QUEM DESCOBRIU O ZERO?
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QUEM DESCOBRIU O ZERO?
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divulgação da ciência,
Evolução
QUEM DESCOBRIU O ZERO?
Da "Gazeta de Física",
a excelente revista da Sociedade Portuguesa de Física, acaba de sair
mais um número, tal como os recentes muito bem recheado e com uma
excelente apresentação gráfica. Desta vez a revista não está apenas
disponível em papel para os socios da Sociedade Portuguesa de Física (mas vale a pena fazer-se sócio aó para receber a revista em papel) mas também em pdf no sítio da revista.
Com
a devida vénia, transcrevemos a muito interessante crónica do físico
inglês Jim Al-Khalili, professor da Universidade de Surrey nascido no
Iraque (na foto, em Granada, onde esteve para o documentário da BBC
sobre ciência árabe) e um dos grandes divulgadores não só da Física mas
também da ciência britânicos (ver aqui ):
O
ano passado, passei uma boa parte do meu tempo a viajar no Médio
Oriente, enquanto produzia uma série de televisão para a BBC chamada
“Ciência e Islão”, e aprendi muitas coisas interessantes sobre história
da ciência que são importantes para desfazer alguns equívocos
amplamente difundidos no Ocidente.
Por exemplo, se perguntarmos
a alguém o que foi que os árabes nos trouxeram, depois do rol habitual
de tapetes mágicos, Ali Babá, danças do ventre, tamareiras e poços de
petróleo, o exemplo mais frequentemente citado é a invenção do zero. A
verdade, porém, é que, embora a matemática árabe fosse
extraordinariamente diversificada e avançada – foram eles que
desenvolveram duas novas disciplinas: a álgebra e a trigonometria –
essa invenção não lhes pode ser atribuída. Qual é então a origem desta
valorização do nada matemático?
Acontece que a resposta a esta
pergunta não é assim tão simples, porque a pergunta “Quem descobriu o
zero?” pode significar várias coisas diferentes e, para cada caso, a
resposta será também diferente. Poderá tratar-se da pergunta: quando
foi feita a primeira utilização de um símbolo, ou marca, para indicar
um espaço em branco dentro de um número (por exemplo, para podermos
distinguir entre os números 11 e 101)? Ou poderá ser: quando se
valorizou pela primeira vez o zero, enquanto conceito filosófico que
simboliza o nada? Ou ainda: qual a primeira referência ao zero,
enquanto número de pleno direito?
A definição mais elementar de
zero é a de uma notação posicional dentro de um número. No início do
segundo milénio a.C., os antigos babilónios precisavam de poder
estabelecer distinções entre os números nas suas tabelas astronómicas
estelares. Assim, sempre que necessário, deixavam um espaço entre os
símbolos para indicar um lugar vazio (onde hoje utilizaríamos o símbolo
zero).
Muito mais tarde, os babilónios selêucidas, que
governaram o território que é hoje o Iraque como sucessores de
Alexandre, o Grande, inventaram um símbolo para substituir este ambíguo
espaço dos antigos babilónios. Assim, o mais antigo símbolo conhecido
para o zero encontra-se, cerca de 300 a.C., em muitas placas de argila
babilónicas cobertas de escrita cuneiforme.
Os antigos gregos
foram fortemente influenciados pela astronomia babilónica e pela
matemática a ela associada. Por conseguinte, precisavam também de um
símbolo para o zero e escolheram a letra grega ómicron (décima quinta
letra do alfabeto grego, correspondente ao o aberto). Porém, este
símbolo zero também não era ainda um número, nem sequer um conceito, de
pleno direito.
E quanto ao conceito de zero como representação
do nada? Aqui, o mérito terá de ser atribuído aos antigos gregos. Mais
especificamente, foi o grande Aristóteles (384-322 a.C.), o mais famoso
filósofo que jamais viveu, quem primeiro escreveu claramente sobre o
zero enquanto conceito matemático. Na sua grande obra, conhecida como a
“Física” de Aristóteles, ele descreve a ideia do zero matemático em
relação a um ponto numa linha e explica-a da seguinte forma: se a
velocidade de qualquer objecto em movimento aumentar proporcionalmente
à resistência (ou densidade) do meio através do qual ele se desloca, a
sua velocidade no vácuo (ou vazio) terá necessariamente de ser
infinita, uma vez que aí não há qualquer resistência. Segundo
Aristóteles, isto demonstrava a impossibilidade da existência do vazio.
Evidentemente, hoje sabemos que as ideias de Aristóteles sobre física
estão erradas, mas não há dúvida de que o homem sabia pensar.
