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Obra "Spínola" lançada no dia 8 de Abril

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Mensagem por TheNightTrain Sáb Abr 10, 2010 12:37 pm

Obra "Spínola" lançada no dia 8 de Abril

por Lusa05 Abril 2010
Obra "Spínola" lançada no dia 8 de Abril

A convicção é do historiador Luís Nuno Rodrigues, autor da biografia "Spínola", que será lançada na próxima quinta-feira e reconstitui ao longo de quase 700 páginas a "longa carreira do militar e do político" que se tornou o primeiro Presidente da República após a revolução de 1974.


A convicção de António de Spínola sobre a necessidade de privilegiar a via política e negocial para a guerra do ultramar formou-se no essencial mais de uma década antes da sua expressão pública, em 1974.

"Uma das coisas que achei interessantes foi ter-me apercebido que, já quando estava em Angola, no princípio dos anos 60, Spínola começou gradualmente a formar as ideias que depois seriam plasmadas no ´Portugal e o Futuro´", disse o autor da obra, em declarações à agência Lusa.

De resto, para Luís Nuno Rodrigues, a obra mais célebre do marechal, publicada em Fevereiro de 1974, "não surge como uma reacção à sua saída da Guiné" (onde foi governador militar de 1968 a 1973), mas é resultado de "uma reflexão anterior" que se foi consolidando até alcançar expressão prática quando Spínola assumiu o posto de comandante chefe e governador geral da Guiné, entre 1968 e 1973.

É nessa fase que Spínola consegue "abrir uma janela de oportunidade para uma solução negociada" do problema daquela ex-colónia e alcança um "acordo de princípio" que merece a concordância do então presidente senegalês Léopold Sedar Senghor - se quem se aproxima - e dos insurrectos guineenses.

Uma solução negocial que "teria permitido que a questão da Guiné fosse resolvida de forma política", mas que foi então rejeitada por Marcelo Caetano e pelo poder político - uma circunstância de que Spínola se iria "ressentir muito", tendo regressado "muito desiludido a Bissau".

Do percurso político de Spínola, de que se ocupa a segunda metade da biografia, resulta ainda a constatação de que o gorado golpe de Estado de 11 de Março de 1975, que protagonizou, "forneceu um pretexto" à extrema esquerda para "uma maior radicalização do regime vigente", com o lançamento de políticas como a das nacionalizações.

"Mas daí a considerar o general Spínola o responsável por essa deriva esquerdista não creio, sobretudo porque, pelas suas ideias, pela sua formação, esse seria o último dos caminhos que ele pretenderia para Portugal", enfatizou Luís Rodrigues.

Figura maior de um dos "dois grandes pólos" que se digladiaram nos meses que se seguiram à revolução de Abril de 1974 - com "visões muito diferentes quanto ao futuro do país, à sua organização política e económica, quanto ao modo como a descolonização devia ou não ser feita" -, o percurso político de Spínola acabou por ser marcado por uma "sucessão de batalhas perdidas".

"Há uma unanimidade nesta ideia de que Spínola terá sido um militar hábil, corajoso, destemido, mas um político inábil e que na componente política da sua carreira não teria tido o mesmo sucesso que na componente militar. E, de facto, se atentarmos ao seu percurso após o 25 de Abril de 1974, há uma sucessão de batalhas perdidas (...) é um período muito curto em que as forças militares, políticas e sociais que se opunham ao projecto de Spínola se agigantam e tudo isto acaba por conduzir ao seu afastamento e à sua demissão", referiu.

Se como político António de Spínola merece avaliações divergentes, como militar teve um percurso "fulgurante", sobretudo a partir de 1961, quando se voluntaria para a guerra colonial e comanda uma força de cavalaria em Angola, passando pelo mais notório percurso na Guiné.

Apesar das suas opções nem sempre consensuais, o historiador não considera, contudo, que António de Spínola, que faleceu em 1996, seja "uma figura injustiçada" da História recente.

