Sacerdote do Oriente Médio explica Islã (I) Entrevista com o Pe. Samir Khalil Samir BEIRUTE, terça-feira, 24 de março de 2009 (ZENIT.org).- A confusão sobre o Islã – entre cristãos e muçulmanos – pode ter aumentado após 11 de setembro de 2001, .
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Sacerdote do Oriente Médio explica Islã (I) Entrevista com o Pe. Samir Khalil Samir BEIRUTE, terça-feira, 24 de março de 2009 (ZENIT.org).- A confusão sobre o Islã – entre cristãos e muçulmanos – pode ter aumentado após 11 de setembro de 2001, .
Sacerdote do Oriente Médio explica Islã (I)
Entrevista com o Pe. Samir Khalil Samir
BEIRUTE, terça-feira, 24 de março de 2009 (ZENIT.org).- A confusão sobre o Islã – entre cristãos e muçulmanos – pode ter aumentado após 11 de setembro de 2001, o que faz que existam muitas perguntas.
É por isso que o sacerdote jesuíta Samir Khalil sentiu que devia oferecer algumas respostas, como especialista no Islã, semiologista, especialista no Oriente e teólogo no Egito, que viveu no Oriente Médio durante mais de 20 anos.
Este sacerdote jesuíta leciona teologia católica e estudos islâmicos na Universidade de São José, em Beirute, é fundador do instituto de pesquisa CEDRAC e autor do recente livro «111 Questions on Islam» (Ignatius).
Nesta entrevista com Zenit, o Pe. Samir fala sobre sua experiência e seus esforços para construir um mútuo entendimento entre os seguidores das duas religiões de Abraão.
A segunda parte desta entrevista será publicada nesta terça-feira.
– Por que o senhor decidiu escrever este livro?
– Padre Samir: Duas razões. Foi um ano antes de 2001 quando comecei a discutir este tema com jornalistas, tendo entrevistas com eles. Notei uma grande ignorância sobre o Islã no Ocidente – cristãos, não cristãos e não crentes.
De forma geral, um conhecimento muito pobre sobre o Islã. Pensei que tinha de esclarecer. Sua ignorância impulsionou alguns deles a ser agressivos e negativos para com os muçulmanos. Alguns deles foram muito ingênuos, acreditando em tudo que ouviam. Alguns inclusive utilizam o Islã para mostrar-se agressivos contra o cristianismo. Tudo isso é consequência da ignorância.
A segunda razão foi ajudar os muçulmanos a refletirem sobre sua própria religião e fé. Em uma experiência anterior com jovens muçulmanos em um subúrbio de Paris, notei que não sabiam quase nada sobre sua própria religião.
Falei com diversos muçulmanos que encontrei na Europa – na Alemanha, durante o verão, na França (onde lecionei), ou na Itália (onde morei) – e sempre era o mesmo. A maioria dos cristãos tampouco conhece sua religião.
Quis dar uma boa informação sobre o Islã para ajudar as pessoas a não ter falsa informação e preconceitos contra ele.
– Por que os entrevistados escolheram 111 perguntas das milhares que podiam ter perguntado?
– Padre Samir: Os jornalistas com os quais trabalhei tinham muitas perguntas, eles mesmos, e perguntas sobre o que as pessoas perguntariam a eles: sobre a violência, se os muçulmanos aceitariam a civilização ocidental, sobre os problemas dos muçulmanos com a igualdade entre homens e mulheres.
Por isso, as perguntas estão mais dirigidas à sociedade ocidental para que possa compreender melhor o Islã.
– O senhor acredita que a maioria dos muçulmanos estaria satisfeita pela objetividade de suas respostas às 111 perguntas? Por quê?
– Padre Samir: Eu me esforcei para ser objetivo, tentei, mas nunca se pode chegar a uma objetividade perfeita.
É verdade, nem todo mundo se alegrará. Alguns pensam que o Islã é uma religião violenta, ou uma religião contra as mulheres; não se alegrarão porque lhes direi que não tenho tão claro o aspecto da violência e a desigualdade de homens e mulheres.
As pessoas que crêem que o Islã é uma religião de paz e igualdade entre homens e mulheres, e que Maomé elevou o status das mulheres, tampouco se alegrarão.
Cada um tem sua postura. Alguns estarão satisfeitos, estando contra ou a favor do Islã.
Mas quem quer conhecer algo sério sobre o Islã será capaz de formar sua própria opinião, porque em meu livro se apresentam os fatos.
– A introdução do livro mostra que é uma tentativa de fundamentar o mútuo entendimento entre cristãos e muçulmanos. Mas muitas de suas respostas mostram o Islã e suas origens sob uma luz muito negativa. Como o senhor acha que mudará a opinião do cristão mediano após ler seu livro?
