Tomada de posição
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Joao Ruiz
ricardonunes
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Tomada de posição
Hoje foram aqui apelidados pelo senhor Ron, de "macacos", angolanos em particular e africanos em geral. Aliás termologia semelhante é dedicada a Obama constantemente. Como sabem, nasci em Angola, de onde me habituei a respeitar os seus habitantes, alem de ter muitos amigos dessa raça. Considero um insulto, não só aos negros como a toda a humanidade. Sendo assim declaro solenemente que nunca mais trocarei uma palavra, um comentário ou qualquer outro contacto com tal espécimen zoológica, talvez no máximo humanóide. Gostaria de também assim ser correspondido.
É tudo
PS. Estranhei mais nunguém se ter revoltado com tal enormidade...
É tudo
PS. Estranhei mais nunguém se ter revoltado com tal enormidade...
Viriato- Pontos : 16657
Re: Tomada de posição
atencao, referi-me aa 500 anos atraz, de que la so haviam macacos. NAO CHAMEI DE MACACOS AOS ANGOLANOS. HAVIAM ANGOLANOS 500 ANOS ATRAZ?? . Essa sua ANSIA de me querer INFERNIZAR nao e LOGICA!
Última edição por RONALDO ALMEIDA em Sáb Jul 25, 2009 11:01 pm, editado 1 vez(es)
RONALDO ALMEIDA- Pontos : 10367
Re: Tomada de posição
RONALDO ALMEIDA escreveu:atencao, referi-me aa 500 anos atraz, de que la so haviam macacos. NAO CHAMEI DE MACACOS AOS ANGOLANOS. HAVIAM ANGOLANOS 500 ANOS ATRAZ. Essa sua ANSIA de me querer INFERNIZAR nao e LOGICA!
Oh Ronaldo, pah! Tu tens esta característica: quanto mais te limpas, mais te cagas.
Devo dizer que as frases que o Viriato mencionou nem sequer me pareceram das piores que tu para aqui largas. Mas agora...
"referi-me aa 500 anos atraz, de que la so haviam macacos", ponto. A frase a seguir não conta. "HAVIAM ANGOLANOS 500 ANOS ATRAZ", ponto.
Grande porra, pah! Quando um gajo não sabe o que há-de dizer, cala-se.
E que parte daquilo que o Viriato aqui escreveu é que é difícil de entender?
Viriato escreveu:Hoje foram aqui apelidados pelo senhor Ron, de "macacos", angolanos em particular e africanos em geral. Aliás termologia semelhante é dedicada a Obama constantemente. Como sabem, nasci em Angola, de onde me habituei a respeitar os seus habitantes, alem de ter muitos amigos dessa raça. Considero um insulto, não só aos negros como a toda a humanidade. Sendo assim declaro solenemente que nunca mais trocarei uma palavra, um comentário ou qualquer outro contacto com tal espécimen zoológica, talvez no máximo humanóide. Gostaria de também assim ser correspondido.
É tudo
LJSMN- Pontos : 1769
Re: Tomada de posição
Sam escreveu:
Oh Ronaldo, pah! Tu tens esta característica: quanto mais te limpas, mais te cagas.
Devo dizer que as frases que o Viriato mencionou nem sequer me pareceram das piores que tu para aqui largas. Mas agora...
"referi-me aa 500 anos atraz, de que la so haviam macacos", ponto. A frase a seguir não conta. "HAVIAM ANGOLANOS 500 ANOS ATRAZ", ponto.
Grande porra, pah! Quando um gajo não sabe o que há-de dizer, cala-se.
E que parte daquilo que o Viriato aqui escreveu é que é difícil de entender?
Caro Sam. A ignorância do senhor Ron nem é o que mais me incomoda. Já é um facto adquirido que ele apenas disfarça lançando numeros com muitos zeros naturalmente convencido que engana alguém. O que me incomoda é a constatação de que estou a ajudar a alimentar, entrando em diálogo directo com tal sujeito, no branqueamento do nazismo. O nazismo não perseguia, prendia e matava só judeus. Eram ciganos, comunistas, homosexuais e tudo que diferenciava um ser humano da raça ariana.
Depois os africanos que lá viviam tinham uma história, uma cultura. E se não era muito evoluída, os descobridores e conquistadores também estavam longe da perfeição. Queimavam em praça pública e com grande aparato quem se destacava no pensamento, na cultura e na ciência. Prenderam e traficaram-nos como escravos um povo legítimo das terras conquistadas. Não vejo portanto matéria para que nos consideremos os arautos da civilização...
Viriato- Pontos : 16657
Re: Tomada de posição
Insultei os ANGOLANOS? Nao sabia que ja haviam ANGOLANOS 500 ANOS ATRAZ!!
RONALDO ALMEIDA- Pontos : 10367
Re: Tomada de posição
RONALDO ALMEIDA escreveu:Insultei os ANGOLANOS? Nao sabia que ja haviam ANGOLANOS 500 ANOS ATRAZ!!
Nos dias de hoje, só é ignorante quem quer!
A net não serve só para ter acesso a foruns, para poderes descarregar as tuas frustrações!
3.0 Sumário do Capítulo
O Objectivo deste capítulo é introduzir o leitor ao estudo da História de Angola.
Cubro primeiro a origem do nome "Angola" e o que entendo por Angola em termos da sua evolução ao longo dos últimos cinco séculos, e depois ofereço uma análize sobre o impacto da diversidade dos povos de Angola na sua história.
Descrevo e explico em seguida os grandes períodos em que se pode dividir a História de Angola, para o seu melhor estudo. Cubro depois alguns porquês do estudo da História de Angola nos planos social e individual, histórico e presente, e em como o seu estudo pode contribuir para uma cidadania e vivência mais esclarecidas.
Ofereço depois uma análise crítica (muito sucinta) das fontes da História de Angola, incluindo a investigação arqueológica, história oral, histórias de criação, lendas e mitos, documentação escrita e bibliografia.
Cubro depois o estudo da "arritmia" ("Tempos Diferentes ao Mesmo Tempo...") característica na cadência da evolução histórica de Angola e dos seus povos.
Faço ainda uma breve referência às lacunas de conhecimento em vastas áreas da História de Angola ("Tanta História Ainda por Contar..."), e ao esforço necessário para as colmatar, em especial de se traduzir para português o número crescente de obras importantes de autores estrangeiros, e a maior difusão de obras importantes de historiadores brasileiros, ambos contribuindo para um melhor conhecimento da História de Angola.
Por fim, cubro ainda algumas questões relacionadas com a linguagem, estilo, ortografia e toponímia que usei no texto, e de algumas limitações nas fontes de referência.
posted by Xinguila | 5/28/2006 07:01:00 PM
Cubro primeiro a origem do nome "Angola" e o que entendo por Angola em termos da sua evolução ao longo dos últimos cinco séculos, e depois ofereço uma análize sobre o impacto da diversidade dos povos de Angola na sua história.
Descrevo e explico em seguida os grandes períodos em que se pode dividir a História de Angola, para o seu melhor estudo. Cubro depois alguns porquês do estudo da História de Angola nos planos social e individual, histórico e presente, e em como o seu estudo pode contribuir para uma cidadania e vivência mais esclarecidas.
Ofereço depois uma análise crítica (muito sucinta) das fontes da História de Angola, incluindo a investigação arqueológica, história oral, histórias de criação, lendas e mitos, documentação escrita e bibliografia.
Cubro depois o estudo da "arritmia" ("Tempos Diferentes ao Mesmo Tempo...") característica na cadência da evolução histórica de Angola e dos seus povos.
Faço ainda uma breve referência às lacunas de conhecimento em vastas áreas da História de Angola ("Tanta História Ainda por Contar..."), e ao esforço necessário para as colmatar, em especial de se traduzir para português o número crescente de obras importantes de autores estrangeiros, e a maior difusão de obras importantes de historiadores brasileiros, ambos contribuindo para um melhor conhecimento da História de Angola.
Por fim, cubro ainda algumas questões relacionadas com a linguagem, estilo, ortografia e toponímia que usei no texto, e de algumas limitações nas fontes de referência.
posted by Xinguila | 5/28/2006 07:01:00 PM
ricardonunes- Pontos : 3302
Re: Tomada de posição
3.1 Donde Vem o Nome "Angola"?
continua...
1. Os N'Golas
O nome "Angola" tem raíz no termo "Ngola" que era título de um dos potentados Ambundos que existia no Antigo Reino do Ndongo, entre o Anzele, Ambaca e Pungo Andongo (nas actuais províncias do Bengo, Kwanza Norte, Kwanza Sul e Malange) no tempo do início da expansão da influência dos portugueses sobre o Antigo Reino de Ndongo, na segunda metade do Século XVI.
O termo "Ngola" tem por sua vez raíz no termo "Ngolo", o que em quimbundo (língua do povo Ambundo) significa "força", de acordo com o "Ensaio de Diccionário Kinbundu-Portuguez", preparado por Joaquim Dias Cordeiro da Matta, impresso na Typographia e Stereotypia Moderna da Casa Editora António Maria Pereira, e publicado em Lisboa no ano de 1893. O mesmo termo em quicongo significa "rigor, força, fortaleza, ou robustez". Os Portugueses depreenderam assim que o Ngola era aquele que tinha força, aquele que era poderoso.
Apesar de inicialmente o nome e título de Ngola se aplicar sómente aos potentados e região ao longo do curso superior dos rios Lucala e Cuanza, o uso do termo passou a aplicar-se a outras regiões e chefes vizinhos que viriam formar eventualmente o núcleo do domínio português na região. Aos chefes Ngola os Portugueses chamavam-nos "Ngola" e à região chamavam as "Terras do Ngola".
Desde então, as terras vizinhas ao longo dos rios Lucala e Cuanza, sob a tutela dos Ngola e mais tarde conquistadas pelos portugueses, passaram a ser chamadas e reconhecidas nos mapas e documentos oficiais da época como "Terras do Ngola", depois como "Terras d'Angola", e desde então a colónia portuguesa passou a chamar-se simplesmente "Angola".
Da mesma forma, e conforme Ferreira Diniz (Populações Indígenas de Angola, Imprensa da Universidade, Coimbra, 1918), o nome Ngola acabou por aplicar-se também a alguns grupos do povo Ambundo que ocupavam o mesmo território, incluindo os Ambaquistas, Golungos, Cabires e Dondos, que habitavam a região entre os rios Cuanza, Lifune e Zenza, e que se estendia até aos rios Cuiji (afluente do Cuango) e Gola Luige (afluente do Lucala).
2. Paulo Dias de Novais e o Reyno de Angola
Paulo Dias de Novais passou cinco anos de cativeiro na corte do legendário Rei de Ndongo Ngola Kiluanji, entre 1560 e 1565, após os quais foi libertado com o auxílio "de uma princesa filha daquele rei" sob a promessa de ir a Portugal arranjar socorro militar contra a campanha iniciada por Kiloango-Kiacongo, um poderoso rival de Ngola Kiluanji. Paulo Dias de Novais saíu de Lisboa em 23 de Outubro de 1574 e chegou à Ilha das Cabras (Ilha de Luanda) a 20 de Fevereiro de 1575, onde 3xistiam cerca de sete povoados e onde encontrou sete barcos e cerca de 40 portugueses ricos do negócio negreiro, que se haviam refugiado dos Jagas e se encontravam lá vivendo; Os Portugueses já deviam de habitar na Ilha das Cabras já há alguns anos, pois nesta também encontrou uma igreja e um cura.
