Legado histórico e críticas a Trump no último discurso do Estado da União de Obama
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Legado histórico e críticas a Trump no último discurso do Estado da União de Obama
Legado histórico e críticas a Trump no último discurso do Estado da União de Obama
REUTERS/Evan Vucci
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Presidente dos EUA pediu o levantamento do embargo a Cuba e anunciou uma nova campanha nacional contra o cancro
O Presidente dos Estados Unidos fez na madrugada desta quarta-feira (hora de Lisboa) aquele que foi o seu último discurso do Estado da União. No Capitólio, em Washington, Barack Obama frisou o legado da sua administração, desde o crescimento económico do país ao restabelecimento das relações diplomáticas com Cuba, mas também criticou aqueles que se mostram contra a mudança dos tempos e os que se manifestam contra fenómenos como a imigração ou promovem a intolerância.
Diante das duas câmaras do Congresso (Câmara dos Representantes e Senado), Obama teve palavras duras, algumas evidentemente apontadas a posições radicais que têm surgido recentemente, como do candidato presidencial republicano Donald Trump, mas também contra aqueles que rejeitam a mudança.
Para Obama, apenas a inovação, especialmente tecnológica, é capaz de permitir os EUA e o mundo de enfrentarem os desafios que se avizinham, especialmente em matérias como as alterações climáticas ou o combate às desigualdades.
Relativamente à questão da segurança internacional, Obama sublinhou a nova posição estratégica dos EUA, não como única polícia do mundo mas como líder de coligações que envolvam os diversos países, na prossecução da segurança global.
A este nível, o Presidente americano tentou acalmar quem vê no combate ao Estado Islâmico a "terceira guerra mundial", pois o EI "não ameaça a existência nacional", e exortou o Congresso a aprovar uma base legal e específica para essa campanha.
"Quando os políticos insultam os muçulmanos, uma mesquita é destruída ou uma criança é intimidada, isso não nos torna mais seguros"
"Enquanto nos centramos em destruir o Estado Islâmico [EI], as mensagens exageradas de que esta é a Terceira Guerra Mundial apenas beneficiam" os 'jihadistas', afirmou Obama. "Eles não ameaçam a nossa existência nacional. Essa é a história que o EI quer contar, é o tipo de propaganda que usam para recrutar", frisou.
Obama disse ainda que "insultar" os muçulmanos não só não torna o país "mais seguro" como "atraiçoa" a essência do que significa ser norte-americano, numa alusão ao aspirante a candidato republicano à Presidência dos EUA Donald Trump.
"Quando os políticos insultam os muçulmanos, uma mesquita é destruída ou uma criança é intimidada, isso não nos torna mais seguros (...). É simplesmente incorreto. Diminui-nos aos olhos do mundo", enfatizou.
Por isso, instou a que se "rejeite" qualquer política que ataque "por motivos de raça ou religião" e sublinhou que o mundo inteiro respeita os Estados Unidos precisamente pela sua "diversidade" e "abertura".
Quer o fim do embargo a Cuba
Esta nova atitude dos EUA para com o resto do mundo permitiu, segundo Obama, criar condições para o acordo nuclear com o Irão e o restabelecimento de relações diplomáticas com Cuba. Aliás, Obama, instou mesmo o Congresso a levantar o embargo à ilha de Fidel.
"Cinquenta anos de isolamento de Cuba falharam em promover a democracia e fizeram-nos recuar na América Latina", afirmou Obama, um ano depois do anúncio da histórica aproximação entre Washington e Havana lançada durante a sua Administração.
"É por isso que restaurámos as relações diplomáticas, abrimos a porta às viagens e ao comércio, e posicionamo-nos para melhorar as vidas do povo cubano. Querem que consolidemos a nossa liderança e credibilidade no continente? Reconheçam que a Guerra Fria acabou. Levantem o embargo", disse.
Em jeito de balanço da conjuntura dos EUA nos últimos sete anos, o Presidente, afirmou: "Já vos disse que todas as discussões sobre o declínio da economia norte-americana eram uma ficção política (...). Os Estados Unidos da América são a nação mais potente do mundo".
"Os Estados Unidos têm a economia mais forte e duradoura do mundo. Mais de 14 milhões de novos postos de trabalho, os dois anos de maior crescimento do emprego desde os anos 1990, o desemprego reduzido a metade. Qualquer um que diga que a economia dos EUA está em declínio está a vender ficção", frisou.
