Obama eleva as apostas militares: Confrontação nas fronteiras com a China e a Rússia
Vagueando na Notícia :: Salas das mesas de grandes debates de noticias :: Professor Dr e mister Mokas faz a analise do Mundo
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Obama eleva as apostas militares: Confrontação nas fronteiras com a China e a Rússia
Obama eleva as apostas militares: Confrontação nas fronteiras com a China e a Rússia
26.12.2011
Obama eleva as apostas militares: Confrontação nas fronteiras com a China e a Rússia
Depois
de sofrer grandes derrotas militares e políticas em campos de batalha
sangrentos no Afeganistão e no Iraque, de fracassar no apoio a antigos
clientes no Iêmen, Egito e Tunísia e de testemunhar a desintegração de
regimes fantoches na Somália e no Sudão do Sul, o regime nada aprendeu:
Ao invés disso ele voltou-se rumo à maior confrontação militar com
potências globais, nomeadamente a Rússia e a China. Obama adotou uma
estratégia provocativa de ofensiva militar junto às fronteiras tanto da
China como da Rússia.
por James Petras
A viragem do militarismo: Da periferia para a confrontação militar global
A escalada da confrontação de Obama em relação à Rússia
Entre realismo e ilusão: O realinhamento estratégico de Obama
Conclusão
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Depois de sofrer grandes derrotas
militares e políticas em campos de batalha sangrentos no Afeganistão e
no Iraque, de fracassar no apoio a antigos clientes no Iêmen, Egito e
Tunísia e de testemunhar a desintegração de regimes fantoches na Somália
e no Sudão do Sul, o regime nada aprendeu: Ao invés disso ele voltou-se
rumo à maior confrontação militar com potências globais, nomeadamente a
Rússia e a China. Obama adotou uma estratégia provocativa de ofensiva
militar junto às fronteiras tanto da China como da Rússia.
Depois de andar de derrota em derrota na
periferia do poder mundial e não satisfeito em incorrer em déficits que
arruínam o tesouro na ânsia de construir um império contra países
economicamente fracos, Obama abraçou uma política de cerco e provocação
contra a China, a segunda maior economia do mundo e o mais importante
credor dos EUA, e a Rússia, o principal fornecedor de petróleo e gás da
União Européia e a segunda mais poderosa potência do mundo em armamento
nuclear.
Este documento trata da escalada
altamente irracional e ameaçadora de militarismo imperial do regime
Obama. Examinamos o contexto militar global, econômico e político
interno que motivam estas políticas. Examinamos então os múltiplos
pontos de conflito e intervenção nos quais Washington está empenhada,
desde o Paquistão, Irão, Líbia, Venezuela, Cuba e para, além disso.
Analisaremos a seguir a lógica para a escalada militar contra a Rússia e
a China como parte de uma nova ofensiva que vai além do mundo árabe
(Síria, Líbia) e frente à posição econômica declinante da UE e dos EUA
na economia global. Depois disso esboçaremos as estratégias de um
império declinante, criado em guerras perpétuas, confrontando declínio
econômico global, descrédito interno e uma população trabalhadora a
cambalear desde o desmantelamento em grande escala dos seus programas
sociais básicos.
A viragem do militarismo: Da periferia para a confrontação militar global
Novembro de 2011 é um momento de grande
importância histórica: Obama declarou duas importantes posições
políticas, tendo ambas tremendas conseqüências estratégicas que afetam
potências mundiais competidoras.
Obama decidiu uma política de cerco
militar da China com base no estacionamento de uma armada marítima e
aérea frente à costa chinesa - uma política destinada abertamente a
enfraquecer e perturbar o acesso da China a matérias-primas e ligações
comerciais e financeiras na Ásia. A declaração de Obama de que a Ásia é a
região prioritária para a expansão militar dos EUA, a construção de
bases e alianças econômicas foi dirigida contra a China, desafiando
Pequim nas suas próprias traseiras. O punho de ferro da declaração
política de Obama, pronunciada perante o Parlamento australiano, foi
clara como cristal na definição dos objetivos imperiais
estado-unidenses.
"Nossos interesses duradouros na região
[Ásia Pacífico] exigem nossa presença duradoura nesta região... Os
Estados Unidos são uma potência do Pacífico e estamos aqui para
permanecer ... Quando finalizamos as guerras de hoje [i.é, as derrotas e
retiradas do Iraque e do Afeganistão]... dirigi minha equipe de
segurança nacional para que assegure uma prioridade principal à nossa
presença e missões na Ásia Pacífico ... Em conseqüência, a redução nos
gastos de defesa dos EUA não será ... às expensas da Ásia Pacífico".
(CNN.com, 16/Nov/2011).
A natureza precisa do que Obama chamou
de "a nossa presença e missão" foi sublinhada pelo novo acordo militar
com a Austrália para despachar navios e aviões de guerra e 2500
fuzileiros navais para a cidade mais a Norte da Austrália (Darwin)
destinados à China. A secretária de Estado Clinton passou a maior parte
de 2011 a fazer sondagens altamente provocatórias junto a países
asiáticos que têm conflitos de fronteira marítima com a China. Clinton
introduziu vigorosamente os EU nestas disputas, encorajando e
exacerbando as exigências do Vietnã, Filipinas e Brunei no Mar do Sul da
China. Ainda mais gravemente, Washington está a promover seus laços
militares e de vendas com o Japão, Formosa, Singapura e Coréia do Sul,
bem como a aumentar a presença de navios de guerra, submarinos nucleares
e sobrevôos de aviões de guerra ao longo das águas costeiras da China.
Na linha da política de cerco militar e provocação, o regime
Obama-Clinton está a promover acordos comerciais multilaterais que
excluem a China e privilegiam corporações multinacionais dos EUA, bem
como seus banqueiros e exportadores, batizado como "Partenariado
Transpacífico" ("Trans-Pacific Partnership"). Este inclui principalmente
países menores, mas Obama tem a esperança de convencer o Japão e o
Canadá a aderirem ...
A presença de Obama na reunião da APEC
de líderes asiáticos e sua visita à Indonésia em Novembro de 2011
envolvem esforços para assegurar hegemonia estado-unidense.
Obama-Clinton esperam contrariar o declínio relativo das ligações
econômicas estado-unidenses face ao crescimento geométrico dos laços de
comércio e investimento entre a Ásia Oriental e a China.
