Falsas médicas levam mulheres a actos sexuais
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Falsas médicas levam mulheres a actos sexuais
Falsas médicas levam mulheres a actos sexuais Ministério Público tem queixas de vítimas de todo o país 00h31m INÊS SCHRECK E NUNO MIGUEL MAIA O Ministério Público do Porto tem recebido várias queixas de mulheres enganadas por falsas médicas que as induzem a praticar actos de cariz sexual durante conversas telefónicas. Houve quem se sujeitasse a filmar as auto-apalpações em videochamada. As vítimas são de todo o país e as primeiras queixas chegaram ao Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) do Porto em 2006. As alegadas médicas dizem trabalhar em diferentes hospitais da região do Porto. O "S. João" é um deles e, na semana passada, o nome da instituição voltou a ser envolvido num telefonema com conotação sexual. António Ferreira, presidente do Conselho de Administração do S. João, alerta as mulheres para não se deixarem enganar e pede para, no caso de receberem algum telefona semelhante, contactarem de imediato o hospital, que "encaminhará as queixas para as autoridades", tal como já fez com os relatos anteriores. No S. João, os primeiros dois casos remontam a 2008. Depois, houve um período de acalmia, mas os telefonemas recomeçaram no final de 2009. Em Abril deste ano, o hospital enviou para o Ministério Público quatro queixas formais apresentadas pelas vítimas. Agora já tem sete reclamações escritas, mas sabe-se que há outras tantas mulheres que não quiseram expor o problema. Regra geral, o contacto é feito para o telemóvel pessoal da vítima por alguém que diz ser médica do Centro de Oncologia do Hospital de S. João, a marcar uma consulta para o dia seguinte. As testemunhas referem ter ouvido mais do que uma voz feminina do outro lado da linha. A principal interlocutora, baseada em pormenores clínicos verídicos e resultados de exames ou colheitas de sangue, assusta a vítima, dizendo-lhe que suspeita de cancro na mama, no útero ou nos ovários, dependendo dos casos relatados. Ainda abaladas pela notícia e convencidas de que estão a falar com uma médica, as mulheres aceitam fazer durante o telefonema um exame ao corpo, nomeadamente apalpação da mama ou dos órgãos genitais. A suposta médica "vai perguntando se gosta ou se dói" e indagando sobre a vida sexual das mulheres, contou Carla Oliveira, responsável adjunta do gabinete do utente do Hospital de S. João. Antes do "exame", pergunta se as vítimas têm telemóveis modernos com possibilidade de videochamada. Uma das visadas aceitou filmar-se. Por fim, as falsas médicas dizem às vítimas para se apresentarem numa consulta no dia seguinte no S. João, com uma amostra de urina, umas cuecas usadas e acompanhadas do marido. Algumas só percebem que foram enganadas quando chegam ao hospital e lhes é dito que não existe qualquer médica com aquele nome, nem consulta marcada. Segue-se a indignação, a revolta, a vergonha e o medo de que as conversas tenham sido gravadas. Conhecem historial clínico Segundo Carla Oliveira, as sete mulheres que apresentaram queixa formal não são utentes do S. João, têm cerca de 30 anos, e não sofrem de patologia oncológica. No seu historial clínico há, contudo, algum problema prévio que torna credível o desenvolvimento de um cancro, tal como um nódulo numa mama, quistos nos ovários ou a utilização de um dispositivo intra-uterino (DIU). A maioria vive na Área Metropolitana do Porto, uma é de Braga e outra de Ponte de Lima. Três delas mencionaram terem doado sangue recentemente, uma das quais num centro comercial. As chamadas são feitas a partir de um telemóvel, cujo número vem identificado. Em todos os casos, foi impossível retomar o contacto porque dá sinal de desligado. |
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