"Cité Soleil" a cidade proibida do Haiti
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"Cité Soleil" a cidade proibida do Haiti
"Cité Soleil" a cidade proibida do Haiti
Subúrbios
da capital estão entregues à violência e à ditadura dos gangues que
pilham e matam, reforçados pelos milhares de criminosos que escaparam
da prisão
00h39m
Alfredo Leite, enviado a Port-au-Prince, Haiti
Há
em Port-au-Prince uma cidade proibida. Um lugar onde as bolsas de
violência continuam a multiplicar-se com pilhagens, roubos ou agressões
por não mais do que uma cerveja. É uma cidade sem lei,
hoje como ontem controlada pelos gangues mais violentos da capital
haitiana, reforçados agora com centenas de criminosos que fugiram
quando a principal cadeia da cidade colapsou, libertando, mas também
tendo matado, alguns dos condenados mais perigosos do país."Cité
Soleil" é uma espécie de inferno dentro do purgatório. Um lugar
interdito a estrangeiros e por cujas ruas miseráveis poucos haitianos
se aventuram a passar. O maior bairro-de-lata da cidade, que ocupa a
parte mais baixa de Port-au-Prince, junto à baía, é agora um mar ainda
maior de escombros e de lixo. Mas não só. É também a zona onde a ajuda
humanitária mais tardará a chegar. "Somos sempre esquecidos, ninguém
vem cá", comenta um homem de 20 anos, sentado numa cadeira de esplanada
toda estropiada, no meio da rua, junto a uma fogueira onde se cozinham
misturas indecifráveis.Mais adiante, na barraca onde funcionava
a barbearia, só restam os cartazes exuberantes e coloridos anunciando a
última moda capilar na América. Duas mulheres e um cão vasculham
escombros. Aparentemente, não encontram nada e vão-se embora. Atrás
segue, ondulante, um "teenager" com um iPhone na mão e auscultadores
brancos que contrastam com a pele negra e brilhante do rosto. Chuta,
indiferente, restos de vidas espalhados pelo chão. Umas sandálias aqui,
um despertador empoeirado mais à frente, um televisor barato todo
partido. Há barreiras nas ruas e grupos de olhar ameaçador,
estilo Hollywood, a controlar os acessos. São sete da manhã e as
bojudas garrafas de Prestige Lager já circulam de mão em mão. À tarde,
a cerveja e a canábis serão o rastilho para cenas de violência aqui e
ali. "Cité Soleil" é uma cidade tão entregue à sua sorte que um
polícia, ouvido pelo JN sob anonimato, não hesita em defender: "Eles
que façam lá justiça pelas próprias mãos! Nós temos de reconstruir a
cidade e lá eles sempre se mataram uns aos outros".Só que "lá"
também vive gente inocente, vítimas indefesas de uma catástrofe que os
afectou ainda mais. Outros tentam, pelo menos na morte, alguma
dignidade que a vida não lhes deu. E se puderem enterrar as vítimas
fora do bairro de lata, é o que farão (ver caixa).
Subúrbios
da capital estão entregues à violência e à ditadura dos gangues que
pilham e matam, reforçados pelos milhares de criminosos que escaparam
da prisão
00h39m
Alfredo Leite, enviado a Port-au-Prince, Haiti
foto Alfredo Leite/JN |
Subúrbios da capital estão entregues à violência |
Há
em Port-au-Prince uma cidade proibida. Um lugar onde as bolsas de
violência continuam a multiplicar-se com pilhagens, roubos ou agressões
por não mais do que uma cerveja. É uma cidade sem lei,
hoje como ontem controlada pelos gangues mais violentos da capital
haitiana, reforçados agora com centenas de criminosos que fugiram
quando a principal cadeia da cidade colapsou, libertando, mas também
tendo matado, alguns dos condenados mais perigosos do país."Cité
Soleil" é uma espécie de inferno dentro do purgatório. Um lugar
interdito a estrangeiros e por cujas ruas miseráveis poucos haitianos
se aventuram a passar. O maior bairro-de-lata da cidade, que ocupa a
parte mais baixa de Port-au-Prince, junto à baía, é agora um mar ainda
maior de escombros e de lixo. Mas não só. É também a zona onde a ajuda
humanitária mais tardará a chegar. "Somos sempre esquecidos, ninguém
vem cá", comenta um homem de 20 anos, sentado numa cadeira de esplanada
toda estropiada, no meio da rua, junto a uma fogueira onde se cozinham
misturas indecifráveis.Mais adiante, na barraca onde funcionava
a barbearia, só restam os cartazes exuberantes e coloridos anunciando a
última moda capilar na América. Duas mulheres e um cão vasculham
escombros. Aparentemente, não encontram nada e vão-se embora. Atrás
segue, ondulante, um "teenager" com um iPhone na mão e auscultadores
brancos que contrastam com a pele negra e brilhante do rosto. Chuta,
indiferente, restos de vidas espalhados pelo chão. Umas sandálias aqui,
um despertador empoeirado mais à frente, um televisor barato todo
partido. Há barreiras nas ruas e grupos de olhar ameaçador,
estilo Hollywood, a controlar os acessos. São sete da manhã e as
bojudas garrafas de Prestige Lager já circulam de mão em mão. À tarde,
a cerveja e a canábis serão o rastilho para cenas de violência aqui e
ali. "Cité Soleil" é uma cidade tão entregue à sua sorte que um
polícia, ouvido pelo JN sob anonimato, não hesita em defender: "Eles
que façam lá justiça pelas próprias mãos! Nós temos de reconstruir a
cidade e lá eles sempre se mataram uns aos outros".Só que "lá"
também vive gente inocente, vítimas indefesas de uma catástrofe que os
afectou ainda mais. Outros tentam, pelo menos na morte, alguma
dignidade que a vida não lhes deu. E se puderem enterrar as vítimas
fora do bairro de lata, é o que farão (ver caixa).
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