Um exemplo recente dos esforços
ilusórios, mas destrutivos, de Obama-Clinton para deliberadamente
perturbar os laços econômicos da China na Ásia está a ter lugar em
Myanmar (Birmânia). A visita de Clinton em Dezembro de 2011 a Myanmar
foi antecedida por uma decisão do regime Thein Sein de suspender um
projeto de barragem no Norte do país financiado pela China Power
Investment. Segundo documentos oficiais confidenciais divulgados pela
WikiLeaks as "ONGs birmanesas que organizaram e conduziram a campanha
contra a barragem foram fortemente financiadas pelo governo dos EUA"
(Financial Times, 02/Dez/2011, p. 2). Isto e outras atividades
provocatórias e discursos de Clinton condenando "ajuda ligada" chinesa
desvanecem-se em comparação aos interesses em grande escala que ligam
Myanmar à China.
A China é o maior parceiro comercial e
investidor de Myanmar, incluindo seis outros projetos de barragens.
Companhias chinesas estão a construir novas auto-estradas e linhas
ferroviárias através do país, abrindo o Sudoeste da China a produtos
birmaneses e a China está a construir oleodutos e portos. Há uma
poderosa dinâmica de interesses econômicos mútuos que não será
perturbada por uma disputa ( FT, 02/Dez/2011, p.2). A crítica de Clinton
dos investimentos da China, de milhares de milhões de dólares, na
infraestrutura de Myanmar é um dos mais bizarros da história mundial,
vindo na seqüência dos oito anos de presença militar brutal de
Washington no Iraque a qual destruiu US$500 mil milhões de
infraestrutura iraquiana, segundo estimativas oficiais de Bagdá.
Só uma administração iludida poderia
imaginar que umas flores de retórica, uma visita de três dias e o
financiamento de uma ONG são um contrapeso adequado aos profundos laços
econômicos que ligam Myanmar à China. O mesmo posicionamento ilusório
acompanha todo o repertório de políticas que informam os esforços do
regime Obama para deslocar o papel predominante da China na Ásia.
Se bem que a política adotada pelo
regime Obama não apresente, em si mesma, uma ameaça imediata à paz, o
impacto acumulado de todos estes pronunciamentos políticos e projeções
de poder militar desenvolvem-se como um esforço abrangente total para
isolar, intimida e degradar a ascensão da China como uma potência
regional e global. O cerco militar e as alianças, a exclusão da China
nas associações econômicas regionais propostas, a intervenção com tomada
de partido em disputas marítimas regionais e o posicionamento de aviões
de guerra tecnologicamente avançados, estão destinados a minar a
competitividade da China e a compensar a inferioridade econômica dos EUA
através de redes políticas e econômicas fechadas.
Os movimentos militares e econômicos da
Casa Branca e a demagogia anti-chinesa no Congresso dos EUA são
claramente destinados a enfraquecer a posição comercial da China e a
obrigar seus líderes voltados para os negócios a privilegiarem
interesses da banca e dos negócios dos EUA além das suas próprias
empresas. Levada aos seus limites, a prioridade de Obama à grande
pressão militar poderia levar a uma ruptura catastrófica nas relações
econômicas EUA-China. Isto resultaria em conseqüências calamitosas,
especialmente mas não exclusivamente, na economia dos EUA e
particularmente no seu sistema financeiro. A China possui mais de US$1,5
milhão de milhões de dólares em dívida americana, principalmente
Títulos do Tesouro, e compra a cada ano de US$200 a US$300 mil milhões
de novas emissões, uma fonte vital no financiamento do déficit dos EUA.
Se Obama provocar uma ameaça grave aos interesses da segurança China e
Pequim for forçada a responder, a retaliação não será militar mas sim
econômica: a liquidação de umas poucas centenas de milhares de milhões
de títulos do tesouro e a redução de novas compras de dívida
estado-unidense.
O déficit dos EUA disparará, suas
classificações de crédito descerão para a categoria "lixo" e o sistema
financeiro tremerá à beira do colapso. As taxas de juro para atrair
novos compradores de dívida dos EUA aproximar-se-ão dos dois dígitos. As
exportações chinesas para os EUA sofrerão e verificar-se-ão perdas
devido à desvalorização dos Títulos do Tesouro em mãos chinesas. A China
diversificou seus mercados por todo o mundo e o seu enorme mercado
provavelmente poderia absorver a maior parte do que a China perdesse no
exterior no caso de um recuo do mercado estado-unidense.
Enquanto Obama vaga pelo Pacífico a
anunciar suas ameaças militares à China e se esforça para isolar
economicamente a China do resto da Ásia, a presença econômica dos EUA
está a desvanecer-se rapidamente do que costumava ser o seu "quintal".
Citando um jornalista do Financial Times: "A China é o único espetáculo
para a América Latina" ( Financial Times, 23/Nov/2011, p.6). A China
deslocou os EUA e a UE com principal parceiro comercial da América
Latina; Pequim despejou milhares de milhões em novos investimentos e
proporciona empréstimos com juros baixos.
O comércio da China com a Índia,
Indonésia, Japão, Paquistão e Vietnã está a aumentar a uma taxa muito
mais rápida do que a dos EUA. O esforço estado-unidense para construir
uma aliança de segurança na Ásia centrada no império baseia-se em
fundamentos econômicos frágeis. Mesmo a Austrália, a âncora e fulcro do
ímpeto militar dos EUA na Ásia, está pesadamente dependente de
exportações minerais para a China. Qualquer interrupção militar
remeteria a economia australiana para um mergulho.
A economia dos EUA não está em condições
de substituir a China como mercado para exportações de mercadorias
asiáticas ou da Austrália. Os países asiáticos devem estar agudamente
conscientes de que não há vantagem futura em ligarem-se a um império,
altamente militarizado, em declínio. Obama e Clinton enganam-se a si
próprios se pensam que podem atrair a Ásia para uma aliança a longo
prazo. Os asiáticos estão simplesmente a utilizar as aberturas amistosas
do regime Obama como um "dispositivo táctico", um truque negocial, para
conseguirem melhores termos para assegurar fronteiras marítimas e
territoriais com a China.
