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Cimeira de Copenhague

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Cimeira de Copenhague - Página 2 Empty Cimeira de Copenhague

Mensagem por Joao Ruiz Ter Dez 08, 2009 9:22 am

Relembrando a primeira mensagem :

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Cimeira de Copenhague - Página 2 Ng1226113

Acompanhe a extensa cobertura que o DN vai dedicar à Cimeira de Copenhaga. A partir de dia 7 e até dia 18, o enviado especial João Céu e Silva irá dar a sua visão sobre as notícias e bastidores da reunião. Para além do noticiário e reportagens na cimeira, encontrará aqui especiais sobre temas de ambiente.



Cimeira de Copenhague - Página 2 Tiphat


Última edição por João Ruiz em Dom Dez 27, 2009 9:31 am, editado 2 vez(es)

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Cimeira de Copenhague - Página 2 Empty Controvérsias científicas e as razões para a urgência

Mensagem por Joao Ruiz Dom Dez 20, 2009 11:42 am

Controvérsias científicas e as razões para a urgência

por LUÍS NAVES
Ontem

Cimeira de Copenhague - Página 2 Ng1232306

A opinião pública tem motivos para desconfiar da informação sobre alterações climáticas: o assunto é complexo, e a contaminação política aumentou a confusão. O Inverno frio parece desmentir a ideia de aquecimento global.

A urgência política da Cimeira de Copenhaga tem a ver com acu- mulação de provas científicas sobre alterações climáticas que resultam da acção do homem. Existe aumento do teor de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera e das temperaturas globais, mas a politização da informação criou grande confusão na opinião pública.

As manifestações de ambientalistas radicais a baterem-se à porta da cimeira ou o Inverno frio não ajudaram a esclarecer as pessoas. No fundo, Copenhaga serve para discutir a aceleração da criação de uma nova economia, que dependerá menos da queima de combustíveis fósseis. A questão está em saber se a transição virá a tempo de evitar uma subida descontrolada das temperaturas do planeta.

Os cépticos das mudanças climáticas afirmam que há explicações benévolas para os dados científicos. Nas vésperas da cimeira de Copenhaga, foram divulgados mails roubados a cientistas por elementos desconhecidos. E a leitura sugeriu uma conspiração fraudulenta para provar o aquecimento global.

Os autores dos mails explicaram que estes estavam descontextualizados, mas isso não foi suficiente para evitar o escândalo mediático, o chamado climategate. A direita republicana americana aproveitou para tentar desacreditar a política da Casa Branca de propor cortes modestos na produção de gases com efeito de estufa.

Em tudo isto, onde estão os mitos e os factos? Vejamos alguns dos conceitos que têm sido mais referidos:

Efeito de estufa


Este efeito está na origem do aquecimento do planeta. Parte da energia solar é reflectida e regressa ao espaço, outra fatia é absorvida pelas nuvens; 55% atravessam a atmosfera e 4% são ainda reflectidas pela superfície. Esta última parcela deveria regressar ao espaço, mas as suas radiações infravermelhas são absorvidas pelos gases com efeito de estufa, sendo os mais importantes o dióxido de carbono e metano, ambos com abundante produção humana após a revolução industrial do século XVIII.

A desflorestação e queima de combustíveis fósseis também contribuíram para aumentar o fenómeno. Um dos grupos mais perigosos de gases com efeito de estufa, os clorofluorocarbonos, viram o consumo mundial ser reduzido por um acordo que serviu para reparar a camada de ozono.

Em 1700, a concentração atmosférica de dióxido de carbono era de 280 partes por milhão; hoje, é superior a 380. O metano também está a crescer depressa, o que será agravado com o degelo do permafrost setentrional. Os cientistas não têm dúvidas: mais dióxido de carbono e metano é igual a maior absorção da energia solar, logo, a maior temperatura.