O Presidente dos EUA admitiu, contudo, que "muitos norte-americanos" estão preocupados porque a economia "tem estado a mudar de forma profunda", citando a substituição de postos de trabalho pelas tecnologias de autómatos, a liberdade de movimento internacional para as empresas e o aumento das desigualdades.
"As empresas numa economia global podem estar localizadas em qualquer sítio e enfrentam maior concorrência. Como resultado, os trabalhadores têm menor capacidade de negociação. As empresas são menos fiéis às suas comunidades e mais e mais riqueza se concentra nas mãos dos mais ricos", apontou.
"Os imigrantes não são a razão pela qual os salários não subiram o suficiente"
Segundo Obama, todos estes factos "espremeram" os trabalhadores, "incluindo os que têm emprego e incluindo quando a economia está em crescimento", e fizeram com que hoje seja "mais difícil" para uma família trabalhadora sair da pobreza, para os jovens iniciarem as suas carreiras profissionais e para os trabalhadores reformarem-se.
O Presidente dos Estados Unidos aproveitou ainda para lançar críticas aos bancos de Wall Street, cuja "temeridade" foi a causa da crise financeira, "e não as pessoas que vivem das ajudas governamentais para receber alimentos".
"Os imigrantes não são a razão pela qual os salários não subiram o suficiente, este tipo de decisões toma-se em salas de reuniões que com demasiada frequência colocam os resultados trimestrais acima dos retornos a longo prazo", acrescentou.
Biden contra o cancro
O Presidente dos Estados Unidos anunciou ainda uma "nova campanha nacional" contra o cancro, por via da qual pretende aumentar os recursos públicos e privados para combater a doença, reforçando os meios dedicados à investigação.
"Pelos entes queridos que todos perdemos, pela família que ainda podemos salvar, façamos com que os Estados Unidos sejam o país que cura o cancro de uma vez por todas", disse.
Obama colocou à frente da iniciativa o seu vice-presidente, Joe Biden, que fez da luta contra o cancro uma prioridade pessoal desde que, em maio, perdeu o seu filho Beau, de 46 anos, devido a um tumor cerebral.
O discurso na íntegra:
O discurso do Estado da União ('State of the Union') é uma tradição política americana iniciada pelo primeiro Presidente dos Estados Unidos, George Washington (1789-1797).
REUTERS/Evan Vucci
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Presidente dos EUA pediu o levantamento do embargo a Cuba e anunciou uma nova campanha nacional contra o cancro
O Presidente dos Estados Unidos fez na madrugada desta quarta-feira (hora de Lisboa) aquele que foi o seu último discurso do Estado da União. No Capitólio, em Washington, Barack Obama frisou o legado da sua administração, desde o crescimento económico do país ao restabelecimento das relações diplomáticas com Cuba, mas também criticou aqueles que se mostram contra a mudança dos tempos e os que se manifestam contra fenómenos como a imigração ou promovem a intolerância.
Diante das duas câmaras do Congresso (Câmara dos Representantes e Senado), Obama teve palavras duras, algumas evidentemente apontadas a posições radicais que têm surgido recentemente, como do candidato presidencial republicano Donald Trump, mas também contra aqueles que rejeitam a mudança.
Para Obama, apenas a inovação, especialmente tecnológica, é capaz de permitir os EUA e o mundo de enfrentarem os desafios que se avizinham, especialmente em matérias como as alterações climáticas ou o combate às desigualdades.
Relativamente à questão da segurança internacional, Obama sublinhou a nova posição estratégica dos EUA, não como única polícia do mundo mas como líder de coligações que envolvam os diversos países, na prossecução da segurança global.
A este nível, o Presidente americano tentou acalmar quem vê no combate ao Estado Islâmico a "terceira guerra mundial", pois o EI "não ameaça a existência nacional", e exortou o Congresso a aprovar uma base legal e específica para essa campanha.
"Quando os políticos insultam os muçulmanos, uma mesquita é destruída ou uma criança é intimidada, isso não nos torna mais seguros"
"Enquanto nos centramos em destruir o Estado Islâmico [EI], as mensagens exageradas de que esta é a Terceira Guerra Mundial apenas beneficiam" os 'jihadistas', afirmou Obama. "Eles não ameaçam a nossa existência nacional. Essa é a história que o EI quer contar, é o tipo de propaganda que usam para recrutar", frisou.