Paulo Dias de Novais manteve-se na Ilha de Luanda, onde recebeu uma embaixada do Rei Ngola Kiluanji Kiassamba a 29 de Junho de 1576, quando recebeu permissão deste para se mudar para terra firme, mais exactamente para o morro que chamou de São Paulo, onde fundou a povoação de São Paulo de Loanda, como porto negreiro e baluarte militar português próximo da foz do Rio Cuanza.
Era nas areias das praias da Ilha das Cabras, berço do povo Muxiluanda, que os oficiais do Manicongo (o Rei do Congo) recolhiam os Zimbos (conchas de búzios pequenos), que serviam de moeda corrente para transacções comerciais nas feiras muito activas nas feiras no interior das províncias do Antigo Reino do Congo.
Durante séculos, Luanda foi o porto negreiro mais importante da costa atlântica de África. Os escravos eram guardados em áreas cercadas (currais) situadas na área actual das Ingombotas, durante a espera de embarque para o Novo Mundo. O primeiro cemitério foi situado na área imediatamente a montante (acima) das Ingombotas, onde as campas razas eram assinaladas com cruzes. Os corpos dos escravos que morriam nos currais durante esta espera de embarque para a Passagem do Meio, que podia demorar muitos meses, eram levados para a área do Maculusso (área das cruzes - de "cruces"/ ""klusses"), imediatamente a montante das Ingombotas, onde eram sepultados ou, em muitos casos, simplesmente deixados como alimento às hienas, leões e outros animais selvagens que por aí rondavam em procura de alimento.
No seu regresso às terras de Ngola Kiluanji, Paulo Dias de Novais vinha munido de uma Carta de Donataria conferida em 1571 por El-Rei D. Sebastião de Portugal, em que era reconhecido como "Governador e Capitão-Mor, conquistador e povoador do Reyno de Sebaste na Conquista da Etiópia ou Guiné Inferior.", sendo até essa data a região conhecida como "Terras do Sebaste", em honra de El-Rei D. Sebastião. A carta de doação era baseada no modelo das cartas de doação das capitanias brasileiras, que tinham sido usadas sem grande sucesso na colonização do Brasil, algumas décadas antes. A carta de donataria requeria a expansão do território para norte até às margens do Rio Dande (Bengo) e para sul e para o interior ao longo do curso do Rio Cuanza.
Este foi o primeiro documento oficial em que os Portugueses fazem referência e designam a região por Reyno de Angola, quando de facto tal termo se referisse mais a um conjunto de potentados locais e regionais e não a um só potentado em particular, relativamente independentes uns dos outros, mas todos sujeitos a certa forma de vassalagem para com os Portugueses. Só mais tarde é que Paulo Dias de Novais é oficialmente reconhecido pela primeira vez como Capitão-General e Governador do Reyno de Angola.
Em breve Paulo Dias de Novais rumou com destino às terras do Ndongo, em procura das legendárias minas de prata de Cambambe, ao longo do vale do Rio Quanza até à confluência do Rio Lucala, no lugar da Vila de Nossa Senhora da Vitória de Massangano, que viria a fundar em 1583. Paulo Dias de Novais faleceu a 9 de Maio de 1589 em Massangano, depois de ter vivido os últimos 14 anos da sua vida nas insalúbres terras de Angola, e foi sepultado em frente à Igreja de Nossa Senhora da Vitória, em Massangano, em túmulo de pedra, e as suas cinzas foram mais tarde transladadas para a Igreja dos Jesuítas em Luanda, pelo Governador Bento Banha Cardoso em 1609.
3. A Povoação de S. Paulo de Loanda
A escolha do local para a povoação de S.Paulo foi influenciada sobremaneira pela existência de um porto natural magnífico situado dentro de uma baía protegida por uma ilha, ideal para a navegação, de uma fonte de água potável (as águas do Poço da Maianga na (então) Lagoa dos Elefantes), e do morro de São Paulo (o morro onde mais tarde se passou a designar como Morro de S. Miguel , onde se construiu a Fortaleza de S. Miguel) com meios excelentes de defesa militar, junto ao mar e ligado ao plateau que se expandia para o interior. Foi no morro de São Paulo onde a primeira sede do governo e instalações militares portuguesas foram construídas, já que o morro oferecia meios de defesa superiores aos do local da foz do Cuanza, situado a cerca de dez léguas mais a Sul. A povoação de São Paulo de Loanda expandiu-se depois para a "Cidade Alta", onde se construiram as instalações para a administração civil e religiosa, como a camara municipal, a junta de fazenda, o tribunal, várias igrejas e conventos, e o Colégio dos Jesuítas. Os soldados e mercadores de escravos viviam na "Cidade Baixa", na área actual dos Coqueiros. O foral de cidade foi concedido em 1605, quando se constituiu a primeira vereação municipal.
O nome da povoação original era de Vila de S. Paulo, fundada por Paulo Dias de Novais em 1576. O nome de S. Paulo deriva do nome do seu fundador, o Governador e Capitão General Paulo Dias de Novais, e também do nome do soba Paulo Manicabunga, nesse tempo "a quem de direito pertencia todas estas terras que confinam com Angola". Contrariamente à tese de alguns estudiosos, o nome de S. Paulo não está relacionado com o dia de S. Paulo, que é 19 de Janeiro, já que nenhum acontecimento especial teve lugar nesse dia durante os primórdios da vida da Vila de S. Paulo.
Cedo o nome Loanda foi adicionado à vila, passando então a conhecer-se por S. Paulo de Loanda. Duarte Lopez, que esteve em Luanda entre 1578 e 1579, e relatado na sua obra por Fillipo Pigafetta "Relação do Reino do Congo e das Terras Circunvizinhas" (página 33) é quem primeiro nos revela o significado do termo "Loanda", em relação à Ilha de Luanda, cordão sedimentar de cerca de léguas, a norte da foz do Rio Cuanza, e formada por este, inicialmente conhecida como Ilha das Cabras, que "quere dizer naquela língua, terra baixa, sem montes e baixa, que ela pouco se levanta sobre o Oceano e é feita de areia e vaza do mar e do Rio Cuanza".
4. O Termo "Loanda"
Porém, o termo "Loanda" serve também para designar tributo, o que levou o Dr. José Pereira do Nascimento nos princípios do Século XX a afirmar que "o nome Loanda (cidade) significa tributo que os antigos moradores pagavam ao Rei do Congo com búzio, zimbo apanhado na ila do mesmo nome."
De acordo com Carlos Alberto Lopes Cardoso na sua obra "Os Axiluanda", publicado em Luanda pela Editorial Culturang, sem data certa (1971 ou 1972), "Os Luanda (tributários), como parece terem sido conhecidos os primitivos naturais da Ilha de Luanda, além da recolha do njimbu praticavam a pesca com redes rudimentares e daí lhes provém o nome Axiluanda (lançadores de rede), senão vejamos: «com o decorrer dos tempos, e pela lei de analogia, que a filosofia admite no estudo de qualquer língua, o nome Luanda estendeu-se às redes de pesca, e depois a toda a espécie de redes, tal como aconteceu com o termo mundele que, significando primitivamente homem branco, passou mais tarde a designar também, sobretudo fora de Luanda, todo e qualquer indivíduo, sem distinção de cor ou raça, que pelos seus usos e costumes se assemelha aos europeus» (Lourenço Marques da Conceição - "Porque se escreve Luanda com "U", Tipografia da Missão Católica de Luanda, Luanda, 1943, página 45."
Com a reconquista de de Angola e a expulsão dos Holandeses de Angola em 1648 pela esquadra luso-brasileira sob o comando de Salvador Correia de Sá e Benevides, o nome da cidade foi mudado para "S. Paulo da Assumpção de Loanda", porque o antigo nome de Loanda tinha muita parecença com "Holanda", e em memória de Nossa Senhora da Assunção, em cujo dia (15 de Agosto de 1648) se restaurou o domínio Português sobre a colónia de Angola, e hoje feriado municipal.
Ainda de acordo com Carlos Alberto Lopes Cardoso, só em Abril de 1927 é que "Loanda" passou a "Luanda", e graças ao esforço do Padre Ruela Pombo, grande estudioso da História de Angola, quando o Governo Geral assim o determinou como uso oficial e obrigatório, o que vinha sendo advogado pela elite intelectual angolense desde os princípios do Século.
5. Loanda Escrita com "O"
Pelo seu interesse, passo a transcrever aqui as notas de Manuel da Costa Lobo, na sua obra "Subsídios para a História de Luanda", edição do autor, Lisboa, 1967, páginas 207 e 208:
"Durante centenas de anos Luanda, limitada, por assim dizer, a meia dúzia de ruas, não tinha, por isso,necessidade de lhes dar designação oficial, sendo os seus vários pontos mais conhecidos pelos nomes dos bairros em que se situavam.
Assim, pelas relações antigas que se referem ao assunto, verifica-se que de Norte para Sul a esses bairros eram dadas as seguintes designações:
Quipacas - Onde está situada a estação da cidade baixa
Nazaré - Onde está a Igreja de Nª. Sª. da Nazaré
Bungo - Desde a Nazaré até à Caponta
Katomba - Onde foi o Largo António de Oliveira Cadornea
Mutamba - Actual Largo do Almirante Baptista de Andrade
Mazuika - Ficava nas traseiras da Igreja do Carmo
Kafaco - Onde hoje, a meio da Rua Luis de Camões, vem desembocar a rua que passava em frente ao Colégio das Irmãs de S. José de Cluny.
Maculusso - Situado no bairro deste nome. Maculusso é um termo do quimbundo que significa cruzes. Era o lugar onde noutros tempos se enterravam os indígenas e se punham as cruzes sepulcrais.
Ingombotas - Localizado no bairro deste nome.
Sangandombe - Onde hoje é o bairro "Ferreiras", por detrás do edifício das Obras Públicas e onde, antigamente, viviam os indígenas oleiros que fabricavam bilhas debarro preto.
Quibando - Local onde estão edificadas as instalações do Nacional Cine Teatro.
Katari - Onde actualmente é o Largo do Pelourinho. Katari em quimbundo quer dizer lugar de suplício.
Remédios - Nas imediações da actual Sé Episcopal.
Quitanda - Lugar em que se situava a «Quitanda-Grande» defronte do actual Largo Luís Lopes de Sequeira.
Coqueiros - Localizado no bairro deste nome.
Terreiro - Onde fica hoje o Largo Infante D. Henrique.
S. Miguel - Nas proximidades da Fortaleza de S. Miguel.
Misericórdia - Nas imediações da actual Igreja de Nª. Sª. da Conceição.
Maianga - Localizado no bairro deste nome, atrás do Hospital."
O nome "Angola" tem raíz no termo "Ngola" que era título de um dos potentados Ambundos que existia no Antigo Reino do Ndongo, entre o Anzele, Ambaca e Pungo Andongo (nas actuais províncias do Bengo, Kwanza Norte, Kwanza Sul e Malange) no tempo do início da expansão da influência dos portugueses sobre o Antigo Reino de Ndongo, na segunda metade do Século XVI.