Temperaturas


O estudo do clima é feito por medições sistemáticas introduzidas em modelos de computador. São também usados métodos indirectos, nomeadamente sobre a composição atmosférica em núcleos de gelo que podem recuar 800 mil anos, além de alterações em certos locais. Todo o conjunto confirma a noção de alterações rápidas da temperatura. Os modelos sugerem um aumento entre 1 e 3 graus Celsius na temperatura média global.

Números compilados pela NASA, disponíveis em http://data.giss.nasa.gov/gistemp/, mostram um aquecimento gradual até à década de 50, onde se encontram os valores com menor desvio da média, seguindo-se um aquecimento mais rápido, com anomalias de 6 e 7 décimas de grau centígrado na actual década. Em 120 anos, as temperaturas médias parecem ter crescido quase um grau centígrado.

Os dados não indicam que 1998 tenha sido o ano mais quente, seguido de arrefecimento. Pelo contrário. A actual década foi a mais quente e 2005 o pior ano. Existe outra série de temperaturas, a da universidade britânica agora contestada no caso dos mails, mas o aumento de temperaturas é nesta série ligeiramente inferior ao da NASA.

Calotes polares

Os cépticos têm sustentado, sem dados sólidos, que a Terra aquece porque o Sol estará numa fase mais quente; outros falam em arrefecimento e dizem que os gelos da Antárctida estão a ficar mais espessos. Há quem afirme que houve aumento nas manchas solares (o que indicaria maior calor) ao longo dos últimos séculos, mas o estudo do Sol é recente e os dados antigos sobre manchas não são fiáveis. Os cientistas dizem que nos últimos 50 anos a actividade do Sol foi estável e, portanto, não está ali a explicação para o aumento recente das temperaturas.

Em relação ao gelo, há provas de que o Árctico derrete a ritmo elevado e de que a Antárctida arrefeceu meio grau centígrado entre 1957 e 2006. Há estudos mais antigos que indicam um aquecimento da península Antárctida e arrefecimento no interior do continente.

É importante perceber que as mudanças climáticas podem causar arrefecimento de certas regiões, invernos frios, e a Europa é um dos candidatos a tal fenómeno, caso seja interrompida a circulação da corrente no Atlântico Norte, responsável pelo clima ameno dos países europeus. Além do aumento do nível dos oceanos, as mudanças climáticas vão produzir mais fenómenos extremos, como tempestades e secas. O planeta estará entre mais frio e mais quente, terá oscilações de temperatura brutais, haverá quebras na produção agrícola, falta de água potável. É esta a urgência de Copenhaga.

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Cimeira de Copenhague - Página 2 Empty O que se sabe até agora do novo acordo de Copenhaga

Mensagem por Joao Ruiz Dom Dez 20, 2009 11:48 am

O que se sabe até agora do novo acordo de Copenhaga

por Simon Urs Kamm, da Agência Lusa
Ontem

Cimeira de Copenhague - Página 2 Ng1232459

O texto final do novo acordo sobre alterações climáticas de Copenhaga fixa um aumento máximo da temperatura média em dois graus mas não estipula um prazo preciso nem especifica medidas a adoptar pelos países para alcançar esse objectivo.

O texto final com o esqueleto de um tratado global sobre redução de emissões de gases com efeito de estufa (GEE), negociado nas últimas duas semanas na cimeira da ONU sobre alterações climáticas, em Copenhaga, considerado o maior e mais importante encontro de sempre sobre o clima, foi avaliado pela maioria dos 192 países que participaram nas negociações como um acordo politico minimalista.

Basicamente todas as decisões importantes, entre as quais as metas de redução de emissões globais, foram adiadas para a próxima reunião das partes da Convenção Quadro da ONU sobre as Alterações Climáticas, a realizar no final de 2010, no México.

A próxima fase de negociações ficou marcada para a cidade alemã de Bona, daqui a seis meses, enquanto as metas de redução das emissões até 2020 serão decididas em Janeiro do próximo ano.

