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Fazer de morto 18 October 08 12:00 AM COM quase todos os políticos tive (e tenho) conversas irreproduzíveis.

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Mensagem por Vitor mango Seg Out 20, 2008 1:47 am

Fazer de morto
18 October 08 12:00 AM

COM quase todos os políticos tive (e tenho) conversas irreproduzíveis.
Umas, irreproduzíveis para sempre; outras, irreproduzíveis na época em que ocorrem.
Esta tem cerca de 15 anos e está no segundo caso.
Pouco depois de ser eleito líder do PS, em 1992, António Guterres dizia-me que toda a oposição que Mário Soares (na altura, Presidente da República) fizesse a Cavaco Silva (na altura, primeiro-ministro) seria bem vinda, porque reverteria a seu favor.
– Não me importo que digam que é o Soares quem lidera a oposição. Porque serei sempre eu o beneficiário do desgaste do Governo – dizia-me Guterres pragmaticamente.
E em 1994, a cerca de um ano das eleições, ia mais longe:
– A partir de agora basta-me fazer de morto. Tendo em conta as sondagens, não preciso de fazer nada: basta-me estar quieto. Seria necessário fazer muitas asneiras para perder as eleições.
Tinha razão, como se sabe.

O TEMA da liderança da oposição veio agora outra vez à baila com novos protagonistas: Cavaco Silva e Manuela Ferreira Leite.
O ‘silêncio’ de Manuela (que eu defendi e continuo a defender, porque se tornava necessário fazer uma ruptura com o passado) e o aumento do protagonismo de Cavaco (com os vetos do Estatuto dos Açores e da Lei do Divórcio, entre outros episódios menores) levaram os analistas a dizer que o Presidente da República faz mais oposição ao Governo do que a líder do PSD.

É FÁCIL estabelecer o paralelo entre o que se passa hoje com Cavaco e Manuela e o que sucedeu no passado com Soares e Guterres.
Hoje, o Presidente e a líder da oposição são ambos do PSD, e o Governo é socialista, dispondo de maioria absoluta; há 15 anos, o Presidente e o líder da oposição eram do PS, e o Governo era social-democrata, dispondo de maioria absoluta.
Mas, apesar da óbvia semelhança das situações, acho que há diferenças decisivas – e que a evolução da conjuntura política será qualitativamente diferente.
Não creio que Cavaco venha a fazer a Sócrates a oposição que Soares fez a Cavaco.

SOARES fez a Cavaco uma oposição essencialmente ‘política’: basta pensar no congresso ‘Portugal, Que Futuro’, que congregava tudo quanto eram oposicionistas ao cavaquismo – socialistas de várias correntes, independentes de esquerda, sociais-democratas desalinhados, ex-comunistas, etc.
Ora os conflitos que Cavaco poderá ter com o Governo de Sócrates não serão de natureza política mas de natureza ‘institucional’.
O braço-de-ferro a propósito do Estatuto dos Açores é bem ilustrativo disso: não estava em causa nenhum diferendo político, não estava em causa nenhuma visão partidária mais próxima do PS ou do PSD – estava em causa uma questão institucional relacionada com os poderes do Presidente da República.
E aqui sim, poderá haver atritos.

SE SÓCRATES (ou o PS…) quiser subalternizar o Presidente ou reduzir-lhe o peso institucional do cargo, Cavaco reagirá com determinação.
Pelo contrário, se respeitar os seus poderes, os seus atributos e o seu papel, não haverá problemas.
A oposição política ao Governo nunca será conduzida pelo Presidente da República.
E, assim sendo, caberá à liderança do PSD levá-la a cabo.
Manuela Ferreira Leite não poderá, pois, ‘fazer de morta’.
Mas também não deverá falar demais.
E, quando falar, não deverá ser sempre para criticar o Governo: os elogios feitos esta semana às medidas para combater a crise foram uma boa iniciativa, que reforça a sua credibilidade.
Na boca de quem é capaz de fazer um elogio, as críticas que venhem a ser feitas ganharão outro peso.
Vitor mango
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Mensagem por Vitor mango Seg Out 20, 2008 1:51 am

Manuela Ferreira Leite não poderá, pois, ‘fazer de morta’.
Mas também não deverá falar demais.
E, quando falar, não deverá ser sempre para criticar o Governo: os elogios feitos esta semana às medidas para combater a crise foram uma boa iniciativa, que reforça a sua credibilidade.
Na boca de quem é capaz de fazer um elogio, as críticas que venhem a ser feitas ganharão outro peso.
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