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Somerset Maugham, É UM DOS MESTRES DO CONTO CURTO

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Somerset Maugham,  É UM DOS MESTRES DO CONTO CURTO  Empty Somerset Maugham, É UM DOS MESTRES DO CONTO CURTO

Mensagem por Vitor mango Sex Jun 03, 2011 12:05 am

Um surpreendente comandante James Bond: Os contos admiráveis de Ian Fleming


Somerset Maugham,  É UM DOS MESTRES DO CONTO CURTO  PostdateiconQuinta, 17 Março 2011 20:37 | Somerset Maugham,  É UM DOS MESTRES DO CONTO CURTO  Pdf_button | Somerset Maugham,  É UM DOS MESTRES DO CONTO CURTO  PrintButton | Somerset Maugham,  É UM DOS MESTRES DO CONTO CURTO  EmailButton





Beja Santos

Ian Fleming (1908-1964), escritor, jornalista e comandante da Marinha,
foi o criador do maior ícone da guerra fria: Bond, 007. Todos os filmes
extraídos das suas histórias de espionagem são hoje objectos de culto,
independentemente do seu grau de qualidade. Muito se tem insistido com a
reedição das suas novelas mas nunca tiveram a projecção do celulóide,
apareceram sempre condicionadas pela técnica do guião, todas cheias de
movimento, geringonças, mulheres muito belas e o permanente ajuste de
contas com as máfias e as agências de Moscovo.






Mas os seus contos, que grande surpresa! A técnica da condensação
permite ver o domínio da língua, a surpreendente riqueza de imagens, a
espantosa organização de um desfecho onde, como é compreensível, não
faltam os ingredientes obrigatórios da punição dos maus, a começar pelos
comunistas. Convém recordar que as histórias de Ian Fleming eram
assumidamente advertências contra a alegada ameaça soviética, mesmo
deixando a pairar no ar o conglomerado de facínoras à escala
multinacional que até costumavam trabalhar com a espionagem de Leste.
“Quantum of Solace”, por Ian Fleming, Contraponto, uma chancela da
Bertrand Editora, 2010, vai surpreender os fãs da literatura de
espionagem: a boa escrita supera uma causa que já está no fundo do
caixote do lixo da História.

Estes pequenos e admiráveis contos foram publicados entre 1960 e 1963,
falam de assassinos contratados para entrar em posse dos segredos da
NATO, James Bond aparece sempre refinado nos seus hábitos alimentares e
nas estratégias de sedução, é de uma argúcia e de uma prontidão sem
rivais, castiga gente corrupta que actua nas Antilhas a favor ou contra
Castro, há punições para quem matou britânicos inocentes do mesmo modo
que Bond vem advertir criminosos britânicos que vão ser entregues à
justiça. Como a espionagem é mundial, Bond percorre as sete partidas,
tanto pode estar em Paris como na Jamaica ou no Mediterrâneo. A sua
regra maior é o cumprimento da missão que lhe encarregou M, são ordens
indiscutíveis e matar é uma questão de eficiência. Aqui e acolá, há
histórias exemplares, sem tiros mas aonde a moral da vingança irá
triunfar. É essa a essência do conto “Quantum do Solace”. Como numa
história magistralmente descrita por um Somerset Maugham, estando Bond
em Nassau, o governador conta-lhe a história de Philip Masters que se
apaixonara por uma hospedeira de bordo, Rhoda Llewellyn.



