Vagueando na Notícia


Participe do fórum, é rápido e fácil

Vagueando na Notícia
Vagueando na Notícia
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

Tensão no Oriente Médio reverbera em colônias na França

Ir para baixo

Tensão no Oriente Médio reverbera em colônias na França Empty Tensão no Oriente Médio reverbera em colônias na França

Mensagem por Vitor mango Ter Fev 03, 2009 7:01 am

Tensão no Oriente Médio reverbera em colônias na França
01 de fevereiro de 2009 • 16h20 • atualizado às 16h20
.

Katrin Bennhold


A família Chabchoub, que imigrou da Tunísia para a França, assistia em um grande televisor de tela plana às mães se lamentando diante dos cadáveres dos seus filhos, aos pais que choravam silenciosamente. As pilhas de destroços, a criança pequena coberta de queimaduras - tudo isso estava sendo transmitido diretamente de Gaza para a sala de visitas da família em Noisy-le-Grand, um subúrbio operário de Paris.

Para os Chabchoub, como para muitos dos cinco milhões de muçulmanos que vivem na França, Gaza parece muito próxima devido a canais de notícias em árabe como a Al-Jazeera, que ao contrário da mídia ocidental conseguiram acesso à zona de guerra. "É bom que os combates tenham cessado, mas isso não significa que esqueceremos", diz Enis Chabchoub, 29 anos, instrutor de computação que assistia ao noticiário em companhia de seus pais, irmãos e cunhada. "A guerra será lembrada, e não apenas em Gaza".

Na França, que abriga a maior comunidade judaica e a maior comunidade muçulmana da Europa Ocidental, o conflito entre o Hamas e o Israel inflamou paixões profundas, nas últimas três semanas. As emoções, expressas em manifestações que levaram dezenas de milhares de pessoas às ruas, foram um dos fatores que inspiram os esforços diplomáticos dos líderes franceses - entre os quais o presidente Nicolas Sarkozy - para promover um cessar-fogo duradouro.

"As emoções do Oriente Médio estão em nossas ruas", disse Jean-David Levitte, principal assessor diplomático de Sarkozy, recentemente. Os 22 dois de combates em Gaza também reacenderam antigas tensões, e em alguns casos provocaram violência, entre duas comunidades cujos membros muitas vezes vivem nos mesmos bairros, e que suportaram discriminações semelhantes.

Algumas pessoas se preocupam com a possibilidade de que a guerra tenha causado dano duradouro ao relacionamento entre as comunidades. Os líderes judaicos alertaram sobre o risco de desenvolvimento de um sentimento de hostilidade aos judeus, entre os muçulmanos. Os líderes muçulmanos, de sua parte, acusam alguns membros da comunidade judaica de estimular uma visão parcial e desfavorável aos muçulmanos, ao deliberadamente enfatizar diferenças que eles declaram políticas e não religiosas.

Desde o início da guerra de Gaza, em 27 de dezembro, quatro sinagogas na França foram alvo de atentados com bombas incendiárias, ainda que a polícia afirme não estar certa de que os responsáveis fossem muçulmanos. Um estudante judeu foi atacado por jovens de origem árabe em um subúrbio de Paris, e dois estudantes muçulmanos foram agredidos diante de suas escolas por pessoas que se declararam simpatizantes de Israel. Famílias judaicas e muçulmanas afirmam que as agressões verbais e a intimidação também cresceram.

Richard Prasquier, diretor do Conselho Representativo de Instituições Judaicas Francesas, disse que pelo menos 60 atos antijudaicos foram cometidos desde que a guerra começou, ou cerca de cinco vezes o número registrado em um período típico de três semanas.

"O antissemitismo na comunidade muçulmana está se tornando mais ideológico, e os acontecimentos recentes reforçam esse fator", disse Prasquier, de seu escritório na sede do conselho, em Paris. "Eles não se veem como antissemitas. Identificam-se com os palestinos que são vítimas de Israel. Mas usam praticamente todos os estereótipos do velho antissemitismo, enfatizando os judeus ricos que manipulam todos os governos e são a origem de todos os males".

M'hammed Henniche, da União de Associação Muçulmanas do Distrito do Sena-St. Denis, ao norte de Paria, que abarca Noisy-le-Grand, tem uma interpretação diferente: "Sim, existe rancor, mas não é contra os judeus ¿é contra Israel", ele afirma. "O problema é que basta que uma pessoa condene Israel para que seja definida como antissemita. Para nós, não é questão de religião, mas de política". Mas ele também afirma que o diálogo entre as religiões promovido por muçulmanos e judeus franceses sofreu como resultado da guerra, e em alguns casos foi suspenso de todo.

"Alguma coisa se partiu", ele afirma. Tensões entre muçulmanos e judeus não são novidade, aqui. Uma onda de violência aconteceu durante o levante palestino de 2000. Também não é exclusividade da França, como casos de incêndio criminoso e agressão demonstraram no Reino Unido, Dinamarca e outras partes da Europa, nas últimas semanas. Mas as dimensões das duas comunidades, aqui, tornam as tensões mais evidentes.

Se acrescermos a isso a dolorosa história colonial francesa nos países árabes e um movimento de extrema direita pequeno mas ruidoso que desgosta tanto dos judeus quanto dos imigrantes, o relacionamento entre judeus e muçulmanos franceses é, no mínimo complicado. Pessoas de ambas as comunidades condenaram vigorosamente os recentes episódios de violência, e ambas as partes enfatizaram suas afinidades culturais.

Como a vasta maioria dos muçulmanos que vivem no país, cerca de dois terços dos 600 mil judeus franceses provêm da África do Norte, e os dois grupos compartilham de alguns traços culturais, entre os quais a culinária e expressões coloquiais. Muitos judeus e muçulmanos franceses também se opuseram à lei de 2004 que proíbe o uso de qualquer símbolo religioso em escolas francesas, o que inclui véus para as muçulmanas e solidéus para os judeus.

Mas se muita gente recorda com carinho a convivência pacífica do passado, outros lamentam por essa atmosfera amistosa se ter gradualmente dissipado. Se há uma coisa que une os dois lados, é a esperança de uma solução rápida e duradoura para o conflito entre Israel e o Hamas. "A única maneira de encerrar a questão", diz Chabchoub, "é que haja um acordo de paz justo e duradouro".

Tradução: Paulo Migliacci ME
Vitor mango
Vitor mango

Pontos : 118184

Ir para o topo Ir para baixo

Ir para o topo

- Tópicos semelhantes

 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos