Rio de Janeiro a ferro e fogo: 33 mortos em seis dias
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Rio de Janeiro a ferro e fogo: 33 mortos em seis dias
Rio de Janeiro a ferro e fogo: 33 mortos em seis dias[/color]
por PEDRO CORREIA
Hoje
Cerca de dois mil membros da Polícia Militar, apoiados por blindados e helicópteros, cercam dez favelas onde se trafica droga.
A Polícia Militar montou, no Rio de Janeiro, uma autêntica operação de guerra para pôr fim aos sangrentos conflitos entre narcotraficantes que disputam os circuitos da droga na cidade que servirá de palco aos Jogos Olímpicos de 2016. Os efectivos policiais têm reagido com extrema dureza à ofensiva dos barões da droga, que no passado dia 17 abateram um helicóptero das forças de segurança. Três dos agentes que seguiam a bordo morreram neste atentado que chocou os cariocas, habituados a décadas de violência urbana cada vez mais incontrolada.
O piloto do helicóptero, Marcelo Vaz, tornou-se um herói brasileiro por ter manobrado o aparelho, já crivado de balas, de modo a evitar que caísse em zonas residenciais. Entrevistado pelos jornais do Rio, tem descrito os minutos de tensão que antecederam a queda do helicóptero, acentuando o dramatismo da situação.
Agora, com as Olimpíadas já entregues ao Rio - após acesa concorrência com Madrid, Chicago e Tóquio - a palavra de ordem é limpar os morros controlados pelo narcotráfico. Dois mil efectivos policiais cercam desde quinta-feira dez das principais favelas do Rio de Janeiro. Para o efeito, não foram poupados meios: há dois helicópteros envolvidos no apoio às operações e pelo menos dois blindados do exército estão no terreno, numa impressionante manifestação de força que tem sido destacada pelas agências internacionais e pela imprensa carioca.
"A que lugares do Rio você deixou de ir devido à guerra do tráfico?", perguntava ontem o matutino O Globo aos seus leitores, numa clara prova de que a violência continua a invadir o quotidiano do Rio.
Na favela de Vila Cruzeiro, um dos santuários dos narcotraficantes, cerca de 30 agentes foram recebidos a tiro. Os disparos provocaram quatro feridos, incluindo um ex-oficial do exército. "Guerra" foi o termo usado nas páginas d' O Globopara classificar a situação.
Registou-se igualmente intenso tiroteio nas favelas de Jacaré e Mangueira, outros locais de forte implantação dos traficantes de drogas duras.
O Morro de São João e o Morro dos Macacos, onde há uma semana se registaram os acontecimentos mais graves na mais recente onda de violência no Rio, estão também cercados pelas forças policiais, tal como a favela Fumacé, onde foram descobertos seis corpos crivados de balas - consequência de um aparente ajuste de contas entre barões da droga.
O mais recente balanço de vítimas, ontem divulgado pela Polícia Militar, indica que se registaram 33 mortes na última semana, tendo neste mesmo período havido 41 detenções, incluindo de dez presumíveis chefes do narcotráfico, já transferidos para outras zonas do Brasil, sob apertada escolta policial.
Os responsáveis máximos das forças de segurança, apoiados pelo poder político municipal e estadual, garantem que irão ocupar favelas e morros enquanto a situação se justificar, custe o que custar e dure o tempo que durar. Isto para não prejudicar a intensa operação de marketing que constitui a realização dos Jogos Olímpicos daqui a sete anos. Uma ocasião soberana para relançar um pouco por todo o mundo a imagem do Brasil, que ambiciona ter um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Os narcotraficantes são o principal obstáculo à concretização deste objectivo. Também por isso a polícia vai apertando o cerco.
DN
por PEDRO CORREIA
Hoje
Cerca de dois mil membros da Polícia Militar, apoiados por blindados e helicópteros, cercam dez favelas onde se trafica droga.
A Polícia Militar montou, no Rio de Janeiro, uma autêntica operação de guerra para pôr fim aos sangrentos conflitos entre narcotraficantes que disputam os circuitos da droga na cidade que servirá de palco aos Jogos Olímpicos de 2016. Os efectivos policiais têm reagido com extrema dureza à ofensiva dos barões da droga, que no passado dia 17 abateram um helicóptero das forças de segurança. Três dos agentes que seguiam a bordo morreram neste atentado que chocou os cariocas, habituados a décadas de violência urbana cada vez mais incontrolada.
O piloto do helicóptero, Marcelo Vaz, tornou-se um herói brasileiro por ter manobrado o aparelho, já crivado de balas, de modo a evitar que caísse em zonas residenciais. Entrevistado pelos jornais do Rio, tem descrito os minutos de tensão que antecederam a queda do helicóptero, acentuando o dramatismo da situação.
Agora, com as Olimpíadas já entregues ao Rio - após acesa concorrência com Madrid, Chicago e Tóquio - a palavra de ordem é limpar os morros controlados pelo narcotráfico. Dois mil efectivos policiais cercam desde quinta-feira dez das principais favelas do Rio de Janeiro. Para o efeito, não foram poupados meios: há dois helicópteros envolvidos no apoio às operações e pelo menos dois blindados do exército estão no terreno, numa impressionante manifestação de força que tem sido destacada pelas agências internacionais e pela imprensa carioca.
"A que lugares do Rio você deixou de ir devido à guerra do tráfico?", perguntava ontem o matutino O Globo aos seus leitores, numa clara prova de que a violência continua a invadir o quotidiano do Rio.
Na favela de Vila Cruzeiro, um dos santuários dos narcotraficantes, cerca de 30 agentes foram recebidos a tiro. Os disparos provocaram quatro feridos, incluindo um ex-oficial do exército. "Guerra" foi o termo usado nas páginas d' O Globopara classificar a situação.
Registou-se igualmente intenso tiroteio nas favelas de Jacaré e Mangueira, outros locais de forte implantação dos traficantes de drogas duras.
O Morro de São João e o Morro dos Macacos, onde há uma semana se registaram os acontecimentos mais graves na mais recente onda de violência no Rio, estão também cercados pelas forças policiais, tal como a favela Fumacé, onde foram descobertos seis corpos crivados de balas - consequência de um aparente ajuste de contas entre barões da droga.
O mais recente balanço de vítimas, ontem divulgado pela Polícia Militar, indica que se registaram 33 mortes na última semana, tendo neste mesmo período havido 41 detenções, incluindo de dez presumíveis chefes do narcotráfico, já transferidos para outras zonas do Brasil, sob apertada escolta policial.
Os responsáveis máximos das forças de segurança, apoiados pelo poder político municipal e estadual, garantem que irão ocupar favelas e morros enquanto a situação se justificar, custe o que custar e dure o tempo que durar. Isto para não prejudicar a intensa operação de marketing que constitui a realização dos Jogos Olímpicos daqui a sete anos. Uma ocasião soberana para relançar um pouco por todo o mundo a imagem do Brasil, que ambiciona ter um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Os narcotraficantes são o principal obstáculo à concretização deste objectivo. Também por isso a polícia vai apertando o cerco.
DN
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