Temos todos culpa pela "pornografia na CNN"
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Temos todos culpa pela "pornografia na CNN"
Temos todos culpa pela "pornografia na CNN"
Hoje em dia os jovens decidem se o que estão a ler é ou não verdade por critérios como a dimensão da fotografia anexada no tweet
A anedota é mais ou menos assim: um homem escreve em graffiti numa parede (a piada é pré-redes sociais): "Não acredite em tudo o que lê!" Passa um segundo homem, que fica a ler. Reparando que tem um espectador, o grafiteiro pergunta-lhe: "O que acha?" Ao que o segundo homem responde: "Hmm. Não sei se acredito muito nisso."
Tivéssemos todos esta atitude e o mundo seria muito diferente.
A sociedade da informação, como lhe chamou o sociólogo americano Daniel Bell em 1973, corre o risco, no século XXI, de se transformar em conjuntos de comunidades (online) desinformadas. Exagero? Um estudo da Universidade de Stanford publicado nesta semana concluiu que 82% dos estudantes americanos do secundário e dos primeiros anos de faculdade não conseguem distinguir entre notícias verdadeiras e falsas nas redes sociais. Estas, por sua vez, são a fonte principal de informação de 62% dos americanos adultos.
Segundo a mesma investigação, os jovens decidem se o que estão a ler nas redes sociais, como o Twitter, é ou não verdadeiro por critérios como o grau de detalhe do post e a dimensão da fotografia anexada no tweet.
Não admira que tantos tenham acreditado, nesta sexta-feira, que a CNN em Boston passou meia hora (!) do serão da véspera - Dia de Ação de Graças - a dar um filme pornográfico. Afinal, o tweet que deu origem à história tinha uma grande foto a acompanhar, devidamente pixelizada nas partes proibidas e tudo, comme il faut.
Se ainda não o fez, pode ler os pormenores aqui.
Segundo este tweet, a CNN passou um filme pornográfico. Ninguém perguntou se era verdade
Que o internauta médio americano não se tenha interrogado de como seria possível terem passado MEIA HORA de cenas de sexo explícito no espaço da grelha por cabo reservado a um canal de informação sem que caísse o equivalente ao Carmo e à Trindade lá de Boston, ainda vá que não vá. Agora que jornais - supostamente feitos por profissionais que são treinados para fazer perguntas - deem a história como verdadeira sem se questionarem faz temer pelo nosso futuro coletivo.
Até à manhã de ontem, a "notícia" estava, pelo menos, nos sites do The Independent (que terá mesmo sido o primeiro a dá-la), do The New York Post, do Daily Mail, da Variety, da Esquire e até do espanhol ABC. O Post tentou depois emendar a mão, escrevendo uma segunda notícia dizendo que a CNN "agora nega" que o caso tenha acontecido - quando de antemão se limitou a confiar nos tweets que circulavam na internet e num curto comunicado da CNN que, tendo ela própria embarcado na história sem nada confirmar, pedia explicações à distribuidora de televisão por cabo.
Até na CNN parece haver grande fé nos tweets!
Ninguém é infalível. Só não comete erros quem nada faz e a pressão sobre os jornalistas online é gigantesca. Têm de tentar dar as notícias o mais rapidamente possível, para ficar à frente da concorrência, e da forma mais apelativa possível. Os leitores são conquistados pelo primeiro que chegar a "gritar mais alto". Esta é uma realidade a que qualquer pessoa que passe um dia que seja numa redação contemporânea tem de se adaptar - ou morre.
Mas, quando se chega ao ponto de deixar em casa todo e qualquer senso comum, o resultado só pode ser desastroso.
Até porque quem ganha com este tipo de coisas são os Donald Trumps, os Nigel Farages e os Vladimir Putins desta vida. E perde a civilização.
Hoje em dia os jovens decidem se o que estão a ler é ou não verdade por critérios como a dimensão da fotografia anexada no tweet
A anedota é mais ou menos assim: um homem escreve em graffiti numa parede (a piada é pré-redes sociais): "Não acredite em tudo o que lê!" Passa um segundo homem, que fica a ler. Reparando que tem um espectador, o grafiteiro pergunta-lhe: "O que acha?" Ao que o segundo homem responde: "Hmm. Não sei se acredito muito nisso."
Tivéssemos todos esta atitude e o mundo seria muito diferente.
A sociedade da informação, como lhe chamou o sociólogo americano Daniel Bell em 1973, corre o risco, no século XXI, de se transformar em conjuntos de comunidades (online) desinformadas. Exagero? Um estudo da Universidade de Stanford publicado nesta semana concluiu que 82% dos estudantes americanos do secundário e dos primeiros anos de faculdade não conseguem distinguir entre notícias verdadeiras e falsas nas redes sociais. Estas, por sua vez, são a fonte principal de informação de 62% dos americanos adultos.
Segundo a mesma investigação, os jovens decidem se o que estão a ler nas redes sociais, como o Twitter, é ou não verdadeiro por critérios como o grau de detalhe do post e a dimensão da fotografia anexada no tweet.
Não admira que tantos tenham acreditado, nesta sexta-feira, que a CNN em Boston passou meia hora (!) do serão da véspera - Dia de Ação de Graças - a dar um filme pornográfico. Afinal, o tweet que deu origem à história tinha uma grande foto a acompanhar, devidamente pixelizada nas partes proibidas e tudo, comme il faut.
Se ainda não o fez, pode ler os pormenores aqui.
Segundo este tweet, a CNN passou um filme pornográfico. Ninguém perguntou se era verdade
Que o internauta médio americano não se tenha interrogado de como seria possível terem passado MEIA HORA de cenas de sexo explícito no espaço da grelha por cabo reservado a um canal de informação sem que caísse o equivalente ao Carmo e à Trindade lá de Boston, ainda vá que não vá. Agora que jornais - supostamente feitos por profissionais que são treinados para fazer perguntas - deem a história como verdadeira sem se questionarem faz temer pelo nosso futuro coletivo.
Até à manhã de ontem, a "notícia" estava, pelo menos, nos sites do The Independent (que terá mesmo sido o primeiro a dá-la), do The New York Post, do Daily Mail, da Variety, da Esquire e até do espanhol ABC. O Post tentou depois emendar a mão, escrevendo uma segunda notícia dizendo que a CNN "agora nega" que o caso tenha acontecido - quando de antemão se limitou a confiar nos tweets que circulavam na internet e num curto comunicado da CNN que, tendo ela própria embarcado na história sem nada confirmar, pedia explicações à distribuidora de televisão por cabo.
Até na CNN parece haver grande fé nos tweets!
Ninguém é infalível. Só não comete erros quem nada faz e a pressão sobre os jornalistas online é gigantesca. Têm de tentar dar as notícias o mais rapidamente possível, para ficar à frente da concorrência, e da forma mais apelativa possível. Os leitores são conquistados pelo primeiro que chegar a "gritar mais alto". Esta é uma realidade a que qualquer pessoa que passe um dia que seja numa redação contemporânea tem de se adaptar - ou morre.
Mas, quando se chega ao ponto de deixar em casa todo e qualquer senso comum, o resultado só pode ser desastroso.
Até porque quem ganha com este tipo de coisas são os Donald Trumps, os Nigel Farages e os Vladimir Putins desta vida. E perde a civilização.
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
Vitor mango- Pontos : 118212
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