Apesar de fixar os dois graus centígrados como o aumento máximo da temperatura global até 2050 para evitar as interferências mais graves no clima, relativamente aos níveis de 1990, e de exigir "cortes significativos" de emissões de GEE dos países, o documento, que não é juridicamente vinculativo, não estipula um prazo preciso ou especifica quais as medidas a adoptar para alcançar esse objectivo.

O texto final não só omite o montante global da redução das emissões de (GEE), ao contrário do que era exigido pela maioria dos países participantes, como também não leva em contra o objectivo estabelecido pela ONU de que o bloco dos países ricos adoptasse valores homogéneos de redução de emissões para 2020 e 2050.

Sob o título de Acordo de Copenhaga, o documento também não estipula o compromisso de conter as emissões poluentes até 2050, limitando-se apenas a recolher as propostas a médio prazo anunciadas voluntariamente por cada país.

No caso dos Estados Unidos isto significa uma redução de 17 por cento, relativamente aos níveis de 2005, o que corresponde a um corte de três por cento relativamente a 1990, os níveis de referência adoptados pela União Europeia, que vai reduzir as suas emissões em 20 por cento.

O acordo estabelece ainda que os países ricos transfiram um montante de 30 mil milhões de dólares (21 mil milhões de euros) entre 2010 e 2012, e de cem mil milhões de dólares (setenta mil milhões de euros) a partir de 2012, até 2020, para financiar os países pobres e em desenvolvimento a mitigarem as suas emissões e adaptarem-se aos efeitos do aquecimento global.

A declaração fixa que desses 30 mil milhões de dólares nos próximos três anos, os EUA aportarão 3.600 milhões de dólares, a UE 10.600 milhões e o Japão outros 11 mil milhões de dólares.

O acordo alcançado atenua também as referências de textos anteriores aos mecanismos para a verificação dos compromissos que os países em desenvolvimento venham a assumir para controlar o aumento das suas emissões, ao qual a China se opunha, passando estes a ser referenciados como sistemas "internacionais de consulta e analise" que garantirão "que se respeite a soberania nacional".

O texto estipula ainda que os países que receberem ajudas de financiamento devem submeter as suas emissões a medições nacionais e comunica-las a cada dois anos a Convenção Quadro.

O acordo reconhece igualmente o papel crucial da redução das emissões pela diminuição do deflorestamento o da degradação das florestas, pelo que prevê a necessidade de destinar fundos "novos, adicionais e previsíveis" nesse sentido sobretudo as nações menos desenvolvidas, estados insulares do Pacífico e países africanos.

In DN

Cimeira de Copenhague - Página 2 0002044C

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Cimeira de Copenhague - Página 2 Empty As sete razões que impediram o acordo global e sério

Mensagem por Joao Ruiz Dom Dez 20, 2009 11:57 am

As sete razões que impediram o acordo global e sério

por JOÃO CÉU E SILVA
Ontem

Cimeira de Copenhague - Página 2 Ng1232303

A maior cimeira de sempre terminou ontem com um passe de mágica do Presidente Obama ao conseguir, duas horas antes da hora limite, desbloquear com o primeiro-ministro da China um projecto de acordo. O texto está muito abaixo das expectativas, vai ser continuado em Bona dentro de seis meses, mas foi o possível.


Fechados em gabinetes e longe da vista durante todo o dia, com os assessores a medir palavras que preconizavam o desaire das negociações mundiais em curso na Conferência de Copenhaga, só o automóvel presidencial de Barack Obama - estacionado em lugar proibido - provava que o homem que chegou cedo dos Estados Unidos para tirar um acordo do pântano de um debate promovido pelas Nações Unidas e a presidência dinamarquesa ainda estava no interior do Centro Bella a lutar por ele.

Às 23.00, Obama apareceu para anunciar ao mundo que todos os países vão tentar salvar o planeta do aquecimento global através de um acordo muito aquém do que estava previsto. O rumor de que havia um acordo surgiu pelas 21.57, uma hora depois de o Presidente Lula da Silva ter abandonado o pavilhão e quatro horas após o primeiro-ministro russo ter partido para outra reunião. Os que ficaram mantinham-se no violente combate pelo acordo.