Obama disse ainda que "insultar" os muçulmanos não só não torna o país "mais seguro" como "atraiçoa" a essência do que significa ser norte-americano, numa alusão ao aspirante a candidato republicano à Presidência dos EUA Donald Trump.
"Quando os políticos insultam os muçulmanos, uma mesquita é destruída ou uma criança é intimidada, isso não nos torna mais seguros (...). É simplesmente incorreto. Diminui-nos aos olhos do mundo", enfatizou.
Por isso, instou a que se "rejeite" qualquer política que ataque "por motivos de raça ou religião" e sublinhou que o mundo inteiro respeita os Estados Unidos precisamente pela sua "diversidade" e "abertura".
Quer o fim do embargo a Cuba
Esta nova atitude dos EUA para com o resto do mundo permitiu, segundo Obama, criar condições para o acordo nuclear com o Irão e o restabelecimento de relações diplomáticas com Cuba. Aliás, Obama, instou mesmo o Congresso a levantar o embargo à ilha de Fidel.
"Cinquenta anos de isolamento de Cuba falharam em promover a democracia e fizeram-nos recuar na América Latina", afirmou Obama, um ano depois do anúncio da histórica aproximação entre Washington e Havana lançada durante a sua Administração.
"É por isso que restaurámos as relações diplomáticas, abrimos a porta às viagens e ao comércio, e posicionamo-nos para melhorar as vidas do povo cubano. Querem que consolidemos a nossa liderança e credibilidade no continente? Reconheçam que a Guerra Fria acabou. Levantem o embargo", disse.
Em jeito de balanço da conjuntura dos EUA nos últimos sete anos, o Presidente, afirmou: "Já vos disse que todas as discussões sobre o declínio da economia norte-americana eram uma ficção política (...). Os Estados Unidos da América são a nação mais potente do mundo".
"Os Estados Unidos têm a economia mais forte e duradoura do mundo. Mais de 14 milhões de novos postos de trabalho, os dois anos de maior crescimento do emprego desde os anos 1990, o desemprego reduzido a metade. Qualquer um que diga que a economia dos EUA está em declínio está a vender ficção", frisou.
O Presidente dos EUA admitiu, contudo, que "muitos norte-americanos" estão preocupados porque a economia "tem estado a mudar de forma profunda", citando a substituição de postos de trabalho pelas tecnologias de autómatos, a liberdade de movimento internacional para as empresas e o aumento das desigualdades.
"As empresas numa economia global podem estar localizadas em qualquer sítio e enfrentam maior concorrência. Como resultado, os trabalhadores têm menor capacidade de negociação. As empresas são menos fiéis às suas comunidades e mais e mais riqueza se concentra nas mãos dos mais ricos", apontou.
"Os imigrantes não são a razão pela qual os salários não subiram o suficiente"
Segundo Obama, todos estes factos "espremeram" os trabalhadores, "incluindo os que têm emprego e incluindo quando a economia está em crescimento", e fizeram com que hoje seja "mais difícil" para uma família trabalhadora sair da pobreza, para os jovens iniciarem as suas carreiras profissionais e para os trabalhadores reformarem-se.
O Presidente dos Estados Unidos aproveitou ainda para lançar críticas aos bancos de Wall Street, cuja "temeridade" foi a causa da crise financeira, "e não as pessoas que vivem das ajudas governamentais para receber alimentos".
"Os imigrantes não são a razão pela qual os salários não subiram o suficiente, este tipo de decisões toma-se em salas de reuniões que com demasiada frequência colocam os resultados trimestrais acima dos retornos a longo prazo", acrescentou.
Biden contra o cancro
O Presidente dos Estados Unidos anunciou ainda uma "nova campanha nacional" contra o cancro, por via da qual pretende aumentar os recursos públicos e privados para combater a doença, reforçando os meios dedicados à investigação.
"Pelos entes queridos que todos perdemos, pela família que ainda podemos salvar, façamos com que os Estados Unidos sejam o país que cura o cancro de uma vez por todas", disse.
Obama colocou à frente da iniciativa o seu vice-presidente, Joe Biden, que fez da luta contra o cancro uma prioridade pessoal desde que, em maio, perdeu o seu filho Beau, de 46 anos, devido a um tumor cerebral.
O discurso na íntegra:
O discurso do Estado da União ('State of the Union') é uma tradição política americana iniciada pelo primeiro Presidente dos Estados Unidos, George Washington (1789-1797).
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
Vitor mango- Pontos : 118271
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