Sarah em 2008 preparando Palin 2012 " para presidente do Benfica
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Sarah em 2008 preparando Palin 2012 " para presidente do Benfica
Sarah em 2008 preparando Palin 2012
Ferreira Fernandes
em Raleigh, Carolina do Norte
Comício. Sarah Palin foi gastar os últimos cartuchos a Raleigh, Carolina do Norte. Para os republicanos, é mau sinal que este estado do Sul precise de apoio de última hora - em 2004, Bush ganhou ali com mais de 12 pontos
O Sul republicano rendido à sua heroína
Num perfil que o New York Times fez de Sarah Palin, na semana passada, sublinhava-se a falta de interesses culturais da candidata a vice--presidente. O jornal lembrava que, quando adolescente, a única coisa que Palin lia eram as Selecções do Reader's Digest. No sábado, a campanha republicana programou um comício com Palin em Raleigh, capital da Carolina do Norte. A cidade foi berço de Andrew Johnson, filho de alfaiate e que trabalhou desde criança. Ele casou-se com Eliza, uma mulher ambiciosa que ensinou o marido a ler, aos 20 anos. Andrew meteu-se na política e foi convidado por Abraham Lincoln para vice- -presidente. Afinal, na América, desde há muito se pode chegar a vice-presidente não se queimando as pestanas na juventude. E até a presidente, como foi Andrew Johnson (1865-69), depois do assassínio de Lincoln.
O comício de sábado foi no pavilhão onde se realiza a anual feira agrícola de Raleigh. As estradas que vão ter à capital da Carolina do Norte têm as bermas com relvados cuidados mas por esta época polvilhados de farripas brancas - é algodão que os camiões, vindos das colheitas, vão deixando cair. E Raleigh é a sede da célebre marca Lucky Strike, o tabaco sendo a outra produção local. A maioria, quatro em cinco, das viaturas estacionadas para o comício eram carrinhas de caixa aberta.
Duas horas antes de o comício começar já o pavilhão estava cheio. A Carolina do Norte fica sob a Virgínia, já é Sul profundo. Em Greensboro, cidade vizinha a Raleigh, quatro rapazes negros, em 1 Fevereiro de 1960, sentaram-se no balcão de uma lanchonete que dizia: "Só para Brancos." Não foram servidos, mas esperaram teimosamente o dia inteiro. O seu exemplo levou a outros sit-in, protestos pacíficos, que acabaram com a segregação racial no Sul dos Estados Unidos. Hoje, um terço da população de Raleigh é negra, a integração é oficial mas das centenas de pessoas que assistiram ao comício de Sarah Palin só uns 20 não eram brancos.
A cabeça rapada e luzidia de tão negra de Paul chamava a atenção. Ele estava com a mulher, Carrie, branca, e os filhos. São do estado de Nova Iorque mas há um ano vieram para a Carolina do Norte, para Apex, uma cidadezinha próxima, onde ele é vendedor da At'T, empresa de telecomunicações. "Tenho valores muito conservadores, sou cristão e portanto os meus candidatos são McCain e Sarah Palin", disse Paul para uma câmara de televisão, com o sorriso das explicações simples. Uma branca que assistia à entrevista, ao princípio desconfiada, desatou a bater palmas.
Sarah Palin ainda essa tarde tinha um comício em Polk City, na Florida, e demorava. Em Polk City haveria um incidente, noticiou-se depois, a organização local não pôs em lugar nenhum do comício o nome de McCain, só o de Sarah Palin. Mas no pavilhão de Raleigh eram camisolas "McCain-Palin" que se lançavam para a assistência. Martha Browne, de 45 anos, era outra das poucas caras morenas: mulata, veio da República Dominicana. Deixou o marido em casa, que era pró-Obama. Mas ela gosta dos republicanos. Enquanto se meneava ao ritmo do conjunto de bluegrass music Broke-N-Lonesome (Falido-e-Sozinho, um sintoma de crise), que fazia ranger os banjos, Martha explicou-se: "Amo a América, as músicas, as oportunidades."
Políticos locais subiam ao palco com a certeza de aplausos delirantes quando diziam o nome mágico. Que não era John McCain, mas Sarah Palin: "Sarah! Sarah! Sarah!" E também Joe, o Canalizador. Na assistência, alguém levantou um cartaz: "Eu sou Fred, o Camponês de Tabaco." E outro imitador que subiu ao palco para discursar. apresentou-se como "Mike, o Canalizador", a variante local do Joe de Ohio. Sem gravata e muito mais aplaudido que o antigo senador Bob Dole, candidato republicano de 1996, derrotado por Clinton.
