Ayelet Shaked, a nova ministra israelita que foi comparada a Hitler
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Ayelet Shaked, a nova ministra israelita que foi comparada a Hitler
Ayelet Shaked, a nova ministra israelita que foi comparada a Hitler
[url=http://sol.pt/RedeSOL/Autores/?autor=Pedro Guerreiro]Pedro Guerreiro[/url] |
08/05/2015 18:32:05
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Uma fotogénica engenheira informática de 39 anos e mãe de dois filhos, secular mas dirigente de um partido religioso, Ayelet Shaked é uma improvável jovem estrela da direita israelita que chega agora ao Governo de Benjamin Netanyahu como ministra da Justiça. É o culminar – ou apenas mais um degrau? – de uma ascensão explosiva que já gera ondas de choque no Médio Oriente.
O fenómeno nasceu no Verão de 2014. Um post polémico da então deputada da Casa Judaica tornava-se viral no Facebook. Não era um texto da autoria de Ayelet, mas de um jornalista entretanto falecido. Uri Elitzur, figura muito próxima de Benjamin Netanyahu, comparava as crianças palestinianas a “pequenas víboras” e apelava a uma guerra total contra os árabes dos territórios ocupados.
No dia seguinte, Abu Khudair, um adolescente palestiniano de 17 anos, era raptado em Jerusalém por extremistas judeus e queimado vivo. Uma semana depois, começava mais uma campanha das forças armadas hebraicas em Gaza – mais de 2.000 palestinianos mortos, incluindo cerca de 500 crianças.
“Isto é uma guerra entre dois povos. Quem é o inimigo? O povo palestiniano. Porquê? Perguntem-lhes. Eles é que começaram”, tinha postado Ayelet, citando Elitzur. (Dias antes, três jovens colonos judeus também tinham sido raptados e assassinados).
Ayelet acabou por apagar o post, mas não evitou a fama de extremista. Uma fama que atravessou fronteiras: “Qual é a diferença entre esta mentalidade e a de Adolf Hitler?”, perguntou Recep Tayyip Erdogan, o então primeiro-ministro turco.
Em vez do incidente ter afundado a carreira de uma jovem deputada ao Knesset, a polémica tornou-a na nova estrela da direita israelita.
Esta semana, o acordo de coligação entre o Likud de Netanyahu e a Casa Judaica (Bayit Yehudi, o partido de extrema-direita que a programadora integra) ditou a entrega da pasta da Justiça a Ayelet. Naftali Bennett, o líder da formação radical, é o novo ministro da Educação.
A entrega do Ministério da Justiça foi o ponto decisivo para a viabilização pela Casa Judaica do quarto Governo de Netanyahu, colocando nas mãos dos radicais a nomeação do próximo procurador-geral da República, sublinha a Foreign Policy. Em Israel, essa é uma nomeação que resulta tradicionalmente de intensas negociações e importantes cedências, o que confere a Ayelet um imenso poder no seio do novo Executivo.
Para a Casa Judaica, é uma win-win situation: ou garante com o seu PGR o controlo do sistema judicial israelita, que tem sido considerado como o último obstáculo para a sionização completa do Estado [lê-se na FP], ou consegue concessões significativas em dossiês como o dos colonatos – onde a fome se junta à vontade de comer.
A chegada da jovem conservadora ao Governo fez soar alarmes em Ramallah. Saeb Erekat, negociador-chefe da Autoridade Palestiniana, declarou ainda na quinta-feira que o novo Executivo israelita é “um Governo de guerra” e visou especificamente a nova ministra da Justiça com as suas críticas.
“A presença da extremista [Ayelet] Shaked, de ultra-ortodoxos e de colonos no Governo é a prova de que se trata de um Governo de guerra, contra a paz e a estabilidade”, afirmou o diplomata palestiniano, citado pela AFP.
pedro.guerreiro@sol.pt
[url=http://sol.pt/RedeSOL/Autores/?autor=Pedro Guerreiro]Pedro Guerreiro[/url] |
08/05/2015 18:32:05
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Uma fotogénica engenheira informática de 39 anos e mãe de dois filhos, secular mas dirigente de um partido religioso, Ayelet Shaked é uma improvável jovem estrela da direita israelita que chega agora ao Governo de Benjamin Netanyahu como ministra da Justiça. É o culminar – ou apenas mais um degrau? – de uma ascensão explosiva que já gera ondas de choque no Médio Oriente.
O fenómeno nasceu no Verão de 2014. Um post polémico da então deputada da Casa Judaica tornava-se viral no Facebook. Não era um texto da autoria de Ayelet, mas de um jornalista entretanto falecido. Uri Elitzur, figura muito próxima de Benjamin Netanyahu, comparava as crianças palestinianas a “pequenas víboras” e apelava a uma guerra total contra os árabes dos territórios ocupados.
No dia seguinte, Abu Khudair, um adolescente palestiniano de 17 anos, era raptado em Jerusalém por extremistas judeus e queimado vivo. Uma semana depois, começava mais uma campanha das forças armadas hebraicas em Gaza – mais de 2.000 palestinianos mortos, incluindo cerca de 500 crianças.
“Isto é uma guerra entre dois povos. Quem é o inimigo? O povo palestiniano. Porquê? Perguntem-lhes. Eles é que começaram”, tinha postado Ayelet, citando Elitzur. (Dias antes, três jovens colonos judeus também tinham sido raptados e assassinados).
Ayelet acabou por apagar o post, mas não evitou a fama de extremista. Uma fama que atravessou fronteiras: “Qual é a diferença entre esta mentalidade e a de Adolf Hitler?”, perguntou Recep Tayyip Erdogan, o então primeiro-ministro turco.
Em vez do incidente ter afundado a carreira de uma jovem deputada ao Knesset, a polémica tornou-a na nova estrela da direita israelita.
Esta semana, o acordo de coligação entre o Likud de Netanyahu e a Casa Judaica (Bayit Yehudi, o partido de extrema-direita que a programadora integra) ditou a entrega da pasta da Justiça a Ayelet. Naftali Bennett, o líder da formação radical, é o novo ministro da Educação.
A entrega do Ministério da Justiça foi o ponto decisivo para a viabilização pela Casa Judaica do quarto Governo de Netanyahu, colocando nas mãos dos radicais a nomeação do próximo procurador-geral da República, sublinha a Foreign Policy. Em Israel, essa é uma nomeação que resulta tradicionalmente de intensas negociações e importantes cedências, o que confere a Ayelet um imenso poder no seio do novo Executivo.
Para a Casa Judaica, é uma win-win situation: ou garante com o seu PGR o controlo do sistema judicial israelita, que tem sido considerado como o último obstáculo para a sionização completa do Estado [lê-se na FP], ou consegue concessões significativas em dossiês como o dos colonatos – onde a fome se junta à vontade de comer.
A chegada da jovem conservadora ao Governo fez soar alarmes em Ramallah. Saeb Erekat, negociador-chefe da Autoridade Palestiniana, declarou ainda na quinta-feira que o novo Executivo israelita é “um Governo de guerra” e visou especificamente a nova ministra da Justiça com as suas críticas.
“A presença da extremista [Ayelet] Shaked, de ultra-ortodoxos e de colonos no Governo é a prova de que se trata de um Governo de guerra, contra a paz e a estabilidade”, afirmou o diplomata palestiniano, citado pela AFP.
pedro.guerreiro@sol.pt
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