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Juventude

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Mensagem por Viriato Dom Mar 06, 2011 3:40 am

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Leio que os três promotores iniciais da manifestação de jovens prevista para dia 12 de Março, destinada a consagrar o protesto da chamada “geração à rasca”, são licenciados em relações internacionais. Sou levado a supor que algum deles possa ter pensado que, um dia, chegaria a ser diplomata. Também por esta razão, não posso deixar de ter uma certa simpatia pelas suas preocupações. Mas, sem querer ser paternalista, a sua iniciativa suscita-me algumas interrogações.


Reconheço, sem dificuldade, que a vida não está fácil para as novas gerações – e não só em Portugal. A democratização do ensino leva hoje às universidades uma cada vez maior percentagem de população jovem, sem que isso se traduza na sua automática empregabilidade. A retração no crescimento limita o emprego e as exigências de competitividade conduzem à opção por formas de recrutamento marcadas por elevada precariedade e instabilidade contratual.

Num tempo em que, internacionalmente, se tende a dizer que Portugal deve aceitar um receituário laboral marcado por uma maior flexibilização do mercado de trabalho, a auto-qualificada “geração à rasca” afirma o seu desejo de “direito ao emprego, o fim da precariedade e o reconhecimento das qualificações espalhado em salários e contratos justos”. Temo que estejamos perante um perigoso “wishful thinking”, induzido por algum irrealismo programático. Os tempos da densificação do modelo social em que se apoiava esse tipo de cenário idílico de segurança laboral já lá vai. Com o Estado a limitar o seu próprio crescimento e a caminhar para modelos de contratação menos constrangentes, com as empresas a tentarem garantir ganhos de competitividade para fazerem face à globalização, pergunto-me se será viável - embora fosse, sem dúvida, mais do que desejável - promover garantias ao primeiro emprego como as que são reclamadas.


Há dias, na UTAD, universidade a cujo Conselho Geral presido, pediram-me para fazer uma palestra sobre uma temática ligada a questões estratégicas internacionais. No final, dentre as cerca de duas centenas de auditores, muitas perguntas surgiram, algumas bem longe do tema da minha intervenção, centradas na própria condição laboral futura dos nossos estudantes, no termo dos seus cursos. Devo dizer que fiquei algo angustiado por não conseguir produzir respostas concretas para esses problemas, que reconheço como muito prementes e quase existenciais para esta geração.


O grupo Deolinda fez um tema musical que parece estar a converter-se no hino conjuntural deste movimento. Ele aqui fica registado.

Postado por Francisco Seixas da Costa
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Juventude Empty Re: Juventude

Mensagem por Vagueante Seg Mar 07, 2011 11:14 am

Esta geração que se diz "à rasca", não está concerteza tão à rasca como esteve a minha geração.
A minha geração ou seja a geração de 40, não teve casa com ar condicionado, banho de chuveiro ou de banheira cheia com água quente todos os dias, não teve ou muito raramente teve (salvo as classes superiores), bifes no prato, não deitou fora pão do dia anterior porque estava rijo, não foi à escola para além da instrução primária, não foi trabalhar depois dos 25 anos, não foi à discoteca gastar aquilo que os pais lhe davam nem beber cerveja até caírem, não se drogou nem fornicou até dizer chega, não teve televisão nem computadores nem telemóveis.

A casa, nem sempre se podia chamar casa. O ar condicionado, especialmente nas aldeias, era aquele que entrava e saía pelas telhas. O banho era por vezes aquele que caía do céu e quando assim não era, para aqueles que viviam em casa que de casa só tinha o nome, um alguidar cheio de água fria era o mais comum. Nem sempre as batatas tinham acompanhamento para além do azeite e eventualmente comia uma sardinha e nem sempre era inteira. O pão, fora das cidades, era quase sempre de milho e comia-o todo até ao fim embora estivesse duro de 15 dias. A escola das classes menos favorecidas, só ia além da instrução primária quando as ambições por melhores condições de vida levavam a rapaziada a trabalhar de dia e a estudar à noite, pagando do seu bolso os custos da aprendizagem. O trabalho começava logo após o fim da instrução primária e, nos lugares de agricultura de subsistência começava bem mais cedo. Dinheiro para discoteca também não havia porque tudo aquilo que os pais ganhavam era pouco para a subsistência. Também não se embebedava com cerveja, quando muito, caía com uns copinhos de vinho, que servia, segundo a cultura da época "para dar de comer a um milhão de portugueses". A droga da época era o copo de vinho e quanto ao fornicar, contentava-se com uma visita às casas de "meninas", sempre pagando, porque se assim não fosse não havia nada para ninguém. A televisão em Portugal só surgiu em 1957 e os computadores e os telemóveis, só bastante mais tarde.

Muitas mais coisas haveria a por em paralelo e, de um modo geral, chegaríamos à conclusão de que a minha geração ficaria sempre em desvantagem. E, contudo, conseguiu, contra ventos e marés, construir um país aonde se vive actualmente, incomparavelmente melhor.

Logo, esta geração "rasca" está à rasca em grande parte por sua própria culpa.
Há uma cultura generalizada de só se aceitar um emprego que esteja de acordo com as habilitações académicas adquiridas. Esquecem-se de que, as habilitações académicas não passam disso mesmo e de que a experiência é frequentemente mais importante do que as ditas habilitações. Há muitos postos de trabalho que não estão ocupados porque a tal geração "à rasca" entende que não serve às suas ambições. É muito melhor passar o dia a brincar, a ir à praia encontrar-se com os amigos/amigas e viver em casa dos pais sem responsabilidades familiares ou outras.
Esta geração "à rasca" esquece-se de será brevemente a geração que irá fazer aquilo que os seus pais estão a fazer agora, isto é, a governar o país. Critica os seus progenitores pelos empregos seguros no Estado ou nas actividades privadas mas, o que quer, é mesmo aquilo que os seus pais têm.

Esta geração "à rasca" tem melhores qualificações do que a minha geração. Tem obrigação de querer e de ir mais além pelos seus próprios meios. Só não o fará se se deixar arrastar pela inércia e pelo deixa andar.

Vagueante

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Juventude Empty Re: Juventude

Mensagem por Joao Ruiz Seg Mar 07, 2011 11:24 am

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É assim mesmo que eu gosto. Com toda a frontalidade e frieza, tal como as coisas são e não como querem que sejam.

Aplaudo de pé e subscrevo totalmente!


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