha, de ter feito o seu melhor.
"Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente.
E pela mesma razão."
EÇA DE QUEIROZ
Respeitoso e Suburbano, devidamente autorizado pela Sacrossanta Troika,
António Maria dos Santos
Sobrevivente (ainda) do Cataclismo de 2011
Viriato- Pontos : 16657
Re: Senhor Presidente
Que preciso era voltar à terra e ao arado, à faina e à vindima,
vaticinou V.Exa, coveiro das hortas e traineiras; que chegava de obras
faraónicas, alertou, qual faraó de Boliqueime e campeão do betão; que
chegava de sacrifícios, estando uns ao leme, para logo aconselhar
conformismo e paciência mal mudou o piloto.
Eremita das fragas,
paroquial chefe de família, personagem de Camilo e Agustina, desprezando
os políticos profissionais mas esquecendo que por junto é o
profissional da política há mais anos no poder, preside hoje V.Exa ao
país ingrato que, em vinte anos, qual bruxedo ou mau olhado, lhe
destruiu a obra feita, como vil criatura que desperta do covil se virou
contra o criador, hoje apenas pálida esfinge, arrastando-se entre a
solidão de Belém e prosaicas cerimónias com bombeiros e ranchos.
Trinta
anos, leva em cena a peça de V.Exa no palco da política, com grandes
enchentes no início e grupos arregimentados e idosos na actualidade.
boa malha
_________________
Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
Vitor mango- Pontos : 118184
Re: Senhor Presidente
Se V. Exas me permiotem eu vou falar do meu avozinho que era na gíria um teso de merda ( era para escrever caca mas o pivete era menos intenso
O meu avozinho jamais teve um chavo nos bolsos
Industrial e3 dono de varias iniciativas na região muito arrojadas fartou-se de mecânicos e marteleiros e dizia-me a sua paixao pelas terras ...e teso como era comprava tudo
E a avozinha berrava --mas..mas..mangão onde vais buscar o cacau ...e ele respondia
e dizia-me o VOVÔ que quando se trabalha com bancos o que é preciso é ter credito
e letra a ti letra a mim a sua lista de que ate parecia o Viagra a esticar o pescoço
Isto vem a proposito do Ze das sokas e do Merdina Carreira
A quinta de onde vos escrevo fopi um legado do vovo que a comprou por 1500contos de reis ( kings incluidos ) gemidos a juros de lei ...Quando o vovo se foi a maioria das terras agrícolas pifaram...ninguém as cultivava ...e esta estava de tal modo degrada que ...porra gritei eu ...e fiz uma avaliçao da dita
25.000 contos dizia-me um amigo que veio de Coimbra para me aconselhar
e aí parei baile e pensei
Se eu mango ando a trabucar para os outros porque razao nao dou uma volta á quinta
Arregacei os mangos e ca ciência e sem pedir um tustu a ninguem suei suei suei e zaz ...deui uma volta ao problema
quando enxuguei o suor senti baterem-me nas costas e um pato bravo ofereceu-me 1 milhao de contos
claro que não vendo porque a unica coisa que eu vendo é a alma (como nao sei o que seja ate arrisco )
Isto vem a propósito do Socatres
Acho que o ZE das socas tinha a garantia da Merkel para andar prafrentex que ela bunga bunga na caneca
uem pagava ?
O TEMPO
O tempo desvaloriza o cacau antigo pah e nada tem a ver com o paleio do Merdina carreira
Assim o contraste com o passos Coelho é esta
O Passos Coelha não faz o enterro nem a gente almoça
Manos a alemanha saiu da II com eles mais vazios que ...que e que ...
e em pouco tempo estava a dar cartas
ah ah ah mas Portugal nao é a alemanha
clarom que nao é mas temos uma coisa que
Pois pax social ..onde e onde e onde
mesmo ai o Sokas apostou nba tecnica e tentou acabar kas batatas e agricultura que pouco factura
Sao duas visoes opostas e
e... o meu avozinho metido pelo meio é p+ara vos transmitir as minhas ideias pessoais
Arrojuado para a FRENTEX mas conservador nas finanças
O meu avozinho jamais teve um chavo nos bolsos
Industrial e3 dono de varias iniciativas na região muito arrojadas fartou-se de mecânicos e marteleiros e dizia-me a sua paixao pelas terras ...e teso como era comprava tudo
E a avozinha berrava --mas..mas..mangão onde vais buscar o cacau ...e ele respondia
e dizia-me o VOVÔ que quando se trabalha com bancos o que é preciso é ter credito
e letra a ti letra a mim a sua lista de que ate parecia o Viagra a esticar o pescoço
Isto vem a proposito do Ze das sokas e do Merdina Carreira
A quinta de onde vos escrevo fopi um legado do vovo que a comprou por 1500contos de reis ( kings incluidos ) gemidos a juros de lei ...Quando o vovo se foi a maioria das terras agrícolas pifaram...ninguém as cultivava ...e esta estava de tal modo degrada que ...porra gritei eu ...e fiz uma avaliçao da dita
25.000 contos dizia-me um amigo que veio de Coimbra para me aconselhar
e aí parei baile e pensei
Se eu mango ando a trabucar para os outros porque razao nao dou uma volta á quinta
Arregacei os mangos e ca ciência e sem pedir um tustu a ninguem suei suei suei e zaz ...deui uma volta ao problema
quando enxuguei o suor senti baterem-me nas costas e um pato bravo ofereceu-me 1 milhao de contos
claro que não vendo porque a unica coisa que eu vendo é a alma (como nao sei o que seja ate arrisco )
Isto vem a propósito do Socatres
Acho que o ZE das socas tinha a garantia da Merkel para andar prafrentex que ela bunga bunga na caneca
uem pagava ?
O TEMPO
O tempo desvaloriza o cacau antigo pah e nada tem a ver com o paleio do Merdina carreira
Assim o contraste com o passos Coelho é esta
O Passos Coelha não faz o enterro nem a gente almoça
Manos a alemanha saiu da II com eles mais vazios que ...que e que ...
e em pouco tempo estava a dar cartas
ah ah ah mas Portugal nao é a alemanha
clarom que nao é mas temos uma coisa que
Pois pax social ..onde e onde e onde
mesmo ai o Sokas apostou nba tecnica e tentou acabar kas batatas e agricultura que pouco factura
Sao duas visoes opostas e
e... o meu avozinho metido pelo meio é p+ara vos transmitir as minhas ideias pessoais
Arrojuado para a FRENTEX mas conservador nas finanças
Vitor mango- Pontos : 118184
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