Eu não tenho culpa da subida dos juros nem dos cortes. Eu digo sempre bem de Portugal
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Eu não tenho culpa da subida dos juros nem dos cortes. Eu digo sempre bem de Portugal
Eu não tenho culpa da subida dos juros nem dos cortes. Eu digo sempre bem de Portugal
Comendador Marques de Correia (www.expresso.pt)
Onde o nosso Comendador se exime de qualquer culpa nos cortes orçamentais e na subida dos juros, uma vez que passa a vida a dizer bem do nosso amado país, sobretudo quando está no estrangeiro.
Meus caros amigos, serve a presente para dizer que não tenho culpa nenhuma do que se está a passar na economia portuguesa. Eu sou daqueles que só dizem bem da nossa Augusta Pátria, mormente em terras infiéis (isto é, onde o nosso querido primeiro-ministro não tem adeptos, seguidores, repetidores e, de um modo geral, boys).
Um dos casos mais recentes que posso contar, em abono desta minha declaração, data da semana passada, quando dei por mim em Estugarda a ser abordado por um alemão gentil, mas mal informado. Disse-me ele:
- Aquilo lá por Portugal vai mal (reparem que em alemão não rima, porque é das ist schlecht für Portugal).
E eu respondi:
- Nada disso, vai lindamente! Recuperamos!!!!
- Mas ouvi dizer que estão a pagar juros mais altos para a colocação dos empréstimos...
- Sim, mas é pura especulação política! Nós recuperamos a bom ritmo, graças a um Governo que aplica muito bem os recursos de todos!
- Sim, mas ouvi dizer que vão pôr portagens nas autoestradas que eram gratuitas...
- Sim, mas é porque eram free-trial! Ou seja, sabiamente, o Governo habituou as pessoas às autoestradas e agora que elas viram a vantagem de as ter estão dispostas a pagá-las sem reclamar.
- Sim, mas disseram-me que a dívida é muito grande, quase 100 por cento do PIB...
- Sim, mas o investimento é deveras reprodutivo. Hoje em dia somos capazes de pegar num imbecil e pô-lo a ganhar 80 mil ou 100 mil euros por mês graças ao modo como o Governo entende as oportunidades de emprego.
- Sim, mas eu ouvi dizer que há pouca especialização no trabalho e que o ensino não é grande coisa...
- Não! A especialização tem aumentado e, graças ao programa Novas Oportunidades, temos os trabalhadores mais capazes de fazerem um currículo em toda a Europa.
- Sim, mas disseram-me que não produzem bens transacionáveis e que importam quase tudo o que comem.
- Sim, mas em contrapartida bebemos quase tudo o que conseguimos...
- Sim, mas consta que há o risco de não conseguirem aprovar um Orçamento para 2011.
- Sim, mas isso é culpa da oposição...
- Espere, mas a oposição não é também portuguesa?
- Não sei! Penso que não tem nível suficiente para que a possamos considerar assim...
- Mas se não é portuguesa, está ao serviço de quem?
- Dos nossos credores, daqueles que querem afundar-nos em juros, dos especuladores internacionais, da conspiração financeira...
- Dos alemães, é o que o senhor quer dizer?
- Não, pelo contrário, os alemães são quem nos ajuda a superar as crises, o problema é o FMI!
- Mas o FMI já entrou?
- Não, mas corre o risco de entrar, se a oposição não se cala imediatamente!
- Portanto, Portugal vai bem se a oposição se calar?
- Certo!
- Mas isso não é um pouco... hummm... totalitar...
- Agora que fala nisso e sendo alemão, acho que sim.
- E o que vai fazer pelo seu país?
- Bem, vou calar-me!
E é assim a vida, caros amigos. Ou mentimos, ou atacamos o país. Escolha difícil...
Comendador Marques de Correia
Texto publicado na edição da Única de 25 de setembro de 2010
Comendador Marques de Correia (www.expresso.pt)
0:00 Quarta feira, 29 de Setembro de 2010 |
Onde o nosso Comendador se exime de qualquer culpa nos cortes orçamentais e na subida dos juros, uma vez que passa a vida a dizer bem do nosso amado país, sobretudo quando está no estrangeiro.
Meus caros amigos, serve a presente para dizer que não tenho culpa nenhuma do que se está a passar na economia portuguesa. Eu sou daqueles que só dizem bem da nossa Augusta Pátria, mormente em terras infiéis (isto é, onde o nosso querido primeiro-ministro não tem adeptos, seguidores, repetidores e, de um modo geral, boys).
Um dos casos mais recentes que posso contar, em abono desta minha declaração, data da semana passada, quando dei por mim em Estugarda a ser abordado por um alemão gentil, mas mal informado. Disse-me ele:
- Aquilo lá por Portugal vai mal (reparem que em alemão não rima, porque é das ist schlecht für Portugal).
E eu respondi:
- Nada disso, vai lindamente! Recuperamos!!!!
- Mas ouvi dizer que estão a pagar juros mais altos para a colocação dos empréstimos...
- Sim, mas é pura especulação política! Nós recuperamos a bom ritmo, graças a um Governo que aplica muito bem os recursos de todos!
- Sim, mas ouvi dizer que vão pôr portagens nas autoestradas que eram gratuitas...
- Sim, mas é porque eram free-trial! Ou seja, sabiamente, o Governo habituou as pessoas às autoestradas e agora que elas viram a vantagem de as ter estão dispostas a pagá-las sem reclamar.
- Sim, mas disseram-me que a dívida é muito grande, quase 100 por cento do PIB...
- Sim, mas o investimento é deveras reprodutivo. Hoje em dia somos capazes de pegar num imbecil e pô-lo a ganhar 80 mil ou 100 mil euros por mês graças ao modo como o Governo entende as oportunidades de emprego.
- Sim, mas eu ouvi dizer que há pouca especialização no trabalho e que o ensino não é grande coisa...
- Não! A especialização tem aumentado e, graças ao programa Novas Oportunidades, temos os trabalhadores mais capazes de fazerem um currículo em toda a Europa.
- Sim, mas disseram-me que não produzem bens transacionáveis e que importam quase tudo o que comem.
- Sim, mas em contrapartida bebemos quase tudo o que conseguimos...
- Sim, mas consta que há o risco de não conseguirem aprovar um Orçamento para 2011.
- Sim, mas isso é culpa da oposição...
- Espere, mas a oposição não é também portuguesa?
- Não sei! Penso que não tem nível suficiente para que a possamos considerar assim...
- Mas se não é portuguesa, está ao serviço de quem?
- Dos nossos credores, daqueles que querem afundar-nos em juros, dos especuladores internacionais, da conspiração financeira...
- Dos alemães, é o que o senhor quer dizer?
- Não, pelo contrário, os alemães são quem nos ajuda a superar as crises, o problema é o FMI!
- Mas o FMI já entrou?
- Não, mas corre o risco de entrar, se a oposição não se cala imediatamente!
- Portanto, Portugal vai bem se a oposição se calar?
- Certo!
- Mas isso não é um pouco... hummm... totalitar...
- Agora que fala nisso e sendo alemão, acho que sim.
- E o que vai fazer pelo seu país?
- Bem, vou calar-me!
E é assim a vida, caros amigos. Ou mentimos, ou atacamos o país. Escolha difícil...
Comendador Marques de Correia
Texto publicado na edição da Única de 25 de setembro de 2010
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