O termo "Ngola" tem por sua vez raíz no termo "Ngolo", o que em quimbundo (língua do povo Ambundo) significa "força", de acordo com o "Ensaio de Diccionário Kinbundu-Portuguez", preparado por Joaquim Dias Cordeiro da Matta, impresso na Typographia e Stereotypia Moderna da Casa Editora António Maria Pereira, e publicado em Lisboa no ano de 1893. O mesmo termo em quicongo significa "rigor, força, fortaleza, ou robustez". Os Portugueses depreenderam assim que o Ngola era aquele que tinha força, aquele que era poderoso.
Apesar de inicialmente o nome e título de Ngola se aplicar sómente aos potentados e região ao longo do curso superior dos rios Lucala e Cuanza, o uso do termo passou a aplicar-se a outras regiões e chefes vizinhos que viriam formar eventualmente o núcleo do domínio português na região. Aos chefes Ngola os Portugueses chamavam-nos "Ngola" e à região chamavam as "Terras do Ngola".
Desde então, as terras vizinhas ao longo dos rios Lucala e Cuanza, sob a tutela dos Ngola e mais tarde conquistadas pelos portugueses, passaram a ser chamadas e reconhecidas nos mapas e documentos oficiais da época como "Terras do Ngola", depois como "Terras d'Angola", e desde então a colónia portuguesa passou a chamar-se simplesmente "Angola".
Da mesma forma, e conforme Ferreira Diniz (Populações Indígenas de Angola, Imprensa da Universidade, Coimbra, 1918), o nome Ngola acabou por aplicar-se também a alguns grupos do povo Ambundo que ocupavam o mesmo território, incluindo os Ambaquistas, Golungos, Cabires e Dondos, que habitavam a região entre os rios Cuanza, Lifune e Zenza, e que se estendia até aos rios Cuiji (afluente do Cuango) e Gola Luige (afluente do Lucala).
2. Paulo Dias de Novais e o Reyno de Angola
Paulo Dias de Novais passou cinco anos de cativeiro na corte do legendário Rei de Ndongo Ngola Kiluanji, entre 1560 e 1565, após os quais foi libertado com o auxílio "de uma princesa filha daquele rei" sob a promessa de ir a Portugal arranjar socorro militar contra a campanha iniciada por Kiloango-Kiacongo, um poderoso rival de Ngola Kiluanji. Paulo Dias de Novais saíu de Lisboa em 23 de Outubro de 1574 e chegou à Ilha das Cabras (Ilha de Luanda) a 20 de Fevereiro de 1575, onde 3xistiam cerca de sete povoados e onde encontrou sete barcos e cerca de 40 portugueses ricos do negócio negreiro, que se haviam refugiado dos Jagas e se encontravam lá vivendo; Os Portugueses já deviam de habitar na Ilha das Cabras já há alguns anos, pois nesta também encontrou uma igreja e um cura.
Paulo Dias de Novais manteve-se na Ilha de Luanda, onde recebeu uma embaixada do Rei Ngola Kiluanji Kiassamba a 29 de Junho de 1576, quando recebeu permissão deste para se mudar para terra firme, mais exactamente para o morro que chamou de São Paulo, onde fundou a povoação de São Paulo de Loanda, como porto negreiro e baluarte militar português próximo da foz do Rio Cuanza.
Era nas areias das praias da Ilha das Cabras, berço do povo Muxiluanda, que os oficiais do Manicongo (o Rei do Congo) recolhiam os Zimbos (conchas de búzios pequenos), que serviam de moeda corrente para transacções comerciais nas feiras muito activas nas feiras no interior das províncias do Antigo Reino do Congo.
Durante séculos, Luanda foi o porto negreiro mais importante da costa atlântica de África. Os escravos eram guardados em áreas cercadas (currais) situadas na área actual das Ingombotas, durante a espera de embarque para o Novo Mundo. O primeiro cemitério foi situado na área imediatamente a montante (acima) das Ingombotas, onde as campas razas eram assinaladas com cruzes. Os corpos dos escravos que morriam nos currais durante esta espera de embarque para a Passagem do Meio, que podia demorar muitos meses, eram levados para a área do Maculusso (área das cruzes - de "cruces"/ ""klusses"), imediatamente a montante das Ingombotas, onde eram sepultados ou, em muitos casos, simplesmente deixados como alimento às hienas, leões e outros animais selvagens que por aí rondavam em procura de alimento.
No seu regresso às terras de Ngola Kiluanji, Paulo Dias de Novais vinha munido de uma Carta de Donataria conferida em 1571 por El-Rei D. Sebastião de Portugal, em que era reconhecido como "Governador e Capitão-Mor, conquistador e povoador do Reyno de Sebaste na Conquista da Etiópia ou Guiné Inferior.", sendo até essa data a região conhecida como "Terras do Sebaste", em honra de El-Rei D. Sebastião. A carta de doação era baseada no modelo das cartas de doação das capitanias brasileiras, que tinham sido usadas sem grande sucesso na colonização do Brasil, algumas décadas antes. A carta de donataria requeria a expansão do território para norte até às margens do Rio Dande (Bengo) e para sul e para o interior ao longo do curso do Rio Cuanza.
Este foi o primeiro documento oficial em que os Portugueses fazem referência e designam a região por Reyno de Angola, quando de facto tal termo se referisse mais a um conjunto de potentados locais e regionais e não a um só potentado em particular, relativamente independentes uns dos outros, mas todos sujeitos a certa forma de vassalagem para com os Portugueses. Só mais tarde é que Paulo Dias de Novais é oficialmente reconhecido pela primeira vez como Capitão-General e Governador do Reyno de Angola.
Em breve Paulo Dias de Novais rumou com destino às terras do Ndongo, em procura das legendárias minas de prata de Cambambe, ao longo do vale do Rio Quanza até à confluência do Rio Lucala, no lugar da Vila de Nossa Senhora da Vitória de Massangano, que viria a fundar em 1583. Paulo Dias de Novais faleceu a 9 de Maio de 1589 em Massangano, depois de ter vivido os últimos 14 anos da sua vida nas insalúbres terras de Angola, e foi sepultado em frente à Igreja de Nossa Senhora da Vitória, em Massangano, em túmulo de pedra, e as suas cinzas foram mais tarde transladadas para a Igreja dos Jesuítas em Luanda, pelo Governador Bento Banha Cardoso em 1609.
3. A Povoação de S. Paulo de Loanda
A escolha do local para a povoação de S.Paulo foi influenciada sobremaneira pela existência de um porto natural magnífico situado dentro de uma baía protegida por uma ilha, ideal para a navegação, de uma fonte de água potável (as águas do Poço da Maianga na (então) Lagoa dos Elefantes), e do morro de São Paulo (o morro onde mais tarde se passou a designar como Morro de S. Miguel , onde se construiu a Fortaleza de S. Miguel) com meios excelentes de defesa militar, junto ao mar e ligado ao plateau que se expandia para o interior. Foi no morro de São Paulo onde a primeira sede do governo e instalações militares portuguesas foram construídas, já que o morro oferecia meios de defesa superiores aos do local da foz do Cuanza, situado a cerca de dez léguas mais a Sul. A povoação de São Paulo de Loanda expandiu-se depois para a "Cidade Alta", onde se construiram as instalações para a administração civil e religiosa, como a camara municipal, a junta de fazenda, o tribunal, várias igrejas e conventos, e o Colégio dos Jesuítas. Os soldados e mercadores de escravos viviam na "Cidade Baixa", na área actual dos Coqueiros. O foral de cidade foi concedido em 1605, quando se constituiu a primeira vereação municipal.
O nome da povoação original era de Vila de S. Paulo, fundada por Paulo Dias de Novais em 1576. O nome de S. Paulo deriva do nome do seu fundador, o Governador e Capitão General Paulo Dias de Novais, e também do nome do soba Paulo Manicabunga, nesse tempo "a quem de direito pertencia todas estas terras que confinam com Angola". Contrariamente à tese de alguns estudiosos, o nome de S. Paulo não está relacionado com o dia de S. Paulo, que é 19 de Janeiro, já que nenhum acontecimento especial teve lugar nesse dia durante os primórdios da vida da Vila de S. Paulo.
Cedo o nome Loanda foi adicionado à vila, passando então a conhecer-se por S. Paulo de Loanda. Duarte Lopez, que esteve em Luanda entre 1578 e 1579, e relatado na sua obra por Fillipo Pigafetta "Relação do Reino do Congo e das Terras Circunvizinhas" (página 33) é quem primeiro nos revela o significado do termo "Loanda", em relação à Ilha de Luanda, cordão sedimentar de cerca de léguas, a norte da foz do Rio Cuanza, e formada por este, inicialmente conhecida como Ilha das Cabras, que "quere dizer naquela língua, terra baixa, sem montes e baixa, que ela pouco se levanta sobre o Oceano e é feita de areia e vaza do mar e do Rio Cuanza".
4. O Termo "Loanda"
Porém, o termo "Loanda" serve também para designar tributo, o que levou o Dr. José Pereira do Nascimento nos princípios do Século XX a afirmar que "o nome Loanda (cidade) significa tributo que os antigos moradores pagavam ao Rei do Congo com búzio, zimbo apanhado na ila do mesmo nome."
De acordo com Carlos Alberto Lopes Cardoso na sua obra "Os Axiluanda", publicado em Luanda pela Editorial Culturang, sem data certa (1971 ou 1972), "Os Luanda (tributários), como parece terem sido conhecidos os primitivos naturais da Ilha de Luanda, além da recolha do njimbu praticavam a pesca com redes rudimentares e daí lhes provém o nome Axiluanda (lançadores de rede), senão vejamos: «com o decorrer dos tempos, e pela lei de analogia, que a filosofia admite no estudo de qualquer língua, o nome Luanda estendeu-se às redes de pesca, e depois a toda a espécie de redes, tal como aconteceu com o termo mundele que, significando primitivamente homem branco, passou mais tarde a designar também, sobretudo fora de Luanda, todo e qualquer indivíduo, sem distinção de cor ou raça, que pelos seus usos e costumes se assemelha aos europeus» (Lourenço Marques da Conceição - "Porque se escreve Luanda com "U", Tipografia da Missão Católica de Luanda, Luanda, 1943, página 45."
Com a reconquista de de Angola e a expulsão dos Holandeses de Angola em 1648 pela esquadra luso-brasileira sob o comando de Salvador Correia de Sá e Benevides, o nome da cidade foi mudado para "S. Paulo da Assumpção de Loanda", porque o antigo nome de Loanda tinha muita parecença com "Holanda", e em memória de Nossa Senhora da Assunção, em cujo dia (15 de Agosto de 1648) se restaurou o domínio Português sobre a colónia de Angola, e hoje feriado municipal.
Ainda de acordo com Carlos Alberto Lopes Cardoso, só em Abril de 1927 é que "Loanda" passou a "Luanda", e graças ao esforço do Padre Ruela Pombo, grande estudioso da História de Angola, quando o Governo Geral assim o determinou como uso oficial e obrigatório, o que vinha sendo advogado pela elite intelectual angolense desde os princípios do Século.
5. Loanda Escrita com "O"
Pelo seu interesse, passo a transcrever aqui as notas de Manuel da Costa Lobo, na sua obra "Subsídios para a História de Luanda", edição do autor, Lisboa, 1967, páginas 207 e 208:
"Durante centenas de anos Luanda, limitada, por assim dizer, a meia dúzia de ruas, não tinha, por isso,necessidade de lhes dar designação oficial, sendo os seus vários pontos mais conhecidos pelos nomes dos bairros em que se situavam.