Este discurso de Obama entusiasmou mais do que aquele que proferiu a meio do dia, espelho do desaire mundial que se gerava com o desentendimento entre os 119 líderes de 193 países, que vieram até Copenhaga para ficar numa fotografia oficial que acabou por não ser tirada. O último dia da COP15 acabou por ser um dia Obama, porque sem a sua acção não teria sido possível arrancar o acordo desta megarreunião, condenada ao fracasso por tantos interesses que os mais ingénuos acharam ser possível ultrapassar após dois anos de intensas negociações prévias.

Só que o que está em causa vale muitos milhões de milhões de euros e sobretudo de yuans chineses e dólares americanos, bem como a mudança de estratégias económicas e industriais em todos os países desenvolvidos. Uma situação para além da força do apelo de Sarkozy ou de outros dirigentes que viram a sua força medida. Pela negativa.

O discurso de Obama e o acordo que obteve em Copenhaga só foram possíveis após uma tentativa desesperada para criar uma plataforma definitiva de entendimento: um telefonema ao primeiro-ministro chinês. Esse foi o factor que desbloqueou um impasse que, no último dia da COP15, já ninguém acreditava ser possível de ser ultrapassado e que foi tendo sucessivas etapas de esperança e desilusão. Obama foi claro na sua alocução ao mundo: "Pela primeira vez na história, as economias dos países desenvolvidos comprometeram-se na redução das emissões." Obama foi muito claro na liderança norte-americana para tornar possível o texto que vai suceder a Quioto, referiu imediatamente os seus efeitos na economia dos EUA e valorizou os benefícios que a "economia verde" vai promover na recuperação de milhares de empregos e de novos investimentos.

O Presidente revelou que os três grandes compromissos do texto são no âmbito da transparência, da mitigação e do financiamento. Alertou que estava distante do desejado, designadamente porque não era juridicamente vinculativo, mas "o Protocolo de Quioto era-o, e de pouco serviu". Quanto ao acordo, esclareceu que não é o suficiente e que precisa de mais interacção internacional, mas foi o que se conseguiu após um longo caminho, tendo, neste sentido feito questão de afirmar que o seu país tinha trazido o trabalho de casa feito, que há um ano que clarificara posições e que agora é a vez de enfrentar problemas internos para criar legislação.

Os louros da negociação foram atribuídos à actuação dos governantes da Etiópia (representante dos países africanos), à China, ao Brasil e à África do Sul - da União Europeia não se ouviu falar. Em seguida, respondeu a algumas perguntas - só a jornalistas do seu país - e despediu-se, lamentando não ficar para confraternizar com os outros líderes, mas "havia problemas atmosféricos em Washington" que exigiam que o Air Force One partisse imediatamente.

Nas várias questões levantadas pela imprensa americana estavam a limitação do aquecimento global não superior aos 2º e a quantificação de metas de reduções fixadas a cada país. Obama respondeu, mas remeteu-as para os negociadores, "que entendem mais disso do que eu", e fez questão de referir que a ciência vai ter um papel muito importante nos próximos tempos para dirimir as teses em torno das alterações climáticas.

Quanto ao texto do acordo o DN ouviu, pelas 19.00, a opinião de um dos negociadores que confirmou a sua baixa fasquia e até deu como exemplo que as "suas" três páginas do anterior texto tinham sido reduzidas a uma linha, sem significado. A próxima fase de negociações ficou marcada para Bona, daqui a seis meses e antes da COP16, no México, no final do próximo ano. As metas de redução das emissões até 2020 serão decididas já em Janeiro.

Acordo ambicioso

As Nações Unidas e a Dinamarca apostavam num Acordo de Copenhaga extremamente ambicioso, que fosse um passo muito à frente daquele que vigora desde 1997, o Protocolo de Quioto, que os EUA nunca o assinaram.

