Oriente Médioa: fronteiras do século XX são inaceitáveis
Página 1 de 1
Oriente Médioa: fronteiras do século XX são inaceitáveis
Oriente Médioa: fronteiras do século XX são inaceitáveis
27/02/2014 - 17:10:55
Share on twitter Share on facebook
Foram criadas para separar os países em base religiosa
Damasco – Uma linha reta, traçada na segunda década do século XX sobre o mapa da região, revela as ambições – e a loucura – do plano colonialista franco-britânico, com base no qual conformou-se – por assim dizer – o atual Grande Oriente Médio.
As linhas retas simplificam as fronteiras geográficas traçadas no fim da Primeira Guerra Mundial. E, ao que tudo indica, este foi o motivo pelo qual a maioria das linhas de Mark Sykes, representante do então Império Britânico, e de François-George Pikot, representante do governo francês, foram traçadas com régua sobre o mapa que foi aprovado em 1916.
Sykes e Pikot constituíam a quintessência dos representantes do colonialismo europeu no então Grande Oriente Médio. E os dois eram aristocratas, experientes na administração colonial, além de profundos conhecedores da região. Entretanto, os pontos básicos do acordo que formalizaram – com razoável pressa – em meio à confusão da Primeira Guerra Mundial continuam afetando e perturbando o Grande Oriente Médio até os dias de hoje.
E isto porque, enquanto as linhas retas traçadas por Sykes e Pikot comprovaram-se extremamente úteis para a Grã-Bretanha e para a França ao longo da primeira metade do século passado, suas consequências para os povos da região foram extremamente diferentes.
O mapa dividiu os territórios que pertenciam ao domínio otomano desde o início do século XVI em novos países, integrando-os em duas esferas de influência: o Iraque, a Transijordânia e a Palestina na esfera britânica, enquanto a Síria e o Líbano, na francesa. Igualmente, na África do Norte, o Egito foi submetido ao domínio britânico, enquanto os países do Magreb, ao domínio francês.
Geração jovem
A linha reta traçada tinha objetivo de separar o Grande Oriente Médio, também, em base religiosa: a dupla Sykes–Pikot, classificou o Líbano como refúgio para os cristãos (principalmente os maronitas) e os druzos, enquanto a Palestina serviu de refúgio para a população dos hebreus. Já os muçulmanos xiitas ocuparam o Vale do Bekaa, e os muçulmanos sunitas ocuparam a Síria.
Porém, o raciocínio por trás desta divisão não foi traduzido em atos. As então demarcadas fronteiras não correspondiam, exatamente, em termos territoriais, a relações religiosas, tribais e nacionais. Mas todas estas diferenças foram enterradas, primeiro sob a luta dos povos árabes para derrubarem o colonialismo europeu, e mais tarde sob a arrasadora onda do nacionalismo árabe, inspirada pelo militar egípcio Gamal Abdel Nasser.
A mais recente manifestação de todas essas tensões foi, obviamente, a eclosão da Primavera Árabe. No início do século XXI, o pavio do incêndio foi aceso pelas evoluções demográficas. Ao longo das quatro últimas décadas, o Mundo Árabe viu sua população duplicar, para mais de 330 milhões de pessoas, 2/3 das quais têm idade inferior a 35 anos.
Trata-se de uma geração que herdou grandes e graves problemas socioeconômicos e políticos, desde pobreza, educação e desemprego, até opressão política. E no núcleo das revoluções árabes que foram iniciadas em 2011 situa-se o esforço desta geração no sentido de alterar as consequências da ordem periférica, criada após o fim da Primeira Guerra Mundial pelos representantes do colonialismo franco-britânico.
Serbin Argyrowitz
Sucursal do Grande Oriente Médio.
27/02/2014 - 17:10:55
Share on twitter Share on facebook
Foram criadas para separar os países em base religiosa
Damasco – Uma linha reta, traçada na segunda década do século XX sobre o mapa da região, revela as ambições – e a loucura – do plano colonialista franco-britânico, com base no qual conformou-se – por assim dizer – o atual Grande Oriente Médio.
