camaras gastam 20 milhoes ano com estadios ...
Vagueando na Notícia :: Salas das mesas de grandes debates de noticias :: Noticias observadas DAS GALAXIAS SOBRE O PLANETA TERRA
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camaras gastam 20 milhoes ano com estadios ...
...
Antigamente, na Índia e na Tailândia, o elefante branco era um animal
sagrado que não podia ser usado em trabalho. Quando o rei oferecia um
destes animais a um cortesão, este tinha de o alimentar, mas não
retirava daí nenhum proveito, ou seja, possuía algo muito valioso, mas
que só lhe dava despesas, conduzindo-o, muitas vezes, à ruína. É esta a
origem da expressão “elefante branco”, tantas vezes aplicada aos
estádios construídos para o Europeu de futebol de 2004.
O
Cidades visitou no último mês os cinco estádios públicos construídos
para o Europeu e os autarcas, mesmo sem falarem em “elefantes brancos”,
olham para essas obras como uma fonte de problemas financeiros. Os
números, aliás, não deixam dúvidas. Braga paga seis milhões de euros
por ano à banca, Leiria paga cinco milhões anuais só em amortizações e
juros, Aveiro despende quatro milhões no pagamento de empréstimos e na
manutenção, enquanto Faro e Loulé gastam, em conjunto, 3,1 milhões por
ano em empréstimos e manutenção. Coimbra é que menos paga e mesmo
assim, este ano, vai transferir para a banca 1,8 milhões de euros.
Somando estes valores (e em alguns casos a manutenção não está
contabilizada), as seis câmaras que construíram os recintos para o Euro
2004 gastam anualmente 19,9 milhões de euros, ou 54.520 euros por dia,
montante que terá tendência para aumentar com a subida das taxas de
juro.
E se somarmos o que as câmaras de Porto e Guimarães pagam
aos bancos pelos apoios que deram aos clubes locais nas obras dos
estádios e acessos, a factura anual das autarquias com os empréstimos e
manutenção de estádios do Europeu eleva-se para 26,1 milhões de euros.
A autarquia portuense pagou 3,6 milhões de euros em 2009, tendo ainda
pela frente 44,5 milhões até 2024. Em Guimarães, a câmara gastou 2,5
milhões de euros no ano passado. Já a Câmara de Lisboa afirma que não
contraiu empréstimos por causa do Euro.
Na ronda pelos cinco
estádios municipais, algo ficou à vista. Não há, ou pelo menos não
houve até agora, soluções para rentabilizar os recintos, de forma a
cobrir as despesas que a sua construção gerou. Todas as autarquias têm
um pesado fardo anual e nenhuma encontrou “a galinha dos ovos de ouro”.
Umas invejam o Algarve, porque recebe o Rali de Portugal. Outras
Coimbra, porque tem lojas na estrutura do estádio. Outras Braga, porque
vendeu o nome do estádio a uma seguradora. E se umas (como Leiria)
lamentam que o recinto tenha sido construído no centro da cidade, sem
espaço para edificar mais equipamentos desportivos à volta, outras
(como Braga e Aveiro) deparam-se com críticas da população, porque os
estádios estão fora da cidade. E outras ainda (Algarve) lamentam não
ter uma equipa da I Liga a utilizar o recinto.
Contra a demolição
Nas
seis cidades envolvidas, Carlos Encarnação, presidente da Câmara
Municipal de Coimbra, é o único autarca assumidamente contra a
construção do estádio. “Nenhum país decente constrói dez estádios para
um Europeu”, critica aquele autarca do PSD. Outros, como o líder das
câmaras de Leiria ou a oposição de Braga, só questionam que os
montantes investidos tenham sido demasiado elevados para os benefícios
que geraram. E em Faro lastima-se que não tenha havido mais apoios
regionais e que o recinto não esteja associado a áreas comerciais, que
poderiam aumentar a sustentabilidade financeira.
“Muitas
cidades que queriam o Euro agora dão graças por não ter um estádio”,
desabafa Raul Castro, presidente da Câmara Municipal de Leiria. “Estes
estádios foram pensados para uma realidade que não é a portuguesa. O
Estádio de Aveiro leva metade dos [60.000] eleitores da cidade. Está
sobredimensionado”, acrescenta Pedro Ferreira, presidente da empresa
que gere o recinto aveirense, ao que Alberto Souto, antigo presidente
da Câmara de Aveiro, contrapõe que 30.000 lugares era a lotação mínima
para receber jogos de Europeu.
Com o Europeu de futebol de
2004, o Estado português gastou, pelo menos, 1035 milhões de euros, o
equivalente ao custo da Ponte Vasco da Gama. Apurado por uma auditoria
do Tribunal de Contas, realizada em 2005, este valor inclui, por
exemplo, os encargos com os estádios (384 milhões), acessibilidades
(228 milhões), bem como os apoios indirectos das câmaras do Porto (152
milhões) e de Lisboa (59 milhões).
