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Tempos de Guerra: Assassinatos por drones, seriam eticamente elogiáveis?

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Mensagem por Vitor mango Qua Set 04, 2013 1:38 am

Tempos de Guerra: Assassinatos por drones, seriam eticamente elogiáveis?
04.09.2013
 
Tempos de Guerra: Assassinatos por drones, seriam eticamente elogiáveis? 18831
Anna Malm* - Correspondente de Pátria Latina na Europa

Esse texto é um relatório que ressalta  em português os pontos altos da análise de Philip Giraldi quanto a atuação política de Barack Obama. [1] Tem-se então que o Secretário de Estado John Kerry descreveu como incontestável o uso de armas químicas pelo governo da Síria baseado muito simplesmente por informações que, ao que tudo indica, vieram de Israel.

Kerry também disse na ocasião que tratava-se de uma obscenidade moral e um crime covarde o que Philip Giraldi contrabalançou com a observação de que nesse caso o que se deveria dizer a respeito de assassinatos por drones? Seriam esses éticamente elogiáveis e corajosos?  Em todo caso no contexto em que as palavras de Kerry foram apresentadas tem-se que certamente essas indicariam que uma ação militar estaria a ser iniciada.




Giraldi disse que se poderia pensar que com os vastos recursos de informação a disposição de Obama esse poderia já ter entendido que anos de apôio a autocratas, assim como à ocupação das terras palestinianas por Israel em combinação com o fracasso das guerras no Iraque e no Afeganistão significaria que os Estados Unidos não deveriam ter mais nenhuma credibilidade no Oriente Médio, assim como também não deveriam mais ter influência de peso no desenrolar dos acontecimentos, e isso não só na região. Essa seria também uma realidade que não iria se transformar com mais mísseis e bombardeamentos.

Entretanto, ele disse também que Obama poderia ter a seu favor o fato de ter permitido ao presidente da junta de chefes do pessoal militar, o General Martin Dempsey de falar aberta,  clara,  e enfaticamente a respeito de que quantoa  Síria, lá não haveriam opções militares que pudessem levar a boas consequências políticas.
 

Para se ficar certo então também era que Mohamed Morsi, o ex-presidente do Egito recentemente derrubado num golpe dos militares, não seria nenhum novo Thomas Jefferson, um dos fundadores do sistema dos Estados Unidos e o principal autor da Declaração da Independência dos mesmos em 1776. Bashar Assad, o atual presidente da Síria, também poderia não ser um modelo ideal  a ser seguido por um governo também  ideal, e isso mesmo que as acusações contra ele a respeito dos ataques com material químico se mostrassem completamente falsas, como de qualquer maneira seria a ser esperado.
Entretanto, aqui tem-se que a própria idéia de que uma democracia à-la- americana imposta pela força das armas seria uma solução para todos os males do mundo já teria fracassado e que essa não mais conseguia convencer ninguém. Isso sendo então muito especialmente nos países envolvidos no processo. Aqui tem-se então os países do leste da Europa, ou seja, as ex-repúblicas soviéticas, assim também como diversos países do Oriente Médio. Todos esses países tiveram suas próprias culturas políticas desenvolvidas a custa de muito sofrimento, sendo também que essas culturas hoje se apresentavam como uma complexa constelação de religiões, história e dinâmica social.

Tem-se também que as forças políticas regionais e locais diminuem as possibilidades dos grandes poderes de influenciar imperial e decisivamente o desenrolar dos acontecimentos. Isso vem a sublinhar ainda mais a loucura dos empreendimentos nesse sentido.

Os sauditas e alguns outros países do Golfo tem seus próprios interesses, os quais incluem um freiar de todo ímpeto decisivamente democrático no mundo árabe. Portanto esses estiveram provendo fundos substanciais para a oposição no Egito, já mesmo de quando da eleição de Morsi.

Nesse meio tempo os Estados Unidos estavam ocupados em olhar para o outro lado. Agora tem-se que a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos prometeram, conjuntamente, $12 bilhões de dólares para ajudar a sobrevivência do regime militar no Egito. Kuwait estaria então fornecendo o petróleo necessário para o Egito da junta militar. Os sauditas também prometeram aos egípicios que eles iriam cobrir as necessidades econômicas do Egito, se a Europa ou Washington, ou ambos, se decidissem por cortar suas ajudas econômicas ao país. A ajuda árabe ao regime militar do Egito torna o país imune as conhecidas pressões do ocidente. Tenho de ressaltar aqui que essas pressões podem apresentar-se tão mortais quanto qualquer cluster-bomba, ou seja, bombas formadas em cachos, um expediente que faz com que essas tenham um efeito muito mais devastador, abrangendo muitas mais pessoas de uma só vez.

O analista Philip Giraldi também apontou para o fato de não ser só o Egito que estaria recebendo ajuda de fora do país. Sabe-se já que os Estados Unidos apoiam os extremistas e os mercenários na Síria, mas aqui tem-se que Giraldi nessa ocasião ressaltou, a fim de comparação, que a Síria também estaria recebendo ajuda de fora. Tem-se então que a Rússia e a China continuam a ter a possibilidade de vetar qualquer ação precipitada da ONU, enquanto a OTAN também estaria se mostrando relutante quanto a se engajar em ainda mais uma guerra dos Estados Unidos e do Reino Unido. O Irã, mesmo se contribuindo com uma limitada assistência logística e de inteligência à Damasco, poderia fazer com que os mísseis do ocidente se tornassem em grande parte irrelevantes, excepto por mortes e destruição colaterais.