As linhas retas simplificam as fronteiras geográficas traçadas no fim da Primeira Guerra Mundial. E, ao que tudo indica, este foi o motivo pelo qual a maioria das linhas de Mark Sykes, representante do então Império Britânico, e de François-George Pikot, representante do governo francês, foram traçadas com régua sobre o mapa que foi aprovado em 1916.
Sykes e Pikot constituíam a quintessência dos representantes do colonialismo europeu no então Grande Oriente Médio. E os dois eram aristocratas, experientes na administração colonial, além de profundos conhecedores da região. Entretanto, os pontos básicos do acordo que formalizaram – com razoável pressa – em meio à confusão da Primeira Guerra Mundial continuam afetando e perturbando o Grande Oriente Médio até os dias de hoje.
E isto porque, enquanto as linhas retas traçadas por Sykes e Pikot comprovaram-se extremamente úteis para a Grã-Bretanha e para a França ao longo da primeira metade do século passado, suas consequências para os povos da região foram extremamente diferentes.
O mapa dividiu os territórios que pertenciam ao domínio otomano desde o início do século XVI em novos países, integrando-os em duas esferas de influência: o Iraque, a Transijordânia e a Palestina na esfera britânica, enquanto a Síria e o Líbano, na francesa. Igualmente, na África do Norte, o Egito foi submetido ao domínio britânico, enquanto os países do Magreb, ao domínio francês.
Geração jovem
A linha reta traçada tinha objetivo de separar o Grande Oriente Médio, também, em base religiosa: a dupla Sykes–Pikot, classificou o Líbano como refúgio para os cristãos (principalmente os maronitas) e os druzos, enquanto a Palestina serviu de refúgio para a população dos hebreus. Já os muçulmanos xiitas ocuparam o Vale do Bekaa, e os muçulmanos sunitas ocuparam a Síria.
Porém, o raciocínio por trás desta divisão não foi traduzido em atos. As então demarcadas fronteiras não correspondiam, exatamente, em termos territoriais, a relações religiosas, tribais e nacionais. Mas todas estas diferenças foram enterradas, primeiro sob a luta dos povos árabes para derrubarem o colonialismo europeu, e mais tarde sob a arrasadora onda do nacionalismo árabe, inspirada pelo militar egípcio Gamal Abdel Nasser.
A mais recente manifestação de todas essas tensões foi, obviamente, a eclosão da Primavera Árabe. No início do século XXI, o pavio do incêndio foi aceso pelas evoluções demográficas. Ao longo das quatro últimas décadas, o Mundo Árabe viu sua população duplicar, para mais de 330 milhões de pessoas, 2/3 das quais têm idade inferior a 35 anos.
Trata-se de uma geração que herdou grandes e graves problemas socioeconômicos e políticos, desde pobreza, educação e desemprego, até opressão política. E no núcleo das revoluções árabes que foram iniciadas em 2011 situa-se o esforço desta geração no sentido de alterar as consequências da ordem periférica, criada após o fim da Primeira Guerra Mundial pelos representantes do colonialismo franco-britânico.
Serbin Argyrowitz
Sucursal do Grande Oriente Médio.
_________________
Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
Vitor mango- Pontos : 118178
Tópicos semelhantes
» fronteiras medio oriente
» FMs árabes se opõem a negociações no Oriente Médio sem postura EUA nas fronteiras
» Quarteto para o Oriente Médio quer fim da colonização e abertura das fronteiras
» Obama manda Mitchell ao Oriente Médio e pede que Israel abra fronteiras de Gaza
» Médio Oriente: Palestinianos querem definir fronteiras durante eventual prolongamento da moratória israelita sobre os colonatos
» FMs árabes se opõem a negociações no Oriente Médio sem postura EUA nas fronteiras
» Quarteto para o Oriente Médio quer fim da colonização e abertura das fronteiras
» Obama manda Mitchell ao Oriente Médio e pede que Israel abra fronteiras de Gaza
» Médio Oriente: Palestinianos querem definir fronteiras durante eventual prolongamento da moratória israelita sobre os colonatos
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos