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O que faz correr hoje Mário Draghi

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Mensagem por Vitor mango Qui Ago 02, 2012 8:21 am

O que faz correr hoje Mário Draghi

O conselho de governadores do Banco Central Europeu reúne-se hoje de manhã. As expetativas são muito elevadas depois das palavras do seu presidente em Londres pedindo aos mercados de capitais "acreditem em mim". Porque razão Draghi confronta o Bundesbank e que opções convencionais e não convencionais dispõe no arsenal da política monetária.
Jorge Nascimento Rodrigues (www.expresso.pt)
7:10 Quinta feira, 2 de agosto de 2012

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Na atual fase da crise das dívidas soberanas na Europa em que a depressão atinge com violência a Grécia e Portugal e o risco de incumprimento da dívida bateu à porta de duas grandes economias (Espanha e Itália), o presidente do Banco Central Europeu (BCE), o italiano Mário Draghi, vê-se confrontado com uma situação crítica que provavelmente o seu antecessor, o francês Jean-Claude Trichet, não imaginaria.

É hoje evidente que a política monetária do BCE - através das suas medidas convencionais e não convencionais - não está a ser "transmitida" nem para a economia "real" nem para o mercado da dívida. Esta falta de "transmissão" é um eufemismo da linguagem técnica dos banqueiros centrais para expressar que não está a ter efeitos em dois campos fundamentais: permitir a retoma económica na Europa e baixar a pressão nos mercados da dívida.

Este lapso de "transmissão" é mais uma das dores de cabeça deste segundo semestre, em que pode convergir uma onda de turbulência política nos Estados Unidos (eleições presidenciais em novembro com a ameaça de um "penhasco orçamental" e o reacender do problema do teto da dívida) e na Europa (eleições na Holanda já em setembro, risco político alto na Grécia e Itália) a par de explosões sociais na "periferia" da zona euro em virtude do alto nível de desemprego e da contração brutal nos rendimentos das famílias.
Draghi sem tabus

Mário Draghi está à frente do BCE desde novembro de 2011, tendo, na altura, sucedido a Jean-Claude Trichet, depois de ter sido "varrido" da corrida ao lugar o alemão Axel Weber, então governador do Bundesbank (banco central alemão), um firme opositor a algumas decisões de Trichet que empurravam o BCE para uma "zona cinzenta" na política monetária.

Draghi disse, recentemente, ao jornal francês "Le Monde" que encara o banco central sem tabus. O que - juntamente com as declarações em Londres no passado dia 26 de julho pedindo aos mercados de capitais "acreditem em mim" - gerou uma onda de suspeições da parte dos banqueiros centrais e analistas alemães mais ligados ao integrismo monetário do Bundesbank (o banco central alemão). Alguns analistas já apelidaram o italiano de "cavalo de Tróia" e Frank Schaeffler, deputado do FDP (o partido liberal, parceiro menor na atual coligação federal), alcunhou-o de "uma pomba vestida de falcão".

Não se sabe o que resultou das conversações esta quarta-feira entre Draghi e o atual presidente do Bundesbank Jens Weidemann. Muitos analistas inclinam-se para a necessidade de um compromisso entre os dois. O Bundesbank não deixou de aproveitar o 55º aniversário da sua criação a 1 de agosto para divulgar uma entrevista realizada há mais de um mês a Weidemann e a outro ex-presidente do banco central, Helmut Schlesinger, para acentuar os pontos de princípio do banco face à ausência de tabus de Draghi. Weidemann confessa que "é difícil de imaginar uma união política no futuro próximo" e acentua o peso do Bundesbank dentro do BCE. "Não direi certamente que somos 'apenas' um entre os 17 bancos centrais [que formam o sistema da zona euro]. Somos o maior e mais importante e temos mais a dizer do que muitos outros bancos centrais no sistema do euro. Isto significa que temos um papel diferente", sublinhou, apesar de formalmente dispor apenas de um voto em 17.

Nessa entrevista, o governador do Bundesbank sublinhou que "os políticos esperam demasiado do BCE, assumindo que ele pode ser usado não só para a estabilidade dos preços, mas, também, para promover o crescimento, reduzir o desemprego e estabilizar o sistema bancário". Recusou ainda o que considerou como "debate absurdo" sobre reequilibrar a zona euro entre os países superavitários e os deficitários, como têm defendido muitos economistas, inclusive a partir dos EUA e do Reino Unido, e como tem sido expressado, a nível mais global, pelo G20. Considerou que os países "periféricos" não correm o risco de deflação e que o reajustamento deve ser unilateral, ou seja apenas por parte dos deficitários. Considerou inclusive que o argumento de que a Alemanha beneficiou da moeda única e que agora deveria ajudar como "incorreto".