Washington está iludida se acredita que
pode convencer a Ásia a romper laços econômicos lucrativos a longo prazo
e de grande escala com a China a fim de aderir a uma associação
econômica exclusiva com tão dúbias perspectivas. Qualquer "reorientação"
da Ásia, desde a China até os EUA, exigiria mais do que a presença de
força naval e aerotransportada apontada para a China. Exigiria a
reestruturação tal das economias dos países asiáticos, da estrutura de
classe e da elite militar. Os mais poderosos grupos empresariais da Ásia
têm profundas e crescentes ligações com a China/Hong Kong,
especialmente entre as dinâmicas elites de negócios transnacionais
chinesas na região. Uma viragem em direção a Washington implica uma
contra-revolução maciça, que substitua "compradores" coloniais por
empresários estabelecidos. Quando muito alguns oficiais militares
asiáticos treinados nos EUA, economistas e antigos financeiros da Wall
Street e bilionários podem procurar "equilibrar" uma presença militar
estado-unidense com poder econômico chinês, mas eles devem perceber que
em última análise a vantagem está em desenvolver uma solução asiática.
A era dos "capitalistas compradores"
asiáticos, desejosos de liquidar a indústria nacional e a soberania em
troca de acesso privilegiado a mercados dos EUA, é história antiga.
Qualquer que seja o ilimitado entusiasmo por consumismo de luxo e
estilos de vida ocidentais, os quais os novos ricos da Ásia e da China
celebram descuidadamente, qualquer que seja a aceitação das
desigualdades e da exploração capitalista selvagem do trabalho, há o
reconhecimento de que a história passada da dominação estado-unidense e
européia impediu o crescimento e o enriquecimento de uma burguesia e
classe média indígenas. Os discursos e pronunciamentos de Obama e
Clinton exalam nostalgia por um passado de supervisores neocoloniais e
compradores colaboracionistas - uma ilusão tola. Suas tentativas de
realismo político assumem uma feição bizarra ao imaginarem que
posicionamentos militares e projeções de força armada reduzirão a China a
um ator marginal na região.
A escalada da confrontação de Obama em relação à Rússia
O regime Obama lançou uma grande
investida militar frontal sobre as fronteiras da Rússia. Os EUA
avançaram sítios de mísseis e bases da Força Aérea na Polônia, Romênia,
Turquia, Espanha, República Checa e Bulgária: complexos de mísseis
antiaéreos Patriot PAC-3 na Polônia; radar avançado AN/PPY-2 na Turquia e
vários mísseis (SM-3 IA) embarcados em navios de guerra na Espanha
estão entre as armas mais importantes que cercam a Rússia, a maior
apenas a minutos do seu alvo estratégico. Em segundo lugar, o regime
Obama fez um enorme esforço para assegurar e expandir bases militares
dos EUA na Ásia Central entre antigas repúblicas soviéticas. Em
terceiro, Washington, através da OTAN, lançou grandes operações
econômicas e militares contra os principais parceiros comerciais da
Rússia na África do Norte e Médio Oriente. A guerra da OTAN contra a
Líbia, que derrubou o regime Kadafi, paralisou ou anulou investimentos
russos de milhares de milhões de dólares em petróleo e gás, vendas de
armas e substituiu o antigo regime amigo da Rússia por um fantoche da
OTAN.
As sanções econômicas ONU-OTAN e a
atividade terrorista clandestina EUA-Israel contra o Irão minaram o
lucrativo comércio nuclear da Rússia, de milhares de milhões de dólares,
e empreendimentos petrolíferos conjuntos. A OTAN, incluindo a Turquia,
apoiada pelas ditaduras monárquicas do Golfo, impuseram duras sanções e
financiaram assaltos terroristas à Síria, o último aliado remanescente
da Rússia na região e onde ela tem a sua única instalação naval (Tartus)
no Mar Mediterrâneo. A anterior colaboração da Rússia com a OTAN
enfraquecendo a sua própria posição econômica e de segurança é produto
da monumental má interpretação da OTAN e especialmente das políticas
imperiais de Obama. O presidente russo Medvedev e seu antigo ministro
dos Estrangeiros, Sergey Lavrov, assumiram erradamente (tal como
Gorbachev e Yeltsin antes deles) que apoiar políticas da OTAN contra
parceiros comerciais da Rússia resultaria em alguma espécie de
"reciprocidade". o desmantelamento americano da sua ofensiva "missile
shield" nas suas fronteiras e apoio para a admissão da Rússia na
Organização Mundial do Comércio. Medvedev, seguindo suas liberais
ilusões pró ocidentais, entrou na linha e apoiou sanções
estado-unidenses-israelenses contra o Irã, acreditando nos contos de um
"programa de armas nucleares". A seguir Lavrov entrou na linha da OTAN
de "zonas de interdição de vôo para proteger vidas de civis líbios" e
votou a favor, só com um "protesto" delicado, demasiado tardio, de que a
OTAN estava a "exceder o seu mandato" ao bombardear a Líbia, regredi-la
à Idade Média e instalar um regime fantoche pró OTAN de patifes e
fundamentalistas. Finalmente, quando os EUA apontaram um punhal ao
coração da Rússia, fazendo um enorme esforço para instalar sítios de
lançamento de mísseis a 5 minutos de Moscou ao mesmo tempo que
organizava assaltos armados à Síria, a dupla Medvedev-Lavrov acordou do
seu estupor e opôs-se a sanções da ONU. Medvedev ameaçou abandonar o
tratado de redução de mísseis nucleares (START) e colocar mísseis de
médio alcance a 5 minutos de Berlim, Paris e Londres.
A política de consolidação e cooperação
de Medvedev-Lavrov, baseada na retórica de Obama de "redefinição de
relações" ("resetting relations") encoraja a agressiva construção do
império: Cada capitulação levava a uma nova agressão. Em conseqüência, a
Rússia está cercada por mísseis na sua fronteira ocidental; ela sofreu
perdas entre os seus principais parceiros comerciais no Médio Oriente e
enfrenta bases dos EUA no Sudoeste e na Ásia Central.
Tardiamente responsáveis russos
mexeram-se para substituir o iludido Medvedev pelo realista Putin, como
presidente seguinte. Esta mudança para uma política realista
previsivelmente provocou uma onda de hostilidade a Putin em todos os
media ocidentais. A agressiva política de Obama para isolar a Rússia
através da minagem de regimes independentes não afetou, contudo, o
status da Rússia como potência com armas nucleares. Ela apenas aumentou
tensões na Europa e talvez tenha encerrado qualquer oportunidade futura
de redução pacífica de armas nucleares ou esforços para assegurar um
consenso no Conselho de Segurança da ONU sobre questões de resolução
pacífica de conflitos. Washington, sob Obama-Clinton, transformou a
Rússia de um cliente acomodatício num grande adversário.
