"Máfia social" com menores alemães impune durante anos
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"Máfia social" com menores alemães impune durante anos
"Máfia social" com menores alemães impune durante anos
Crianças e jovens problemáticos são enviados para Portugal com o aval do Estado germânico
00h40m
MARISA RODRIGUES
foto AlgarvePhotoPress/global imagens
"Máfia social" com menores alemães impune durante anos
Em Tavira, num local de acolhimento, vários casos de maus-tratos foram assinalados
A olhar para cada caso como se de um único se tratasse, as autoridades portuguesas demoraram vários anos até perceber que o nosso país estava na rota de uma rede alemã de envio de crianças e jovens problemáticos e em situação de risco para fora do país de origem.
Têm entre os sete e os 18 anos e uma vida marcada pelo consumo de droga e álcool, violações ou abusos sexuais. Outros são delinquentes. Muitos são abandonados. São estes menores que a Alemanha envia para Portugal e entrega a instituições e famílias de acolhimento alemãs que, desde a década de 80, operam na ilegalidade em locais quase sempre isolados de vários concelhos, sobretudo Algarve e Alentejo. À revelia das autoridades portuguesas e desrespeitando todas as leis de protecção, cerca de 500 rapazes e raparigas já passaram por Portugal.
O último levantamento aponta para menos de 100. Uma técnica que acompanhou alguns dos casos fala numa "máfia social" que se move "por dinheiro".
Os primeiros relatos são da década de 80, mas só dez anos depois é que os olhos se abriram para esta realidade. Em Fevereiro de 2008 chegou ao Instituto de Segurança Social (ISS) uma denúncia. Dois jovens alemães estavam em risco após terem fugido das famílias de acolhimento. Foram colocados em instituições portuguesas e, garante o ISS, o caso acompanhado pelo Centro Distrital de Faro. "Por decisão dos serviços de assistência a menores alemães", acabaram repatriados "tendo os respectivos tribunais portugueses tido conhecimento desta decisão".
Auto-mutilação
Mais de um ano depois, um outro caso chama a atenção, desta vez do Tribunal de Família e Menores de Faro. Duas raparigas alemãs tinham sido encontradas num viaduto da Via do Infante, na zona de Loulé. Consumiam drogas e bebidas alcoólicas e apresentavam sinais de auto-mutilação nos braços. Moravam com uma família de acolhimento alemã num anexo de uma casa, sujo e sem as mínimas condições de higiene. Diligencias posteriores permitiram ao tribunal perceber que, afinal, havia casos anteriores registados em vários concelhos do Algarve e Alentejo. Um deles, um menino que ameaçara com uma arma branca um membro da família onde estava colocado.
Crianças e jovens problemáticos são enviados para Portugal com o aval do Estado germânico
00h40m
MARISA RODRIGUES
foto AlgarvePhotoPress/global imagens
"Máfia social" com menores alemães impune durante anos
Em Tavira, num local de acolhimento, vários casos de maus-tratos foram assinalados
A olhar para cada caso como se de um único se tratasse, as autoridades portuguesas demoraram vários anos até perceber que o nosso país estava na rota de uma rede alemã de envio de crianças e jovens problemáticos e em situação de risco para fora do país de origem.
Têm entre os sete e os 18 anos e uma vida marcada pelo consumo de droga e álcool, violações ou abusos sexuais. Outros são delinquentes. Muitos são abandonados. São estes menores que a Alemanha envia para Portugal e entrega a instituições e famílias de acolhimento alemãs que, desde a década de 80, operam na ilegalidade em locais quase sempre isolados de vários concelhos, sobretudo Algarve e Alentejo. À revelia das autoridades portuguesas e desrespeitando todas as leis de protecção, cerca de 500 rapazes e raparigas já passaram por Portugal.
O último levantamento aponta para menos de 100. Uma técnica que acompanhou alguns dos casos fala numa "máfia social" que se move "por dinheiro".
Os primeiros relatos são da década de 80, mas só dez anos depois é que os olhos se abriram para esta realidade. Em Fevereiro de 2008 chegou ao Instituto de Segurança Social (ISS) uma denúncia. Dois jovens alemães estavam em risco após terem fugido das famílias de acolhimento. Foram colocados em instituições portuguesas e, garante o ISS, o caso acompanhado pelo Centro Distrital de Faro. "Por decisão dos serviços de assistência a menores alemães", acabaram repatriados "tendo os respectivos tribunais portugueses tido conhecimento desta decisão".
Auto-mutilação
Mais de um ano depois, um outro caso chama a atenção, desta vez do Tribunal de Família e Menores de Faro. Duas raparigas alemãs tinham sido encontradas num viaduto da Via do Infante, na zona de Loulé. Consumiam drogas e bebidas alcoólicas e apresentavam sinais de auto-mutilação nos braços. Moravam com uma família de acolhimento alemã num anexo de uma casa, sujo e sem as mínimas condições de higiene. Diligencias posteriores permitiram ao tribunal perceber que, afinal, havia casos anteriores registados em vários concelhos do Algarve e Alentejo. Um deles, um menino que ameaçara com uma arma branca um membro da família onde estava colocado.
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