Paula Neves: "Fiquei a saber o que é ter medo"
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Paula Neves: "Fiquei a saber o que é ter medo"
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Paula Neves: "Fiquei a saber o que é ter medo"
por ANA FILIPE SILVEIRA
Hoje
'Sociedade Civil' emite especial sobre violência contra as mulheres. Actriz Paula Neves sentiu na pele o problema
"O que eu passei naquela época serviu, essencialmente, para que ficasse a perceber o que não quero, de todo, numa relação." A confissão é de Paula Neves, actriz da novela Sedução (TVI), que já foi vítima de violência. Tinha 14 anos e recorda o episódio como o momento em que ficou "a saber o que é ter medo". O tema vai ser debatido hoje, Dia Internacional Contra a Violência contra as Mulheres, numa emissão especial do programa Sociedade Civil, que vai para o ar pelas 23.45, na RTP2.
Quando tudo aconteceu, Paula Neves, agora com 33 anos, não teve consciência do que se estava a passar. "Foi com um namorado de adolescência. Ele era uma pessoa desequilibrada, que se tornou violenta e entrou numa espiral de perseguições, curiosamente no momento em que eu tentei terminar o namoro. Mas só uns anos mais tarde é que entendi o que se tinha passado. Na altura tive apenas consciência do medo que sentia dele e de este medo ser uma coisa muito forte", começou por explicar a actriz ao DN.
O testemunho de Paula Neves é idêntico ao de tantas outras mulheres que também já foram vítimas de agressão. Semelhante até na vontade de esconder dos amigos e familiares que os seus direitos estão a ser violados. "Há aquela sensação de vergonha e de orgulho ferido, por isso é que na altura em que esse rapaz se manifestou violento eu não consegui assumir perante ninguém o que se estava a passar. Claro que acabei por contar quando começaram a acontecer coisas em público, como ele aparecer à porta de casa e da escola", recordou.
Nessa altura, a actriz já não sabia o que fazer e os pais foram a sua tábua de salvação: "Encarei tudo com muita falta de auto-estima. Só queria que aquilo parasse, que tudo acabasse, e foi aí que disse aos meus pais e eles intervieram."
Apesar de se manter viva na memória, a experiência não influenciou Paula Neves nas suas relações posteriores. Casada com o informático Ricardo Duarte desde 2004, admite que "hoje essa época faz parte de um passado muito distante". "Não me marcou por aí além", garantiu.
No entanto, deixou-lhe uma preocupação: a falta de atenção que se dá aos jovens e aos casos de agressão entre adolescentes. "A violência na fase de namoro é pouco visada e é aqui que tudo começa. As raparigas têm aquela ideia romanceada, feita de filmes, de que as mulheres primeiro levam um estalo para depois terem direito a um abraço. Não há a noção de que este gesto, que parece simples, pode abrir portas para ciclos viciosos de violência."
Por isso, sempre que presencia um caso de agressão, Paula Neves reage de imediato. "Quando me apercebo de alguma coisa, e como é natural sei muito bem reconhecer os sinais, fervo logo e reajo a quente. Já me aconteceu e virei-me logo contra os agressores. Eu sei que eles precisam de ajuda, mais psicológica do que qualquer outra, mas aí já não me meto. Confesso que não sou capaz", desabafou.
A preocupação da actriz relativamente às actuais relações amorosas entre jovens é partilhada pela apresentadora de Sociedade Civil, Fernanda Freitas. "Os mais novos acham que um estalo é normal. Não entendem que é uma violação aos seus direitos e que quem é assim agressivo não vai mudar quando casar e tiver filhos", argumentou a jornalista, para quem é importante "falar sobre a violência contra as mulheres, mas sobretudo alertar e mostrar que existem formas de apontar o dedo ao que acontece" em muitas casas portuguesas.
Realidade que não é estranha a Fernanda Freitas, que lançou, há mais de dois anos, o livro Sem Medo Maria, dedicado à violência doméstica. Na altura, dedicou ano e meio à pesquisa e, por isso, "não foi preciso grande preparação para conduzir este Sociedade Civil", que tem como convidados João Lázaro, vice-presidente da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, Sara Falcão Casaca, presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, e o comissário Paulo Flor, director do Gabinete de Imprensa da PSP.