Putin encara o aprofundamento e expansão
de laços com o Leste, nomeadamente a China, face às ameaças do
Ocidente. A combinação de tecnologia de armas avançadas e recursos
energéticos russos e de dinâmica manufatureira e crescimento industrial
chinês são mais do que suficientes para as economias infestadas de crise
dos EUA e da UE a chafurdarem na estagnação.
A confrontação militar de Obama contra a
Rússia prejudicará muito acesso da mesma a matérias-primas e impedirá
definitivamente qualquer acordo estratégico de segurança a longo prazo, o
qual seria útil para reduzir o déficit e reviver a economia
estado-unidense.
Entre realismo e ilusão: O realinhamento estratégico de Obama
O reconhecimento de Obama de que o
centro presente e futuro da política e do poder econômico está a
mover-se inexoravelmente para a Ásia foi um lampejo de realismo
político. Depois de durante uma década despejar centenas de milhares de
milhões de dólares em aventuras militares nas margens e na periferia da
política mundial, Washington finalmente descobriu que não é o lugar onde
o destino das nações, especialmente as Grandes Potências, será
decidido, exceto num sentido negativo - de sangria recursos sobre causas
perdidas. O novo realismo e prioridades de Obama aparentemente estão
centrados no Sudeste e Nordeste da Ásia, onde economias dinâmicas
florescem, mercados estão em crescimento a uma taxa com dois dígitos,
investidores preparam dezenas de milhares de milhões de atividade
produtiva e o comércio expande-se três vezes mais do que o dos EUA e da
UE.
Mas o "Novo realismo" de Obama é
destruído por suposições totalmente ilusórias, as quais minam quaisquer
esforços sérios para realinhar a política dos EUA.
Em primeiro lugar, o esforço de Obama
para "entrar" na Ásia é através de uma acumulação de meios militares e
não através de um aperfeiçoamento e melhoria da competitividade
econômica estado-unidense. O que é que os EUA produzem para os países
asiáticos que promova sua fatia de mercado? Além de armas, aviões e
agricultura, os EUA têm poucas indústrias competitivas. Os EUA teriam de
reorientar amplamente sua economia, melhorar o trabalho qualificado e
transferir milhares de milhões da "segurança" e do militarismo para a
aplicação de inovações. Mas Obama trabalha dentro do atual complexo
financeiro militarista-sionista. Ele não conhece qualquer outro e é
incapaz de romper com ele.
Em segundo lugar, Obama-Clinton operam
sob a ilusão de que os EUA podem excluir a China ou minimizar o seu
papel na Ásia, uma política que é enfraquecida pelo investimento enorme e
crescente, e a presença, de todas as grandes corporações multinacionais
dos EUA na China, as quais a utilizam como uma plataforma de exportação
para a Ásia e o resto do mundo.
A acumulação militar dos EUA e a sua
política de intimidação forçarão a China a reduzir o seu papel como
credor que financia a dívida estado-unidense, uma política que a China
pode realizar porque o mercado dos EUA, se bem que ainda importante,
está em declínio, pois a China expande a sua presença no seu mercado
interno e nos da Ásia, América Latina e Europa.
O que antes parecia ser Novo realismo
revela-se agora ser a reciclagem de Velhas ilusões. A noção de que os
EUA podem voltar a ser a Potência suprema no Pacífico era do pós Segunda
Guerra Mundial. As tentativas dos EUA sob Obama-Clinton para retornar à
dominação do Pacífico, com uma economia avariada, com o fardo de uma
economia super-militarizada e com grandes desvantagens estratégicas: Ao
longo da última década a política externa dos Estados Unidos esteve nas
mãos da quinta coluna de Israel (o "lobby" israelense). Toda a classe
política estado-unidense é destituída de senso comum, prático e projeto
nacional. Eles estão imersos em debates trogloditas sobre "detenções
indefinidas" e "expulsões em massa de imigrantes". Pior: estão todos nas
folhas de pagamento de corporações privadas que vendem nos EUA e
investem na China.
Por que Obama renunciaria a guerras
custosas na periferia não lucrativa e a seguir promoveria a mesma
metafísica militar no centro dinâmico do universo econômico mundial?
Será que Barack Obama e seus conselheiros acreditam que ele é o Segundo
Advento do Almirante Perry, cujos navios de guerra no século XIX através
de bloqueios obrigaram a Ásia a abrir-se ao comércio ocidental?
Acreditará ele que alianças militares serão a primeira etapa para um
período subseqüente de presença econômica privilegiada?
Acreditará Obama que o seu regime pode
bloquear a China, tal como Washington fez com o Japão nos dias que
precederam a Segunda Guerra Mundial? É demasiado tarde. A China é muito
mais central para a economia do mundo, demasiado vital mesmo para o
financiamento da dívida dos EUA, demasiado soldada às corporações
multinacionais do Forbes 500. Provocar a China, mesmo fantasiar acerca
da "exclusão" econômica para deitar abaixo a China, é perseguir
políticas que abalarão totalmente a economia mundial, em primeiro lugar e
acima de tudo a economia dos EUA!
Conclusão
O "realismo de pacotilha" de Obama, sua
comutação das guerras no mundo muçulmano para a confrontação militar na
Ásia, não tem valor intrínseco e coloca custos extrínsecos
extraordinários. Os métodos militares e os objetivos econômicos são
totalmente incompatíveis e para além da capacidade dos EUA, como estão
atualmente constituídos. As políticas de Washington não "enfraquecerão" a
Rússia ou a China, muito menos a intimidarão. Ao invés disso, irá
encorajar ambos a adotarem posições mais adversas, tornando menos
provável que ajudem as guerras seqüenciais de Obama em proveito de
Israel. A Rússia já enviou navios de guerra ao seu porto na Síria,
recusou-se a apoiar um embargo de armas contra a Síria e o Irão e (em
retrospectiva) criticou a guerra da NATO contra a Líbia. A China e a
Rússia têm demasiados laços estratégicos com a economia do mundo para
sofrerem quaisquer grandes perdas de uma série de postos avançados
militares dos EUA e de alianças "exclusivas". A Rússia pode apontar
tantos mísseis nucleares para o ocidente quanto os EUA podem montá-los
nas suas bases na Europa do Leste.