Assim, pelas relações antigas que se referem ao assunto, verifica-se que de Norte para Sul a esses bairros eram dadas as seguintes designações:
Quipacas - Onde está situada a estação da cidade baixa
Nazaré - Onde está a Igreja de Nª. Sª. da Nazaré
Bungo - Desde a Nazaré até à Caponta
Katomba - Onde foi o Largo António de Oliveira Cadornea
Mutamba - Actual Largo do Almirante Baptista de Andrade
Mazuika - Ficava nas traseiras da Igreja do Carmo
Kafaco - Onde hoje, a meio da Rua Luis de Camões, vem desembocar a rua que passava em frente ao Colégio das Irmãs de S. José de Cluny.
Maculusso - Situado no bairro deste nome. Maculusso é um termo do quimbundo que significa cruzes. Era o lugar onde noutros tempos se enterravam os indígenas e se punham as cruzes sepulcrais.
Ingombotas - Localizado no bairro deste nome.
Sangandombe - Onde hoje é o bairro "Ferreiras", por detrás do edifício das Obras Públicas e onde, antigamente, viviam os indígenas oleiros que fabricavam bilhas debarro preto.
Quibando - Local onde estão edificadas as instalações do Nacional Cine Teatro.
Katari - Onde actualmente é o Largo do Pelourinho. Katari em quimbundo quer dizer lugar de suplício.
Remédios - Nas imediações da actual Sé Episcopal.
Quitanda - Lugar em que se situava a «Quitanda-Grande» defronte do actual Largo Luís Lopes de Sequeira.
Coqueiros - Localizado no bairro deste nome.
Terreiro - Onde fica hoje o Largo Infante D. Henrique.
S. Miguel - Nas proximidades da Fortaleza de S. Miguel.
Misericórdia - Nas imediações da actual Igreja de Nª. Sª. da Conceição.
Maianga - Localizado no bairro deste nome, atrás do Hospital."
continua...
ricardonunes- Pontos : 3302
Re: Tomada de posição
6. O Reyno do Congo e a Ligação Terrestre Para o Preste João
É importante notar aqui que desde a sua chegada ao Congo em 1481 até à criação da colónia de Angola em 1575, os Portugueses estavam de facto mais preocupados em encontrar uma ligação directa e rápida entre a costa atlântica e as terras do Reino do Preste João (rei Cristão da Etiópia), de forma a encurtar a viagem de navegação à volta de África, que tanto risco e perda de vida causava aos Portugueses no seu comércio com a Índia. Assim, a incursão de Diogo Cão através do Rio Poderoso (Zaire) até às Quedas do Ielala, perto de Matadi, obedecia de facto a instruções secretas de procurar uma ligação pelo interior de África (através do Rio Zaire) até às famosas terras do Preste João. De facto, a toda esta região de África, os Portugueses chamaram inicialmente "Etiópia Inferior".
Em 1521 o Rei D. Manuel de Portugal conferiu ao explorador Gregório de Quadra o comando de uma expedição que tinha por objectivo a travessia para a outra costa, através do Rio Zaire até ao Grande Lago Central de África, de onde era fácil atingir as Terras do Preste João. Contudo, por razões de vária ordem, tal expedição nunca deixou o Zaire.
Em 1575, quase oitenta anos depois, o objectivo de ligar o Congo à Etiópia, ainda se manifestava oficialmente através do título oficial dado a Paulo Dias de Novais, como Governador e Capitão-Mor, conquistador e povoador do Reyno de Sebaste, na Conquista da Etiópia ou Guiné Inferior.
Ainda em 1591, Duarte Lopez, através da pena de Filippo Pigafetta, dizia na sua "Relação do Reino do Congo e das Terras Circunvizinhas" quando descrevia o Reino dos Anzicos: "O dito lado, portanto, fecha, [apartando-o] para a banda do Ponente, mais para o Oriente 150 milhas, corre o Nilo, encerrando uma região que abunda das cousas sobreditas, possuídas de vários Senhores, uns obedientes ao Preste João, [nosso sublinhado] e outros ao mui grande Rei Moenhemuge; em que afirmava não haver outra cousa mais que notar senão: do Nilo para Ocidente os povos comerciarem no Reino do Congo e nas ribeiras do seu mar; e os da banda de além, no Oriente, irem pelos reinos de Moenhumuge até ao pélago de Mombaça e de Moçambique.", em confirmação da tese do possível acesso directo às terras do Preste João a partir da foz do Zaire. (*Ver nota no fim deste post)
7. Manuel Cerveira Pereira e o Reyno de Benguella
A região de Benguela, antes da chegada dos Portugueses, era habitada por povos bantos criadores de gado, que tudo indica serem de ascendência Herero, vindos do Sul. De facto, a baía de Benguela foi durante muito tempo conhecida como Baía das Vacas, por lá os Portugueses terem avistado (e roubado) muito gado aos povovos da região. A região era ainda habitada por grupos nómadas de Khoisan, que há muito se tinham adaptado à secura da região.
O primeiro contacto dos Portugueses com a baía de Benguela teve lugar na segunda viagem de Diogo Cão, em 1493, que aí ancorou a 5 de Agosto e à qual deu o nome de Angra de Santa Maria. Ao Rio Catumbela, Diogo Cão deu o nome de Rio do Paúl.
De acordo com Gastão Sousa Dias na sua obra "Os Portugueses em Angola", edição da Agência Geral do Ultramar, Lisboa, 1959, p.p. 99 e 100, lembra-nos que em 1615 o Rei Filipe II de Portugal (e III de Espanha) separou o Reino de Benguela do governo de Angola "De meu poder real e absoluto, me praz e hei por bem,por esta presente provisão, a capitania, conquista e governo das províncias do dito Reino de Benguela [...] e por ela as erijo e ao dito reino em novo governo, para que de hoje em diante tenham separada a jurisdição e governador", nomeando como Governador, Conquistador e Povoador de Benguela ao mesmo tempo governador de Angola Manuel Cerveira Pereira.
O objectivo principal da criação da nova colónia era a procura e exploração eventual das minas de cobre do Sumbe Ambela, a norte da foz do Rio Cuvo (ou Queve), e a sul de Benguela-Velha, a primeira povoação portuguesa na região, mais tarde extinta, perto da actual cidade de Porto Amboím.
Manuel Cerveira Pereira deixou Luanda a 11 de Abril de 1617 à frente de uma expedição de 130 homens e rumou sul sempre ao longo da costa até que chegou à Baía das Vacas a 17 de Maio. Aí Manuel Cerveira Pereira fundou a povoação de S. Filipe de Benguela, que havia de ser a capital do novo domínio português a sul de Angola.
8. Adopção da Nomenclatura Dinástica e Nobiliárquica Portuguesa
Desde cedo os Portugueses chamaram "reis" aos chefes africanos, e desde cedo as nomenclaturas dinástica e nobiliárquica portuguesas foram adoptadas pelos potentados africanos, tornando-se comum o título de rei e de certos títulos nobiliárquicos como duque, marquês, conde e barão. A exemplo de Portugal, em que o Rei D. Manuel era "Rei de Portugal e dos Algarves, Senhor d'Aquém e d'Além Mar em África, etc. ...", o Rei D. Afonso I do Antigo Reino do Congo, intitulava-se "Por graça de Deus, Rey do Congo, e Ibundo, Cacongo e Ngoio, daquém e de além Zaire, Senhor dos Ambundos e de Angola, d'Aquissama e Musuaru, de Matamba e de Muílo, do Mussuco e dos Anzicos, da conquista de Pango Alumbo, etc..."
--- *** ---
9. Extracto do Artigo "N'Gola" da Autoria do Dr. José Redinha
Numa tentativa de encontrar a raíz e o percurso histórico do termo "Ngola", o Dr. José Redinha investigou a origem do termo e concluiu que o termo teria origem além Cuango. Pelo seu interesse, a seguir transcrevo vários trechos do seu artigo "Ngola", inserido no Boletim Cultural da Câmara Municipal de Luanda, Nº 23, Abril - Junho, 1969, páginas 25-31:
"Ngola é um nome, foi um título, e alastrou à designação de uma etnia: os Ngolas ou Angolas. Mais ainda, este nome expandiu às dimensões da Província, pois o seu nome Angola dele deriva.
No entanto, deste nome famoso não se sabe muito quanto ao esquema histórico. Sabe-se muito pouco quanto às suas origens que, com certeza, transbordam para além dos limites do território português.
Deste aspecto estamos certos, porque nós próprios pesquisámos e percorremos longos trechos dum caminho designado de Ngola, neste caso Ngola Tchiloanje tcha Samba, que penetrava na Província pela fronteira do Cassai. Por essa via marchou, com aguerrido bando, em épocas que parecem situar-se no Século XVI, aquele famoso chefe gentílico, saído da região de Samba, na Catanga Ocidental, com rumo à região e Malange. Até ao Cuango, pesquisámos-lhe o rasto, e um regime de tradição bastante coerente. Do Cuango para lá, para Oeste, não conseguimos nem obtivemos informes suficientemente explícitos, tudo se limitando à versão de que este chefe migrante se fixara a sul do actual Duque de Bragança (Calandula), numa área chamada Quinzama.
Temos assim algumas razões averiguadas em abono da afrimativa de que os Ngolas procedem de além fronteiras. É particularmente na região que decorre entre Pungo-Andongo e o Duque, que o complexo histórico dos Ngolas toma proporção, quer pelas suas relações com os sobas do Cuanza, quer pelas alianças com a Jinga.
Certo é que, Ngolas aureloados de prestígio e reputação guerreira desceram para o litoral, particularmente para o Cuanza, facto que levou os cronistas à repetida expressão de que «o Cuanza é o rio dos Muene Ngolas».
A guerra, a técnica e a política social seriam os grandes predicados destes Ngolas, entre os quais, pelo menos um deles terá atingido a posição de herói civilizador, em especial pelo seu conhecimento e divulgação das artes siderúrgicas, na zona litoral.
...
O nome Ngola encontra-se confusamente envolvido com o dos Jagas, chefes guerreiros, que assolaram Angola com temíveis hostes, a partir do Século XVI, apavorando com as suas correrias grande parte das populações da Província. Certo é que alguns antigos Ngolas usaram o título de Jaga, embora não esteja esclarecido em que medida o título correspondia a alguma entidade étnica ou grupal, ou constituía designação honorífica, e algumas vezes com solenidade, como aconteceu com Tchinguri em 1606 ou 1609, no Palácio dos Governadores, em Luanda.
Entre os Africanos, o nome de Ngola assumiu uma popularidade lendária e folclórica verdadeiramente notável. Desde dos arredores de Luanda, a Matamba (Duque de Bragança) a terra está assinalada por contos, anedotas, peripécias e aventuras relativas ao Ngola, e em Pungo-Andongo, o nome de alguns grandes monólitos evocam o remoto chefe gentílico, como por exemplo «Ngola Nganzo», que nos traduziram por «espelho do Ngola».
