A ADSE não ia morrer?
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A ADSE não ia morrer?
A ADSE não ia morrer?
por PEDRO TADEU
De vez em quando os governos lançam para o espaço o foguetão de uma importantíssima reforma qualquer. Acontece frequentemente que esse tremendo ruído cai no silêncio escuro do vácuo sem que, aparentemente, nada no universo mexa um milímetro. É de desconfiar...
Há uns anos, José Sócrates e o então seu ministro da Saúde, Correia de Campos, declararam o fim dos subsistemas de saúde. Vou até ser mais exacto: em 15 de Novembro de 2006, o Governo determinou o fecho, por exemplo, da Caixa de Previdência dos Jornalistas, um dos tais subsistemas. O funeral foi marcado para 1 de Janeiro de 2007.
Já em Junho de 2005, o mesmo Governo integrara a assistência dos militares, polícias e funcionários da justiça na ADSE de todos os outros funcionários públicos. No entretanto, criou uma Comissão para a Sustentabilidade do Financiamento do Serviço Nacional de Saúde. Os comissários apressaram-se a recomendar, em Maio de 2008, a retirada da ADSE, passo a citar o respectivo relatório, "do espaço orçamental dos subsistemas públicos, sendo evoluções possíveis a sua eliminação ou a sua auto-sustentação financeira". Trocando por miúdos, depois do ataque aos subsistemas mais pequenos, parecia que a ADSE ia morrer.
Nunca lá vou mas, às vezes, calha passar frente à sede, em Lisboa, da Caixa dos Jornalistas. Arranjei uma brincadeira que é tentar adivinhar, passos antes, se a velha placa dourada na porta ainda lá está. Resiste. Também me apercebi de que afinal o Governo resolveu permitir a inscrição de novos beneficiários na ADSE. As despesas do Estado com este serviço chegaram já, o ano passado, aos mil milhões de euros. Em 2004 rondavam os 861 milhões...
Na minha cabeça ignorante não consigo desligar a mudança silenciosa da estratégia governamental sobre os subsistemas de saúde, e em particular na ADSE (onde estão os verdadeiros milhões), da construção dos hospitais privados, como o da Luz, do grupo Espírito Santo, e o Lusíadas, da Caixa Geral de Depósitos. É que já tive de lá ir, a acompanhar outras pessoas, e não consegui deixar de reparar na alegria dos funcionários sempre que o doente afirma ser beneficiário da ADSE. Aquilo dá quase direito a festa de champanhe e garante uma bateria de fantásticos exames capazes até de, sem precisar de tirar sapatos, diagnosticar uma unha encravada no pé.
Mas certamente o defeito é meu e, apesar destes tempos de aflição orçamental, em que se corta em todo o lado, o reforço da antes morta ADSE é, apenas e só, para benefício dos funcionários públicos... Ah! E também acredito no Pai Natal!
por PEDRO TADEU
De vez em quando os governos lançam para o espaço o foguetão de uma importantíssima reforma qualquer. Acontece frequentemente que esse tremendo ruído cai no silêncio escuro do vácuo sem que, aparentemente, nada no universo mexa um milímetro. É de desconfiar...
Há uns anos, José Sócrates e o então seu ministro da Saúde, Correia de Campos, declararam o fim dos subsistemas de saúde. Vou até ser mais exacto: em 15 de Novembro de 2006, o Governo determinou o fecho, por exemplo, da Caixa de Previdência dos Jornalistas, um dos tais subsistemas. O funeral foi marcado para 1 de Janeiro de 2007.
Já em Junho de 2005, o mesmo Governo integrara a assistência dos militares, polícias e funcionários da justiça na ADSE de todos os outros funcionários públicos. No entretanto, criou uma Comissão para a Sustentabilidade do Financiamento do Serviço Nacional de Saúde. Os comissários apressaram-se a recomendar, em Maio de 2008, a retirada da ADSE, passo a citar o respectivo relatório, "do espaço orçamental dos subsistemas públicos, sendo evoluções possíveis a sua eliminação ou a sua auto-sustentação financeira". Trocando por miúdos, depois do ataque aos subsistemas mais pequenos, parecia que a ADSE ia morrer.
Nunca lá vou mas, às vezes, calha passar frente à sede, em Lisboa, da Caixa dos Jornalistas. Arranjei uma brincadeira que é tentar adivinhar, passos antes, se a velha placa dourada na porta ainda lá está. Resiste. Também me apercebi de que afinal o Governo resolveu permitir a inscrição de novos beneficiários na ADSE. As despesas do Estado com este serviço chegaram já, o ano passado, aos mil milhões de euros. Em 2004 rondavam os 861 milhões...
Na minha cabeça ignorante não consigo desligar a mudança silenciosa da estratégia governamental sobre os subsistemas de saúde, e em particular na ADSE (onde estão os verdadeiros milhões), da construção dos hospitais privados, como o da Luz, do grupo Espírito Santo, e o Lusíadas, da Caixa Geral de Depósitos. É que já tive de lá ir, a acompanhar outras pessoas, e não consegui deixar de reparar na alegria dos funcionários sempre que o doente afirma ser beneficiário da ADSE. Aquilo dá quase direito a festa de champanhe e garante uma bateria de fantásticos exames capazes até de, sem precisar de tirar sapatos, diagnosticar uma unha encravada no pé.
Mas certamente o defeito é meu e, apesar destes tempos de aflição orçamental, em que se corta em todo o lado, o reforço da antes morta ADSE é, apenas e só, para benefício dos funcionários públicos... Ah! E também acredito no Pai Natal!
Viriato- Pontos : 16657
Re: A ADSE não ia morrer?
Por um lado, eu também critico tudo isso, mas, por outro, olho para o que tem sido o calvário do homem, que se atreveu a mexer em interesses instalados e compreendo um pouco a hesitação.
E então, a pergunta impõe-se: Quantos teriam resistido, tão estoicamente a tantos ataques soezes, a tanta infâmia, a tanta calúnia (demasiadas para um homem só), como José Sócrates?!?!
Há muito quem tenha fugido, por bem menos...
E então, a pergunta impõe-se: Quantos teriam resistido, tão estoicamente a tantos ataques soezes, a tanta infâmia, a tanta calúnia (demasiadas para um homem só), como José Sócrates?!?!
Há muito quem tenha fugido, por bem menos...
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Amigos?Longe! Inimigos? O mais perto possível!
Joao Ruiz- Pontos : 32035
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