"Ficava furioso com os cortes nos artigos"
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"Ficava furioso com os cortes nos artigos"
"Ficava furioso com os cortes nos artigos"
04 Dezembro 2010
Para Pinto Balsemão, o legado de Sá Carneiro é "usado e abusado" e "já cá não está para o defender, infelizmente". É natural essa utilização abusiva, desculpa, pois foi o fundador do PPD
O actual militante número 1 do PSD, Francisco Pinto Balsemão, foi um companheiro de Sá Carneiro desde que se sentaram lado a lado na bancada da Assembleia Nacional. Ambos acreditaram que Marcelo Caetano iria promover a abertura do regime e os dois tiveram as suas desilusões. Sá Carneiro bateu com a porta a meio e Pinto Balsemão não regressou às listas.O semanário Expresso foi a verdadeira antecâmara do poder para Sá Carneiro?Não sei se se poderá fazer essa afirmação, mesmo que tenha sido um passo importante no seu percurso. O que sei é que foi um período difícil porque a sua coluna, a Visto, era muito visada pela Censura e até tive de criar um sistema rotativo para aliviar a pressão da Censura. A partir de um certo momento, Sá Carneiro alternava com Maga-lhães Mota, Miller Guerra e eu. Só assim é que se evitavam os grandes cortes, às vezes quase totais, dos seus artigos. Ele recusava a publicação quando não era integral, mas eu muitas vezes fazia-o, mesmo que o deixasse furioso. Como director do jornal, interessava-me ter a sua coluna.Já no tempo da Ala Liberal era pressionado?Ele teve um trabalho parlamentar impressionante, que podemos confirmar nos volumes publicados pelo Instituto Francisco Sá Carneiro. Com grandes intervenções e iniciativas polémicas.Intervenções que lhe deram visibilidade.Marcaram a diferença e foram muito importantes para o País.É verdadeira a sua impaciência constante?Ele gostava que as coisas andassem mais depressa. Isso aconteceu com as iniciativas da Ala Liberal, quase actuávamos como um pequeno partido na Assembleia, onde queria sempre mais rapidez no fazer das reformas de modo a evitar uma revolução.Uma impaciência que nem todos entendiam, designadamente nos congressos do PSD?O PSD é conhecido por ter guerras internas e, por exemplo, no Congresso de Aveiro foi isso que aconteceu. Ele era uma pessoa intransigente e tinha uma capacidade de antevisão que o fazia diferente no perspectivar das questões. Nem sempre era fácil a compreensão das suas ideias.Foi isso que se passou com Eanes?Como queria que houvesse uma revisão da Constituição no seu Governo e Eanes era um travão, Sá Carneiro escolheu-o como adversário. Era típico dele, pois nunca deixava de enfrentar quem se lhe metia à frente.Até que ponto foi tornado um mito?Era uma pessoa muito carismática, quase único. Bastava aparecer num comício para se ver como o ambiente muda- va imediatamente. Depois de Sá Car-neiro, mais ninguém conseguiu atingir esse carisma no PSD.
04 Dezembro 2010
Para Pinto Balsemão, o legado de Sá Carneiro é "usado e abusado" e "já cá não está para o defender, infelizmente". É natural essa utilização abusiva, desculpa, pois foi o fundador do PPD
O actual militante número 1 do PSD, Francisco Pinto Balsemão, foi um companheiro de Sá Carneiro desde que se sentaram lado a lado na bancada da Assembleia Nacional. Ambos acreditaram que Marcelo Caetano iria promover a abertura do regime e os dois tiveram as suas desilusões. Sá Carneiro bateu com a porta a meio e Pinto Balsemão não regressou às listas.O semanário Expresso foi a verdadeira antecâmara do poder para Sá Carneiro?Não sei se se poderá fazer essa afirmação, mesmo que tenha sido um passo importante no seu percurso. O que sei é que foi um período difícil porque a sua coluna, a Visto, era muito visada pela Censura e até tive de criar um sistema rotativo para aliviar a pressão da Censura. A partir de um certo momento, Sá Carneiro alternava com Maga-lhães Mota, Miller Guerra e eu. Só assim é que se evitavam os grandes cortes, às vezes quase totais, dos seus artigos. Ele recusava a publicação quando não era integral, mas eu muitas vezes fazia-o, mesmo que o deixasse furioso. Como director do jornal, interessava-me ter a sua coluna.Já no tempo da Ala Liberal era pressionado?Ele teve um trabalho parlamentar impressionante, que podemos confirmar nos volumes publicados pelo Instituto Francisco Sá Carneiro. Com grandes intervenções e iniciativas polémicas.Intervenções que lhe deram visibilidade.Marcaram a diferença e foram muito importantes para o País.É verdadeira a sua impaciência constante?Ele gostava que as coisas andassem mais depressa. Isso aconteceu com as iniciativas da Ala Liberal, quase actuávamos como um pequeno partido na Assembleia, onde queria sempre mais rapidez no fazer das reformas de modo a evitar uma revolução.Uma impaciência que nem todos entendiam, designadamente nos congressos do PSD?O PSD é conhecido por ter guerras internas e, por exemplo, no Congresso de Aveiro foi isso que aconteceu. Ele era uma pessoa intransigente e tinha uma capacidade de antevisão que o fazia diferente no perspectivar das questões. Nem sempre era fácil a compreensão das suas ideias.Foi isso que se passou com Eanes?Como queria que houvesse uma revisão da Constituição no seu Governo e Eanes era um travão, Sá Carneiro escolheu-o como adversário. Era típico dele, pois nunca deixava de enfrentar quem se lhe metia à frente.Até que ponto foi tornado um mito?Era uma pessoa muito carismática, quase único. Bastava aparecer num comício para se ver como o ambiente muda- va imediatamente. Depois de Sá Car-neiro, mais ninguém conseguiu atingir esse carisma no PSD.
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