Este renome de Ngola, tanto se encontra na tradição oral, como nas páginas históricas: ao Ngola Inene, reinante em 1557, apontou Felner (**) como «o mais importante Soba dos Ambundos», acrescentando que a sorte o favoreceu tornando-o dia-a-dia mais poderoso.
Nas muitas lendas que envolvem o nome de Ngola, uma delas refere-se a uma espécie de caixa forte ou reduto, excepcionalmente resistente, e de tal sorte, que nunca ninguém o consegiu demolir. Conta-se também que, o facto do mar ser salgado é a consequência de uma vingança do Ngola, pois, tendo sido preso pelos Portugueses em Pungo-Andongo, para os acompanhar a Luanda, amarrou na ponta de um manto um punhado de sal gema das minas do Cuango, lançando-o à água logo que se aproximou da beira-mar.
...
Conforme ficou dito anteriormente, o nome de Ngola difunde-se aos povos que constituíram os mais lídimos grupos da sua jurisdição. Seriam grupos de povos litorânios e do próximo interior, entre eles, e talvez os mais numerosos, os Ambundos, que se alistaram no grupo de Ngola e se submeteram ao seu poder, passando a usar a designação de Ngolas, significado gente do Ngola. Trata-se de certo modo de uma designação aristocrática, distinguindo-se por ela dos restantes grupos avulsos de chefia fraca ou mesmo difusa.
Por outro lado, é de admtir que ao Ngola muito conviesse esta reorganização dos Ambundos em sua volta, e para engrossamento das suas hostes, contra os reis Congueses, com os quais se havia de bater fortemente na linha do Dande em 1556. Neles encontraria também bons aliados, ressentidos da sua expulsão do Congo, onde seriam ainda numerosos nos finais do Século XV.
...
A história de Ngola, nome de homen e título de chefe que usamos em síntese dos diversos Ngolas, é uma história cheia de interesse. É de crer que na figura de Ngola Inene, que em 1557 enviara embaixadores a D. João III de Portugal, se possa resumir o clã dos Ngolas.
Neste ou em outro a averiguar, deveríamos sintetizar o soberano do velho reino de Angola, e perpetuá-lo num monumento, talvez a par com Novais, recordando os seus encontros, a sua amizade, as suas alianças, até os seus desentendimentos. Além de tudo, e acima das circunstâncias variadas que caracterizaram as suas relações, são duas figuras interessantes de fundadores, na base da História de Angola.
A Câmara Municipal de Luanda, nos seus programas de obras de arte, bem podia incluir, para momento oportuno, a estátua do afamado rei dos Ngolas."
--- *** ---
10. Notas Importantes
(*) A tese da ligação por rio e terra entre o Congo e as Terras do Preste João através do Zaire pelo interior de África como um dos objectivos da estratégia da expansão Portuguesa na Bacia do Congo aqui desenvolvida, foi baseada num manuscrito não publicado de António Caldeira Lobato Torres, gentilmente cedido recentemente por sua filha Celeste Torres (a Letinha, da nossa SanzalAngola).
(**) ANGOLA - Apontamentos Sôbre a Ocupação e Início dos Estabelecimento dos Portugueses no Congo, Angola e Benguela (História Colonial dos Portugueses) extraídos de documentos históricos, coligidos por Alfredo de Albuquerque Felner, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1933.
posted by Xinguila | 5/28/2006 11:25:00 PM
É importante notar aqui que desde a sua chegada ao Congo em 1481 até à criação da colónia de Angola em 1575, os Portugueses estavam de facto mais preocupados em encontrar uma ligação directa e rápida entre a costa atlântica e as terras do Reino do Preste João (rei Cristão da Etiópia), de forma a encurtar a viagem de navegação à volta de África, que tanto risco e perda de vida causava aos Portugueses no seu comércio com a Índia. Assim, a incursão de Diogo Cão através do Rio Poderoso (Zaire) até às Quedas do Ielala, perto de Matadi, obedecia de facto a instruções secretas de procurar uma ligação pelo interior de África (através do Rio Zaire) até às famosas terras do Preste João. De facto, a toda esta região de África, os Portugueses chamaram inicialmente "Etiópia Inferior".
Em 1521 o Rei D. Manuel de Portugal conferiu ao explorador Gregório de Quadra o comando de uma expedição que tinha por objectivo a travessia para a outra costa, através do Rio Zaire até ao Grande Lago Central de África, de onde era fácil atingir as Terras do Preste João. Contudo, por razões de vária ordem, tal expedição nunca deixou o Zaire.
Em 1575, quase oitenta anos depois, o objectivo de ligar o Congo à Etiópia, ainda se manifestava oficialmente através do título oficial dado a Paulo Dias de Novais, como Governador e Capitão-Mor, conquistador e povoador do Reyno de Sebaste, na Conquista da Etiópia ou Guiné Inferior.
Ainda em 1591, Duarte Lopez, através da pena de Filippo Pigafetta, dizia na sua "Relação do Reino do Congo e das Terras Circunvizinhas" quando descrevia o Reino dos Anzicos: "O dito lado, portanto, fecha, [apartando-o] para a banda do Ponente, mais para o Oriente 150 milhas, corre o Nilo, encerrando uma região que abunda das cousas sobreditas, possuídas de vários Senhores, uns obedientes ao Preste João, [nosso sublinhado] e outros ao mui grande Rei Moenhemuge; em que afirmava não haver outra cousa mais que notar senão: do Nilo para Ocidente os povos comerciarem no Reino do Congo e nas ribeiras do seu mar; e os da banda de além, no Oriente, irem pelos reinos de Moenhumuge até ao pélago de Mombaça e de Moçambique.", em confirmação da tese do possível acesso directo às terras do Preste João a partir da foz do Zaire. (*Ver nota no fim deste post)
7. Manuel Cerveira Pereira e o Reyno de Benguella
A região de Benguela, antes da chegada dos Portugueses, era habitada por povos bantos criadores de gado, que tudo indica serem de ascendência Herero, vindos do Sul. De facto, a baía de Benguela foi durante muito tempo conhecida como Baía das Vacas, por lá os Portugueses terem avistado (e roubado) muito gado aos povovos da região. A região era ainda habitada por grupos nómadas de Khoisan, que há muito se tinham adaptado à secura da região.
O primeiro contacto dos Portugueses com a baía de Benguela teve lugar na segunda viagem de Diogo Cão, em 1493, que aí ancorou a 5 de Agosto e à qual deu o nome de Angra de Santa Maria. Ao Rio Catumbela, Diogo Cão deu o nome de Rio do Paúl.
De acordo com Gastão Sousa Dias na sua obra "Os Portugueses em Angola", edição da Agência Geral do Ultramar, Lisboa, 1959, p.p. 99 e 100, lembra-nos que em 1615 o Rei Filipe II de Portugal (e III de Espanha) separou o Reino de Benguela do governo de Angola "De meu poder real e absoluto, me praz e hei por bem,por esta presente provisão, a capitania, conquista e governo das províncias do dito Reino de Benguela [...] e por ela as erijo e ao dito reino em novo governo, para que de hoje em diante tenham separada a jurisdição e governador", nomeando como Governador, Conquistador e Povoador de Benguela ao mesmo tempo governador de Angola Manuel Cerveira Pereira.
O objectivo principal da criação da nova colónia era a procura e exploração eventual das minas de cobre do Sumbe Ambela, a norte da foz do Rio Cuvo (ou Queve), e a sul de Benguela-Velha, a primeira povoação portuguesa na região, mais tarde extinta, perto da actual cidade de Porto Amboím.
Manuel Cerveira Pereira deixou Luanda a 11 de Abril de 1617 à frente de uma expedição de 130 homens e rumou sul sempre ao longo da costa até que chegou à Baía das Vacas a 17 de Maio. Aí Manuel Cerveira Pereira fundou a povoação de S. Filipe de Benguela, que havia de ser a capital do novo domínio português a sul de Angola.
8. Adopção da Nomenclatura Dinástica e Nobiliárquica Portuguesa
Desde cedo os Portugueses chamaram "reis" aos chefes africanos, e desde cedo as nomenclaturas dinástica e nobiliárquica portuguesas foram adoptadas pelos potentados africanos, tornando-se comum o título de rei e de certos títulos nobiliárquicos como duque, marquês, conde e barão. A exemplo de Portugal, em que o Rei D. Manuel era "Rei de Portugal e dos Algarves, Senhor d'Aquém e d'Além Mar em África, etc. ...", o Rei D. Afonso I do Antigo Reino do Congo, intitulava-se "Por graça de Deus, Rey do Congo, e Ibundo, Cacongo e Ngoio, daquém e de além Zaire, Senhor dos Ambundos e de Angola, d'Aquissama e Musuaru, de Matamba e de Muílo, do Mussuco e dos Anzicos, da conquista de Pango Alumbo, etc..."
--- *** ---
9. Extracto do Artigo "N'Gola" da Autoria do Dr. José Redinha
Numa tentativa de encontrar a raíz e o percurso histórico do termo "Ngola", o Dr. José Redinha investigou a origem do termo e concluiu que o termo teria origem além Cuango. Pelo seu interesse, a seguir transcrevo vários trechos do seu artigo "Ngola", inserido no Boletim Cultural da Câmara Municipal de Luanda, Nº 23, Abril - Junho, 1969, páginas 25-31:
"Ngola é um nome, foi um título, e alastrou à designação de uma etnia: os Ngolas ou Angolas. Mais ainda, este nome expandiu às dimensões da Província, pois o seu nome Angola dele deriva.
No entanto, deste nome famoso não se sabe muito quanto ao esquema histórico. Sabe-se muito pouco quanto às suas origens que, com certeza, transbordam para além dos limites do território português.
Deste aspecto estamos certos, porque nós próprios pesquisámos e percorremos longos trechos dum caminho designado de Ngola, neste caso Ngola Tchiloanje tcha Samba, que penetrava na Província pela fronteira do Cassai. Por essa via marchou, com aguerrido bando, em épocas que parecem situar-se no Século XVI, aquele famoso chefe gentílico, saído da região de Samba, na Catanga Ocidental, com rumo à região e Malange. Até ao Cuango, pesquisámos-lhe o rasto, e um regime de tradição bastante coerente. Do Cuango para lá, para Oeste, não conseguimos nem obtivemos informes suficientemente explícitos, tudo se limitando à versão de que este chefe migrante se fixara a sul do actual Duque de Bragança (Calandula), numa área chamada Quinzama.
Temos assim algumas razões averiguadas em abono da afrimativa de que os Ngolas procedem de além fronteiras. É particularmente na região que decorre entre Pungo-Andongo e o Duque, que o complexo histórico dos Ngolas toma proporção, quer pelas suas relações com os sobas do Cuanza, quer pelas alianças com a Jinga.
Certo é que, Ngolas aureloados de prestígio e reputação guerreira desceram para o litoral, particularmente para o Cuanza, facto que levou os cronistas à repetida expressão de que «o Cuanza é o rio dos Muene Ngolas».
A guerra, a técnica e a política social seriam os grandes predicados destes Ngolas, entre os quais, pelo menos um deles terá atingido a posição de herói civilizador, em especial pelo seu conhecimento e divulgação das artes siderúrgicas, na zona litoral.
...