Por outras palavras, a escalada militar
de Obama não mudará o equilíbrio de poder nuclear, mas levará a Rússia e
a China para uma relação mais estreita e aliança mais profunda.
Ultrapassados estão os dias da estratégia "divida e conquista" de
Kissinger-Nixon contrapondo acordos comerciais EUA-China contra armas
russas. Washington exagerou totalmente a significância das atuais
querelas marítimas entre a China e seus vizinhos. O que os une em termos
econômicos é muito mais importante no médio e longo prazo. As ligações
econômicas asiáticas da China desgastarão quaisquer tênues ligações
militares aos EUA.
O "realismo de pacotilha" de Obama vê o
mercado mundial através de lentes militares. A arrogância militar em
relação à Ásia levou à ruptura com o Paquistão, seu regime cliente mais
dócil na Ásia. A NATO deliberadamente chacinou 24 soldados paquistaneses
e esfregou-os no nariz dos generais paquistaneses, ao passo que a China
e a Rússia condenaram o ataque e ganharam influência.
No final das contas, o posicionamento
militar e excludente da China fracassará. Washington exagerou a sua mão e
afugentaram da sua anterior orientação para os negócios os parceiros
asiáticos, os quais só querem utilizar a presença militar dos EUA para
ganharem vantagem econômica táctica. Eles certamente não querem uma nova
"Guerra fria" instigada pelos EUA que divida e enfraqueça o dinâmico
comércio e investimento intra-asiático. Obama e os seus apaziguados
aprenderão rapidamente que os atuais líderes da Ásia.
26.12.2011
Obama eleva as apostas militares: Confrontação nas fronteiras com a China e a Rússia
Depois
de sofrer grandes derrotas militares e políticas em campos de batalha
sangrentos no Afeganistão e no Iraque, de fracassar no apoio a antigos
clientes no Iêmen, Egito e Tunísia e de testemunhar a desintegração de
regimes fantoches na Somália e no Sudão do Sul, o regime nada aprendeu:
Ao invés disso ele voltou-se rumo à maior confrontação militar com
potências globais, nomeadamente a Rússia e a China. Obama adotou uma
estratégia provocativa de ofensiva militar junto às fronteiras tanto da
China como da Rússia.
por James Petras
A viragem do militarismo: Da periferia para a confrontação militar global
A escalada da confrontação de Obama em relação à Rússia
Entre realismo e ilusão: O realinhamento estratégico de Obama
Conclusão
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Depois de sofrer grandes derrotas
militares e políticas em campos de batalha sangrentos no Afeganistão e
no Iraque, de fracassar no apoio a antigos clientes no Iêmen, Egito e
Tunísia e de testemunhar a desintegração de regimes fantoches na Somália
e no Sudão do Sul, o regime nada aprendeu: Ao invés disso ele voltou-se
rumo à maior confrontação militar com potências globais, nomeadamente a
Rússia e a China. Obama adotou uma estratégia provocativa de ofensiva
militar junto às fronteiras tanto da China como da Rússia.
Depois de andar de derrota em derrota na
periferia do poder mundial e não satisfeito em incorrer em déficits que
arruínam o tesouro na ânsia de construir um império contra países
economicamente fracos, Obama abraçou uma política de cerco e provocação
contra a China, a segunda maior economia do mundo e o mais importante
credor dos EUA, e a Rússia, o principal fornecedor de petróleo e gás da
União Européia e a segunda mais poderosa potência do mundo em armamento
nuclear.
Este documento trata da escalada
altamente irracional e ameaçadora de militarismo imperial do regime
Obama. Examinamos o contexto militar global, econômico e político
interno que motivam estas políticas. Examinamos então os múltiplos
pontos de conflito e intervenção nos quais Washington está empenhada,
desde o Paquistão, Irão, Líbia, Venezuela, Cuba e para, além disso.
Analisaremos a seguir a lógica para a escalada militar contra a Rússia e
a China como parte de uma nova ofensiva que vai além do mundo árabe
(Síria, Líbia) e frente à posição econômica declinante da UE e dos EUA
na economia global. Depois disso esboçaremos as estratégias de um
império declinante, criado em guerras perpétuas, confrontando declínio
econômico global, descrédito interno e uma população trabalhadora a
cambalear desde o desmantelamento em grande escala dos seus programas
sociais básicos.
A viragem do militarismo: Da periferia para a confrontação militar global
Novembro de 2011 é um momento de grande
importância histórica: Obama declarou duas importantes posições
políticas, tendo ambas tremendas conseqüências estratégicas que afetam
potências mundiais competidoras.
Obama decidiu uma política de cerco
militar da China com base no estacionamento de uma armada marítima e
aérea frente à costa chinesa - uma política destinada abertamente a
enfraquecer e perturbar o acesso da China a matérias-primas e ligações
comerciais e financeiras na Ásia. A declaração de Obama de que a Ásia é a
região prioritária para a expansão militar dos EUA, a construção de
bases e alianças econômicas foi dirigida contra a China, desafiando
Pequim nas suas próprias traseiras. O punho de ferro da declaração
política de Obama, pronunciada perante o Parlamento australiano, foi
clara como cristal na definição dos objetivos imperiais
estado-unidenses.
"Nossos interesses duradouros na região
[Ásia Pacífico] exigem nossa presença duradoura nesta região... Os
Estados Unidos são uma potência do Pacífico e estamos aqui para
permanecer ... Quando finalizamos as guerras de hoje [i.é, as derrotas e
retiradas do Iraque e do Afeganistão]... dirigi minha equipe de
segurança nacional para que assegure uma prioridade principal à nossa
presença e missões na Ásia Pacífico ... Em conseqüência, a redução nos
gastos de defesa dos EUA não será ... às expensas da Ásia Pacífico".
(CNN.com, 16/Nov/2011).
