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Carlos Cruz. "Não acredito que alguém tenha pago pelas entrevistas"

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Carlos Cruz. "Não acredito que alguém tenha pago pelas entrevistas" Empty Carlos Cruz. "Não acredito que alguém tenha pago pelas entrevistas"

Mensagem por Vitor mango Qua Abr 06, 2011 10:49 am

Carlos Cruz. "Não acredito que alguém tenha pago pelas entrevistas"
por André Rito, Publicado em 06 de Abril de 2011 | Actualizado há 18 horas

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Condenado a sete anos de prisão por abuso sexual sobre menor, Carlos Cruz aguarda na sua casa, em Sintra, a decisão de um recurso interposto no Tribunal da Relação. Desde que o processo Casa Pia rebentou, em 2003, o ex-apresentador trabalha para desmontar o que diz ser "uma manipulação" e um "enorme embuste" da justiça portuguesa. No seu primeiro livro publicado sobre o caso, Cruz afirmava que mais cedo ou mais tarde alguém acabaria por falar e dizer a verdade. Ou pelo menos a sua verdade. Coincidência ou não, as entrevistas de Carlos Silvino e Ilídio Marques vieram confirmar o seu prenúncio. Mas a última palavra caberá sempre à justiça.


Foi surpreendido pela entrevista de Carlos Silvino?

Não estava à espera, mas, no livro que publiquei em Setembro de 2004 há um parágrafo em que prevejo que um dia, daí a não sei quantos anos, alguém falaria e começaria a dizer a verdade. O processo Casa Pia é típico, muito parecido com outros que aconteceram lá fora. Mais cedo ou mais tarde alguém acaba por falar. Problemas de consciência.

Pediu para juntar a entrevista ao processo. O que espera que possa resultar daí?

Não sei. O tribunal da relação ainda não decidiu, mas o objectivo é acumular mais provas que venham dizer o que defendemos desde o princípio, que tudo isto é uma mentira.

Não acha que as palavras de Carlos Silvino, as justificações de que estava drogado, têm pouca sustentação?

O meu raciocínio não vai nesse sentido, vai antes para a análise e o conteúdo das informações. Ao dizer que não me conhece, Silvino diz a verdade. É o mesmo que analisar o que disse em tribunal. Não tem sustentação, está cheio de contradições. Na fase de inquérito diz que o Ministério Público (MP) fez a promessa de o mandar para o estrangeiro caso acuse. O próprio advogado disse nas alegações finais que havia um acordo com o MP se nos acusasse. Que sustentação é que essas declarações têm? Limito-me a olhar para o que ele diz: quando me conhece mente, quando não me conhece diz a verdade. Essa é a minha análise. Não espero que ele tenha um discurso estruturado.

E a entrevista do Ilídio Marques?

Essa surpreendeu-me mais pela forma como apareceu. Não esperava que alguém falasse logo após as declarações do Carlos Silvino. Mas, mais uma vez, encaixa-se no tal parágrafo que tenho no livro, "um dia alguém falará". Não me admiro que outros o venham a fazer. À medida que as pessoas se vão integrando na sociedade, depois destes traumas todos por que passaram - porque acredito que eles foram vítimas de abusos - acabam por vir dizer a verdade.

Como se fosse um acto de libertação?

A entrevista do Ilídio tem uma coisa curiosa, quando ele diz: "Nós não esperávamos que isto tomasse estas proporções, e depois já era tarde. De maneira que fomos acrescentando nomes que apareciam na comunicação social. E um grupo de putos deu a volta à PJ." Isto é fatal e coincide com a ideia que tenho de como este processo foi construído. Estes rapazes foram utilizados, manipulados e pressionados para dizerem coisas que não correspondem à verdade.

Manipulados por quem? Ao serviço de que interesse?

Como deve imaginar, não vou dizer nomes. Tenho uma teoria sobre este processo que vai ganhando forma à medida que vou trabalhando nele. Há nomes responsáveis por esta manipulação toda.

Mas ninguém duvida que existiram abusos.

Isso está fora de questão, dentro da Casa Pia houve abusos. Fora também, no sentido jurídico do termo, porque uma pessoa que é vítima de abusos uma vez não vai voluntariamente a uma segunda. Claro que isso não iliba o cliente. Mas houve a venda de actos sexuais.

Está a falar de prostituição?