O nome Ngola encontra-se confusamente envolvido com o dos Jagas, chefes guerreiros, que assolaram Angola com temíveis hostes, a partir do Século XVI, apavorando com as suas correrias grande parte das populações da Província. Certo é que alguns antigos Ngolas usaram o título de Jaga, embora não esteja esclarecido em que medida o título correspondia a alguma entidade étnica ou grupal, ou constituía designação honorífica, e algumas vezes com solenidade, como aconteceu com Tchinguri em 1606 ou 1609, no Palácio dos Governadores, em Luanda.
Entre os Africanos, o nome de Ngola assumiu uma popularidade lendária e folclórica verdadeiramente notável. Desde dos arredores de Luanda, a Matamba (Duque de Bragança) a terra está assinalada por contos, anedotas, peripécias e aventuras relativas ao Ngola, e em Pungo-Andongo, o nome de alguns grandes monólitos evocam o remoto chefe gentílico, como por exemplo «Ngola Nganzo», que nos traduziram por «espelho do Ngola».
Este renome de Ngola, tanto se encontra na tradição oral, como nas páginas históricas: ao Ngola Inene, reinante em 1557, apontou Felner (**) como «o mais importante Soba dos Ambundos», acrescentando que a sorte o favoreceu tornando-o dia-a-dia mais poderoso.
Nas muitas lendas que envolvem o nome de Ngola, uma delas refere-se a uma espécie de caixa forte ou reduto, excepcionalmente resistente, e de tal sorte, que nunca ninguém o consegiu demolir. Conta-se também que, o facto do mar ser salgado é a consequência de uma vingança do Ngola, pois, tendo sido preso pelos Portugueses em Pungo-Andongo, para os acompanhar a Luanda, amarrou na ponta de um manto um punhado de sal gema das minas do Cuango, lançando-o à água logo que se aproximou da beira-mar.
...
Conforme ficou dito anteriormente, o nome de Ngola difunde-se aos povos que constituíram os mais lídimos grupos da sua jurisdição. Seriam grupos de povos litorânios e do próximo interior, entre eles, e talvez os mais numerosos, os Ambundos, que se alistaram no grupo de Ngola e se submeteram ao seu poder, passando a usar a designação de Ngolas, significado gente do Ngola. Trata-se de certo modo de uma designação aristocrática, distinguindo-se por ela dos restantes grupos avulsos de chefia fraca ou mesmo difusa.
Por outro lado, é de admtir que ao Ngola muito conviesse esta reorganização dos Ambundos em sua volta, e para engrossamento das suas hostes, contra os reis Congueses, com os quais se havia de bater fortemente na linha do Dande em 1556. Neles encontraria também bons aliados, ressentidos da sua expulsão do Congo, onde seriam ainda numerosos nos finais do Século XV.
...
A história de Ngola, nome de homen e título de chefe que usamos em síntese dos diversos Ngolas, é uma história cheia de interesse. É de crer que na figura de Ngola Inene, que em 1557 enviara embaixadores a D. João III de Portugal, se possa resumir o clã dos Ngolas.
Neste ou em outro a averiguar, deveríamos sintetizar o soberano do velho reino de Angola, e perpetuá-lo num monumento, talvez a par com Novais, recordando os seus encontros, a sua amizade, as suas alianças, até os seus desentendimentos. Além de tudo, e acima das circunstâncias variadas que caracterizaram as suas relações, são duas figuras interessantes de fundadores, na base da História de Angola.
A Câmara Municipal de Luanda, nos seus programas de obras de arte, bem podia incluir, para momento oportuno, a estátua do afamado rei dos Ngolas."
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10. Notas Importantes
(*) A tese da ligação por rio e terra entre o Congo e as Terras do Preste João através do Zaire pelo interior de África como um dos objectivos da estratégia da expansão Portuguesa na Bacia do Congo aqui desenvolvida, foi baseada num manuscrito não publicado de António Caldeira Lobato Torres, gentilmente cedido recentemente por sua filha Celeste Torres (a Letinha, da nossa SanzalAngola).
(**) ANGOLA - Apontamentos Sôbre a Ocupação e Início dos Estabelecimento dos Portugueses no Congo, Angola e Benguela (História Colonial dos Portugueses) extraídos de documentos históricos, coligidos por Alfredo de Albuquerque Felner, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1933.
posted by Xinguila | 5/28/2006 11:25:00 PM
ricardonunes- Pontos : 3302
Re: Tomada de posição
Existe uma obra fundamental, "A História de Angola", de Ralph Delgado, que creio que se encontra completamente esgotada. Não fora uma obra demasiadamente longa (5 volumosos livros) e teria o maior prazer em o transcrever. Foi oferecida pelo autor ao meu pai e eu herdeio-os. Podemos aí constatar a divisão admnistrativa, rácica, religiosa e linguística que os pilotos portugueses foram encontrar. E o crime que consistiu uma nova divisão administrativa imposta pelo Tratado de Berlim, feita a regua e esquadro, não respeitando minimamente as etnias, línguas e culturas. Como exemplo temos o reino do Congo que incluía parte norte de Angola, uma parte grande do Zaire e o Congo ex-francês. Claro que essa divisão favorecia os colonizadores. Criaram devisões internas que eram exploradas pelos colonos. Sobretudo na caça a membros de tribos inimigos para serem exportados como escravos. E assim, melhor reinavam. Ainda hoje se paga muito caro as lutas tribais que se verificam. Pulhices do colonizador....
Viriato- Pontos : 16657
Re: Tomada de posição
OS RACISTAS, veem RACISMO por todo o lado. TEEM COMPLEXOS!! E SAO DESCONFIADOS. EU GRACAS A DEUS, nao poderia viver neste PAIS e ser RACISTA, . DOU-ME com todos. PRETOS, BRANCOS, INDIOS, CHINAS etc. Tenho empregados de quase todos os PAISES!
RONALDO ALMEIDA- Pontos : 10367
Re: Tomada de posição
RONALDO ALMEIDA escreveu:OS RACISTAS, veem RACISMO por todo o lado. TEEM COMPLEXOS!! E SAO DESCONFIADOS. EU GRACAS A DEUS, nao poderia viver neste PAIS e ser RACISTA, . DOU-ME com todos. PRETOS, BRANCOS, INDIOS, CHINAS etc. Tenho empregados de quase todos os PAISES!
Se ainda não percebeu, aqui fala-se de Angola, sua história e desenvolvimento, até aos nossos dias. Os seus gostos pessoais não entram, nem interessam, Guarde-os para si
Sam, ligue o aspirador, se não se importa.
eheheheheheheheh
Joao Ruiz- Pontos : 32035
Re: Tomada de posição
Viriato escreveu:Existe uma obra fundamental, "A História de Angola", de Ralph Delgado, que creio que se encontra completamente esgotada. Não fora uma obra demasiadamente longa (5 volumosos livros) e teria o maior prazer em o transcrever. Foi oferecida pelo autor ao meu pai e eu herdeio-os. Podemos aí constatar a divisão admnistrativa, rácica, religiosa e linguística que os pilotos portugueses foram encontrar. E o crime que consistiu uma nova divisão administrativa imposta pelo Tratado de Berlim, feita a regua e esquadro, não respeitando minimamente as etnias, línguas e culturas. Como exemplo temos o reino do Congo que incluía parte norte de Angola, uma parte grande do Zaire e o Congo ex-francês. Claro que essa divisão favorecia os colonizadores. Criaram devisões internas que eram exploradas pelos colonos. Sobretudo na caça a membros de tribos inimigos para serem exportados como escravos. E assim, melhor reinavam. Ainda hoje se paga muito caro as lutas tribais que se verificam. Pulhices do colonizador....
acho que lemos o mesmo calhamaço em que o Churchill com o mapa mundo em cima da mesa e depois da combinaçao com o russo abandona a sala
Ele volta atras agarra nos mapas todos e queima-os dizendo
Se souberam os povos vao verificar que dois FDP os Fªªªª*ªªª
Admin- Admin
- Pontos : 5709
Re: Tomada de posição
Por Sugestao de Ruiz os dois topicos foram fundidos num só
Acho que o tema Angola ainda nao foi mal coçado e ha pessoal interressado em escova-lo
Todas as sugestoes como veem vindo de onde vierem sao analisadas com o chamado bom senso
ás vezes é a olho mas sempre com o sensus
Acho que o tema Angola ainda nao foi mal coçado e ha pessoal interressado em escova-lo
Todas as sugestoes como veem vindo de onde vierem sao analisadas com o chamado bom senso
ás vezes é a olho mas sempre com o sensus
Admin- Admin
- Pontos : 5709
Re: Tomada de posição
Parabéns à Administração por esta decisão.
E vamos lá ver se é possível manter este tópico sem os "eu, eu, eu e mais eu".
Viriato, também não é preciso transcrever os cinco calhamaços. Com um cheirinho, aqui a gente já agradece.
E vamos lá ver se é possível manter este tópico sem os "eu, eu, eu e mais eu".
Viriato, também não é preciso transcrever os cinco calhamaços. Com um cheirinho, aqui a gente já agradece.
LJSMN- Pontos : 1769
Re: Tomada de posição
Caro Sam. Não é fácil condensar 5 calhamaços. Mas prometo relê-los e aqui deixar testemunho das passagens mais importantes. Se a referi foi somente para desfazer aquela ideia parva que, quando lá chegámos não havia ninguém (tirando os macacos como um nosso ilustre colega os apelida), mas sim uma (uma não, várias culturas) com língua, cultura, hábitos e direito a existirem. A obra começa com D.João III e termina cerca dos anos 60 do século passado, altura em que morre.
Ralph Delgado, filho do governador distrital do Bié, em antigos carros boers, percorre todo o território. E constata, que dada a diversidade de costumes, ódios, alianças pontuais, uma das soluções seria criar uma cidade no centro do território, Nova Lisboa, que seria não só capital de Angola como do entendido império colonial portugês. Essa ideia partiu de Norton de Matos, o homem mais visionário que passou por Angola, e tal modo visionário que Salazar teve medo. Ele que não passou de Salamanca e ás escondidas.
O projecto ficou-se pela criação de Nova Lisboa, hoje Huambo, mas tudo o mais foi esquecido... No entanto, Norton de Matos deixou obra. A rede de estradas (mais picadas que estradas) existente nos anos 60 foram obra sua. Só depois, com a guerra, alguma coisa se desenvolveu. Voltarei ao tema...
Ralph Delgado, filho do governador distrital do Bié, em antigos carros boers, percorre todo o território. E constata, que dada a diversidade de costumes, ódios, alianças pontuais, uma das soluções seria criar uma cidade no centro do território, Nova Lisboa, que seria não só capital de Angola como do entendido império colonial portugês. Essa ideia partiu de Norton de Matos, o homem mais visionário que passou por Angola, e tal modo visionário que Salazar teve medo. Ele que não passou de Salamanca e ás escondidas.
O projecto ficou-se pela criação de Nova Lisboa, hoje Huambo, mas tudo o mais foi esquecido... No entanto, Norton de Matos deixou obra. A rede de estradas (mais picadas que estradas) existente nos anos 60 foram obra sua. Só depois, com a guerra, alguma coisa se desenvolveu. Voltarei ao tema...
Viriato- Pontos : 16657
Re: Tomada de posição
Já há muito tempo, quando Viriato não era Viriato e Ronaldo não era Ronaldo, que sugeri que não fosse dada corda a uma pessoa que não dizia senão alarvidades.