– Padre Samir: Não creio que seja muito negativa, ou negativa totalmente, minha intenção é uma melhor compreensão. Não sensação, mas compreensão – algo para o que primeiro se usa a cabeça, depois o coração.
Primeiro é preciso se dar informação séria para promover o diálogo e a compreensão mútua. Se a pessoa não disser toda a verdade, a verdade aparecerá de qualquer maneira e a situação piorará.
Tentei construir uma compreensão mútua, não baseada em compromissos e informação falsa. O diálogo começa com informação séria, acadêmica e honesta sobre o cristianismo e o Islã.
As respostas tentam dar informação útil; algumas respostas são negativas porque esse ponto é negativo.
Não sei o que pensa o cristão mediano. Hoje em dia, antes de ler qualquer livro, suponho que a maioria terá uma opinião negativa do Islã.
Nós, os árabes e muçulmanos, estamos em uma crise. Quando nós, os árabes – muçulmanos e cristãos –, falamos uns com os outros, reconhecemos que estamos em má situação. Tivemos uma época gloriosa em outros séculos, mas agora estamos entre os últimos.
Espero que o livro ajude as pessoas a compreender coisas que lhes concernem, como o terrorismo; há algumas explicações, mas não há justificativas. Não posso justificar o terrorismo, mas posso explicar porque outros chegaram a ataques terroristas; também posso mostrar que há algum apoio no Alcorão e na tradição – sunnah.
A maioria dos muçulmanos escolhe a paz e a não-violência; os 10% que escolhem a violência são mais fortes que os 90% que não o fazem. Algumas vezes, a parte má da humanidade, ainda que menor, é mais forte.
– É possível no mundo muçulmano um exame crítico da história do Islã e de seus textos sagrados, ou seja, submeter a fé à razão?
– Padre Samir: Geralmente, na tradição muçulmana, a fé está acima de tudo; está acima da razão.
Se você diz a um muçulmano que o Alcorão diz algo, mas que a Declaração Universal dos Direitos Humanos diz o contrário, o muçulmano lhe dirá: «Devemos seguir as palavras e a lei de Deus, e não as leis de direitos humanos».
Na tradição cristã, encontramos mais pessoas interpretando a Bíblia que muçulmanos interpretando o Alcorão. houve um movimento interpretativo no mundo islâmico nos séculos IX, X, e XI, mas depois voltaram atrás.
Quanto à relação entre razão e fé, os muçulmanos estão hoje em um momento negativo de sua história. É verdade que é possível unir as duas, mas terão de trabalhar muito. Há muitas razões para esta regressão, mas, fundamentalmente, há ignorância por parte do clero muçulmano.
(Por Annamarie Adkins)
Entrevista com o Pe. Samir Khalil Samir
BEIRUTE, terça-feira, 24 de março de 2009 (ZENIT.org).- A confusão sobre o Islã – entre cristãos e muçulmanos – pode ter aumentado após 11 de setembro de 2001, o que faz que existam muitas perguntas.
É por isso que o sacerdote jesuíta Samir Khalil sentiu que devia oferecer algumas respostas, como especialista no Islã, semiologista, especialista no Oriente e teólogo no Egito, que viveu no Oriente Médio durante mais de 20 anos.
Este sacerdote jesuíta leciona teologia católica e estudos islâmicos na Universidade de São José, em Beirute, é fundador do instituto de pesquisa CEDRAC e autor do recente livro «111 Questions on Islam» (Ignatius).
Nesta entrevista com Zenit, o Pe. Samir fala sobre sua experiência e seus esforços para construir um mútuo entendimento entre os seguidores das duas religiões de Abraão.
A segunda parte desta entrevista será publicada nesta terça-feira.
– Por que o senhor decidiu escrever este livro?
– Padre Samir: Duas razões. Foi um ano antes de 2001 quando comecei a discutir este tema com jornalistas, tendo entrevistas com eles. Notei uma grande ignorância sobre o Islã no Ocidente – cristãos, não cristãos e não crentes.
De forma geral, um conhecimento muito pobre sobre o Islã. Pensei que tinha de esclarecer. Sua ignorância impulsionou alguns deles a ser agressivos e negativos para com os muçulmanos. Alguns deles foram muito ingênuos, acreditando em tudo que ouviam. Alguns inclusive utilizam o Islã para mostrar-se agressivos contra o cristianismo. Tudo isso é consequência da ignorância.
A segunda razão foi ajudar os muçulmanos a refletirem sobre sua própria religião e fé. Em uma experiência anterior com jovens muçulmanos em um subúrbio de Paris, notei que não sabiam quase nada sobre sua própria religião.