Nas últimas semanas, os
gastos anuais com os pagamentos de empréstimos e os custos de
manutenção dos estádios têm gerado discussão um pouco por todo o país.
O economista Augusto Mateus, que foi ministro da Economia entre Março
de 1996 e Novembro de 1997, sugeriu uma solução radical: demolir.
Mas
a demolição é algo que os autarcas envolvidos colocam de parte. “Não
faz sentido implodir obra desta envergadura”, afirma Raul Castro,
autarca de Leiria, que tem o estádio à venda. Em Aveiro, também se
encara a venda como uma boa saída (caso não houvesse contestação da
população) e o Algarve também está disposto a estudar o assunto, caso
surjam interessados. A venda poderá implicar a devolução dos apoios
comunitários, mas todos sublinham que isso “não será um obstáculo”,
porque as autarquias assumiram grande parte dos custos.
Na
rentabilização dos estádios, as câmaras têm-se defrontado com um
problema: a especificidade destes equipamentos, que servem praticamente
só para jogos de futebol (à excepção de Coimbra e Leiria, que têm pista
de atletismo). Uma característica que merece críticas de Augusto
Mateus, que recorda, por exemplo, uma visita à sede mundial da
Chrysler, onde pôde ver um edifício capaz de ser transformado num
centro comercial.
Fuga ao Mundial 2018
Na
“batalha” para rentabilizar os estádios há mais um dado em equação: a
candidatura luso-espanhola à organização do Mundial de futebol de
2018/2022. Só que se levanta mais um problema. Já não se trata de saber
se compensa construir estádios – embora ex-autarcas como Isabel
Damasceno (Leiria) e Alberto Souto (Aveiro) não se mostrem arrependidos
da opção no Euro 2004 –, mas de saber se vale a pena gastar mais para
adequar os estádios à exigência mínima de 40.000 lugares, algo que só
os recintos do FC Porto, Benfica e Sporting cumprem.
Desta
vez, porém, há uma resposta clara dos autarcas. À excepção de Braga,
cuja opinião não foi possível obter, os outros recusam investir mais.
“Só me faltava mais isso. Tenho outras coisas em que gastar o dinheiro.
Seria uma estupidez completa entrar numa candidatura ao Mundial 2018”,
resume Carlos Encarnação.
Antigamente, na Índia e na Tailândia, o elefante branco era um animal
sagrado que não podia ser usado em trabalho. Quando o rei oferecia um
destes animais a um cortesão, este tinha de o alimentar, mas não
retirava daí nenhum proveito, ou seja, possuía algo muito valioso, mas
que só lhe dava despesas, conduzindo-o, muitas vezes, à ruína. É esta a
origem da expressão “elefante branco”, tantas vezes aplicada aos
estádios construídos para o Europeu de futebol de 2004.
O
Cidades visitou no último mês os cinco estádios públicos construídos
para o Europeu e os autarcas, mesmo sem falarem em “elefantes brancos”,
olham para essas obras como uma fonte de problemas financeiros. Os
números, aliás, não deixam dúvidas. Braga paga seis milhões de euros
por ano à banca, Leiria paga cinco milhões anuais só em amortizações e
juros, Aveiro despende quatro milhões no pagamento de empréstimos e na
manutenção, enquanto Faro e Loulé gastam, em conjunto, 3,1 milhões por
ano em empréstimos e manutenção. Coimbra é que menos paga e mesmo
assim, este ano, vai transferir para a banca 1,8 milhões de euros.
Somando estes valores (e em alguns casos a manutenção não está
contabilizada), as seis câmaras que construíram os recintos para o Euro
2004 gastam anualmente 19,9 milhões de euros, ou 54.520 euros por dia,
montante que terá tendência para aumentar com a subida das taxas de
juro.
E se somarmos o que as câmaras de Porto e Guimarães pagam
aos bancos pelos apoios que deram aos clubes locais nas obras dos
estádios e acessos, a factura anual das autarquias com os empréstimos e
manutenção de estádios do Europeu eleva-se para 26,1 milhões de euros.
A autarquia portuense pagou 3,6 milhões de euros em 2009, tendo ainda
pela frente 44,5 milhões até 2024. Em Guimarães, a câmara gastou 2,5
milhões de euros no ano passado. Já a Câmara de Lisboa afirma que não
contraiu empréstimos por causa do Euro.
Na ronda pelos cinco
estádios municipais, algo ficou à vista. Não há, ou pelo menos não
houve até agora, soluções para rentabilizar os recintos, de forma a
cobrir as despesas que a sua construção gerou. Todas as autarquias têm
um pesado fardo anual e nenhuma encontrou “a galinha dos ovos de ouro”.