Não quero usar esse termo, parece-me demasiado pesado. Tentaram arranjar dinheiro através da oferta sexual. Não ponho em dúvida que tenha havido abusos ou sexo com pessoas mais velhas. Mas não comigo, não está lá nenhuma impressão digital, foto ou assinatura minha. Depois chegou-se a um ponto em que eles, os mais traumatizados, sentiram que este processo era uma forma de fazer justiça. Os nomes passaram a ser indiferentes. Houve uma transferência para os nomes que a comunicação social apontava. Uma fuga para a frente que foi longe de mais. Depois era tarde, não se iam contradizer. Passados uns anos, as pessoas crescem e fazem isto, tal como disse o Ilídio, em nome da consciência. Isso para mim é claro.

Por outro lado, as duas entrevistas publicadas foram feitas por um jornalista que escreveu um livro sobre o Carlos Cruz logo a seguir à sua detenção. Não acha que isto pode descredibilizar aqueles testemunhos?

Só descredibiliza nas cabeças das pessoas que são capazes de tomar uma atitude desonesta na sua profissão. O Carlos Tomás, em 2003, escreveu um livro a meias com a minha ex-mulher, "As Grades do Sofrimento". Porque não havia de escrever sobre o processo Casa Pia? A Felícia Cabrita escreveu um livro sobre o Pinto da Costa. Isso não vincula a sua independência jornalística.

Mas isso tem sido usado como arma de arremesso.

Evidente. Porque estas entrevistas incomodam muita gente e põem em causa muitas coisas. Este processo tem de ser desmascarado, é um embuste do tamanho do mundo. Não tenhamos a menor dúvida sobre isso: há pessoas comprometidas com a mentira, algumas foram arrastadas, outras fizeram-no de forma voluntária e agora estão numa situação muito delicada. E se se descobre a verdade?

Como surgiu a possibilidade de Carlos Tomás escrever sobre si? Já o conhecia?

A primeira vez que falámos eu estava na prisão e ele foi visitar-me. Não dei entrevista porque estava proibido de falar à comunicação social. O livro foi feito cá fora, quando a Marluce se lembrou dele, porque o "JN", onde trabalhava, estava a fazer uma cobertura muito independente, sem entrar em campanhas de histeria colectiva.

Concordou logo com a publicação do livro?

Não tinha de concordar. Pediram-me a opinião e eu dei. O único argumento que apresentam contra o Carlos Tomás é o facto de ele ter publicado um livro sobre mim. Profissionalmente, não sei se foi mal gerido da parte dele, mas sei que pagou por isso. Foi um acto de cidadania? De intervenção? Talvez seja por aí, ele estava convicto da minha inocência e atendeu ao pedido de ajuda da Marluce. É um homem obcecado com a verdade neste processo. É um homem decente, óptimo jornalista, que sabe que isto tudo é mentira. Mentiras com fontes de informação que eu sei quem são.

Já tinha referido que uma delas era o próprio director nacional da PJ. Há outros?

Tive acesso às gravações do Octávio Lopes, do "Correio da Manhã". Havia fontes da PJ, da mais alta responsabilidade, havia Catalina Pestana e até a porta-voz da Procuradoria-Geral da República, que dizia: "Olhe, não ponha que fui eu, nem fonte junto ao processo." E, já que falamos do Carlos Tomás, vale a pena lembrar uma das conversas em que Catalina Pestana diz ao Octávio Lopes: "Olhe que isso é manipular." E ele responde: "A nossa função é essa." Isso foi dito por ele, por isso não me venham falar do Carlos Tomás.

Acredita que alguém tenha pago por aquelas entrevistas?

Não acredito que alguém tenha pago, nem acredito que o Carlos Tomás o tenha feito. Quem faz essas afirmações tem de provar. A história dos 15 mil euros só percebi através do vosso jornal, na entrevista ao Ilídio Marques. Os 15 mil euros têm a ver com um telefonema para a mulher dele, que queria os documentos do carro - o mesmo que Francisco Guerra roubou ao Ilídio Marques. E é muito claro, quando o outro lhe pergunta: "Mas ele ofereceu-te alguma coisa?" O Ilídio responde "não". O Carlos Tomás conta a história no "Crime" e não me digam que aquilo é mentira, porque os processos estão no tribunal. E o Francisco Guerra, que é mitómano... Ao princípio preocupava-me, mas agora quando o vejo dá-me vontade de rir. Mas rio às gargalhadas com as coisas que ele diz. Porque é um palhaço. E que está a ser usado. É mentira atrás de mentira. Se vocês investigarem o que ele diz às televisões é tudo mentira.