Falei com diversos muçulmanos que encontrei na Europa – na Alemanha, durante o verão, na França (onde lecionei), ou na Itália (onde morei) – e sempre era o mesmo. A maioria dos cristãos tampouco conhece sua religião.
Quis dar uma boa informação sobre o Islã para ajudar as pessoas a não ter falsa informação e preconceitos contra ele.
– Por que os entrevistados escolheram 111 perguntas das milhares que podiam ter perguntado?
– Padre Samir: Os jornalistas com os quais trabalhei tinham muitas perguntas, eles mesmos, e perguntas sobre o que as pessoas perguntariam a eles: sobre a violência, se os muçulmanos aceitariam a civilização ocidental, sobre os problemas dos muçulmanos com a igualdade entre homens e mulheres.
Por isso, as perguntas estão mais dirigidas à sociedade ocidental para que possa compreender melhor o Islã.
– O senhor acredita que a maioria dos muçulmanos estaria satisfeita pela objetividade de suas respostas às 111 perguntas? Por quê?
– Padre Samir: Eu me esforcei para ser objetivo, tentei, mas nunca se pode chegar a uma objetividade perfeita.
É verdade, nem todo mundo se alegrará. Alguns pensam que o Islã é uma religião violenta, ou uma religião contra as mulheres; não se alegrarão porque lhes direi que não tenho tão claro o aspecto da violência e a desigualdade de homens e mulheres.
As pessoas que crêem que o Islã é uma religião de paz e igualdade entre homens e mulheres, e que Maomé elevou o status das mulheres, tampouco se alegrarão.
Cada um tem sua postura. Alguns estarão satisfeitos, estando contra ou a favor do Islã.
Mas quem quer conhecer algo sério sobre o Islã será capaz de formar sua própria opinião, porque em meu livro se apresentam os fatos.
– A introdução do livro mostra que é uma tentativa de fundamentar o mútuo entendimento entre cristãos e muçulmanos. Mas muitas de suas respostas mostram o Islã e suas origens sob uma luz muito negativa. Como o senhor acha que mudará a opinião do cristão mediano após ler seu livro?
– Padre Samir: Não creio que seja muito negativa, ou negativa totalmente, minha intenção é uma melhor compreensão. Não sensação, mas compreensão – algo para o que primeiro se usa a cabeça, depois o coração.
Primeiro é preciso se dar informação séria para promover o diálogo e a compreensão mútua. Se a pessoa não disser toda a verdade, a verdade aparecerá de qualquer maneira e a situação piorará.
Tentei construir uma compreensão mútua, não baseada em compromissos e informação falsa. O diálogo começa com informação séria, acadêmica e honesta sobre o cristianismo e o Islã.
As respostas tentam dar informação útil; algumas respostas são negativas porque esse ponto é negativo.
Não sei o que pensa o cristão mediano. Hoje em dia, antes de ler qualquer livro, suponho que a maioria terá uma opinião negativa do Islã.
Nós, os árabes e muçulmanos, estamos em uma crise. Quando nós, os árabes – muçulmanos e cristãos –, falamos uns com os outros, reconhecemos que estamos em má situação. Tivemos uma época gloriosa em outros séculos, mas agora estamos entre os últimos.
Espero que o livro ajude as pessoas a compreender coisas que lhes concernem, como o terrorismo; há algumas explicações, mas não há justificativas. Não posso justificar o terrorismo, mas posso explicar porque outros chegaram a ataques terroristas; também posso mostrar que há algum apoio no Alcorão e na tradição – sunnah.
A maioria dos muçulmanos escolhe a paz e a não-violência; os 10% que escolhem a violência são mais fortes que os 90% que não o fazem. Algumas vezes, a parte má da humanidade, ainda que menor, é mais forte.
– É possível no mundo muçulmano um exame crítico da história do Islã e de seus textos sagrados, ou seja, submeter a fé à razão?
– Padre Samir: Geralmente, na tradição muçulmana, a fé está acima de tudo; está acima da razão.
Se você diz a um muçulmano que o Alcorão diz algo, mas que a Declaração Universal dos Direitos Humanos diz o contrário, o muçulmano lhe dirá: «Devemos seguir as palavras e a lei de Deus, e não as leis de direitos humanos».
Na tradição cristã, encontramos mais pessoas interpretando a Bíblia que muçulmanos interpretando o Alcorão. houve um movimento interpretativo no mundo islâmico nos séculos IX, X, e XI, mas depois voltaram atrás.
Quanto à relação entre razão e fé, os muçulmanos estão hoje em um momento negativo de sua história. É verdade que é possível unir as duas, mas terão de trabalhar muito. Há muitas razões para esta regressão, mas, fundamentalmente, há ignorância por parte do clero muçulmano.
(Por Annamarie Adkins)
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