Estas posições integristas do Bundesbank não facilitam a vida a Draghi. Pelo que muitos analistas anteveem que o embate decisivo se dê em setembro, depois do Tribunal Constitucional alemão proferir a 12 de setembro o seu acórdão sobre a constitucionalidade ou não do Mecanismo Europeu de Estabilidade, e em consonância com novidades por parte da Reserva Federal (Fed) norte-americana, que reúne a 13 de setembro. A incógnita é como reagirão os mercados de capitais, se o BCE, depois da Fed ontem, desapontar os investidores e os políticos dos países mais aflitos na zona euro.
A "sabotagem" da transmissão

A política monetária do BCE não está a ter os efeitos pretendidos. São vários os sinais.

A especulação nos mercados da dívida com o disparo das yields para as obrigações espanholas e os títulos do Tesouro italiano no mercado secundário, a par da clara fuga de capitais para aplicações financeiras em dívida soberana alemã (que remunera com taxas negativas nos prazos a dois e a três anos) ou francesa (com taxas próximas de 0% nos prazos a dois e a três anos) e fora da União Europeia, como nos casos da dívida suíça (que também paga taxas de rentabilidade negativas em prazos a três e mesmo a cinco anos) ou dos títulos do Tesouro norte-americano. A fragmentação do mercado da dívida da zona euro é evidente e já foi sublinhado por Mário Draghi diversas vezes. Na sua muito citada intervenção em Londres no passado dia 26 de julho, o presidente do BCE sublinhou que "na medida em que a dimensão dos prémios de risco impede o funcionamento dos canais de transmissão da política monetária, ficam sob a alçada do nosso mandato". No dia 24 de julho, dois dias antes da intervenção de Draghi em Londres, o prémio de risco da dívida espanhola chegou ao pico de 6,38 pontos percentuais em relação à dívida alemã e o da dívida italiana a 5,36 pontos percentuais, níveis considerados insustentáveis.

Por outro lado, as operações de refinanciamento a três anos dos bancos da zona euro lançadas por Draghi em dezembro de 2011 e fevereiro de 2012 - conhecidas pelo acrónimo inglês LTRO - pelo BCE, que somaram 1 bilião de euros, não se traduziram no aumento do crédito à economia. Os analistas apontam para o seu "escoamento" maioritário na compra de dívida soberana (a compra de títulos soberanos, mesmo que de risco, permite, depois, o seu uso como colateral em novos pedidos de empréstimo ao BCE), na especulação nos mercados de commodities e nos mercados emergentes (que sofrem de inundação de "dinheiro quente") e outros fins, menos o de emprestar à economia real. Muito desse dinheiro regressou inclusive ao BCE através do "parqueamento" em depósitos. Draghi tenta contrariar essa tendência com a decisão tomada em junho de baixar a taxa de remuneração de depósitos para 0% (a Reserva Federal norte-americana ainda mantém essa taxa em 0,25%).

Os investidores internacionais, e particularmente os fundos de alto risco (hedge funds), conhecem, também, as limitações do poder de fogo do programa de aquisição no mercado secundário de títulos de dívida soberana (emitidos pelos países aflitos) nas mãos de bancos e outras entidades financeiras por parte do BCE, conhecido pela sigla SMP. Lançado por Jean-Claude Trichet, o anterior presidente do banco central, em maio de 2010, o programa teve a oposição do Bundesbank. Esta intervenção soma 211,4 mil milhões de euros e foi colocada por Draghi em "hibernação" em março deste ano.
Que instrumentos de politica monetária dispõe Draghi?

Têm sido enumerados muitos instrumentos convencionais e não convencionais que podem estar no estojo de intervenção de crise de Mário Draghi.

# Corte ainda mais profundo na taxa de referência (fixed rate) do BCE, que está, atualmente, em 0,75% (no caso dos EUA, a fed funds rate fixada pela Reserva Federal está abaixo, no intervalo entre 0% e 0,25%). Alguns analistas preveem um corte adicional de 25 pontos em setembro.

# Corte ainda maior na taxa de remuneração de depósitos, passando-a a terreno negativo, para desincentivar totalmente o "parqueamento" de dinheiro dos bancos no BCE. A taxa atual está em 0% (em termos reais já está em terreno negativo).

# Recomeço do programa SMP, de compra de títulos soberanos no mercado secundário, adquirindo tais títulos a bancos e entidades financeiras e pressionando em baixa as yields desses títulos. O programa foi iniciado por Jean-Claude Trichet em maio de 2010 e injetou 211,4 mil milhões de euros nos intervenientes financeiros. A maior intervenção foi feita em cinco dias apenas no verão do ano passado num montante de 22 mil milhões de euros por ordem de Trichet. O Bundesbank torce o nariz à retoma desse instrumento, parado desde março deste ano.

# Lançamento de novas operações de refinanciamento conhecidas pela sigla LTRO, que permitem à banca da zona euro recorrer ao BCE para se financiar a três anos com juros muito baixos. As duas anteriores operações implicaram uma disponibilização de 1 bilião de euros.