Passamos
agora à questão mais importante de tratar o zero como um número de
pleno direito, que deve ser considerada como correspondendo à
verdadeira invenção do zero. É geralmente aceite que o símbolo do zero
nos chegou da Índia, integrando o pacote trazido pelo Império Islâmico
Medieval, juntamente com a notação decimal. Parece não haver dúvida de
que, já em 505 d.C., os hindus consideravam o zero como um número real,
mais do que um mero símbolo. Brahmagupta, o maior de todos os
cientistas indianos medievais, afirmou correctamente em 628 da Era
Comum que zero multiplicado por qualquer número finito dá zero e
descreveu a impossibilidade da divisão de um número por zero.
Concluímos,
então, que a resposta à pergunta “Quem inventou o zero?” é a seguinte:
os babilónios inventaram o primeiro símbolo do zero, os gregos foram os
primeiros a compreender o conceito de zero e os indianos utilizaram o
zero pela primeira vez como número de pleno direito. Parece que nunca
nada é simples e, neste caso, a origem do nada acaba por não ser nada
simples.
http://dererummundi.blogspot.com/2009/06/quem-descobriu-o-zero.html
divulgação da ciência,
Evolução
QUEM DESCOBRIU O ZERO?
Da "Gazeta de Física",
a excelente revista da Sociedade Portuguesa de Física, acaba de sair
mais um número, tal como os recentes muito bem recheado e com uma
excelente apresentação gráfica. Desta vez a revista não está apenas
disponível em papel para os socios da Sociedade Portuguesa de Física (mas vale a pena fazer-se sócio aó para receber a revista em papel) mas também em pdf no sítio da revista.
Com
a devida vénia, transcrevemos a muito interessante crónica do físico
inglês Jim Al-Khalili, professor da Universidade de Surrey nascido no
Iraque (na foto, em Granada, onde esteve para o documentário da BBC
sobre ciência árabe) e um dos grandes divulgadores não só da Física mas
também da ciência britânicos (ver aqui ):
O
ano passado, passei uma boa parte do meu tempo a viajar no Médio
Oriente, enquanto produzia uma série de televisão para a BBC chamada
“Ciência e Islão”, e aprendi muitas coisas interessantes sobre história
da ciência que são importantes para desfazer alguns equívocos
amplamente difundidos no Ocidente.
Por exemplo, se perguntarmos
a alguém o que foi que os árabes nos trouxeram, depois do rol habitual
de tapetes mágicos, Ali Babá, danças do ventre, tamareiras e poços de
petróleo, o exemplo mais frequentemente citado é a invenção do zero. A
verdade, porém, é que, embora a matemática árabe fosse
extraordinariamente diversificada e avançada – foram eles que
desenvolveram duas novas disciplinas: a álgebra e a trigonometria –
essa invenção não lhes pode ser atribuída. Qual é então a origem desta
valorização do nada matemático?
Acontece que a resposta a esta
pergunta não é assim tão simples, porque a pergunta “Quem descobriu o
zero?” pode significar várias coisas diferentes e, para cada caso, a
resposta será também diferente. Poderá tratar-se da pergunta: quando
foi feita a primeira utilização de um símbolo, ou marca, para indicar
um espaço em branco dentro de um número (por exemplo, para podermos
distinguir entre os números 11 e 101)? Ou poderá ser: quando se
valorizou pela primeira vez o zero, enquanto conceito filosófico que
simboliza o nada? Ou ainda: qual a primeira referência ao zero,
enquanto número de pleno direito?
A definição mais elementar de
zero é a de uma notação posicional dentro de um número. No início do
segundo milénio a.C., os antigos babilónios precisavam de poder
estabelecer distinções entre os números nas suas tabelas astronómicas
estelares. Assim, sempre que necessário, deixavam um espaço entre os
símbolos para indicar um lugar vazio (onde hoje utilizaríamos o símbolo
zero).
Muito mais tarde, os babilónios selêucidas, que
governaram o território que é hoje o Iraque como sucessores de
Alexandre, o Grande, inventaram um símbolo para substituir este ambíguo
espaço dos antigos babilónios. Assim, o mais antigo símbolo conhecido
para o zero encontra-se, cerca de 300 a.C., em muitas placas de argila
babilónicas cobertas de escrita cuneiforme.
Os antigos gregos
foram fortemente influenciados pela astronomia babilónica e pela
matemática a ela associada. Por conseguinte, precisavam também de um
símbolo para o zero e escolheram a letra grega ómicron (décima quinta
letra do alfabeto grego, correspondente ao o aberto). Porém, este
símbolo zero também não era ainda um número, nem sequer um conceito, de
pleno direito.