Não fui entendido e Viriato vem dizer que vai fazer aquilo que, devido à sua impulsividade, não foi capaz de fazer até agora.
Esta posição de Viriato, será para manter?
Não fui entendido e Viriato vem dizer que vai fazer aquilo que, devido à sua impulsividade, não foi capaz de fazer até agora.
Esta posição de Viriato, será para manter?
Vagueante- Pontos : 1698
Re: Tomada de posição
Vagueante escreveu:Já há muito tempo, quando Viriato não era Viriato e Ronaldo não era Ronaldo, que sugeri que não fosse dada corda a uma pessoa que não dizia senão alarvidades.
Não fui entendido e Viriato vem dizer que vai fazer aquilo que, devido à sua impulsividade, não foi capaz de fazer até agora.
Esta posição de Viriato, será para manter?
Pelo menos vou tentar.....
Viriato- Pontos : 16657
Re: Tomada de posição
O meu cunhado e preto, DO BRASIL. O outro E JUDEU. Os MAIORES AMIGOS da minha filha e filho , sao EGIPCIOS. Tenho GRANDES AMIGOS PALESTINOS. Um dos meus maiores amigos em ORLANDO e PRETO. As minhas FESTAS sao cheias de gente de todos os PAISES. Acabo de contratar um rapaz ANGOLANO, umas semanas atraz. RACISTA, EU? Uma ABSURDIDADE!
RONALDO ALMEIDA- Pontos : 10367
Re: Tomada de posição
RONALDO ALMEIDA escreveu:O meu cunhado e preto, DO BRASIL. O outro E JUDEU. Os MAIORES AMIGOS da minha filha e filho , sao EGIPCIOS. Tenho GRANDES AMIGOS PALESTINOS. Um dos meus maiores amigos em ORLANDO e PRETO. As minhas FESTAS sao cheias de gente de todos os PAISES. Acabo de contratar um rapaz ANGOLANO, umas semanas atraz. RACISTA, EU? Uma ABSURDIDADE!
Ronaldo, este tópico não é acerca de ti, nem dos teus cunhados, nem dos teus amigos, nem das tuas festas, nem dos teus empregados, nem das tuas semanas, nem dos teus absurdos. Nem sequer é acerca de racistas.
É acerca da história de África e de Angola e do racismo que lhe está associado. Já conseguiste perceber a diferença? Que tal um bocado de TPC e postar aqui alguma coisa de jeito?
LJSMN- Pontos : 1769
Re: Tomada de posição
e depois, de novo com a guerra a coisa ficou toda destruida. mas enfim jah esta tudo de novo no bom (o melhor possível...) caminho.Viriato escreveu: Só depois, com a guerra, alguma coisa se desenvolveu. Voltarei ao tema...
eh pah oh samar kuando eh k vais perceber k o ppl nao ker saber disso p nada e dizer k ha 500 anos em angola soh havia macados eh uma barbaridade, heim??? pk eh k nao abres um topico a falar da tua familia e dos teus amigos e assim soh o ppl k estiver interessado eh k lah vai, heim??ron escreveu:O meu cunhado e preto, DO BRASIL. O outro E JUDEU. Os MAIORES AMIGOS da minha filha e filho , sao EGIPCIOS. Tenho GRANDES AMIGOS PALESTINOS. Um dos meus maiores amigos em ORLANDO e PRETO. As minhas FESTAS sao cheias de gente de todos os PAISES. Acabo de contratar um rapaz ANGOLANO, umas semanas atraz. RACISTA, EU? Uma ABSURDIDADE!
eh pah sam acho k nunca nos chegamos a conhecer, eu jah tive escamas e sofria de atakes de riso por causa de um problema de gas hilariante, mas fui ao medico e agora a coisa ta melhor, mas olha tu nao es do tempo em k o ronaldo era samar e muito antes disso outras coisas fantasticas, mas o k te kero dizer eh k nao lhe peças coisas de jeito k senao vamos ter uma invasao de posts de mansoes e torres da florida pah ehehehsam escreveu:Que tal um bocado de TPC e postar aqui alguma coisa de jeito?
Terminator- Pontos : 2544
Re: Tomada de posição
Sam escreveu:RONALDO ALMEIDA escreveu:O meu cunhado e preto, DO BRASIL. O outro E JUDEU. Os MAIORES AMIGOS da minha filha e filho , sao EGIPCIOS. Tenho GRANDES AMIGOS PALESTINOS. Um dos meus maiores amigos em ORLANDO e PRETO. As minhas FESTAS sao cheias de gente de todos os PAISES. Acabo de contratar um rapaz ANGOLANO, umas semanas atraz. RACISTA, EU? Uma ABSURDIDADE!
Ronaldo, este tópico não é acerca de ti, nem dos teus cunhados, nem dos teus amigos, nem das tuas festas, nem dos teus empregados, nem das tuas semanas, nem dos teus absurdos. Nem sequer é acerca de racistas.
É acerca da história de África e de Angola e do racismo que lhe está associado. Já conseguiste perceber a diferença? Que tal um bocado de TPC e postar aqui alguma coisa de jeito?
SO ESTOU A RESPONDER AS ACUSACOES DO SR. VIRIATO de que sou RACISTA E NAZI E SEI LA MAIS O QUE!!
RONALDO ALMEIDA- Pontos : 10367
Re: Tomada de posição
Terminator escreveu:e depois, de novo com a guerra a coisa ficou toda destruida. mas enfim jah esta tudo de novo no bom (o melhor possível...) caminho.Viriato escreveu: Só depois, com a guerra, alguma coisa se desenvolveu. Voltarei ao tema...eh pah oh samar kuando eh k vais perceber k o ppl nao ker saber disso p nada e dizer k ha 500 anos em angola soh havia macados eh uma barbaridade, heim??? pk eh k nao abres um topico a falar da tua familia e dos teus amigos e assim soh o ppl k estiver interessado eh k lah vai, heim??ron escreveu:O meu cunhado e preto, DO BRASIL. O outro E JUDEU. Os MAIORES AMIGOS da minha filha e filho , sao EGIPCIOS. Tenho GRANDES AMIGOS PALESTINOS. Um dos meus maiores amigos em ORLANDO e PRETO. As minhas FESTAS sao cheias de gente de todos os PAISES. Acabo de contratar um rapaz ANGOLANO, umas semanas atraz. RACISTA, EU? Uma ABSURDIDADE!eh pah sam acho k nunca nos chegamos a conhecer, eu jah tive escamas e sofria de atakes de riso por causa de um problema de gas hilariante, mas fui ao medico e agora a coisa ta melhor, mas olha tu nao es do tempo em k o ronaldo era samar e muito antes disso outras coisas fantasticas, mas o k te kero dizer eh k nao lhe peças coisas de jeito k senao vamos ter uma invasao de posts de mansoes e torres da florida pah ehehehsam escreveu:Que tal um bocado de TPC e postar aqui alguma coisa de jeito?
so faltavas CA tu PARA ME ENXOFRINHAR A VIDA.
RONALDO ALMEIDA- Pontos : 10367
Re: Tomada de posição
João Ruiz escreveu:Faço minhas a as palavras do orador antecedente
o rebanho......................
RONALDO ALMEIDA- Pontos : 10367
Re: Tomada de posição
Terminator escreveu:e depois, de novo com a guerra a coisa ficou toda destruida. mas enfim jah esta tudo de novo no bom (o melhor possível...) caminho.Viriato escreveu: Só depois, com a guerra, alguma coisa se desenvolveu. Voltarei ao tema...eh pah oh samar kuando eh k vais perceber k o ppl nao ker saber disso p nada e dizer k ha 500 anos em angola soh havia macados eh uma barbaridade, heim??? pk eh k nao abres um topico a falar da tua familia e dos teus amigos e assim soh o ppl k estiver interessado eh k lah vai, heim??ron escreveu:O meu cunhado e preto, DO BRASIL. O outro E JUDEU. Os MAIORES AMIGOS da minha filha e filho , sao EGIPCIOS. Tenho GRANDES AMIGOS PALESTINOS. Um dos meus maiores amigos em ORLANDO e PRETO. As minhas FESTAS sao cheias de gente de todos os PAISES. Acabo de contratar um rapaz ANGOLANO, umas semanas atraz. RACISTA, EU? Uma ABSURDIDADE!eh pah sam acho k nunca nos chegamos a conhecer, eu jah tive escamas e sofria de atakes de riso por causa de um problema de gas hilariante, mas fui ao medico e agora a coisa ta melhor, mas olha tu nao es do tempo em k o ronaldo era samar e muito antes disso outras coisas fantasticas, mas o k te kero dizer eh k nao lhe peças coisas de jeito k senao vamos ter uma invasao de posts de mansoes e torres da florida pah ehehehsam escreveu:Que tal um bocado de TPC e postar aqui alguma coisa de jeito?
O tema é interessante
nao conheço Angola mas sinto com a experiencia que tenho do Brasil que Angola esta agora mais do que nunca dependente de Portugal por afinidades longínquas
Ou seja entre o colonizado e o colonizante existe sempre uma relação amor ódio com altos e baixos
Com angola invadida por tudo o que é povo gente e cheiro a a cacau verifica-se que todos os partidos no Governo ou desgovernados olham para angola com olhos colonizante ( agora numa boa )
Admin- Admin
- Pontos : 5709
Re: Tomada de posição
Tiques racistas
A Zulmira, caboverdiana chegada há 1 ano para acompanhar a minha sogra que com noventas e tais precisa de apoio, têm-se integrado bem em Portugal. Já não é uma criança e tem 5 filhos. Simpática, afável e boa profissional. Sou muito amiga dela. Perguntei-lhe ontém. "Depois de um ano aqui, D. Zulmira, o que tem a dizer?". Ela pensou, pensou e respondeu-me. "Não compreendo porque toda a gente me trata por tu, se eu os trato por senhora ou senhor".
Não é um pecado capital. Há, infelizmente, manifestações muito mais hostis. Até quem tenha dúvidas se são humanos ou macacos. Mas são esses tiques que ainda marcam uma formação enraizada de muitos anos. Mas achaei curiosa a observação.
A Zulmira, caboverdiana chegada há 1 ano para acompanhar a minha sogra que com noventas e tais precisa de apoio, têm-se integrado bem em Portugal. Já não é uma criança e tem 5 filhos. Simpática, afável e boa profissional. Sou muito amiga dela. Perguntei-lhe ontém. "Depois de um ano aqui, D. Zulmira, o que tem a dizer?". Ela pensou, pensou e respondeu-me. "Não compreendo porque toda a gente me trata por tu, se eu os trato por senhora ou senhor".
Não é um pecado capital. Há, infelizmente, manifestações muito mais hostis. Até quem tenha dúvidas se são humanos ou macacos. Mas são esses tiques que ainda marcam uma formação enraizada de muitos anos. Mas achaei curiosa a observação.
Viriato- Pontos : 16657
Re: Tomada de posição
A descolonização exemplar
Passaram-se 35 anos após as descolonizações, as feridas secaram e já existe um período suficientemente longo de projecção histórica dos acontecimentos. Já se pode falar de uma forma desapaixonada. E como declaração de interesses, na minha família, a descolonização foi duplamente penosa. Por bens perdidos e porque o meu pai, que trabalhava para uma empresa inglesa (CFB) posteriormente nacionalizada, cancelaram-lhe a reforma.