Está a falar de uma pessoa que dizia que o "conhecia perfeitamente".

Conhecia uma ova. O Francisco Guerra nunca me viu a não ser através da televisão. Aliás, o próprio tribunal, no acórdão, não lhe dá credibilidade.

Há quem defenda que ele era uma espécie de líder dos miúdos. Quando ele mudava as declarações dele no processo, os outros mudavam também.

Eu não tenho conhecimentos para falar disso. O que eu sei é que o Francisco Guerra e mais três das principais testemunhas importantes - o Ilídio e dois de quem não posso dizer o nome - viveram no mesmo lar, no mesmo quarto, e, segundo os autos, eram o melhor amigo um do outro. Eram eles que estavam a ajudar a PJ, está lá escrito. Se houve um líder, não sei. Mas, e nós soubemos isso durante o julgamento, o Francisco Guerra tinha em casa as declarações prestadas à PJ pelos outros. Estava tudo em segredo de justiça. Sendo ele assistente, como é que podia ter acesso a isso? Portanto... Não sei se ele era o líder, mas aparentemente estava a ser usado para confirmar os depoimentos. Por isso é que ele é ouvido 78 vezes e outros cinco foram ouvidos apenas seis. Ele ia acrescentando as coisas que achava que devia acrescentar.

Ao longo deste processo, investigou a vida de quem o acusou, quis saber quem era?

Estudei os dossiês individuais de cada um, que estão no processo.

Chegou a alguma conclusão?

São rapazes que tiveram uma infância desgraçada, pessoas extremamente fragilizadas. À excepção de um ou dois - que se aproveitaram deste comboio -, acredito que a maioria sofreu abusos, dentro e fora da Casa Pia. E lamento que a Casa Pia tenha permitido que isso acontecesse, como lamento que o Estado tenha pago 50 mil euros para eles ficarem calados. E pagou logo em Março de 2003, ainda o inquérito estava em andamento.

Está a falar das indemnizações?

Sim, 50 mil euros a cada um. Não sei se o Bagão Félix tinha noção do que estava a fazer. Na altura, como ministro com a tutela da Casa Pia, dizia publicamente que nunca tinha ouvido falar de abusos. Depois transformou-se numa espécie de fundamentalista da Casa Pia, juntou-se ao grupo de Catalina Pestana, Pedro Strecht [...] Alguém se aproveitou da posterioridade dos abusos e dos traumas para os usar, com promessas de 50 mil euros de indemnização. Promessas que são legais, aliás, e que estão documentadas nos autos. E eles maravilharam-se. Para alguns deles, com sede de justiça, tornou-se indiferente quem era condenado ou inocente. Queriam o reconhecimento da opinião pública de que tinham sido vítimas. Como não conseguiam identificar as pessoas que abusaram deles - ou não quiseram ou tiveram medo de acusar alguns verdadeiros abusadores - foram acusando os nomes que apareciam na comunicação social. E esta ligação não é um ataque que faço aos jornais, é uma constatação. Aquilo coincide, lendo os depoimentos e acompanhando a imprensa e a TV desse tempo. E depois houve rapazes que receberam prendas de jornalistas, dinheiro...

É sabido que alguns eram presença habitual nas redacções. Mas daí a haver pagamentos...

Tenho o testemunho de um jornalista - não vou dizer o nome porque ele não me autoriza - que viu um outro jornalista dar dinheiro ao rapaz que está preso no Brasil. Mandou-me um mail a dizer que tinha a consciência pesada por nunca me ter contado certas coisas. Ele esteve ligado ao início do processo, depois afastou-se. Um dia fomos almoçar e contou--me como as coisas se passavam. Perguntei-lhe se podia usar o testemunho e ele negou.

Os jornalistas pagavam aos miúdos para lançarem nomes, era isso?

Ele não disse que pagavam para dizer nomes. Pagaram-lhes para eles falarem. É evidente que o que eles pagaram foram testemunhos manipulados por dinheiro. Ele até me contou uma história de um rapaz que chegou ao pé dele e da outra pessoa e, antes de começar a falar, a primeira frase foi: "Onde é que está o meu dinheiro?"

Que dinheiro era esse? Que quantias?

Na cena a que ele assistiu eram 200 euros.

Com o rapaz que está no Brasil?

Exactamente.

