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João Araújo, o solitário que não gosta de falar

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João Araújo, o solitário que não gosta de falar Empty João Araújo, o solitário que não gosta de falar

Mensagem por Vitor mango Qui Jan 22, 2015 2:19 am

João Araújo, o solitário que não gosta de falar
Trabalhou em megaprocessos numa altura em que ainda não havia megaprocessos. O advogado de José Sócrates esteve nas FP-25 de Abril e nos casos que resultaram do colapso da Caixa Económica Açoreana. Apoiou António Costa nas intercalares para a Câmara de Lisboa, em 2007, e nos últimos dois dias desconcertou os jornalistas no Campus de Justiça.
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Ricardo Marques e Rui Gustavo |
10:03 Segunda feira, 24 de novembro de 2014
João Araújo, advogado do ex-primeiro-ministro, à saída do Campus de Justiça, em Lisboa, numa das noites de interrogatório


"Isto cheira a fraude por todos os lados, não pode ser ele". O comentário de uma jornalista habituada a longas tardes no Campus de Justiça era justificado, ainda que se viesse a revelar exagerado. O homem baixote, de idade algo avançada e peso a mais, chegou ao Campus de Justiça em passo lento e explicou, sem se rir, que era "advogado estagiário".

Ainda antes de entrar no tribunal, alguém lhe perguntou se tinha sido nomeado advogado oficioso de José Sócrates. O homem explicou que não, que vinha entregar uma procuração e que "provavelmente" iria representar o antigo primeiro-ministro neste processo. Uma surpresa para todos os que esperavam um peso-pesado da advocacia, como Proença de Carvalho, que costuma representar José Sócrates nos processos que tem contra vários jornais e jornalistas.

- Como é que se chama?
- João" (qualquer coisa impercetível)
- João quê?
- Araújo. João Araújo.

E seguiu para dentro do edifício quase deserto do Tribunal Central de Instrução Criminal.

João Araújo era, até este sábado, um desconhecido advogado que todos os advogados conheciam. Há mais de trinta anos que trabalha sozinho e já teve em mãos alguns dos grandes processos da Justiça: representou arguidos no processo das FP-25 de Abril, na década de 80, e esteve envolvido nas batalhas judiciais que se seguiram ao colapso da Caixa Económica Açoreana, no início da década de 90. Nos últimos tempos, surgiu na imprensa como advogado da mãe de José Sócrates.

"É um excelente advogado, uma pessoa muito inteligente e com enorme sentido de humor", conta ao Expresso um amigo e colega. "Mas a verdade é que não tem muita prática de lidar com jornalistas. Mais ainda neste caso tão delicado. Qualquer advogado teria fugido", acrescentou.

Nos últimos dois dias, pressionado pelos jornalistas acampados à porta do Tribunal Central de Instrução Criminal, João Araújo tem somado respostas que não respondem, máximas que parecem retiradas de manuais de Direito Processual e algumas frases mais espirituosas.

Começou logo no sábado, ao dizer que ia ver "as montras" e, quando regressou com um saco do Expresso, revelou que ia para ler os jornais para o tribunal porque era o que fazia "todos os sábados".

Há sete anos, o advogado João Araújo integrou a comissão de honra da candidatura de António Costa às eleições intercalares da Câmara de Lisboa. Na comissão, entre as várias dezenas de nomes, estava também o de José Sócrates. Segundo fontes ouvidas pelo Expresso, o advogado e o ex-primeiro-ministro terão como amigo comum o advogado José Pinto Ribeiro, que foi ministro da Cultura do Governo de José Sócrates.

João Araújo e José Sócrates passaram juntos grande parte do dia de sábado. Ao fim da noite, o advogado foi cercado por jornalistas. Notava-se que não queria falar, mas precisou de muitas palavras para o dizer. "As relações entre os advogados e os seus constituintes são matéria de segredo profissional", começou, numa sequência que durou vários minutos. "Matérias em torno da ordem de trabalhos, das horas, do que se faz e do que se deixa de fazer são da competência do senhor doutor juiz. E não me compete substituí-lo, graças a Deus".

Depois de reconhecer, a custo, que tinha sido chamado pelo "engenheiro Sócrates" (com um misterioso "ou eu ter-lhe-ei ligado, há muitos meios de comunicação"), fez uma proposta aos jornalistas: "Olhem, vamos fazer um contrato, ou seja um acordo de vontades protegido pela ordem jurídica. Os senhores deixam-me em paz e eu amanhã eventualmente, eventualmente, farei uma declaração mais completa. Está bem?" Até agora, o acordo ainda está cumprir.

O Expresso deixa aqui mais algumas das frases de João Araújo, o advogado que representa José Sócrates:

"Vou-me embora e isso significa apenas isso, que me vou embora"

"Se o tribunal precisar de mim, telefona-me e eu venho"

"Não posso esclarecer coisa nenhuma do que se passa lá dentro. Isso é arte, é a regra da arte"

"Há coisas que eu digo e há coisas que eu não digo e as coisas que eu não digo, não digo por respeito ao segredo de Justiça, por respeito ao tribunal, por utilidade do meu cliente, por vontade minha. Há milhares de razões que me levam a dizer: eu não falo"

"Agora vou para sopas e descanso. Tenho problemas sérios, já tenho problemas sérios, complicados"

"Precisam que peça o habeas corpus para ir embora?"

"Quem eu represento ou não represento é um assunto de que não posso falar"

"Cheguei ao balcão, pousei a minha pasta e vim-me embora. Ainda não consultei o processo"
P

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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
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