"Há de facto um período a seguir ao seu exílio, a seguir ao 11 de Março, com o seu regresso em 1976 e a sua prisão, o seu afastamento das Forças Armadas em que o país parecia de costas voltadas para o primeiro Presidente após o 25 de Abril. Mas ao longo dos anos 80 houve uma reconciliação gradual de Spínola com o país e do país com Spínola. Não sei se terá feito as pazes com o país e terá perdoado e esquecido aquilo que na sua opinião foram traições e atitudes menos bem conseguidas", comentou.

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Mensagem por TheNightTrain Sáb Abr 10, 2010 1:04 pm

SALVEI SPÍNOLA DE MORRER COM TIRO NA CABEÇA (ANGOLA 1961/1964)
13 - Nov - 2008, por: Lenamarve - Secções: Combatentes e Guerra Colonial, Geral, Portugal - História Colonial

Correio da Manhã 20 Julho 2008

A Minha Guerra - António Veiga - Angola 1961-64

“Salvei Spínola de morrer com tiro na cabeça”

Muito do que sou como homem devo a António de Spínola – que foi o comandante do meu batalhão, era ele tenente-coronel, quando estive na guerra em Angola. O Batalhão – ou melhor, o Grupo, porque somos de Cavalaria – foi formado em Estremoz por 638 militares oriundos de várias unidades. Embarcámos no navio ‘Angola’ ao final da manhã de 24 de Novembro de 1961, uma sexta-feira, e chegámos a Luanda na tarde de 9 de Dezembro. Ficámos uns dias acomodados no campo militar do Grafanil – até que fomos mandados para o Norte: primeiro estivemos em Ambrizete, no litoral; depois em Bessa Monteiro, mais para o interior.


A vila de Bessa Monteiro estava deserta: a população tinha fugido, acossada pelos ataques dos guerrilheiros da União dos Povos de Angola, a UPA. Lembro-me que chegámos à zona por volta das 11 horas da manhã. Pouco tempo depois, fomos atacados. Estávamos de marmita na mão na fila para o almoço e mal tivemos tempo para reagir. À volta era tudo mato. O meu pelotão ainda saiu para perseguir os atacantes – mas eles já tinham saído dali para fora.

A vida não era nada fácil em Bessa Monteiro. A missão do Grupo 345 era limpar a zona de guerrilheiros e permitir o regresso das populações. Numa das primeiras operações de grande envergadura, a Companhia 253 sofreu uma brutal emboscada – em Quidilo, durante a travessia de um rio, na manhã de 25 de Abril de 1961. Nove militares dos nossos caíram mortos e 21 sofreram ferimentos.

A companhia ficou muito desmoralizada. Nunca mais me esqueço do que fez o nosso comandante quando os homens regressaram ao quartel. Vinham mesmo em baixo. O tenente-coronel Spínola foi ter com eles e disse-lhes:

– A partir de hoje, quando saírem para o mato, eu é que vou à vossa frente.

A atitude do comandante acabou por levantar o moral dos soldados. No dia seguinte, já sob o comando directo de Spínola, a companhia voltou ao local onde tinha sido tão massacrada.

Todos os dias, quando era a hora da refeição, ele ia ter com os soldados para os animar e conversar. Era um grande comandante: exigia muito aos militares – mas também os tratava bem. Saía com eles para o mato e enfrentava os mesmos perigos. Interessava-se por nós. Lembro-me de um período em que só se comia arroz. Ele ficou furioso. Conseguiu melhorar as nossas condições. Passámos a receber, no meio do mato, pão, batatas, conservas e outros mantimentos transportados por aviões Dornier. Mas ai de nós se as ordens não fossem cumpridas à risca… Nisso era implacável. Não perdoava a ninguém. Tanto gritava com os soldados como com os oficiais.

Conseguimos ‘limpar’ a zona de Bessa Monteiro. As populações começaram a regressar. O nosso Grupo foi colocado, em Julho de 1962, no sector de São Salvador – região mais a norte, onde a guerra ainda era mais dura. Eu e o ‘Alenquer’ passámos a acompanhar de perto todos os passos de Spínola: quando ia para o mata, e ia muitas vezes, nós estávamos sempre com ele.