Alguma vez contactou com alguma das vítimas fora do processo, tentou esclarecer porque o acusavam?

Não. Acho que não devo nem posso fazê- -lo como arguido - e agora como condenado. Acho que tem de ser... como hei-de dizer... tem de haver um acto de purificação da justiça. Tem de ser a justiça a tratar disso, a esclarecer. Não a justiça que imperou neste processo, mas outra, que venha impor a realidade e a verdade, que faça um acto de contrição. Só assim a justiça será fortalecida e credibilizada, como já aconteceu noutros países. Este não é caso único, há dezenas e dezenas de casos idênticos, com a mesma forma de construir.

Acredita que se vai esclarecer?

Tenho de acreditar. Eu acredito nos valores da verdade. E a verdade é tão forte que tem de chegar à consciência dos agentes da justiça. Não sei por que meio, mas tem de chegar.

O psiquiatra das vítimas, Álvaro Carvalho, diz que as entrevistas são sinal de desespero e mostram insensatez de quem está por detrás disto tudo.

E..?

O que tem a dizer sobre isto?

É a opinião de um psiquiatra. Conheço psiquiatras competentes e outros incompetentes. Não são perfeitos, e têm direito à sua opinião como cidadãos.

Disse que nunca ponderou acusar nenhum dos miúdos. Para alguém que sempre se reclamou inocente, está disponível para aceitar o pedido de desculpa de Ilídio Marques, tal como ele disse na entrevista? Comove-o de alguma forma?

Estou demasiado magoado para me comover. Não me comove, mas aceito. Quando uma pessoa aceita os seus erros de uma forma honesta é um pouco como uma confissão ao padre, tem direito ao perdão. Não vou esquecer, é muito difícil, por tudo o que passei e estou a passar. Mas aceito o pedido de desculpas.

Não o conhecia?

Não. A nenhum deles. Só os vi em tribunal.

Com que impressão ficou deles?

Não tenho uma impressão individual. O único de quem tenho, porque todo o seu comportamento é de um mitómano, foi o Francisco Guerra. É o único de quem me lembro, da cara. Mentia tanto que chegou ao descaramento de dizer que tinha em casa uma agenda com os nomes dos clientes. O tribunal interrompeu a sessão e a PJ foi buscar a agenda e não tinha nenhum nome. Quem é este rapaz que faz isto em plena audiência?

Mas o testemunho dele acaba por ser valorizado.

Pois, mas este acórdão é um erro judiciário monstruoso. Isto há-de ser estudado e os estudiosos vão concluir que isto é uma nódoa negra na história da justiça. Quando se condenam pessoas com base numa coisa chamada ressonância da verdade, que é uma coisa que não existe... Andam os americanos a fazer investigação para encontrar um novo aparelho, porque os polígrafos não são eficazes, andam cientistas a trabalhar nisso... Mas nós não, nós temos cá um aparelho melhor, os juízes que fazem a ressonância da verdade.

Está a falar de quê?

Os depoimentos, diz o acórdão, têm muitas incoerências, mas como os rapazes estavam a olhar para o chão e não para o juiz, estavam a dizer a verdade. E tudo isto é corroborado pelo Carlos Silvino. Depois cruzamos os depoimentos dele com o dos rapazes e nada coincide. A casa das Forças Armadas é uma coisa notável. Cada um diz uma marca de carro diferente, nunca acertaram. Conclusão do tribunal? Foram transportados num "veículo" [risos]. A vítima por quem eu fui condenado diz que foi sempre depois de jantar. O Francisco Guerra diz que foi sempre ao fim da tarde e o Carlos Silvino diz que foi sempre ao sábado às dez e meia da manhã. Conclusão do tribunal? "Hora indeterminada." Isto é julgar pessoas? Um dizia que a casa das Forças Armadas era um apartamento que funcionava como um escritório porque tinha aquela alcatifa que os escritórios têm, mas não tinha móvel nenhum. O juiz pergunta: nem uma cadeira? Ele diz que não. A chamada vítima diz que tinha uma sala e um quarto. O Francisco Guerra diz que era uma sala com holofotes e máquinas de filmar. No mesmo sítio há três declarações diferentes. E o tribunal dá como provado que eu abusei do rapaz.

Disse numa entrevista que a prisão do Silvino tinha assustado muita gente. Muitos anos antes disto, em 1982, o seu nome foi mencionado, ligado à Casa Pia. Teve medo quando o Silvino foi preso?