Tempo dos EUA

A actuação dos EUA face a Copenhaga foi mais complexa porque o seu timing não é o da Europa. Os EUA necessitavam de mais um ano para legislar no âmbito das alterações climáticas e enfrentar os poderosos interesses das empresas.

China pouco clara

É uma das mais importantes economias emergentes e não pretende que lhe sejam criados travões ao desenvolvimento. Principalmente, não aceitam as regras de transparência exigidas pelos EUA, o grande óbice na concertação, na medição das suas emissões por uma entidade exterior.

África contestatária

Os países africanos são os que mais têm a perder porque serão os primeiros a ser afectados, mas, mesmo assim, não aceitaram as regras do financiamento. Vão ganhar mais.

União Europeia morna

Teve um papel de grande liderança, mas na COP15 perdeu a força negocial perante os EUA e a China.

Brasil emergente

Assumiu-se como das maiores potências mundiais e influenciou até ao fim o texto. O "negócio" que fez com Obama deixa-o mal na América Latina mas bem na geopolítica.

Plenário indeciso

A ausência de uma mão forte por parte da presidência dinamarquesa e um processo de gestão decisório ultrapassado no tempo por parte das Nações Unidas abriram uma brecha na condução do processo. Ainda por cima permitiu a politização com a expulsão das ONG.

In DN

Cimeira de Copenhague - Página 2 00020479

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Cimeira de Copenhague - Página 2 Empty Re: Cimeira de Copenhague

Mensagem por Viriato Ter Dez 22, 2009 4:56 am

O fracasso de Copenhaga

por Mário Soares

A verdade é que nenhum país saiu de Copenhaga satisfeito com os resultados conseguidos.


1. Em relação às esperanças acalentadas pela sociedade civil e por reputados ecologistas de reduzir as emissões de dióxido de carbono, a Cimeira de Copenhaga há-de considerar-se um fracasso. Fracasso que resultou de não haver uma ordem mundial fiável, capaz de se sobrepor aos interesses nacionais egoístas das grandes potências tradicionais e emergentes. O secretário-geral das Nações Unidas foi uma figura apagada durante a Cimeira, e o presi- dente da Europa e a alta-representante europeia para as Relações Internacionais, inexistentes. A incapacidade de acordo quanto a um novo modelo económico-financeiro, com clara dimensão ambiental e social para combater, com êxito, a crise global, também obviamente contribuiu para o desentendimento dos mais altos dirigentes políticos mundiais - e estiveram quase todos, de países pobres e ricos - presentes em Copenhaga.

Nos últimos dias - verificada a impossibilidade de se chegar a um acordo mínimo quanto aos principais pontos em debate: redução das emissões de CO2; "envelope financeiro", para levar por diante a luta contra o aquecimento terrestre; garantias escritas, quanto à verificação dos compromissos tomados; e futuro do Pro-tocolo de Quioto - ignoraram-se muitos dos 193 Estados representados e os dois maiores poluidores, China e Estados Unidos, foram os que, afinal, decidiram. Com o apoio de alguns Estados como: Brasil, Índia, África do Sul, União Europeia (ausente mas concordante), que reunidos à parte, alinhavaram à pressa, um acordo mínimo, não vinculativo, insuficiente e, para alguns, ridículo.

Foram alguns dos qualificativos usados, por políticos representativos e por boa parte da imprensa internacional, para não reconhecerem explicitamente o desastre total da Cimeira.

A verdade é que nenhum país, tendo em conta as declarações dos altos responsáveis dos Estados representados, saiu de Copenhaga satisfeito com os resultados conseguidos. A Europa, que tinha assumido uma posição clara, uníssona e generosa, não foi ouvida. O que mostra como o mundo multilateral está a esboçar uma nova relação de forças entre os poderosos...

O porta-voz dos Estados Unidos disse que foi "um passo histórico". Mas o Presidente Barack Obama, visivelmente decepcionado, não deixou de responsabilizar a China, com o pensamento em Washington e no Senado. Pela primeira vez, produziu um discurso que não entusiasmou ninguém. O peso do mundo que tem às costas está a obrigá-lo a ter em conta a réelle politique mais do que parece tolerável para os seus admiradores...