Enfim, de casaco azul-cobalto, grande alfinete com um elefante, símbolo republicano, Sarah Palin. As luzes apagaram-se antes de ela entrar e acenderam-se para a explosão. "Ela é que devia, ela é que devia...", diz Wren Rice, de 41 anos, para a mãe Robbin Blount, enquanto ambas abanavam bandeirinhas. Como se os republicanos já suspirassem por 2012.
serviço especial DN/JN
Ferreira Fernandes
em Raleigh, Carolina do Norte
Comício. Sarah Palin foi gastar os últimos cartuchos a Raleigh, Carolina do Norte. Para os republicanos, é mau sinal que este estado do Sul precise de apoio de última hora - em 2004, Bush ganhou ali com mais de 12 pontos
O Sul republicano rendido à sua heroína
Num perfil que o New York Times fez de Sarah Palin, na semana passada, sublinhava-se a falta de interesses culturais da candidata a vice--presidente. O jornal lembrava que, quando adolescente, a única coisa que Palin lia eram as Selecções do Reader's Digest. No sábado, a campanha republicana programou um comício com Palin em Raleigh, capital da Carolina do Norte. A cidade foi berço de Andrew Johnson, filho de alfaiate e que trabalhou desde criança. Ele casou-se com Eliza, uma mulher ambiciosa que ensinou o marido a ler, aos 20 anos. Andrew meteu-se na política e foi convidado por Abraham Lincoln para vice- -presidente. Afinal, na América, desde há muito se pode chegar a vice-presidente não se queimando as pestanas na juventude. E até a presidente, como foi Andrew Johnson (1865-69), depois do assassínio de Lincoln.
O comício de sábado foi no pavilhão onde se realiza a anual feira agrícola de Raleigh. As estradas que vão ter à capital da Carolina do Norte têm as bermas com relvados cuidados mas por esta época polvilhados de farripas brancas - é algodão que os camiões, vindos das colheitas, vão deixando cair. E Raleigh é a sede da célebre marca Lucky Strike, o tabaco sendo a outra produção local. A maioria, quatro em cinco, das viaturas estacionadas para o comício eram carrinhas de caixa aberta.
Duas horas antes de o comício começar já o pavilhão estava cheio. A Carolina do Norte fica sob a Virgínia, já é Sul profundo. Em Greensboro, cidade vizinha a Raleigh, quatro rapazes negros, em 1 Fevereiro de 1960, sentaram-se no balcão de uma lanchonete que dizia: "Só para Brancos." Não foram servidos, mas esperaram teimosamente o dia inteiro. O seu exemplo levou a outros sit-in, protestos pacíficos, que acabaram com a segregação racial no Sul dos Estados Unidos. Hoje, um terço da população de Raleigh é negra, a integração é oficial mas das centenas de pessoas que assistiram ao comício de Sarah Palin só uns 20 não eram brancos.
A cabeça rapada e luzidia de tão negra de Paul chamava a atenção. Ele estava com a mulher, Carrie, branca, e os filhos. São do estado de Nova Iorque mas há um ano vieram para a Carolina do Norte, para Apex, uma cidadezinha próxima, onde ele é vendedor da At'T, empresa de telecomunicações. "Tenho valores muito conservadores, sou cristão e portanto os meus candidatos são McCain e Sarah Palin", disse Paul para uma câmara de televisão, com o sorriso das explicações simples. Uma branca que assistia à entrevista, ao princípio desconfiada, desatou a bater palmas.
Sarah Palin ainda essa tarde tinha um comício em Polk City, na Florida, e demorava. Em Polk City haveria um incidente, noticiou-se depois, a organização local não pôs em lugar nenhum do comício o nome de McCain, só o de Sarah Palin. Mas no pavilhão de Raleigh eram camisolas "McCain-Palin" que se lançavam para a assistência. Martha Browne, de 45 anos, era outra das poucas caras morenas: mulata, veio da República Dominicana. Deixou o marido em casa, que era pró-Obama. Mas ela gosta dos republicanos. Enquanto se meneava ao ritmo do conjunto de bluegrass music Broke-N-Lonesome (Falido-e-Sozinho, um sintoma de crise), que fazia ranger os banjos, Martha explicou-se: "Amo a América, as músicas, as oportunidades."
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serviço especial DN/JN
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