Não. Nada. Zero. A pedido das televisões, fui esclarecer a história de 1982, em que fui ouvido como testemunha porque um rapaz da Casa Pia dizia que eu frequentava a casa de um embaixador.

Nunca mais pensou nisso?

Nunca mais pensei nisso. Achei lamentável que os rapazes fossem vítimas de abusos daquele senhor, ou de qualquer outra pessoa. Continuei a minha vida. Fui para o Brasil passado uma semana e tal, paguei os meus impostos, e depois voltei para Portugal em Janeiro, no dia 5, e fui preso no dia 31. Se me sentisse assustado não tinha voltado. E não tinha pago os impostos. Um milhão e 300 mil euros no Brasil davam-me um jeito do caraças.

Não arrolou esse rapaz de 1982 como testemunha?

Arrolei, ele confirmou a história. Aliás, o procurador João Aibéo disse, nas alegações finais, que ao ir para as televisões eu me suicidei. Quer dizer que se eu não tivesse ido não estava metido no processo? É isso que ele quer dizer?

Talvez a urgência de se mostrar inocente tenha tido o efeito contrário?

O inspector Dias André, julgo que foi ele, disse: "Estás a chorar, és culpado", o que é uma teoria policial do caraças. A pessoa chora e é culpada.

Como é que sabe isso?

Isto é um país pequeno. Conhecemo-nos uns aos outros. Ele é um dos grandes responsáveis por esta mistificação. E está farto de mentir. A minha fuga para Espanha? Dizer que todos os rapazes desenharam as casas todas? É tudo mentira. Ele vai ter de provar em tribunal que eu ia a fugir para Espanha, porque vou processá-lo. Só porque ia depressa... Se eles estavam à porta de minha casa em Lisboa, porque é que não me prenderam logo? Foram atrás de mim até ao Algarve, aliás ultrapassaram-me, quando eu cheguei eles já lá estavam. Se eu fosse devagar, diziam-me que ia devagar para disfarçar, agora já conheço a mentalidade dos polícias. Preso por ter cão, preso por não ter.

Confrontou-o alguma vez?

Não falo com Dias André. Nem falarei, porque é uma pessoa que não merece o valor de uma palavra minha.

Afirmou em entrevista que as vítimas disseram aquilo que a investigação quis que dissessem. Que vantagens é que a investigação tinha nisso?

A partir do momento em que a dr.a Teresa Costa Macedo diz que há uma rede, na cabeça de alguns polícias a rede passou a existir, tornou-se um dogma. Existe uma rede, vamos à procura dos membros. Partiram para a investigação com um falso pressuposto, uma ideia adquirida, convencidos de que a rede existia e portanto iam encontrar provas. Só que bateram com o nariz na porta.

Sente que foi condenado na praça pública? Alguma vez evitou sair à rua?

Vou à rua sempre que preciso e me apetece. Nunca evitei sair. As pessoas pensam o que pensam, deixam-se intoxicar ou não. Nunca fui insultado ou agredido. Há pessoas que olham para mim de lado. Estão no seu pleno direito. A unanimidade é perigosa e gosto que haja divisão de opiniões. É da discussão que se chega à verdade.

Acredita que se possa vir a fazer justiça?

Justiça completa acho que não. Passou muito tempo. A violência de todo o processo hoje está um bocado diluída. E fazerem justiça era devolverem-me oito anos da minha vida. Justiça era fazerem um rewind, voltarem para trás e nada ter acontecido. Agora há uma justiça a fazer. Provarem a minha inocência.

Na eventualidade do Tribunal da Relação o absolver, acha possível limpar a sua imagem?

O termo imagem é um termo que nestas circunstâncias não diz nada. O que é a imagem? Há pessoas que pensam que eu sou culpado e outras que sou inocente. Nesse sentido, a imagem está suja. Limpar a imagem é provar a minha inocência.


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Tags: carlos cruz, processo, casa pia, entrevistas

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Carlos Cruz. "Não acredito que alguém tenha pago pelas entrevistas" Empty Re: Carlos Cruz. "Não acredito que alguém tenha pago pelas entrevistas"

Mensagem por Vitor mango Qua Abr 06, 2011 10:51 am

nao li nem vou ler
o assunto horroriza-me
porque mete crianças
Não é o Pudor em si ...é que uma criança deixa de ser criança e fica com um ferrete toda a vi
da

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