A verdade é que se esperava de Copenhaga um tratado vinculativo, na linha de Quioto e para além dela, contra o aquecimento global, e não houve mais do que um simples acordo voluntário e não vinculativo. Acordo feito pelos Estados de grandes economias - na ausência da Europa, sublinhe-se - que contraria o processo negocial da ONU, em tais matérias, onde as decisões são tomadas geralmente por unanimidade. Na Cimeira de Bali, há dois anos, apontou-se nesse sentido. E não se conseguiu. Daí o incontestável fracasso.

É certo que as negociações prosseguirão, na Alemanha, em Junho, e no México no final do próximo ano. Mas não parece provável que se modifique, até lá, a relação de forças mundial, de modo a possibilitar as mudanças necessárias. Veremos...

O aquecimento global é um desafio irrecusável, sem a solução do qual o nosso planeta sofrerá modificações tais que porão em causa a sobrevivência da humanidade. A esmagadora maioria dos cientistas tem-no dito e repetido.

A Cimeira de Copenhaga reuniu representantes de dezenas de organizações ambientais e milhares de pessoas de boa vontade que quiseram manifestar-se, pacífica e ordeiramente, para serem ouvidas pelos chefes de Estado e de Governo que, em princípio, os representam.

No entanto, foram contidas e agredidas pelas forças ditas da "ordem", como se fossem subversivas ou terroristas. Não se esperava um tal comportamento de um Estado de direito e democrático como a Dinamarca. Afinal, os manifestantes deslocaram-se para fazerem ouvir a verdade, no mesmo sentido do apelo feito pelo Papa e por tantos reputados cientistas e políticos de diversos continentes e ideologias. Manifestaram-se em nome das suas consciências e da cidadania global, como há dez anos em Seattle.

Ora, quando os povos, desinteressadamente, se empenham num combate por um ideal, a história ensina-nos que são sempre vencedores. Os responsáveis políticos, que dependem do voto popular, quando vivem em democracia, não se podem esquecer disso. Especialmente quando, em nome da sua segurança, as forças ditas da ordem procuram silenciar os que gritam a verdade, ao frio e à chuva, desinteressadamente, em nome de um ideal nobre: a defesa do planeta ameaçado.

2. A Ibero-América ameaça dividir-se? Se assim for, é mau para o seu futuro colectivo e para Espanha e Portugal. O Brasil, como a Cimeira de Copenhaga demonstrou, consagrou-se como uma grande potência mundial - geográfica, demográfica, económica, cultural e tecnologicamente -, ficando sentado ao lado dos Estados Unidos e da China e talvez superando os grandes colossos, como a Rússia, a Índia, a África do Sul e o México. Esse novo estatuto do Brasil é hoje reconhecido pela Europa, e, com entusiasmo, por Portugal e por Espanha.

Note-se que o é também por grandes potências, como o Japão, o Canadá e a Austrália, e por países pobres de África e da Ásia, o que é muito significativo. Contudo, começa a não ser bem- -visto por certos países latino-americanos, por razões ideológicas, geostratégicas e políticas. E isso é mau para o futuro da Ibero-América, no seu conjunto, que poderia vir a ter um peso decisivo na nova relação de forças mundial que se esboça. Porquê? Porque há países que se põem à sombra do grande vizinho do Norte, uma tradição que vem de longe - como é o caso da Colômbia e do Peru - e outros, como a Venezuela, o Equador, a Nicarágua, a Bolívia e Cuba, que querem independentizar--se do vizinho-colono, mesmo sendo Obama o Presidente.

Viu-se isso na Cimeira de Copenhaga quando os quatro países referidos, salvo erro, foram os únicos a repudiar o protocolo não vinculativo e a abandonar a Cimeira... O Presidente Chávez, com a sua natural exuberância, disse (cito de cor): "Houve um fantasma que se passeou por Copenhaga e impediu qualquer acordo: o capitalismo financeiro-especulativo." Não terá sido só isso. Também o comunismo capitalista chinês terá dado o seu contributo...