In DN
Paula Neves: "Fiquei a saber o que é ter medo"
por ANA FILIPE SILVEIRA
Hoje
'Sociedade Civil' emite especial sobre violência contra as mulheres. Actriz Paula Neves sentiu na pele o problema
"O que eu passei naquela época serviu, essencialmente, para que ficasse a perceber o que não quero, de todo, numa relação." A confissão é de Paula Neves, actriz da novela Sedução (TVI), que já foi vítima de violência. Tinha 14 anos e recorda o episódio como o momento em que ficou "a saber o que é ter medo". O tema vai ser debatido hoje, Dia Internacional Contra a Violência contra as Mulheres, numa emissão especial do programa Sociedade Civil, que vai para o ar pelas 23.45, na RTP2.
Quando tudo aconteceu, Paula Neves, agora com 33 anos, não teve consciência do que se estava a passar. "Foi com um namorado de adolescência. Ele era uma pessoa desequilibrada, que se tornou violenta e entrou numa espiral de perseguições, curiosamente no momento em que eu tentei terminar o namoro. Mas só uns anos mais tarde é que entendi o que se tinha passado. Na altura tive apenas consciência do medo que sentia dele e de este medo ser uma coisa muito forte", começou por explicar a actriz ao DN.
O testemunho de Paula Neves é idêntico ao de tantas outras mulheres que também já foram vítimas de agressão. Semelhante até na vontade de esconder dos amigos e familiares que os seus direitos estão a ser violados. "Há aquela sensação de vergonha e de orgulho ferido, por isso é que na altura em que esse rapaz se manifestou violento eu não consegui assumir perante ninguém o que se estava a passar. Claro que acabei por contar quando começaram a acontecer coisas em público, como ele aparecer à porta de casa e da escola", recordou.
Nessa altura, a actriz já não sabia o que fazer e os pais foram a sua tábua de salvação: "Encarei tudo com muita falta de auto-estima. Só queria que aquilo parasse, que tudo acabasse, e foi aí que disse aos meus pais e eles intervieram."
Apesar de se manter viva na memória, a experiência não influenciou Paula Neves nas suas relações posteriores. Casada com o informático Ricardo Duarte desde 2004, admite que "hoje essa época faz parte de um passado muito distante". "Não me marcou por aí além", garantiu.
No entanto, deixou-lhe uma preocupação: a falta de atenção que se dá aos jovens e aos casos de agressão entre adolescentes. "A violência na fase de namoro é pouco visada e é aqui que tudo começa. As raparigas têm aquela ideia romanceada, feita de filmes, de que as mulheres primeiro levam um estalo para depois terem direito a um abraço. Não há a noção de que este gesto, que parece simples, pode abrir portas para ciclos viciosos de violência."
Por isso, sempre que presencia um caso de agressão, Paula Neves reage de imediato. "Quando me apercebo de alguma coisa, e como é natural sei muito bem reconhecer os sinais, fervo logo e reajo a quente. Já me aconteceu e virei-me logo contra os agressores. Eu sei que eles precisam de ajuda, mais psicológica do que qualquer outra, mas aí já não me meto. Confesso que não sou capaz", desabafou.
A preocupação da actriz relativamente às actuais relações amorosas entre jovens é partilhada pela apresentadora de Sociedade Civil, Fernanda Freitas. "Os mais novos acham que um estalo é normal. Não entendem que é uma violação aos seus direitos e que quem é assim agressivo não vai mudar quando casar e tiver filhos", argumentou a jornalista, para quem é importante "falar sobre a violência contra as mulheres, mas sobretudo alertar e mostrar que existem formas de apontar o dedo ao que acontece" em muitas casas portuguesas.
Realidade que não é estranha a Fernanda Freitas, que lançou, há mais de dois anos, o livro Sem Medo Maria, dedicado à violência doméstica. Na altura, dedicou ano e meio à pesquisa e, por isso, "não foi preciso grande preparação para conduzir este Sociedade Civil", que tem como convidados João Lázaro, vice-presidente da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, Sara Falcão Casaca, presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, e o comissário Paulo Flor, director do Gabinete de Imprensa da PSP.
In DN
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