# Adesão do BCE a um programa de "alívio quantitativo" (quantitative easing, na designação em inglês, acrónimo QE), tal como aconteceu nos EUA e no Reino Unido. Este programa pretende injetar dinheiro diretamente nas entidades empresariais e bancárias adquirindo títulos de dívida destas entidades, e não títulos de dívida soberana que detenham. Ben Bernanke quando o lançou em 2009 - no que ficou conhecido como QE 1 - designou-o por "facilitação de crédito" (credit easing), e não quantitative easing como era conhecido no Japão, onde o Banco do Japão iniciou este tive de intervenções em 2001, ou, pelo menos, oficialmente, desde 2003. O objetivo deste tipo de programas não é financiar indiretamente o défice orçamental ou monetarizar a dívida pública, mas injetar dinheiro na economia real, alegam os seus defensores. A Reserva Federal americana tem 2 biliões de dólares (cerca de 1,6 biliões de euros) como objetivo para este programa e o Banco de Inglaterra, desde julho, elevou o teto para 375 mil milhões de libras (mais de 476 mil milhões de euros). O Banco do Japão estendeu em outubro de 2011 o teto para um montante de 55 biliões de ienes (mais de 572 mil milhões de euros).

# "Grande bazuca" - uma versão "descentralizada" de um programa de "alívio quantitativo" em que, em vez de ser o BCE a adquirir os títulos de dívida das entidades financeiras e empresariais, seriam os bancos centrais do sistema do euro a fazê-lo de um modo descentralizado, dispersando o risco de uma operação deste tipo. A Goldman Sachs tem apontado esta opção como provável.

# Atribuição de uma licença bancária ao futuro Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), que acabaria por funcionar como "intermediário" do BCE junto dos países em risco de insolvência. O MEE, com tal licença, poderia recorrer, como qualquer banco do sistema do euro, ilimitadamente a empréstimos do BCE. Esta ideia foi lançada, recentemente, por Ewald Nowotny, governador do Banco da Áustria, o que enfureceu os responsáveis do Bundesbank. A posição do Bundesbank é de um "nein" rotundo. Recorde-se que o MEE não está ainda em vigor (apesar de previsto a partir de 9 de julho); aguarda o acórdão sobre a sua constitucionalidade ou não por parte do Tribunal Constitucional federal alemão. Do ponto de vista do desenho atual do MEE, essa licença não é viável. Terão de ser os governos da zona euro a decidir novo desenho.

# Adicionalmente à acção do BCE, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, ainda em vigor e sediado no Luxemburgo, poderia adquirir dívida soberana nas emissões realizadas pelos estados no mercado primário. Mas essa possibilidade deveria implicar o pedido formal por parte do país aflito e tal aquisição implicaria condições estritas.

#Flexibilização ainda maior dos critérios de aceitação de colateral por parte do BCE. Esse aligeiramento poderia envolver 100 mil milhões adicionais para o sistema bancário.

# Manipulação da taxa de câmbio do euro, desvalorizando a moeda única face ao dólar e ao iene, o que muitos economistas reclamam como tendo efeito positivo nas exportações da zona euro para mercados terceiros e na diminuição da dívida.

# Piscar de olhos aos investidores privados mudando as regras de senioridade que protegem os créditos por parte do designado "sector oficial" (bancos centrais dos membros da zona euro, o próprio BCE) em caso de evento de crédito, de incumprimento da dívida soberana de um dado país da zona euro. Admissibilidade de "cortes de cabelo" (hair cut) no valor da dívida soberana detida pelo "sector oficial". Uma primeira operação de "envolvimento do sector oficial" (OSI, no acrónimo em inglês) poderia ocorrer com uma segunda reestruturação da dívida grega. A Grécia, a este respeito, é o laboratório pioneiro de realização de reestruturações de dívida soberana no âmbito de planos de resgate financeiro.

# Também complementarmente à acção do BCE, a ideia de criação de eurobonds é recorrente. Esta semana o primeiro-ministro italiano Mário Monti defendeu, de novo, a ideia, e Jim O'Neill, o criador do acrónimo BRIC, advogou esta solução de criação de títulos de dívida coletivamente garantidos pelos membros da moeda única. Os alemães consideram que "não faz sentido agora", enquanto não existir uma união política e orçamental efetiva. O presidente francês François Hollande defende essa opção.


Ler mais: http://expresso.sapo.pt/o-que-faz-correr-hoje-mario-draghi=f744158#ixzz22Om6PE2o

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Mensagem por Vitor mango Qui Ago 02, 2012 8:23 am

Draghi disse, recentemente, ao jornal francês "Le Monde" que encara o banco central sem tabus. O que - juntamente com as declarações em Londres no passado dia 26 de julho pedindo aos mercados de capitais "acreditem em mim" - gerou uma onda de suspeições da parte dos banqueiros centrais e analistas alemães mais ligados ao integrismo monetário do Bundesbank (o banco central alemão). Alguns analistas já apelidaram o italiano de "cavalo de Tróia" e Frank Schaeffler, deputado do FDP (o partido liberal, parceiro menor na atual coligação federal), alcunhou-o de "uma pomba vestida de falcão".


depois nao li mais porque ....

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