Rhoda irá atrair o seu marido da forma mais ignóbil. Todo o conto
assenta no dote da narrativa do governador, tem um poder hipnótico e
tece uma densa circunferência sob o racional e o irracional, o anjo e a
besta, falando das relações entre um homem e uma mulher: “Podem
sobreviver a tudo desde que exista alguma humanidade essencial entre os
dois. Quando a bondade desaparece, quando se torna óbvio que é uma das
partes pouco importa que a outra morra, já não vale a pena. Esse insulto
específico ao ego, pior, ao instinto de autopreservação, nunca pode ser
perdoado. Já o vi em centenas de casamentos. Já assisti a infidelidades
flagrantes que deram em reconciliação, já vi crimes e mesmo homicídios
serem perdoados pelo outro lado, além de bancarrota e todo o tipo de
crimes sociais. Doenças incuráveis, cegueira, desastres, tudo isso pode
ser ultrapassado, mas nunca a morte da humanidade essencial de um dos
parceiros”. Masters irá vingar-se das humilhações feitas por Rhoda e o
final da história é um espanto.



Bond não lida só com a guerra fria, é obrigado a desbaratar redes de
droga até porque, de acordo com a lógica do tempo, Moscovo estaria a
servir-se da droga para destruir o ânimo dos britânicos. Ian Fleming era
comandante e não quis deixar de projectar os seus conhecimentos
náuticos e marítimos na sua prosa. É o caso do conto “A raridade de
Hildebrand”, onde fala da raia-lixa, um perigo medonho no mundo
submarino, no peixe papagaio, deixa-nos belas descrições dos fundos dos
mares, como se exemplifica: “O recife aproximava-se e viam-se agora
afloramentos isolados de coral e prados de algas. Era como chegar a uma
cidade, vindo de campo aberto. Um pouco por todo o lado cintilavam
peixes brilhantes e as anémonas gigantes do oceano Índico flamejavam
como lume nas sombras.



Colónias de ouriços-do-mar criavam manchas sépia, como se alguém
tivesse atirado tinta contra a rocha, e as brilhantes antenas azuis e
amarelas das lagostas pesquisavam e acenavam a partir dos espaços entre
as perdas, como pequenos dragões”. Inevitavelmente, a história vai
acabar mal, há um canalha que anda à procura da raridade de Hildebrand e
acaba morto com o peixe enfiado na boca. No conto “Octopussy” o major
Dexter Smythe, da Royal Marines, um ladrão de primeira apanha, irá
também acabar mal no fundo do mar, Fleming consegue ser magistral nas
situações mais cruéis: “O polvo, calma e inexoravelmente, puxou-o para
baixo e o major apercebeu-se da terrível realidade. Reuniu os últimos
resquícios de força e investiu com o arpão. O único resultado foi
empurrar o peixe-pedra para o amontoado do polvo e oferecer-lhe ainda
mais o braço. Os tentáculos serpentearam pelo braço acima e puxaram com
insistência redobrada. Já foi muito tarde que o major arrancou a
máscara. Um grito reprimido ecoou pela baia vazia, depois a cabeça
mergulhou e uma explosão de bolhas chegou à superfície. Em seguida, as
pernas do major subiram e as pequenas ondas agitaram o corpo, enquanto o
polvo lhe explorava a mão direita com o orifício bocal e lhe dava uma
primeira dentada tímida no dedo, com a mandíbula que lembrava um bico”.



São contos reveladores de uma escrita que não pode ficar esquecida.
Bond aprende tudo com muita facilidade, desde a ourivesaria de Carl
Fabergé até dar tiros certeiros com uma espingarda de Target
Experimental Internacional de calibre .308, neste caso para ir abater um
temível atirador furtivo soviético, claro está. O que se destaca sempre
é esta alta qualidade da prosa. Muito mais que nos entretermos com alta
perícia deste espião desempoeirado, recomenda-se sem hesitação estes
contos bem arquitectados, tudo músculo e nervo só para estarrecer o
leitor mais exigente.

_________________
Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
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Vitor mango
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Mensagem por Vitor mango Sex Jun 03, 2011 12:05 am

Como numa
história magistralmente descrita por um Somerset Maugham, estando Bond
em Nassau, o governador conta-lhe a história de Philip Masters que se
apaixonara por uma hospedeira de bordo, Rhoda Llewellyn.

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