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Hoje vou esticar-me... Talvez alguém tenha paciência para ler....Victor Louro

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Hoje vou esticar-me... Talvez alguém tenha paciência para ler....Victor Louro Empty Hoje vou esticar-me... Talvez alguém tenha paciência para ler....Victor Louro

Mensagem por Vitor mango Ter Out 06, 2015 11:18 am


Hoje vou esticar-me... Talvez alguém tenha paciência para ler....Victor Louro 10269505_566325080141190_4925560058745860667_n

Victor Louro
19 h ·


Hoje vou esticar-me... Talvez alguém tenha paciência para ler.
“Mas o mundo não acabou ontem e, como escreveu já hoje Mariana Mortágua, «o tempo é de esperança e serenidade. Que todas as forças políticas saibam estar à altura do desafio».“
Hoje, sim, é o meu (conturbado) dia de reflexão.


Na minha frente, os meus pais olham-me. E salta-me à vista um livro sobre a obra de meu Pai com um desabafo seu como título: “O mundo continuará a girar”.
O desgosto é natural. Quem não se sente, não é filho de boa gente.
E este é o primeiro traço da reflexão, porque foi também o primeiro a ter expressão na minha cabeça: um povo que ainda não se libertou da canga. O fascismo não se extirpa sem mais nem menos. Nós sabemos isso e atribuimos à cultura uma grande importância; a direita também, mas ao contrário, espezinhando-a com as botas (hoje já não são as dos generais).
Dessa anti-cultura que o fascismo deixou enraizada, faz parte o Medo, o medinho pequenino, carinhosamente cultivado e proclamado pela direita em todas as situações em que esteja em perigo. Funciona!
E funcionará se o governo for inviabilizado. Como funcionou em 1980 com a campanha eleitoral alicerçada no ataque a Sá Carneiro (em 1980 não tinha morrido, era o líder do PPD).

O segundo traço é o da decrepitude dos velhos partidos da esquerda, PCP e PS. O primeiro (que foi o meu partido durante 25 anos e preencheu toda a minha juventude), incapaz de crescer, e o segundo, incapaz de vencer, perante o descalabro da direita durante 4 anos de vergastada no povo. Irritam-me os malabarismos das leituras pós-eleitorais. O essencial é que, depois de tudo isto, não venceram.
Venceu o Bloco, um partido jovem, que soube sobreviver às divisões que marcaram a sua vida no final da 1ª década do século XXI. Julgo que teve a ousadia de pronunciar a expressão essencial: “no dia 5 cá estaremos para discutir com o PS o futuro”, mostrando a abertura que o PCP continua a recusar. Assim foi com Humberto Delgado: “obviamente demito-o!” - e chega!
Mas na véspera do dia 5 o PS estava a meter as unhas para dentro: t'arrenego, Satanás... A zona de confortozinho do Poder. As justificações são costumeiras.

Livre/Tempo de Avançar: uma esperança - frustrada por agora. Lançou uma nova forma de fazer política. Mas que se poderia esperar com o boicote da comunicação social, que não suscitou o mais pequeno reparo do chamado “regulador”? Claro que a cortina do silêncio continua a ser o mais eficaz meio de... silenciar! Admissível em democracia, para quem deve ter um comportamento democrático de esclarecer a opinião pública? Efeito directo da captura da informação pelo capital. Histórias úteis de inúteis reguladores. Mas não foi só por isso que a mensagem não passou: era demasiado complicada, apesar de bem construída. Faltou a simplicidade facilmente assimilável – que mesmo que tivesse havido, não poderia ecoar no silêncio imposto.
Seguir sozinho, ou construir mais força em conjunto? Sem deputados, não tem força – um dado novo.
Pelo caminho ficaram o Congresso Democrático das Alternativas, e a Iniciativa de Auditoria Cidadã à Dívida – três iniciativas em que me envolvi, sem arrependimento, com esperança.

Finalmente, o voto útil. Oiço este argumento desde o princípio da vida democrática em Portugal. Tenho-o como o mais antidemocrático que há, juntamente com o outro conceito – do arco da governação. E aquela da maioria absoluta. Só falta o partido único... Democracia implica pluralidade – e na pluralidade se constroem as soluções viabilizadoras das políticas. Doutro modo, é o bipolarismo: ou por mim, ou contra mim. São os mesmo que atacam o PCP por ver a vida a preto e branco: só preto, ou só branco. As cores intermédias – não existem democraticamente: que absurdo! E na nossa história, o que tem dado o voto útil? Sempre aquilo que os votantes não queriam, porque quem o recebe, usa-o. Usa-o!
Temos agora uma situação nova. Cujos desenvolvimentos vão acontecer a par e passo. Entre calculismos, oportunidades, traições, e o mais que se verá.
Não dramatizando, e pensando no interesse dum povo que, apesar de tudo, expressou uma vontade de compromisso entre uma direita a governar e uma esquerda a compensar, não será difícil que, passo a passo, os partidos votem as leis propostas pelo governo, modificando-as; e votem as suas próprias propostas, temperando e articulando posições – como a negociação democrática impõe. Resultado: não será o máximo... mas ninguém teve o máximo da confiança dos eleitores!
Não será difícil. Possível - é o que se vai ver. E mais tarde haverá mais eleições. E entretanto, a vida das pessoas tem de fazer-se. Os povos às vezes reagem!...

Sesimbra, 5 Outu 2015

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Vitor mango
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