Nesse contexto tem-se depois que os guerreiros da guerra santa islâmica, alinham-se ao lado de outros grupos de mercenários e rebeldes, assim como de terroristas de todas as facções para derrubar regimes, que entendem como corruptos, por toda a região da ummah Islâmica. Percebe-se então, que no contexto geral, al-Assad possa muito bem ser o mais moderado dentro da situação a se desenrolar.


Tendo-se também em conta que o desrespeitar linhas de demarcação, e isso mesmo sem provas irrefutáveis, não é uma razão aceitável para se deslanchar uma guerra de agressão. Leva-se aqui em conta a possibilidade de Obama estar querendo mitigar a impressão de que a sua política exterior tenha sido um grande fiasco juntando-se a todos os outros  fracassos. Trata-se do humano problema de se querer salvar a própria honra.

Do meu ponto de vista tenho que ressaltar que inúmeras vidas humanas não estariam nesse mundo para lavar a honra de um presidente malogrado em suas intenções de liderança e domínio imperial.

Tudo isso nada tem a ver com o fato de uma mudança de regime em Damasco ser atingível ou mesmo desejável rressalta o analista Philip Giralidi, então.

Ele também explica que uma política exterior que esteja em concordância com a realidade atual e que se baseie nos interesses vitais dos Estados Unidos espera-se de já há muito tempo. O único interesse realmente crítico dos Estados Unidos é o do acesso a fontes energéticas, mas realidades domésticas em Washington fizeram que a proteção de Israel se transformasse em alta-prioridade.

Israel poderia preferir no Egito a estabilidade dada pelos militares mais do que os interesses políticos e islâmicos representados por Mohamed Morsi. Da mesma maneira apresenta-se com a possibilidade de uma Síria fragmentada e debilitada. Isso Israel fez com que Washington entendesse bem, mesmo que seja discutável a eficiência de remover Bashar al-Assad tentando enfraquecer dessa maneira o Irã na região. Um governo mais radicalizado na Síria não deixaria de  ser uma ameaça muito maior para Israel. Washington por sua vez tenta por todos os meios satisfazer todas as exigências de segurança vindas de Israel, mesmo que essas sejam descabidas, contraditórias e perniciosas para os reais interesses americanos.  

Os debates internos  da Casa Branca, como por ex. os relativos ao perigo de "democratização à fogo"  apresentaram-se na prática como do quando da demora em fornecer a prometida assistência militar aos rebeldes da Síria, ironicamente então deixando ao mesmo tempo que o fluxo de armas a Cairo continuasse. Isso se deveria parcialmetne a radicalização da reação dos aliados do deposto Morsi conjuntamente com o desejo americano de evitar uma realidade que levasse o Egito a uma guerra civil.
Daí segue uma elaboração de como dando força aos militares de vetar as decisões civís, seguindo um modelo turco constitucional, já agora descartado, asseguraria uma secular estabilidade constitucional, ou seja uma estabilidade constitucional não-religiosa, se bem que nesse modelo então eleições poderiam resultar em vitórias islâmistas. A idéia subjacente seria a de quando a democracia tivesse se estabelecido os militares não precisariam mais de ter o direito de veto e poderiam se retirar desse seu papel de vetar leis civís que levassem a um enfraquecimento dos direitos seculares, não religiosos.

Assim como muitas outras opções e diretivas de Washington essa também se apresenta como muito pouco realista. O fato é que dado a uma série de fatores que atuaram nos últimos doze anos os Estados Unidos estão agora experimentando um declínio não só na arena internacional como também na doméstica, onde esse declínio tem um impacto negativo na vida de todos os cidadãos americanos.

A construção de cenários alternativos para o Oriente Médio não iria levar a um fim das intervenções militares dos Estados Unidos pelo mundo afora, assim também como não iria por um ponto final as políticas domésticas insidiosas sendo levadas a cabo pela administração de Obama. Essa sua administração está sendo conhecida como a mais dissimulada e constitucionalmente mais prejudicial na história dos Estados Unidos.

Entretanto aqui há que notar-se também a evidente relutância de Obama de realmente engajar os militares, dado os debacles no Iraque e no Afeganistão. Isso poderia levar a atividades sem convicção e firmeza, o que acarretaria uma diminuição do uso do poder militar americano para derrubar governos de outros países. Se a ação militar for substituida por ações mais indiretas de suborno e coerção,  como por ex. as das ONG - Organizações Não Governamentais isso também não daria uma fórmula certa de sucesso.

Muito pelo contrário. Seria fracasso na certa. Atores alheios as realidades locais não conseguiriam influenciar decisivamente o desenrolar dos acontecimentos em lugares como o Egito, ou controlar as facções políticas de um país como a Síria.

Essas são suposições falsas que se fazem bem na mesa de jogos de guerra do Conselho Nacional de Segurança mas... que se estrepam na vida real.     
 
Referências e Notas:
[1]Philip Giraldi, "Obama Flips and Flops" -  www.antiwar.co,
O texto acima apresentado é um relatório que ressalta  em português os pontos altos da análise política de Philip Giraldi  apresentadas em "Obama Flips and Flops"-  flips and flops poderia entender-se sem prejuizos em português como por ex., "qui-pro-cós" "para-qui-para-lá", "flips-e-flops"- "truques-e-truques", etc.
 
Relatório de Anna Malm - http://artigospoliticos.wordpress.com

http://www.iranews.com.br/noticia/10735/tempos-de-guerra-assassinatos-por-drones-seriam-eticamente-elogiaveis

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