Imelda volta à política para limpar o nome do marido

Imelda volta à política para limpar o nome do marido

por HELENA TECEDEIRO
Hoje


Viúva de ditador Ferdinand Marcos é candidata a deputada nas eleições gerais de 10 de Maio. Uma vitória dar-lhe-ia imunidade

Foi com um beijo no vidro que protege o corpo embalsamado do marido, o ditador Ferdinand Marcos, que Imelda Marcos marcou o regresso à política. Aos 80 anos, a ex-primeira dama das Filipinas, mais conhecida pela colecção de sapatos, é candidata a um lugar no Parlamento nas eleições gerais de 10 de Maio. E nada melhor para lançar a sua campanha do que uma visita ao mausoléu da família. Foi lá que Imelda prometeu limpar o nome do marido, vítima, segundo ela, de "uma das maiores injustiças" da política filipina.

Reduto da família Marcos, a província de Ilocos Norte era até agora representada na câmara baixa do Parlamento pelo filho de Imelda, Ferdinand "Bongbong" Marcos. Este deixa o cargo para se apresentar ao Senado, nas mesmas eleições em que a irmã Imee concorre a governadora da região.

Afastado do poder em 1986 após uma vaga de descontentamento popular que teve início três anos antes com o assassínio do líder da oposição Benigno Aquino, Ferdinand Marcos deixou as Filipinas após mais de duas décadas de regime autoritário. Para trás, no palácio presidencial, a sua exuberante mulher Imelda deixou uma colecção de 1220 sapatos e inúmeras jóias. O casal refugiou-se nos EUA, de onde Imelda voltou após a morte do marido, em 1991.

Derrotada nas presidenciais de 1992 e 1998, a viúva de Marcos serviu na câmara baixa do Parlamento entre 1995 e 1998. Agora tenta um regresso à vida política para "defender a integridade política e a verdade".

Mas Imelda não é a única candidata com história numas eleições em que estão em causa mais de 18 mil cargos, do Presidente a um terço dos senadores, passando pelos governadores e muitos presidentes de câmara.

Após anos de suspeitas de corrupção e impedida de se recandidatar à chefia do Estado, Gloria Macapagal Arroyo, a filha do presidente Diosdado Macapagal, vai tentar a sua sorte no Parlamento. Ao lugar que esta mulher de 62 anos vai deixar vago são candidatos o filho e homónimo de Benigno Aquino, líder do Partido Liberal, que as sondagens dão como favorito. O seu principal rival é o milionário senador Manuel Villar, do Partido Nacionalista. Mas na corrida está ainda o antigo presidente Joseph Estrada, derrubado do poder em 2001, condenado a prisão perpétua por corrupção e amnistiado em 2007.

A possível eleição de Benigno "Noynoy" Aquino para a chefia do Estado pode ser uma das razões que levam Imelda Marcos a candidatar-se ao Parlamento. Assim, a viúva de Marcos adquiriria imunidade caso o filho do opositor assassinado sob o regime do seu marido quisesse investigar este crime.

Na corrida ao Parlamento, Manny Pacquiao é outro candidato fora do comum. Considerado como o melhor pugilista do mundo - foi sete vezes campeão do mundo em sete categorias diferentes, aos 31 anos este trocou os ringues pela política e apresenta--se ao lugar de deputado.

Num país que enfrenta rebeldes separatistas, o poder central é desafiado por seis dezenas de milícias privadas, fiéis aos responsáveis locais. Desde o início do ano, pelo menos 20 candidatos já foram assassinados e 13 ficaram feridos ainda antes do arranque da campanha.

In DN