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PCP E SARAMAGO-RISIVEL

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Mensagem por RONALDO ALMEIDA Qui Out 09, 2008 10:50 am

O PALERMA e os PALERMAS;




JOÃO CÉU E SILVA
ANTÓNIO COTRIM-LUSA
Comemoração. PCP homenageia escritor
O rosto de Marx continua a olhar com toda a veemência do passado para o escritor José Saramago enquanto discursava na sala do Centro Vitória, onde ontem foi recebido por 300 comunistas que celebravam os dez anos do anúncio da concessão do Prémio Nobel ao português. Do militante ao secretário-geral, todos lá estavam para abraçar o camarada Zé e nem de umas atrevidas "miúdas", quase da sua idade, escapou de levar umas beijocas.

Em plena Avenida da Liberdade assistiu-se àquilo que fica bem ao nome da avenida sob a perspectiva marxista, de que o sentido da História só pode ser mudado se a vida de cada um valer um pouco menos que o colectivo e, portanto, tudo se perdoa ao "camarada Zé" porque o Nobel nunca deixou de ser do Partido. Ficaram para trás o desentendimento na Assembleia Municipal, o voto em candidatos de outras ideologias, as críticas ao PCP, os ouvidos moucos quando era director adjunto do DN e outras diatribes políticas que a sua "verticalidade" ao longo da vida impediu de dizer amém a qualquer ordem que não fosse a do seu pensar.

E, como esta verdade precisava de ser benzida, o próprio José Saramago fez uma revelação daquelas que vai guardando para o momento certo, como o de ontem, deixando de boca aberta os que o ouvem. Sabia-se que quando Álvaro Cunhal foi sujeito a uma cirurgia perigosa escreveu várias cartas, que o sucesso da operação fez rasgar, mas desconhecia-se o conteúdo da que cabia ser enviada ao escritor: "Tenho a certeza de que nunca abandonarás o Partido." E, antes da salva de palmas emocionada, o Nobel só disse: "Ele tinha razão e aqui estou."

Confissões destas deixariam qualquer camarada entusiasmado, mas nem esse empurrão foi necessário para que o secretário-geral tivesse embalado num discurso que até surpreendeu Saramago por ter sido "político em oito décimos" e apenas com uns pozinhos de Nobel e de literatura para justificar esta única homenagem pública no dia de comemoração do Prémio. Nada inesperado, numa sala onde à entrada estava, para além dos livros do autor expostos, uma pilha de exemplares de O Avante! que anunciavam um "Outubro quente".

Na véspera do anúncio do Nobel da Literatura hoje em Estocolmo, José Saramago relembrou o que sentiu quando foi informado do galardão e de ter dito "Não nasci para isto". Antes, foi feita uma leitura do Memorial do Convento e Carlos do Carmo contou como escolhera uma "poesia do Zé" - Aprendamos o Rito, dos Poemas Possíveis - e como a "bomba atómica Pilar" suavizara a relação de ambos. Na sala, vários históricos do PCP marcaram presença e Sofia Ferreira ofereceu-lhe um ramo de flores.|
RONALDO ALMEIDA
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