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Mensagem por Admin Seg Jul 21, 2008 1:47 am

[b] Direto do Oriente Médio

Herbert Moraes Jr.

Ca­ro lei­tor,

Nes­ta se­ma­na Is­ra­el anun­ciou que po­de ata­car o Irã a qual­quer mo­men­to com ou sem as bên­çã­os dos EUA. Na guer­ra de pro­pa­gan­da, o Irã con­tra-ata­cou, e re­a­li­zou tes­tes ba­lís­ti­cos com mís­seis que têm ca­pa­ci­da­de pa­ra che­gar à Eu­ro­pa e em paí­ses co­mo Pa­quis­tão, Afe­ga­nis­tão e Is­ra­el. Nos pró­xi­mos do­min­gos vo­cê vai acom­pa­nhar nes­ta co­lu­na os bas­ti­do­res des­se con­fli­to que fi­ca ca­da vez mais pró­xi­mo, e que po­de le­var to­da a re­gi­ão a uma guer­ra sem pre­ce­den­tes.

O di­rei­to à tec­no­lo­gia

As de­for­ma­ções dos EUA so­bre os “pla­nos nu­cle­a­res” de Te­e­rã fa­zem lem­brar o ca­so das “ar­mas de des­tru­i­ção em mas­sa” do Ira­que. Sus­pei­ta: Was­hing­ton es­ta­ria in­te­res­sa­da em cri­ar um oli­go­pó­lio oci­den­tal de pro­du­ção de ener­gia?

HERBERT MORAES é correpondente da TV Record em Israel.
A von­ta­de de Te­e­rã de do­mi­nar o con­jun­to do ci­clo nu­cle­ar ci­vil re­mon­ta aos anos 1970: o Irã ins­tau­ra­va en­tão o seu pro­gra­ma com a co­o­pe­ra­ção dos Es­ta­dos Uni­dos e da Eu­ro­pa. A ad­mi­nis­tra­ção Ford ha­via anun­ci­a­do, em 1974, que iria con­tri­bu­ir di­re­ta­men­te. Em 1981, dois anos após a re­vo­lu­ção is­lâ­mi­ca, o no­vo go­ver­no de­ci­diu pros­se­guir nes­se ca­mi­nho. E no ano se­guin­te, anun­ciou a cri­a­ção, em Is­pa­han, de seu cen­tro de tec­no­lo­gia nu­cle­ar, en­car­re­ga­do de tra­tar o urâ­nio. A AI­EA (Agên­cia In­ter­na­ci­o­nal de Ener­gia Nu­cle­ar) ins­pe­cio­nou es­se lo­cal as­sim co­mo ou­tros, e se pre­pa­rou pa­ra aju­dar o Irã a con­ver­ter yel­low cake (urâ­nio en­ri­que­ci­do) em com­bus­tí­vel pa­ra os re­a­to­res. O re­la­tó­rio da AI­EA afir­ma­va en­tão que o ob­je­ti­vo era ´con­tri­bu­ir pa­ra a for­ma­ção de com­pe­tên­cias lo­cal e do pes­so­al ne­ces­sá­rio pa­ra res­pon­der ao mui­to am­bi­cio­so pro­gra­ma de do­mí­nio da tec­no­lo­gia de re­a­to­res nu­cle­a­res e da tec­no­lo­gia do ci­clo do com­bus­tí­vel´. A AI­EA vis­lum­brou um pro­gra­ma de as­sis­tên­cia téc­ni­ca, mas o aban­do­nou sob a pres­são de Was­hing­ton. No en­tan­to, Te­e­rã não re­nun­ciou a seus ob­je­ti­vos — e dei­xou is­so cla­ro. Em 84 anun­ciou as ne­go­ci­a­ções com o Ní­ger com o pro­pó­si­to da com­pra de urâ­nio e em 85, no­ti­ciou a des­co­ber­ta de mi­nas de urâ­nio. Um por­ta-voz da AI­EA con­fir­mou, em 1992, que ins­pe­to­res ti­nham vi­si­ta­do es­sas mi­nas e que Te­e­rã tra­ba­lha­va em um pro­gra­ma de im­ple­men­ta­ção de um ci­clo nu­cle­ar com­ple­to. O go­ver­no ne­go­ciou a aqui­si­ção de tec­no­lo­gia e de ma­te­ri­al com vá­rios paí­ses – in­clu­in­do Bra­sil, Rús­sia, Ín­dia, Ar­gen­ti­na, Ale­ma­nha, Ucrâ­nia e Es­pa­nha. A mai­or par­te des­sas ne­go­ci­a­ções não aca­bou bem su­ce­di­da. A Chi­na, que ti­nha in­for­ma­do à AI­EA, em 1996, sua von­ta­de de cons­tru­ir uma uni­da­de de en­ri­que­ci­men­to de urâ­nio no Irã, tam­bém de­sis­tiu, pe­las mes­mas ra­zões. Os ira­nia­nos in­for­ma­ram à agên­cia que pros­se­gui­ri­am mes­mo as­sim o seu pro­je­to.