A natureza precisa do que Obama chamou
de "a nossa presença e missão" foi sublinhada pelo novo acordo militar
com a Austrália para despachar navios e aviões de guerra e 2500
fuzileiros navais para a cidade mais a Norte da Austrália (Darwin)
destinados à China. A secretária de Estado Clinton passou a maior parte
de 2011 a fazer sondagens altamente provocatórias junto a países
asiáticos que têm conflitos de fronteira marítima com a China. Clinton
introduziu vigorosamente os EU nestas disputas, encorajando e
exacerbando as exigências do Vietnã, Filipinas e Brunei no Mar do Sul da
China. Ainda mais gravemente, Washington está a promover seus laços
militares e de vendas com o Japão, Formosa, Singapura e Coréia do Sul,
bem como a aumentar a presença de navios de guerra, submarinos nucleares
e sobrevôos de aviões de guerra ao longo das águas costeiras da China.
Na linha da política de cerco militar e provocação, o regime
Obama-Clinton está a promover acordos comerciais multilaterais que
excluem a China e privilegiam corporações multinacionais dos EUA, bem
como seus banqueiros e exportadores, batizado como "Partenariado
Transpacífico" ("Trans-Pacific Partnership"). Este inclui principalmente
países menores, mas Obama tem a esperança de convencer o Japão e o
Canadá a aderirem ...
A presença de Obama na reunião da APEC
de líderes asiáticos e sua visita à Indonésia em Novembro de 2011
envolvem esforços para assegurar hegemonia estado-unidense.
Obama-Clinton esperam contrariar o declínio relativo das ligações
econômicas estado-unidenses face ao crescimento geométrico dos laços de
comércio e investimento entre a Ásia Oriental e a China.
Um exemplo recente dos esforços
ilusórios, mas destrutivos, de Obama-Clinton para deliberadamente
perturbar os laços econômicos da China na Ásia está a ter lugar em
Myanmar (Birmânia). A visita de Clinton em Dezembro de 2011 a Myanmar
foi antecedida por uma decisão do regime Thein Sein de suspender um
projeto de barragem no Norte do país financiado pela China Power
Investment. Segundo documentos oficiais confidenciais divulgados pela
WikiLeaks as "ONGs birmanesas que organizaram e conduziram a campanha
contra a barragem foram fortemente financiadas pelo governo dos EUA"
(Financial Times, 02/Dez/2011, p. 2). Isto e outras atividades
provocatórias e discursos de Clinton condenando "ajuda ligada" chinesa
desvanecem-se em comparação aos interesses em grande escala que ligam
Myanmar à China.
A China é o maior parceiro comercial e
investidor de Myanmar, incluindo seis outros projetos de barragens.
Companhias chinesas estão a construir novas auto-estradas e linhas
ferroviárias através do país, abrindo o Sudoeste da China a produtos
birmaneses e a China está a construir oleodutos e portos. Há uma
poderosa dinâmica de interesses econômicos mútuos que não será
perturbada por uma disputa ( FT, 02/Dez/2011, p.2). A crítica de Clinton
dos investimentos da China, de milhares de milhões de dólares, na
infraestrutura de Myanmar é um dos mais bizarros da história mundial,
vindo na seqüência dos oito anos de presença militar brutal de
Washington no Iraque a qual destruiu US$500 mil milhões de
infraestrutura iraquiana, segundo estimativas oficiais de Bagdá.
Só uma administração iludida poderia
imaginar que umas flores de retórica, uma visita de três dias e o
financiamento de uma ONG são um contrapeso adequado aos profundos laços
econômicos que ligam Myanmar à China. O mesmo posicionamento ilusório
acompanha todo o repertório de políticas que informam os esforços do
regime Obama para deslocar o papel predominante da China na Ásia.
Se bem que a política adotada pelo
regime Obama não apresente, em si mesma, uma ameaça imediata à paz, o
impacto acumulado de todos estes pronunciamentos políticos e projeções
de poder militar desenvolvem-se como um esforço abrangente total para
isolar, intimida e degradar a ascensão da China como uma potência
regional e global. O cerco militar e as alianças, a exclusão da China
nas associações econômicas regionais propostas, a intervenção com tomada
de partido em disputas marítimas regionais e o posicionamento de aviões
de guerra tecnologicamente avançados, estão destinados a minar a
competitividade da China e a compensar a inferioridade econômica dos EUA
através de redes políticas e econômicas fechadas.
Os movimentos militares e econômicos da
Casa Branca e a demagogia anti-chinesa no Congresso dos EUA são
claramente destinados a enfraquecer a posição comercial da China e a
obrigar seus líderes voltados para os negócios a privilegiarem
interesses da banca e dos negócios dos EUA além das suas próprias
empresas. Levada aos seus limites, a prioridade de Obama à grande
pressão militar poderia levar a uma ruptura catastrófica nas relações
econômicas EUA-China. Isto resultaria em conseqüências calamitosas,
especialmente mas não exclusivamente, na economia dos EUA e
particularmente no seu sistema financeiro. A China possui mais de US$1,5
milhão de milhões de dólares em dívida americana, principalmente
Títulos do Tesouro, e compra a cada ano de US$200 a US$300 mil milhões
de novas emissões, uma fonte vital no financiamento do déficit dos EUA.
Se Obama provocar uma ameaça grave aos interesses da segurança China e
Pequim for forçada a responder, a retaliação não será militar mas sim
econômica: a liquidação de umas poucas centenas de milhares de milhões
de títulos do tesouro e a redução de novas compras de dívida
estado-unidense.
O déficit dos EUA disparará, suas
classificações de crédito descerão para a categoria "lixo" e o sistema
financeiro tremerá à beira do colapso. As taxas de juro para atrair
novos compradores de dívida dos EUA aproximar-se-ão dos dois dígitos. As
exportações chinesas para os EUA sofrerão e verificar-se-ão perdas
devido à desvalorização dos Títulos do Tesouro em mãos chinesas. A China
diversificou seus mercados por todo o mundo e o seu enorme mercado
provavelmente poderia absorver a maior parte do que a China perdesse no
exterior no caso de um recuo do mercado estado-unidense.
Enquanto Obama vaga pelo Pacífico a
anunciar suas ameaças militares à China e se esforça para isolar
economicamente a China do resto da Ásia, a presença econômica dos EUA
está a desvanecer-se rapidamente do que costumava ser o seu "quintal".
Citando um jornalista do Financial Times: "A China é o único espetáculo
para a América Latina" ( Financial Times, 23/Nov/2011, p.6). A China
deslocou os EUA e a UE com principal parceiro comercial da América
Latina; Pequim despejou milhares de milhões em novos investimentos e
proporciona empréstimos com juros baixos.
