Ocupação? Que ocupação?

Ocupação? Que ocupação?
Como é que vamos resolver a contradição entre nossa extrema moralidade e nossas circunstâncias flagrantemente imorais? Simples: Entramos em negação.
Por Uri Avnery | Jun.07, 2013 | 12:58 | 3



Cada
pessoa é dotada de um certo mecanismo de negação que eles podem usar
para evitar a vergonha, medo, culpa e dor envolvida em lidar com suas
ações impróprias. Em vez de enfrentar o seu fracasso, aceitar a realidade e lidar com ela, eles simplesmente entrar em um estado de negação. Mas a negação extrai um preço pesado do negador. O esforço mental envolvido na auto-engano provoca danos emocionais graves. Alguém que nega os fatos está declarando que eles têm um problema mental. Eles precisam de tratamento.

Há 46 anos, temos sido nesta situação. Estamos negando um dos fenômenos mais importantes da nossa existência nacional, se não o mais central: a ocupação. Podemos usar a metáfora bem-vestida da enorme elefante na sala, cuja presença negamos. Elephant? O elefante? Aqui? Estamos na ponta dos pés em torno do elefante e evitar o nosso olhar para que não terá que olhar para ele. Afinal, ele não existe.

Estamos descartando completamente sobre outro povo. Isso
influencia todas as esferas da nossa vida nacional - a nossa política, a
nossa economia, os nossos valores, o nosso militar, o nosso sistema
legal, a nossa cultura e muito mais. Mas
nós não vemos - e não querem ver - o que está acontecendo a poucos
minutos de carro da nossa casa, sobre a linha preta conhecida como a
Linha Verde. Nós nos tornamos tão acostumados a esta situação que nós vemos isso como normal. Mas a ocupação é intrinsecamente, uma situação temporária anormal.

Sob
a lei das nações, uma ocupação é dito que ocorrem quando um Estado
vence a área de outro estado durante a guerra e depois prende-lo como
ocupante até que a paz seja alcançada. Devido à natureza temporária de uma ocupação, o direito internacional impõe severas restrições sobre o estado de ocupação. Não
é permitida a transferência de seus próprios cidadãos para a área
ocupada, é proibido construir assentamentos lá, é proibido tomar terras,
e assim por diante.

Israel inventou algo sem precedentes: a ocupação eterna. Em
1967, já sem a pressão foi exercida sobre Israel a devolver os
territórios ocupados, Moshe Dayan veio com uma idéia brilhante - para
continuar a ocupação sempre. Se Israel anexou os territórios, teria sido forçado a conceder direitos civis para a população ocupada. Mas
em um estado de ocupação, que poderia manter o controle sem que os
povos conquistados quaisquer direitos a todos - e não os direitos
humanos, e não de direitos civis e direitos certamente não nacionais. Um verdadeiro ovo de Colombo.

Somos um povo morais - em nossos próprios olhos, pelo menos. Como é que vamos resolver a contradição entre nossa extrema moralidade e nossas circunstâncias flagrantemente imorais? Simples: Entramos em negação.

"O poder corrompe", disse o estadista britânico Lord Acton. "E o poder absoluto corrompe absolutamente." A ocupação é o poder mais absoluto que existe. Ele
corrompeu tudo de bom sobre nós - ele corrompeu o exército que mantém a
ocupação, os soldados que são forçados a aterrorizar a população civil,
todas as noites, as instituições governamentais que ignoram a lei no
escuro, os tribunais que apliquem as leis de ocupação, e todo o país, que está a violar a lei internacional a cada dia.

Se nos perguntarmos o que aconteceu ao nosso país, nós simplesmente temos que abrir nossos olhos e olhar para o elefante.

"Aquele que confessa e deixa [pecados] encontra misericórdia", o livro de Provérbios nos diz. Não é o suficiente para admitir e reconhecer que um erro foi cometido, devemos abandonar o caminho errado que tomamos. No nosso caso, para salvar nossas almas e nosso estado, devemos deixar os territórios.

Mas, antes de sair, é preciso primeiro admitir e reconhecer que algo está errado.