Umas invejam o Algarve, porque recebe o Rali de Portugal. Outras
Coimbra, porque tem lojas na estrutura do estádio. Outras Braga, porque
vendeu o nome do estádio a uma seguradora. E se umas (como Leiria)
lamentam que o recinto tenha sido construído no centro da cidade, sem
espaço para edificar mais equipamentos desportivos à volta, outras
(como Braga e Aveiro) deparam-se com críticas da população, porque os
estádios estão fora da cidade. E outras ainda (Algarve) lamentam não
ter uma equipa da I Liga a utilizar o recinto.
Contra a demolição
Nas
seis cidades envolvidas, Carlos Encarnação, presidente da Câmara
Municipal de Coimbra, é o único autarca assumidamente contra a
construção do estádio. “Nenhum país decente constrói dez estádios para
um Europeu”, critica aquele autarca do PSD. Outros, como o líder das
câmaras de Leiria ou a oposição de Braga, só questionam que os
montantes investidos tenham sido demasiado elevados para os benefícios
que geraram. E em Faro lastima-se que não tenha havido mais apoios
regionais e que o recinto não esteja associado a áreas comerciais, que
poderiam aumentar a sustentabilidade financeira.
“Muitas
cidades que queriam o Euro agora dão graças por não ter um estádio”,
desabafa Raul Castro, presidente da Câmara Municipal de Leiria. “Estes
estádios foram pensados para uma realidade que não é a portuguesa. O
Estádio de Aveiro leva metade dos [60.000] eleitores da cidade. Está
sobredimensionado”, acrescenta Pedro Ferreira, presidente da empresa
que gere o recinto aveirense, ao que Alberto Souto, antigo presidente
da Câmara de Aveiro, contrapõe que 30.000 lugares era a lotação mínima
para receber jogos de Europeu.
Com o Europeu de futebol de
2004, o Estado português gastou, pelo menos, 1035 milhões de euros, o
equivalente ao custo da Ponte Vasco da Gama. Apurado por uma auditoria
do Tribunal de Contas, realizada em 2005, este valor inclui, por
exemplo, os encargos com os estádios (384 milhões), acessibilidades
(228 milhões), bem como os apoios indirectos das câmaras do Porto (152
milhões) e de Lisboa (59 milhões).
Nas últimas semanas, os
gastos anuais com os pagamentos de empréstimos e os custos de
manutenção dos estádios têm gerado discussão um pouco por todo o país.
O economista Augusto Mateus, que foi ministro da Economia entre Março
de 1996 e Novembro de 1997, sugeriu uma solução radical: demolir.
Mas
a demolição é algo que os autarcas envolvidos colocam de parte. “Não
faz sentido implodir obra desta envergadura”, afirma Raul Castro,
autarca de Leiria, que tem o estádio à venda. Em Aveiro, também se
encara a venda como uma boa saída (caso não houvesse contestação da
população) e o Algarve também está disposto a estudar o assunto, caso
surjam interessados. A venda poderá implicar a devolução dos apoios
comunitários, mas todos sublinham que isso “não será um obstáculo”,
porque as autarquias assumiram grande parte dos custos.
Na
rentabilização dos estádios, as câmaras têm-se defrontado com um
problema: a especificidade destes equipamentos, que servem praticamente
só para jogos de futebol (à excepção de Coimbra e Leiria, que têm pista
de atletismo). Uma característica que merece críticas de Augusto
Mateus, que recorda, por exemplo, uma visita à sede mundial da
Chrysler, onde pôde ver um edifício capaz de ser transformado num
centro comercial.
Fuga ao Mundial 2018
Na
“batalha” para rentabilizar os estádios há mais um dado em equação: a
candidatura luso-espanhola à organização do Mundial de futebol de
2018/2022. Só que se levanta mais um problema. Já não se trata de saber
se compensa construir estádios – embora ex-autarcas como Isabel
Damasceno (Leiria) e Alberto Souto (Aveiro) não se mostrem arrependidos
da opção no Euro 2004 –, mas de saber se vale a pena gastar mais para
adequar os estádios à exigência mínima de 40.000 lugares, algo que só
os recintos do FC Porto, Benfica e Sporting cumprem.
Desta
vez, porém, há uma resposta clara dos autarcas. À excepção de Braga,
cuja opinião não foi possível obter, os outros recusam investir mais.
“Só me faltava mais isso. Tenho outras coisas em que gastar o dinheiro.
Seria uma estupidez completa entrar numa candidatura ao Mundial 2018”,
resume Carlos Encarnação.
Vitor mango- Pontos : 118178
Re: camaras gastam 20 milhoes ano com estadios ...
dizem-me que as vezes ha 600 maduros a ver futebol mas a maioria dos bilhetes sao oferecidos
Vitor mango- Pontos : 118178
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