O comércio da China com a Índia,
Indonésia, Japão, Paquistão e Vietnã está a aumentar a uma taxa muito
mais rápida do que a dos EUA. O esforço estado-unidense para construir
uma aliança de segurança na Ásia centrada no império baseia-se em
fundamentos econômicos frágeis. Mesmo a Austrália, a âncora e fulcro do
ímpeto militar dos EUA na Ásia, está pesadamente dependente de
exportações minerais para a China. Qualquer interrupção militar
remeteria a economia australiana para um mergulho.
A economia dos EUA não está em condições
de substituir a China como mercado para exportações de mercadorias
asiáticas ou da Austrália. Os países asiáticos devem estar agudamente
conscientes de que não há vantagem futura em ligarem-se a um império,
altamente militarizado, em declínio. Obama e Clinton enganam-se a si
próprios se pensam que podem atrair a Ásia para uma aliança a longo
prazo. Os asiáticos estão simplesmente a utilizar as aberturas amistosas
do regime Obama como um "dispositivo táctico", um truque negocial, para
conseguirem melhores termos para assegurar fronteiras marítimas e
territoriais com a China.
Washington está iludida se acredita que
pode convencer a Ásia a romper laços econômicos lucrativos a longo prazo
e de grande escala com a China a fim de aderir a uma associação
econômica exclusiva com tão dúbias perspectivas. Qualquer "reorientação"
da Ásia, desde a China até os EUA, exigiria mais do que a presença de
força naval e aerotransportada apontada para a China. Exigiria a
reestruturação tal das economias dos países asiáticos, da estrutura de
classe e da elite militar. Os mais poderosos grupos empresariais da Ásia
têm profundas e crescentes ligações com a China/Hong Kong,
especialmente entre as dinâmicas elites de negócios transnacionais
chinesas na região. Uma viragem em direção a Washington implica uma
contra-revolução maciça, que substitua "compradores" coloniais por
empresários estabelecidos. Quando muito alguns oficiais militares
asiáticos treinados nos EUA, economistas e antigos financeiros da Wall
Street e bilionários podem procurar "equilibrar" uma presença militar
estado-unidense com poder econômico chinês, mas eles devem perceber que
em última análise a vantagem está em desenvolver uma solução asiática.
A era dos "capitalistas compradores"
asiáticos, desejosos de liquidar a indústria nacional e a soberania em
troca de acesso privilegiado a mercados dos EUA, é história antiga.
Qualquer que seja o ilimitado entusiasmo por consumismo de luxo e
estilos de vida ocidentais, os quais os novos ricos da Ásia e da China
celebram descuidadamente, qualquer que seja a aceitação das
desigualdades e da exploração capitalista selvagem do trabalho, há o
reconhecimento de que a história passada da dominação estado-unidense e
européia impediu o crescimento e o enriquecimento de uma burguesia e
classe média indígenas. Os discursos e pronunciamentos de Obama e
Clinton exalam nostalgia por um passado de supervisores neocoloniais e
compradores colaboracionistas - uma ilusão tola. Suas tentativas de
realismo político assumem uma feição bizarra ao imaginarem que
posicionamentos militares e projeções de força armada reduzirão a China a
um ator marginal na região.
A escalada da confrontação de Obama em relação à Rússia
O regime Obama lançou uma grande
investida militar frontal sobre as fronteiras da Rússia. Os EUA
avançaram sítios de mísseis e bases da Força Aérea na Polônia, Romênia,
Turquia, Espanha, República Checa e Bulgária: complexos de mísseis
antiaéreos Patriot PAC-3 na Polônia; radar avançado AN/PPY-2 na Turquia e
vários mísseis (SM-3 IA) embarcados em navios de guerra na Espanha
estão entre as armas mais importantes que cercam a Rússia, a maior
apenas a minutos do seu alvo estratégico. Em segundo lugar, o regime
Obama fez um enorme esforço para assegurar e expandir bases militares
dos EUA na Ásia Central entre antigas repúblicas soviéticas. Em
terceiro, Washington, através da OTAN, lançou grandes operações
econômicas e militares contra os principais parceiros comerciais da
Rússia na África do Norte e Médio Oriente. A guerra da OTAN contra a
Líbia, que derrubou o regime Kadafi, paralisou ou anulou investimentos
russos de milhares de milhões de dólares em petróleo e gás, vendas de
armas e substituiu o antigo regime amigo da Rússia por um fantoche da
OTAN.
As sanções econômicas ONU-OTAN e a
atividade terrorista clandestina EUA-Israel contra o Irão minaram o
lucrativo comércio nuclear da Rússia, de milhares de milhões de dólares,
e empreendimentos petrolíferos conjuntos. A OTAN, incluindo a Turquia,
apoiada pelas ditaduras monárquicas do Golfo, impuseram duras sanções e
financiaram assaltos terroristas à Síria, o último aliado remanescente
da Rússia na região e onde ela tem a sua única instalação naval (Tartus)
no Mar Mediterrâneo. A anterior colaboração da Rússia com a OTAN
enfraquecendo a sua própria posição econômica e de segurança é produto
da monumental má interpretação da OTAN e especialmente das políticas
imperiais de Obama. O presidente russo Medvedev e seu antigo ministro
dos Estrangeiros, Sergey Lavrov, assumiram erradamente (tal como
Gorbachev e Yeltsin antes deles) que apoiar políticas da OTAN contra
parceiros comerciais da Rússia resultaria em alguma espécie de
"reciprocidade". o desmantelamento americano da sua ofensiva "missile
shield" nas suas fronteiras e apoio para a admissão da Rússia na
Organização Mundial do Comércio. Medvedev, seguindo suas liberais
ilusões pró ocidentais, entrou na linha e apoiou sanções
estado-unidenses-israelenses contra o Irã, acreditando nos contos de um
"programa de armas nucleares". A seguir Lavrov entrou na linha da OTAN
de "zonas de interdição de vôo para proteger vidas de civis líbios" e
votou a favor, só com um "protesto" delicado, demasiado tardio, de que a
OTAN estava a "exceder o seu mandato" ao bombardear a Líbia, regredi-la
à Idade Média e instalar um regime fantoche pró OTAN de patifes e
fundamentalistas. Finalmente, quando os EUA apontaram um punhal ao
coração da Rússia, fazendo um enorme esforço para instalar sítios de
lançamento de mísseis a 5 minutos de Moscou ao mesmo tempo que
organizava assaltos armados à Síria, a dupla Medvedev-Lavrov acordou do
seu estupor e opôs-se a sanções da ONU. Medvedev ameaçou abandonar o
tratado de redução de mísseis nucleares (START) e colocar mísseis de
médio alcance a 5 minutos de Berlim, Paris e Londres.