Mas considero que a descolonização dificilmente poderia ser outra. Salazar, ao arrepio do resto do mundo, nunca compreendeu que os impérios tinham os dias contados. Eram rejeitados pelos povos e pelos governos de todo mundo. Por todos. Da URSS á EUA.
Por acaso até se poderia tentar uma via diferente. Entre os líderes dos movimentos de libertação figuravam homens de grande qualidade e vontade de uma solução que preservasse minimamente uma unidade lusófona. E refiro-me a Amílcar Cabral e Mondlane. Neto escapava um pouco a essas posições, talvez porque a aliança entre o governo e a UNITA lhe fosse difícil de engolir. Claro que, dada a tacanhez de espírito do Botas, a primeira coisa que fez foi eliminar ou colaborar na eliminação desses líderes.
O 25 de Abril dá-se, em parte, por motivos corporativistas. Mas sempre ligados á guerra. A malha profissional do nosso exército não aguentava a extensão da mesma. Tiveram que aproveitar os milicianos e promovê-los ao equivalente aos oficiais do quadro. Um miliciano, com um curso de 6 meses passava a emparceirar com um oficial de 4 ou 5 anos de Academia.
Outras das causas da Revolução foi a rotatividade com que os militares profissionais faziam comissões. Homens de 30 anos eram frequentes terem já 3 comissões e prepararem-se para a 4º. Mal conheciam os filhos.
Mas a razão principal foi o contacto com os milicianos. No isolamento dos destacamentos, nas noites de vigília e sofrimento comum, as bocas abrem-se e os assuntos eram discutidos abertamente. Os milicianos eram todos jovens universitários ou acabados de formar. Batidos numa década de contestação. O resultado era evidente. Punha-se em causa a racionalidade da guerra e o direito dos povos com quem lutávamos, bem ou mal, decidirem o que fazer.
Depois do 25 de Abril feito, vir exigir aos governos uma descolonização musculada e exemplar só dá vontade de rir. Quando os militares se recusavam a embarcar e a combater, muito ainda se fez. Conseguiu-se evacuar centenas de milhares de portugueses, numa das maiores pontes aéreas realizadas. E apesar de tudo, coisa poucas vezes reconhecida, conseguiu-se integrar na nossa sociedade, sem conflitos graves, esses retornados. Em poucos sítios do mundo essa integração foi tão perfeita e suave. Essa é a minha opinião…
Passaram-se 35 anos após as descolonizações, as feridas secaram e já existe um período suficientemente longo de projecção histórica dos acontecimentos. Já se pode falar de uma forma desapaixonada. E como declaração de interesses, na minha família, a descolonização foi duplamente penosa. Por bens perdidos e porque o meu pai, que trabalhava para uma empresa inglesa (CFB) posteriormente nacionalizada, cancelaram-lhe a reforma.
Mas considero que a descolonização dificilmente poderia ser outra. Salazar, ao arrepio do resto do mundo, nunca compreendeu que os impérios tinham os dias contados. Eram rejeitados pelos povos e pelos governos de todo mundo. Por todos. Da URSS á EUA.
Por acaso até se poderia tentar uma via diferente. Entre os líderes dos movimentos de libertação figuravam homens de grande qualidade e vontade de uma solução que preservasse minimamente uma unidade lusófona. E refiro-me a Amílcar Cabral e Mondlane. Neto escapava um pouco a essas posições, talvez porque a aliança entre o governo e a UNITA lhe fosse difícil de engolir. Claro que, dada a tacanhez de espírito do Botas, a primeira coisa que fez foi eliminar ou colaborar na eliminação desses líderes.
O 25 de Abril dá-se, em parte, por motivos corporativistas. Mas sempre ligados á guerra. A malha profissional do nosso exército não aguentava a extensão da mesma. Tiveram que aproveitar os milicianos e promovê-los ao equivalente aos oficiais do quadro. Um miliciano, com um curso de 6 meses passava a emparceirar com um oficial de 4 ou 5 anos de Academia.
Outras das causas da Revolução foi a rotatividade com que os militares profissionais faziam comissões. Homens de 30 anos eram frequentes terem já 3 comissões e prepararem-se para a 4º. Mal conheciam os filhos.
Mas a razão principal foi o contacto com os milicianos. No isolamento dos destacamentos, nas noites de vigília e sofrimento comum, as bocas abrem-se e os assuntos eram discutidos abertamente. Os milicianos eram todos jovens universitários ou acabados de formar. Batidos numa década de contestação. O resultado era evidente. Punha-se em causa a racionalidade da guerra e o direito dos povos com quem lutávamos, bem ou mal, decidirem o que fazer.
Depois do 25 de Abril feito, vir exigir aos governos uma descolonização musculada e exemplar só dá vontade de rir. Quando os militares se recusavam a embarcar e a combater, muito ainda se fez. Conseguiu-se evacuar centenas de milhares de portugueses, numa das maiores pontes aéreas realizadas. E apesar de tudo, coisa poucas vezes reconhecida, conseguiu-se integrar na nossa sociedade, sem conflitos graves, esses retornados. Em poucos sítios do mundo essa integração foi tão perfeita e suave. Essa é a minha opinião…
Viriato- Pontos : 16657
Re: Tomada de posição
Viriato escreveu:A descolonização exemplar
Passaram-se 35 anos após as descolonizações, as feridas secaram e já existe um período suficientemente longo de projecção histórica dos acontecimentos. Já se pode falar de uma forma desapaixonada. E como declaração de interesses, na minha família, a descolonização foi duplamente penosa. Por bens perdidos e porque o meu pai, que trabalhava para uma empresa inglesa (CFB) posteriormente nacionalizada, cancelaram-lhe a reforma.
Mas considero que a descolonização dificilmente poderia ser outra. Salazar, ao arrepio do resto do mundo, nunca compreendeu que os impérios tinham os dias contados. Eram rejeitados pelos povos e pelos governos de todo mundo. Por todos. Da URSS á EUA.
Por acaso até se poderia tentar uma via diferente. Entre os líderes dos movimentos de libertação figuravam homens de grande qualidade e vontade de uma solução que preservasse minimamente uma unidade lusófona. E refiro-me a Amílcar Cabral e Mondlane. Neto escapava um pouco a essas posições, talvez porque a aliança entre o governo e a UNITA lhe fosse difícil de engolir. Claro que, dada a tacanhez de espírito do Botas, a primeira coisa que fez foi eliminar ou colaborar na eliminação desses líderes.
O 25 de Abril dá-se, em parte, por motivos corporativistas. Mas sempre ligados á guerra. A malha profissional do nosso exército não aguentava a extensão da mesma. Tiveram que aproveitar os milicianos e promovê-los ao equivalente aos oficiais do quadro. Um miliciano, com um curso de 6 meses passava a emparceirar com um oficial de 4 ou 5 anos de Academia.
Outras das causas da Revolução foi a rotatividade com que os militares profissionais faziam comissões. Homens de 30 anos eram frequentes terem já 3 comissões e prepararem-se para a 4º. Mal conheciam os filhos.
Mas a razão principal foi o contacto com os milicianos. No isolamento dos destacamentos, nas noites de vigília e sofrimento comum, as bocas abrem-se e os assuntos eram discutidos abertamente. Os milicianos eram todos jovens universitários ou acabados de formar. Batidos numa década de contestação. O resultado era evidente. Punha-se em causa a racionalidade da guerra e o direito dos povos com quem lutávamos, bem ou mal, decidirem o que fazer.
Depois do 25 de Abril feito, vir exigir aos governos uma descolonização musculada e exemplar só dá vontade de rir. Quando os militares se recusavam a embarcar e a combater, muito ainda se fez. Conseguiu-se evacuar centenas de milhares de portugueses, numa das maiores pontes aéreas realizadas. E apesar de tudo, coisa poucas vezes reconhecida, conseguiu-se integrar na nossa sociedade, sem conflitos graves, esses retornados. Em poucos sítios do mundo essa integração foi tão perfeita e suave. Essa é a minha opinião…
De um modo geral estou de acordo com o que diz Viriato em relação à descolonização portuguesa.
Há no entanto um parágrafo com o qual não concordo.
Citando:
Mas considero que a descolonização dificilmente poderia ser outra. Salazar, ao arrepio do resto do mundo, nunca compreendeu que os impérios tinham os dias contados. Eram rejeitados pelos povos e pelos governos de todo mundo. Por todos. Da URSS á EUA.
Os impérios eram rejeitados por todos, da URSS aos EUA.
Esta afirmação branqueia os comportamentos desses impérios que ainda persistem.
como se sabe, o Império Soviético só desapareceu em 1989 e de alguma forma regressou com o actual regime russo.
Já quanto ao Império dos EUA, ele mantém-se e cresceu com a queda do império soviético, içando-se à categoria de Império Único, o que levou à série de desastres políticos e militares de que neste momento o mundo padece ainda.
A verdade é que os impérios não desapareceram nem desaparecerão. Quando muito, caiem uns para se levantarem outros.
Atenção à China que tem estado adormecida mas que começa a dar sinais de estar a acordar. E o mesmo se poderá dizer da Rússia com a qual já a Europa já começa a ter problemas.
O declínio económico americano está a dar cada vez mais força à China, que veremos a breve trecho tomar conta da economia americana e por arrasto da economia mundial.
O problema sempre foi dos chamados "Impérios dos Pardais". Estes Impérios nos quais se insere o Império Português, apenas subsistem enquanto os impérios grandes andam distraídos. Foi isso que permitiu aos portugueses a gesta dos descobrimentos que terminou com a descolonização "exemplar".
Vagueante- Pontos : 1698
Re: Tomada de posição
Viriato escreveu:Tiques racistas
A Zulmira, caboverdiana chegada há 1 ano para acompanhar a minha sogra que com noventas e tais precisa de apoio, têm-se integrado bem em Portugal. Já não é uma criança e tem 5 filhos. Simpática, afável e boa profissional. Sou muito amiga dela. Perguntei-lhe ontém. "Depois de um ano aqui, D. Zulmira, o que tem a dizer?". Ela pensou, pensou e respondeu-me. "Não compreendo porque toda a gente me trata por tu, se eu os trato por senhora ou senhor".
Não é um pecado capital. Há, infelizmente, manifestações muito mais hostis. Até quem tenha dúvidas se são humanos ou macacos. Mas são esses tiques que ainda marcam uma formação enraizada de muitos anos. Mas achaei curiosa a observação.
Leio sempre com a maxima atençao e interesse o que o Viriato diz sobre Angola
Convivi com muitos colegas brancos amarelados e bem valados e ate bem escurinhos
Na escola onde estive NUNCA HOUVE qualquer sentimento racista nem isso era seqwuer tolerado
Um dos colegas de Cabo Verde que encontrei á pouco num almoço convivio era ele mais a esposa o casal mais elegante fino e destinto
Ja o tratamento por Tu ( e nao se refiro á serviçal do Viriato ) é diferente entre o Portugues e o espanhol ou os anglosaxoes
Jam em Portugal se tratava alguém por TU salvo amigos de longa cepa
Depois veio a moda Brasil america e zaz tudo passou a ser tratado por ze manel xico e por ai adiante
O tratamento á lusitana era tratar por sr e o ultimo nome que é o nome do pai
Admin- Admin
- Pontos : 5709
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