Dicionário breve da crise
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Dicionário breve da crise
Dicionário breve da crise
25 Outubro, 2012 – 08:24
Corte cego / Austeridade cega - Redução de despesa que afecta os interesses do emissor
Cortes nas despesas – Expressão usada para designar
uma redução de despesa não se sabe onde nem em quê mas que se tem como
urgente e miraculosa já que impediria os cortes cegos
Insensibilidade social – Expressão usada pelas
corporações para protestar contra medidas que as afectam e que parte do
princípio que os governos se dividem em sensíveis e insensíveis. Quanto
ao social propriamente dito refere-se a um grupo de pessoas que nunca
fala mas por quem todos falam todos os dias. Todos os governos
portugueses dos séculos XX e XXI reivindicaram ter sensibilidade social.
Aliás quanto mais se agrava a vida dos portugueses mais sensibilidade
eles dizem ter. Recomenda-se com urgência a criação de uma tabela para
aferir a sensibilidade social.
Estímulo à economia – Versão politizada dos
pretéritos electro-choques: administra-se o estímulo sob a forma de
dinheiros públicos e espera-se que a crise passe
Inconstitucional – Expressão idiomática em voga no
final de 2012 que se traduz por: esperemos que os juízes do tribunal
constitucional resolvam o problema por nós. Em resumo uma actualização
da frase de Pilatos enquanto lavava as mãos: “Levem-no e julguem-no
conforme a vossa lei
Indignado – Pessoa com enorme disponibilidade de
tempo que lhe permite permanecer acampado ou sentado com intermitências
de simulações de ataque/defesa perante a polícia. Falam de utopia e de
ter de volta a vida que lhes permite essa oscilação entre ‘o
sentado/acampado e vou ali mas volto já’. Alguns manifestam um profundo
horror ao banho, outros pelo contrário fazem um esforço tremendo para
transformar o look casual chic em revolucionário romântico. Cabelo
desgrenhado é essencial. Em geral pautam-se por ter um péssimo gosto em
matéria de poesia e adoram fazer manifestos absolutamente ilegíveis.
Ouvir a rua – Ao contrário do que se possa pensar
“ouvir a rua” não se refere à poluição sonora mas sim à exigência para
que os governantes cedam perante determinados grupos que gritam na rua.
Desde que esses grupos se digam de esquerda. A rua só tem direito a ser
ouvida se for de esquerda. Se não for de esquerda a rua deve ser
ignorada porque é populista e demagógica. É essencial não esquecer que
se a rua for de direita é arruaceira. Se for de esquerda é a voz da
cidadania.
Escutar o povo – Expressão idiomática portuguesa que significa as eleições não contam nada
Cortar com a PPP’s – Reivindicação formulada com
vigor no semestre de 2012 pelas mesmas pessoas que no primeiro trimestre
de 2011 as defendiam, negociavam e aprovavam. Ou seja estamos perante
uma versão actualizada em prosa do cultismo gongórico anunciador do
barroco do soneto Amor é fogo que arde e não se sente
Por helenafmatos
|
Na categoria Geral
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Comentários (46)
25 Outubro, 2012 – 08:24
Corte cego / Austeridade cega - Redução de despesa que afecta os interesses do emissor
Cortes nas despesas – Expressão usada para designar
uma redução de despesa não se sabe onde nem em quê mas que se tem como
urgente e miraculosa já que impediria os cortes cegos
Insensibilidade social – Expressão usada pelas
corporações para protestar contra medidas que as afectam e que parte do
princípio que os governos se dividem em sensíveis e insensíveis. Quanto
ao social propriamente dito refere-se a um grupo de pessoas que nunca
fala mas por quem todos falam todos os dias. Todos os governos
portugueses dos séculos XX e XXI reivindicaram ter sensibilidade social.
Aliás quanto mais se agrava a vida dos portugueses mais sensibilidade
eles dizem ter. Recomenda-se com urgência a criação de uma tabela para
aferir a sensibilidade social.
Estímulo à economia – Versão politizada dos
pretéritos electro-choques: administra-se o estímulo sob a forma de
dinheiros públicos e espera-se que a crise passe
Inconstitucional – Expressão idiomática em voga no
final de 2012 que se traduz por: esperemos que os juízes do tribunal
constitucional resolvam o problema por nós. Em resumo uma actualização
da frase de Pilatos enquanto lavava as mãos: “Levem-no e julguem-no
conforme a vossa lei
Indignado – Pessoa com enorme disponibilidade de
tempo que lhe permite permanecer acampado ou sentado com intermitências
de simulações de ataque/defesa perante a polícia. Falam de utopia e de
ter de volta a vida que lhes permite essa oscilação entre ‘o
sentado/acampado e vou ali mas volto já’. Alguns manifestam um profundo
horror ao banho, outros pelo contrário fazem um esforço tremendo para
transformar o look casual chic em revolucionário romântico. Cabelo
desgrenhado é essencial. Em geral pautam-se por ter um péssimo gosto em
matéria de poesia e adoram fazer manifestos absolutamente ilegíveis.
Ouvir a rua – Ao contrário do que se possa pensar
“ouvir a rua” não se refere à poluição sonora mas sim à exigência para
que os governantes cedam perante determinados grupos que gritam na rua.
Desde que esses grupos se digam de esquerda. A rua só tem direito a ser
ouvida se for de esquerda. Se não for de esquerda a rua deve ser
ignorada porque é populista e demagógica. É essencial não esquecer que
se a rua for de direita é arruaceira. Se for de esquerda é a voz da
cidadania.
Escutar o povo – Expressão idiomática portuguesa que significa as eleições não contam nada
Cortar com a PPP’s – Reivindicação formulada com
vigor no semestre de 2012 pelas mesmas pessoas que no primeiro trimestre
de 2011 as defendiam, negociavam e aprovavam. Ou seja estamos perante
uma versão actualizada em prosa do cultismo gongórico anunciador do
barroco do soneto Amor é fogo que arde e não se sente
Por helenafmatos
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
Vitor mango- Pontos : 117576
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