De qualquer modo, seria péssimo para o subcontinente ibero-americano - cujas raízes culturais e linguísticas permanecem em Espanha e Portugal, com todos os laços, incluindo afectivos, que daí resultam - se não se entendessem no essencial. Porque enfraqueceriam a sua posição no mundo multilateral que se anuncia, enquanto unidos representam um todo absolutamente decisivo, pelo seu peso geostratégico, cultural, científico, linguístico e civilizacional.

3. O Mar Português. É o no-me de um filme-reportagem dirigido por Francisco Manso cujo guião foi escrito por Álvaro Garrido. Foi lançado na Fundação Gulbenkian, a 16 do corrente mês e emitido na RTP2 no sábado.

Como os meus leitores saberão, sempre me interessei e ocupei com o que chamei o "regresso de Portugal ao mar", que considero dos principais objectivos e garantias para o nosso futuro colectivo. A Zona Económica Exclusiva Portuguesa é, como se sabe, a maior da União Europeia, o que alarga a dimensão do nosso país. Acrescente-se-lhe, como desejamos, a Plataforma Continental e imagine-se a importância do mar português.

Pilotado pelo meu velho amigo Mário Ruivo, criámos um grupo escolhido de biólogos, oceanólogos e políticos, de vários continentes, a que chamámos Comissão Mundial Independente para os Oceanos, a qual elaborou o relatório "O Oceano - Nosso Futuro", o qual foi sujeito a análise e debate na Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1998. Foi um relatório divulgado em 11 línguas e um marco que é, até hoje, actual.

Em consequência desse trabalho e pelo facto de a Expo'98 ter sido dedicada aos oceanos, tentámos, com o acordo do então primeiro-ministro, António Guterres, trazer para Portugal a sede da COI (Comissão Oceanográfica Intergovernamental). O que chegou a ter luz verde da UNESCO. Depois, a instabilidade que se seguiu à demissão de Guterres, a falta de um mínimo de meios e a ausência de vontade política dos responsáveis - apesar, sempre, das suas boas palavras - fizeram com que não se realizasse esse projecto. O regresso ao mar ficou adiado. Mas não foi esquecido.

Três universidades, principalmente (Açores, Aveiro e Algarve), têm-se dedicado com afinco aos estudos oceanográficos, condição sine qua non, para Portugal poder regressar com êxito aos oceanos. Porque se no passado "o Atlântico falava português" - como diziam - e todos os oceanos, sem excepção, foram conheci-dos pelos nossos navegadores de Seiscentos - que levaram a Europa a continentes desconhecidos e trouxeram o conhecimento de novas gentes e culturas para a Europa -, esse tempo glorioso passou. Agora é preciso conhecimento científico e actualizado dos fundos marinhos e das suas riquezas e os meios tecnológicos e os especialistas para as explorar. É o que procuram fazer, com os escassos recursos de que dispõem, mas com enorme proficiência e paixão, as três universidades referidas. É isso que mostra, muito impressivamente, o filme O Mar Português.

Agora as fainas marítimas tradicionais - a exploração do sal, as pescas e os transportes marítimos (marinha mercante) - têm vindo a perder com a concorrência e representam pouco para o aumento da riqueza nacional. Não quer dizer que não recuperem. Espero que isso aconteça. Mas aquilo que salta aos olhos e poucos vêem são as imensas riquezas que estão escondidas sob as nossas águas territoriais: gás, petróleo, manganês e toda a espécie de minerais, alguns de grande valor, a biodiversidade da fauna e da flora submersas, etc. Mas para se lá chegar são precisas: ciência e tecnologia, robots, em especial. E trabalhar com conhecimento das tecnologias aprende-se nas universidades. Foi o que mostrou o filme de que vos falo - magnífico - e por isso aplaudi, com tanto entusiasmo, os seus autores e participantes.
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Cimeira de Copenhague - Página 2 Empty Re: Cimeira de Copenhague