Uma vez, a Companhia 345 saiu para uma operação perto da fronteira com o Congo ex-belga [actual República Democrática do Congo] e, como se tratava de uma zona difícil e perigosa, Spínola também foi. O mato era cerrado. Chegámos a uma bifurcação – e escolhemos um dos caminhos. A caminhada foi interrompida ao cair da noite. Ajeitámo-nos para comer e dormir. Ao cair da noite, os guerrilheiros iniciaram um ataque em grande força. Caíam morteiros. Eu estava deitado de barriga para baixo e, ao rebolar para me abrigar noutro local, encalhei num capacete. Reparei que Spínola estava de cabeça erguida a tentar ver pelos clarões de onde vinham os morteiros. Enfiei-lhe o capacete na cabeça. Momentos depois,ouvimos uma bala a resvalar no ferro. O comandante fora atingido e o capacete salvou-lhe a vida. Se não fosse eu, Spínola teria morrido com um tiro na cabeça. Estivemos toda a noite debaixo de fogo. Só conseguimos sair de manhã, com o apoio dos bombardeamentos da Força Aérea.

Noutra operação, também com a presença de Spíonola, fomos atacar um grande depósito de munições dos guerrilheiros, na zona de São Salvador. A aviação bombardeava à nossa frente – e nós seguíamos o rasto. Chegámos a um morro e fizemos o cerco ao objectivo. Houve troca de tiros. Os guerrilheiros debandaram e deixaram lá tudo: metralhadoras, morteiros, granadas – e muitos documentos. Foi através desses documentos que descobrimos, pela primeira vez, que havia minas anticarro em Angola e que todas as saídas de São Salvador estavam minadas.

Ao fim de um ano no inferno do Norte, o Grupo de Cavalaria 345 é mandado para o descanso de Sá da Bandeira, no Sul, onde ainda não havia guerra. O Grupo regressou à Metrópole – juntamente com Spínola, que entretanto foi promovido a coronel. Chegámos a Lisboa, no paquete ‘Vera Cruz’, no dia 4 de Março de 1963.

‘SPÍNOLA OFERECEU-SE PARA MEU PADRINHO DE CASAMENTO’

António de Spínola ficou reconhecido por Cáceres Veiga lhe ter salvo a vida. Terminada a comissão, Veiga recebe em casa, nos arredores de Arronches, no Alentejo, um telegrama do antigo comandante: Spínola arranjara-lhe um bom emprego – no laboratório de produtos farmacêuticos do irmão, Francisco Spínola. Veiga aceitou. Mas teve saudades da terra. ‘Não me adaptei à vida de Lisboa e regressei ao meu Alentejo, onde me sentia com mais liberdade’, recorda. Spínola compreendeu as razões do amigo. E, para provar que o estimava, fez questão de ser o seu padrinho de casamento. Veiga casou-se em 12 de Setembro de 1964. Trabalhou uns tempos na agricultura, até que conseguiu entrar para a Guarda Fiscal. Reformou- -se pouco depois do 25 de Abril de 1974. Nunca deixou de visitar Spínola, na casa do Paço da Rainha, em Lisboa, ou na quinta de Massamá, no concelho de Sintra. António Veiga e Rosa têm dois filhos: Alice, professora de Português em Alenquer, e José, professor de Música em Portalegre. Hoje, António Veiga dedica-se à produção de gado bovino numa propriedade nos arredores de Monforte, no Alto Alentejo.

http://group.xiconhoca.com/2008/11/13/salvei-spinola-de-morrer-com-tiro-na-cabeca-angola-19611964/

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Mensagem por TheNightTrain Seg Abr 12, 2010 11:17 am

Quantos homens cabem num ego?


http://www.publico.pt/Sociedade/se-isto-nao-e-um-heroi_1376370

http://www.publico.pt/Pol%C3%ADtica/spinola-foi-sempre-muito-perseguido-pelo-seu-passado_1431491

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