E quanto ao conceito de zero como representação
do nada? Aqui, o mérito terá de ser atribuído aos antigos gregos. Mais
especificamente, foi o grande Aristóteles (384-322 a.C.), o mais famoso
filósofo que jamais viveu, quem primeiro escreveu claramente sobre o
zero enquanto conceito matemático. Na sua grande obra, conhecida como a
“Física” de Aristóteles, ele descreve a ideia do zero matemático em
relação a um ponto numa linha e explica-a da seguinte forma: se a
velocidade de qualquer objecto em movimento aumentar proporcionalmente
à resistência (ou densidade) do meio através do qual ele se desloca, a
sua velocidade no vácuo (ou vazio) terá necessariamente de ser
infinita, uma vez que aí não há qualquer resistência. Segundo
Aristóteles, isto demonstrava a impossibilidade da existência do vazio.
Evidentemente, hoje sabemos que as ideias de Aristóteles sobre física
estão erradas, mas não há dúvida de que o homem sabia pensar.
Passamos
agora à questão mais importante de tratar o zero como um número de
pleno direito, que deve ser considerada como correspondendo à
verdadeira invenção do zero. É geralmente aceite que o símbolo do zero
nos chegou da Índia, integrando o pacote trazido pelo Império Islâmico
Medieval, juntamente com a notação decimal. Parece não haver dúvida de
que, já em 505 d.C., os hindus consideravam o zero como um número real,
mais do que um mero símbolo. Brahmagupta, o maior de todos os
cientistas indianos medievais, afirmou correctamente em 628 da Era
Comum que zero multiplicado por qualquer número finito dá zero e
descreveu a impossibilidade da divisão de um número por zero.
Concluímos,
então, que a resposta à pergunta “Quem inventou o zero?” é a seguinte:
os babilónios inventaram o primeiro símbolo do zero, os gregos foram os
primeiros a compreender o conceito de zero e os indianos utilizaram o
zero pela primeira vez como número de pleno direito. Parece que nunca
nada é simples e, neste caso, a origem do nada acaba por não ser nada
simples.
http://dererummundi.blogspot.com/2009/06/quem-descobriu-o-zero.html
TheNightTrain- Pontos : 1089
Re: QUEM DESCOBRIU O ZERO?
Esta discussão parece não estar ainda acabada.
Diz-se aqui, que o zero foi utilizado para ocupar um espaço vazio e diz-se também que o zero é o mesmo que nada (conceito filosófico).
Quando se estuda informática, uma das dificuldades que se põe a quem é chegado, consiste em atribuir valores diferentes ao zero e ao espaço em branco já que os dois conceitos são muito diferentes.
Acontece ainda que, em informática, não há espaços vazios, o que parece estar mais de acordo com a astronomia.
Mas aqui surge uma outra dificuldade.
Se não há espaços vazios, para onde se faz a aparente expansão do universo resultante do BIG BANG?
E, se não há espaços vazios, aonde está o nada?
Diz-se aqui, que o zero foi utilizado para ocupar um espaço vazio e diz-se também que o zero é o mesmo que nada (conceito filosófico).
Quando se estuda informática, uma das dificuldades que se põe a quem é chegado, consiste em atribuir valores diferentes ao zero e ao espaço em branco já que os dois conceitos são muito diferentes.
Acontece ainda que, em informática, não há espaços vazios, o que parece estar mais de acordo com a astronomia.
Mas aqui surge uma outra dificuldade.
Se não há espaços vazios, para onde se faz a aparente expansão do universo resultante do BIG BANG?
E, se não há espaços vazios, aonde está o nada?
Vagueante- Pontos : 1698
Re: QUEM DESCOBRIU O ZERO?
Vagueante escreveu:Esta discussão parece não estar ainda acabada.
Diz-se aqui, que o zero foi utilizado para ocupar um espaço vazio e diz-se também que o zero é o mesmo que nada (conceito filosófico).
Quando se estuda informática, uma das dificuldades que se põe a quem é chegado, consiste em atribuir valores diferentes ao zero e ao espaço em branco já que os dois conceitos são muito diferentes.
Acontece ainda que, em informática, não há espaços vazios, o que parece estar mais de acordo com a astronomia.
Mas aqui surge uma outra dificuldade.
Se não há espaços vazios, para onde se faz a aparente expansão do universo resultante do BIG BANG?
E, se não há espaços vazios, aonde está o nada?
Nos temos entre nós um ilusdtre professor de Coimbra que lhe poderia responder porque domina a area por aí perto mas este espaço é mesmo livre
vem quem quizer
Na energia electrica existe tambem 2 polos e o neutro e os chineses coçaram na mesma area na procura do mesmo
A Astronomia atraui-me assuta-me pela sua grandeza
Uma das teorias que correm por aí sao mundoa paralelos ????????????????????????????????
mais chapeu
Vitor mango- Pontos : 118184
Vitor mango- Pontos : 118184
Vitor mango- Pontos : 118184
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