ainda sobre a história dos 40 anos de democracia

ainda sobre a história dos 40 anos de democracia

por Rodrigo Moita de Deus, em 27.10.14

Francisco Pinto Balsemão é uma das figuras mais azaradas desta nossa democracia. E mal apreciadas.
Fundou um jornal criou a imprensa livre em Portugal quando era proibido ter imprensa livre;
Fundou uma ala liberal quando era proibido ter outras ideias;
Fundou um partido que todos acharam que não ia ganhar eleições;
Foi primeiro-ministro num dos momentos mais complicados que alguém pode imaginar;
Fundou a primeira televisão privada em Portugal quando ninguém queria televisões privadas;
Fundou o primeiro canal de notícias em Portugal quando quase todos acreditavam que não existia mercado;
Quase tudo o que fez na vida está nos livros de história contemporânea do país. Mas com outros autores.
Magalhães Mota é muito mais associado à ala liberal que Balsemão;
Sá Carneiro é muito mais associado à fundação do PSD que Balsemão;
Soares é muito mais associado ao pedido de adesão à comunidade europeia que Balsemão;
Cavaco Silva é muito mais associado às revisões constitucionais que mudaram o país que Balsemão;
Marcelo Rebelo de Sousa é muito mais associado aos primeiros anos do Expresso que Balsemão;
Emídio Rangel é muito mais associado ao que se tornou a SIC que Balsemão;
E por aí fora. É como se Balsemão fosse figura de segunda. Consegue-se fazer a história da democracia portuguesa, da comunicação social em Portugal e até do PSD fazendo do senhor uma nota de rodapé.
E no entanto, nas suas guerras, sobreviveu ao independente de Portas, à RTP de José Eduardo Moniz, à TVI de José Eduardo Moniz, às tentativas de OPA da PT, aos avanços da Ongoing, à cisão do Semanário, à cisão do SOL, às batalhas com Ricardo Salgado, à crise na bolsa, ao afilhado Nuno Vasconcelos. É, provavelmente, o único “poderoso” português que nunca perdeu uma “guerra”. Fosse com quem fosse. E num país onde se fazem odes aos velhos nunca teve medo de investir em gente nova. Provavelmente ninguém lhe fará justiça ou escreverá devidamente a sua história. É inglório.

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A verdadeira História não se faz durante a vida.
Ela, a verdadeira, só surge algum tempo depois da morte física.

Vagueante escreveu:A verdadeira História não se faz durante a vida.
Ela, a verdadeira, só surge algum tempo depois da morte física.

Ele já não está morto?
Preferia o corrupto azul do norte.