No Magusto da Velha 'choveram' castanhas da torre da igreja

No Magusto da Velha 'choveram' castanhas da torre da igreja

por ANTÓNIO SÁ RODRIGUES,
Hoje



Cumpriu-se ontem em Aldeia Viçosa uma tradição que remonta a uma herança feita há 311 anos por uma mulher rica, a 'Velha'

Os habitantes de Aldeia Viçosa, Guarda, cumpriram ontem a tradição do Magusto da Velha, que teve origem numa herança feita há 311 anos por uma mulher abastada, que ficou conhecida como a Velha.

A meio da tarde, quatro homens subiram à torre da igreja matriz da aldeia e, durante cerca de uma hora, lançaram foguetes e atiraram castanhas e rebuçados para o meio da multidão concentrada no largo principal da terra.

A tradição natalícia, única no país, foi revivida por iniciativa da Junta de Freguesia, que ofereceu 150 quilogramas de castanhas e 150 litros de vinho à população e aos visitantes, segundo o autarca Baltazar Lopes. O presidente da junta explicou que a tradição, que remonta ao século XVII, teve origem na herança de "24 escudos e 60 centavos" (cerca de 14 cêntimos de euro) "deixada pela Velha, que quis dar ao povo a possibilidade de comer castanhas e de beber vinho um dia por ano".

A Junta de Freguesia recebe trimestralmente uma verba de cerca de 14 cêntimos, relacionada com a herança da Velha, que é depositada na conta bancária da autarquia pelo Instituto de Gestão do Crédito Público (IGCP). Baltazar Lopes reconheceu que esse valor é insuficiente para suportar as despesas com o evento mas diz que "a junta, com a colaboração da câmara da Guarda, tem sempre uma verba disponível para fazer esta festa, que é do agrado de toda a população, não só da freguesia mas também de todo a zona do Vale do Mondego".

Este ano, para além, das castanhas, também foram atirados rebuçados destinados aos mais novos desde a torre sineira da igreja.

As castanhas lançadas da torre da igreja são apanhadas por quem assiste e comidas cruas ou assadas nas brasas da fogueira de Natal. No momento em que as castanhas são atiradas para o meio da multidão, os mais novos e alguns homens protagonizam as denominadas "cavaladas", saltando para cima das costas daqueles que se baixam para as apanhar.

In DN