Os perfis nas diferentes redes sociais devem coincidir. Se não forem semelhantes levantam dúvidas. É mau aos olhos de quem quer empregar
Diego Cornejo/Flickr
Com quase 1,7 mil milhões de utilizadores, as redes sociais já não podem ser ignoradas por ninguém, nem mesmo pelos recrutadores. LinkedIn, Facebook e Twitter são cada vez mais usados para procurar candidatos, mas também para obter informações que não constam dos currículos e que não são perguntadas nas entrevistas.
O LinkedIn é a rede profissional por excelência - vários estudos indicam que 90% dos recrutadores usam-na para procurar o melhor candidato -, mas o Facebook é o terreno fértil para recolher informações sobre recém-licenciados. Mesmo sem conter referências profissionais, pode-se retirar de um perfil muitas informações úteis, como saber se a pessoa é otimista, educada, organizada, se mantém a serenidade sob pressão, se está sempre a dizer mal de tudo e todos.
Hoje é habitual a mesma pessoa estar presente nas três redes sociais, mas nem sempre os seus perfis são compatíveis. Ana Isabel Santos, diretora de Recursos Humanos da Triumph, alerta que "se o candidato tem um perfil atrativo e sistematizado com interesses profissionais definidos e claros no Linkedin, e uma informalidade quase ilimitada no Facebook", isso levanta reservas. Apesar de reconhecer que as duas redes sociais são distintas, defende que a apresentação deve ser coerente.São muitos os recrutadores que hoje olham para o seu perfil nestas redes, antes ou depois da entrevista. Saiba o que podem descobrir sobre si:
LinkedIn - Esta rede tem os dados profissionais ou académicos do candidato e a grande vantagem de não ter o ruído de fotos e comentários que podem importunar o recrutamento. Em Portugal já tem um milhão de utilizadores e 10 mil empresas registadas. Mas não basta estar no LinkedIn, é preciso saber estar. "Há que ser cuidadoso na apresentação das suas competências e motivações para que tudo seja claro para quem analisa", explica Ana Isabel Santos, responsável por mais de 500 trabalhadores da fábrica da marca alemã em Sacavém.
Fazer um perfil de forma pensada e com espírito crítico pode ser o fator que o vai diferenciar dos outros candidatos e fazê-lo chegar à entrevista. Os dados mais recentes sobre tendências de recrutamento mundiais indicam que o LinkedIn é usado por quase 90% das grandes empresas que recrutam online, mas não só. Diretora de Recursos Humanos de uma empresa com pouco mais de 50 colaboradores, Anabela Ritarecorre a esta rede social para obter informações sobre o background académico e profissional, dos candidatos a uma posição na InnoWave Technologies, mas também para saber mais sobre os seus "hobbies, e contactos em comum para obter referências".
Mas o LinkedIn é também uma ótima ferramenta para ver "o perfil do grupo de contactos do candidato e grupos que subscreve, de modo a analisar os seus interesses e motivações", acrescenta Ana Isabel Santos.Na hora de recrutar, as conexões e as recomendações dos candidatos no LinkedIn são uma forma de avaliar a influência que este já tem nos meios profissionais ou académicos em que se move. E não é a quantidade que importa, mas sim a importância das pessoas a quem está ligado. Anabela Rita diz só valorizar as recomendações constantes no perfil dos candidatos no LinkedIn, "se forem legítimas". Os recrutadores são pessoas experientes, que sabem ler nas entrelinhas, por isso só dão relevância às de professores, colegas ou superiores hierárquicos que conheçam bem o candidato.
Facebook - No grupo dos recém-licenciados, o Facebook acaba por ser a maior fonte de informações sobre os candidatos, mas não para todos. Amândio da Fonseca diz que o Grupo Egor usa a rede criada por Mark Zuckerberg exclusivamente para publicação de anúncios de recrutamento e por se tratar de uma fonte importante de candidaturas. Um estudo da empresa Career Enlightenment revela que 50% das empresas a nível mundial recorrem ao Facebook para recrutar.
Consciente da importância que esta rede está a conquistar na área do recrutamento, o administrador executivo do Grupo Egor chama a atenção para os cuidados a ter com a imagem que se pretende passar no Facebook, porque ela não chega apenas aos amigos e conhecidos, mas também "a uma plateia que desconhecemos, e que pode ser determinante para o nosso futuro", avisa.
Comentários e fotos menos próprios podem levantar sérias reservas aos recrutadores, no entanto, não é certo que 'chumbem' um candidato por causa disso. Anabela Rita diz que nunca rejeitou ninguém pelo que encontrou nas redes sociais, mas que algumas informações a levam a tentar esmiuçar mais alguns assuntos na entrevista. Geralmente, os recrutadores dão um desconto a comentários de cariz mais pessoal, mas avaliam tudo. E podem até avaliar comentários que amigos tenham feito na sua página - lembra-se do ditado 'diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és'?
Twitter - Em Portugal ainda não é uma rede muito usada para recrutar, mas no Reino Unido, por exemplo, 53% dos profissionais de Recursos Humanos recorrem a ela. Muitas empresas estão presentes na rede, mas mais com o objetivo de atrair candidatos do que espreitar os seus perfis. No entanto, também o Twitter não é tão inocente quanto o passarinho branco que representa o seu logotipo. A partir da altura em que uma empresa tem alguém na sua mira, será muito fácil perceber que tipo de pessoa é pela frequência e pelos conteúdos dos seus post.
Alguém que se queixa frequentemente do chefe, que partilha informações que não deve, ou que que está sempre a debitar opiniões online, não está a dar boas referências sobre si ao mercado.
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