Mensagem por Vitor mango Ter Dez 22, 2009 5:07 am

O porta-voz dos Estados Unidos disse que foi "um passo histórico". Mas o Presidente Barack Obama, visivelmente decepcionado, não deixou de responsabilizar a China, com o pensamento em Washington e no Senado. Pela primeira vez, produziu um discurso que não entusiasmou ninguém. O peso do mundo que tem às costas está a obrigá-lo a ter em conta a réelle politique mais do que parece tolerável para os seus admiradores..
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Mensagem por Viriato Ter Dez 22, 2009 5:09 am

O Marocas continua imbatível como analista de qualidade...
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Cimeira de Copenhague - Página 2 Empty ONU admite erro em dados sobre aquecimento global

Mensagem por Joao Ruiz Qui Jan 21, 2010 2:28 pm

ONU admite erro em dados sobre aquecimento global

por LUÍS NAVES
Hoje

Cimeira de Copenhague - Página 2 Ng1245115

As previsões feitas em 2007 sobre os glaciares dos Himalaias estão a ser reavaliadas.

A maior autoridade mundial em mudanças climáticas admitiu ontem que foram cometidos erros no cálculo das estimativas sobre um dos principais indicadores de aquecimento global: o desaparecimento dos glaciares nos Himalaias.

Em comunicado, o Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas (IPCC) reconheceu que no seu quarto relatório, publicado em 2007, certos "padrões de provas não foram aplicados correctamente".

Esta admissão de erro surge semanas depois do fracasso da Cimeira de Copenhaga e após a polémica que ficou conhecida por Climategate. Esta controvérsia, que começou com a divulgação de e-mails pondo em causa dados científicos, afectou profundamente a posição dos defensores da tese do aquecimento global. A semana já tinha sido marcada por notícias contraditórias sobre os glaciares no Alasca. Embora estes glaciares tenham perdido 42 quilómetros cúbicos de água entre 1962 e 2006, esse valor é um terço inferior ao previsto.

Mas o erro sobre os Himalaias deverá ser politicamente mais sensível. Em 2007, o IPCC divulgou uma relatório onde se afirmava que estes glaciares podiam desaparecer até 2035. A informação foi citada em todo o mundo, incluindo pelo DN. No entanto, segundo o britânico Sunday Times, a previsão sobre 2035 foi baseada numa história publicada na revista New Scientist, que por sua vez citava um cientista indiano que entretanto afirma que tudo não passou de "especulação".

A situação é mais grave tendo em conta o que afirma o autor da peça jornalística da New Scientist. Ele diz ter entrevistado Syed Hasnain após ler um artigo num jornal indiano. O cientista referiu a data de 2035, apesar da não a incluir no relatório científico, na altura (1999) ainda não publicado em revistas especializadas. Nesse relatório, Hasnain mencionava que as suas observações diziam respeito a uma parte dos glaciares, não a toda a região. A parte mais inacreditável desta história é como informação tão pouco sólida se transformou numa posição do IPCC.

O artigo do Times que levou o IPCC a retractar-se cita um cientista britânico que faz contas muito simples em relação aos glaciares da região: alguns têm 300 metros de espessura e se derretessem a uma média de cinco metros por ano, o seu desaparecimento levaria mesmo assim 60 anos. Ora, eles estão a perder gelo a um ritmo de decímetros ou mesmo centímetros por ano. Apesar da data ser irrealista e haver acusações de que se tratava de "ciência vudu", o IPCC ignorou as críticas.

O eventual desaparecimento dos glaciares nos Himalaias teria consequências gravíssimas no abastecimento de rios que servem um sexto da população mundial (ver gráfico). Há 15 mil glaciares na região dos Himalaias e a sua superfície total ronda meio milhão de quilómetros quadrados. O IPCC insiste que se trata apenas de um erro em 3 mil páginas.

In DN

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