Em re­su­mo, os es­for­ços ira­nia­nos pa­ra do­mi­nar o ci­clo nu­cle­ar com­ple­to não eram tão ´clan­des­ti­nos´ co­mo se afir­ma. Após a acei­ta­ção, por, Te­e­rã da im­ple­men­ta­ção do pro­to­co­lo adi­cio­nal do tra­ta­do de não pro­li­fe­ra­ção (TNP), a AI­EA de­cla­rou que os per­sas omi­ti­ram, an­te­rior­men­te, de­cla­ra­ção so­bre ´ma­te­ri­al nu­cle­ar, seu tra­ta­men­to e uti­li­za­ção no lu­gar de tra­ta­men­to e de ar­ma­ze­na­men­to´. Em­bo­ra a in­ter­pre­ta­ção da AI­EA ti­ves­se si­do con­tes­ta­da pe­los ira­nia­nos, os re­la­tó­rios se­guin­tes da agên­cia re­co­nhe­ce­ram que o Irã em­pre­en­de­ra ações ´cor­re­ti­vas´ e que ´avan­ça­va po­si­ti­va­men­te na cor­re­ção des­sas ile­ga­li­da­des´. Os pon­tos em sus­pen­so se­ri­am ne­go­ci­a­dos no âm­bi­to da apli­ca­ção dos acor­dos. Os ira­nia­nos afir­ma­ram que a ob­stru­ção dos Es­ta­dos Uni­dos os im­pe­li­ram ao se­gre­do, pa­ra ob­ter cer­tos ele­men­tos ne­ces­sá­rios ao de­sen­vol­vi­men­to da sua tec­no­lo­gia, em con­for­mi­da­de com o di­rei­to que o TNP lhes re­co­nhe­ce.A afir­ma­ção nor­te-ame­ri­ca­na, se­gun­do a qual es­se pro­gra­ma iria de­sem­bo­car na fa­bri­ca­ção de ar­mas nu­cle­a­res, tam­pou­co ti­nha ba­ses con­cre­tas. Em 1995, o prin­ci­pal in­ter­lo­cu­tor ame­ri­ca­no pa­ra as ne­go­ci­a­ções so­bre a ex­ten­são do TNP, Tho­mas Gra­ham, dis­se re­co­nhe­cer que os Es­ta­dos Uni­dos não ti­nham ne­nhu­ma pro­va da exis­tên­cia de tal pro­gra­ma. Tre­ze anos de­pois, o ca­so con­ti­nua. Em mar­ço de 2008, de acor­do com o New York Ti­mes, o re­la­tó­rio de uma co­mis­são so­bre o as­sun­to ao pre­si­den­t Direto do Oriente Médio

Herbert Moraes Jr.

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