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Portas abertas
Gaza e memória
10 January 09 12:00 AM
Amir Sagie é conselheiro da Embaixada de Israel em Portugal. Encontro-o por ocasião das sessões plenárias de Estrasburgo. O leitor de esquerda mais impenitente fica a saber que falo com um «reles representante da entidade sionista» e a comunidade judaica que o seu homem dirige a palavra a «um anti-semita defensor de terroristas». Sem a adjectivação própria das paixões, reduza-se a coisa ao essencial: Amir Sagie é um sionista e eu sou solidário com a causa palestiniana. Por isso, estamos condenados a falar um com o outro. Eu aprendo inglês; ele, a paciência.
Porque falo de Amir Sagie? Porque, surpreendentemente, comentou um post que colocara no meu blogue, o Sem Muros. Perguntava-me porque era selectiva a minha compaixão com as vítimas da guerra. Eis a resposta: não, não é selectiva. Qualquer que seja o lugar onde se encontre, uma vítima não merece morrer.
Dito isto, é obsceno comparar a incerteza em que os cidadãos de Asqelon, cidade israelita fronteiriça a Gaza, vivem desde 2001, com a insegurança dos da faixa palestiniana. A desproporção deste confronto não é apenas militar – é da ordem da vida. Se um foguete marado é lançado de Gaza, a probabilidade de cair na cidade é, em si mesma, marginal; se a atinge, a segurança faz tocar as sirenes e as pessoas têm abrigo. Eis por que os rockets fizeram um número de vítimas que quase se conta pelos dedos das mãos. Mais do que desagradável, é perigoso, errado, politicamente contraproducente – e expressei esta opinião em Gaza, a vários deputados.
A insegurança na faixa de Gaza é de outra natureza. O milhão e meio de almas que ali vive não tem sirenes, não tem abrigo, não tem emprego e nunca sabe quando é que um buldozer à frente de tanques de guerra lhe vai varrer a casa; não sabe quando é que verdadeiras bombas lhe vão cair dos céus ou se amanhã tem electricidade. Vive na dúvida sobre se Israel deixou entrar a farinha para fazer o pão com lume feito de papel encontrado sabe-se lá onde, que gás pode não haver e padarias já não há. É esta a desproporção que torna obscenas as comparações.
Ao contrário do que Amir Sagie nos conta, este filme não começou em 2001 nem no rompimento de uma trégua a que, aliás, Israel faltou desde o primeiro dia – não a assinou, não cumpriu a sua parte na reabertura das fronteiras e tomou a iniciativa de execuções extrajudiciais na faixa antes dos rockets de novo terem começado a silvar.
Vem de longe esta história. Quem vive em Asqelon não sabe que a cidade, em 1949, se chamava Al-Majdal. Mas em Jabalyia, principal campo de refugiados do Norte de Gaza, ninguém esquece que foi daí que os seus pais e avós foram expulsos, as suas casas e bens destruídos. E que o foram seis meses depois dos armistícios, já em ‘tempo de paz’…
Porque ataca Israel? Porque aquele povo expropriado de passado e sem presente ainda acredita no futuro.
Publicadopor MiguelPortas
10 January 09 12:00 AM
Amir Sagie é conselheiro da Embaixada de Israel em Portugal. Encontro-o por ocasião das sessões plenárias de Estrasburgo. O leitor de esquerda mais impenitente fica a saber que falo com um «reles representante da entidade sionista» e a comunidade judaica que o seu homem dirige a palavra a «um anti-semita defensor de terroristas». Sem a adjectivação própria das paixões, reduza-se a coisa ao essencial: Amir Sagie é um sionista e eu sou solidário com a causa palestiniana. Por isso, estamos condenados a falar um com o outro. Eu aprendo inglês; ele, a paciência.
Porque falo de Amir Sagie? Porque, surpreendentemente, comentou um post que colocara no meu blogue, o Sem Muros. Perguntava-me porque era selectiva a minha compaixão com as vítimas da guerra. Eis a resposta: não, não é selectiva. Qualquer que seja o lugar onde se encontre, uma vítima não merece morrer.
Dito isto, é obsceno comparar a incerteza em que os cidadãos de Asqelon, cidade israelita fronteiriça a Gaza, vivem desde 2001, com a insegurança dos da faixa palestiniana. A desproporção deste confronto não é apenas militar – é da ordem da vida. Se um foguete marado é lançado de Gaza, a probabilidade de cair na cidade é, em si mesma, marginal; se a atinge, a segurança faz tocar as sirenes e as pessoas têm abrigo. Eis por que os rockets fizeram um número de vítimas que quase se conta pelos dedos das mãos. Mais do que desagradável, é perigoso, errado, politicamente contraproducente – e expressei esta opinião em Gaza, a vários deputados.
A insegurança na faixa de Gaza é de outra natureza. O milhão e meio de almas que ali vive não tem sirenes, não tem abrigo, não tem emprego e nunca sabe quando é que um buldozer à frente de tanques de guerra lhe vai varrer a casa; não sabe quando é que verdadeiras bombas lhe vão cair dos céus ou se amanhã tem electricidade. Vive na dúvida sobre se Israel deixou entrar a farinha para fazer o pão com lume feito de papel encontrado sabe-se lá onde, que gás pode não haver e padarias já não há. É esta a desproporção que torna obscenas as comparações.
Ao contrário do que Amir Sagie nos conta, este filme não começou em 2001 nem no rompimento de uma trégua a que, aliás, Israel faltou desde o primeiro dia – não a assinou, não cumpriu a sua parte na reabertura das fronteiras e tomou a iniciativa de execuções extrajudiciais na faixa antes dos rockets de novo terem começado a silvar.
Vem de longe esta história. Quem vive em Asqelon não sabe que a cidade, em 1949, se chamava Al-Majdal. Mas em Jabalyia, principal campo de refugiados do Norte de Gaza, ninguém esquece que foi daí que os seus pais e avós foram expulsos, as suas casas e bens destruídos. E que o foram seis meses depois dos armistícios, já em ‘tempo de paz’…
Porque ataca Israel? Porque aquele povo expropriado de passado e sem presente ainda acredita no futuro.
Publicadopor MiguelPortas
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