A política de consolidação e cooperação
de Medvedev-Lavrov, baseada na retórica de Obama de "redefinição de
relações" ("resetting relations") encoraja a agressiva construção do
império: Cada capitulação levava a uma nova agressão. Em conseqüência, a
Rússia está cercada por mísseis na sua fronteira ocidental; ela sofreu
perdas entre os seus principais parceiros comerciais no Médio Oriente e
enfrenta bases dos EUA no Sudoeste e na Ásia Central.
Tardiamente responsáveis russos
mexeram-se para substituir o iludido Medvedev pelo realista Putin, como
presidente seguinte. Esta mudança para uma política realista
previsivelmente provocou uma onda de hostilidade a Putin em todos os
media ocidentais. A agressiva política de Obama para isolar a Rússia
através da minagem de regimes independentes não afetou, contudo, o
status da Rússia como potência com armas nucleares. Ela apenas aumentou
tensões na Europa e talvez tenha encerrado qualquer oportunidade futura
de redução pacífica de armas nucleares ou esforços para assegurar um
consenso no Conselho de Segurança da ONU sobre questões de resolução
pacífica de conflitos. Washington, sob Obama-Clinton, transformou a
Rússia de um cliente acomodatício num grande adversário.
Putin encara o aprofundamento e expansão
de laços com o Leste, nomeadamente a China, face às ameaças do
Ocidente. A combinação de tecnologia de armas avançadas e recursos
energéticos russos e de dinâmica manufatureira e crescimento industrial
chinês são mais do que suficientes para as economias infestadas de crise
dos EUA e da UE a chafurdarem na estagnação.
A confrontação militar de Obama contra a
Rússia prejudicará muito acesso da mesma a matérias-primas e impedirá
definitivamente qualquer acordo estratégico de segurança a longo prazo, o
qual seria útil para reduzir o déficit e reviver a economia
estado-unidense.
Entre realismo e ilusão: O realinhamento estratégico de Obama
O reconhecimento de Obama de que o
centro presente e futuro da política e do poder econômico está a
mover-se inexoravelmente para a Ásia foi um lampejo de realismo
político. Depois de durante uma década despejar centenas de milhares de
milhões de dólares em aventuras militares nas margens e na periferia da
política mundial, Washington finalmente descobriu que não é o lugar onde
o destino das nações, especialmente as Grandes Potências, será
decidido, exceto num sentido negativo - de sangria recursos sobre causas
perdidas. O novo realismo e prioridades de Obama aparentemente estão
centrados no Sudeste e Nordeste da Ásia, onde economias dinâmicas
florescem, mercados estão em crescimento a uma taxa com dois dígitos,
investidores preparam dezenas de milhares de milhões de atividade
produtiva e o comércio expande-se três vezes mais do que o dos EUA e da
UE.
Mas o "Novo realismo" de Obama é
destruído por suposições totalmente ilusórias, as quais minam quaisquer
esforços sérios para realinhar a política dos EUA.
Em primeiro lugar, o esforço de Obama
para "entrar" na Ásia é através de uma acumulação de meios militares e
não através de um aperfeiçoamento e melhoria da competitividade
econômica estado-unidense. O que é que os EUA produzem para os países
asiáticos que promova sua fatia de mercado? Além de armas, aviões e
agricultura, os EUA têm poucas indústrias competitivas. Os EUA teriam de
reorientar amplamente sua economia, melhorar o trabalho qualificado e
transferir milhares de milhões da "segurança" e do militarismo para a
aplicação de inovações. Mas Obama trabalha dentro do atual complexo
financeiro militarista-sionista. Ele não conhece qualquer outro e é
incapaz de romper com ele.
Em segundo lugar, Obama-Clinton operam
sob a ilusão de que os EUA podem excluir a China ou minimizar o seu
papel na Ásia, uma política que é enfraquecida pelo investimento enorme e
crescente, e a presença, de todas as grandes corporações multinacionais
dos EUA na China, as quais a utilizam como uma plataforma de exportação
para a Ásia e o resto do mundo.
A acumulação militar dos EUA e a sua
política de intimidação forçarão a China a reduzir o seu papel como
credor que financia a dívida estado-unidense, uma política que a China
pode realizar porque o mercado dos EUA, se bem que ainda importante,
está em declínio, pois a China expande a sua presença no seu mercado
interno e nos da Ásia, América Latina e Europa.
O que antes parecia ser Novo realismo
revela-se agora ser a reciclagem de Velhas ilusões. A noção de que os
EUA podem voltar a ser a Potência suprema no Pacífico era do pós Segunda
Guerra Mundial. As tentativas dos EUA sob Obama-Clinton para retornar à
dominação do Pacífico, com uma economia avariada, com o fardo de uma
economia super-militarizada e com grandes desvantagens estratégicas: Ao
longo da última década a política externa dos Estados Unidos esteve nas
mãos da quinta coluna de Israel (o "lobby" israelense). Toda a classe
política estado-unidense é destituída de senso comum, prático e projeto
nacional. Eles estão imersos em debates trogloditas sobre "detenções
indefinidas" e "expulsões em massa de imigrantes". Pior: estão todos nas
folhas de pagamento de corporações privadas que vendem nos EUA e
investem na China.
Por que Obama renunciaria a guerras
custosas na periferia não lucrativa e a seguir promoveria a mesma
metafísica militar no centro dinâmico do universo econômico mundial?
Será que Barack Obama e seus conselheiros acreditam que ele é o Segundo
Advento do Almirante Perry, cujos navios de guerra no século XIX através
de bloqueios obrigaram a Ásia a abrir-se ao comércio ocidental?
Acreditará ele que alianças militares serão a primeira etapa para um
período subseqüente de presença econômica privilegiada?
Acreditará Obama que o seu regime pode
bloquear a China, tal como Washington fez com o Japão nos dias que
precederam a Segunda Guerra Mundial? É demasiado tarde. A China é muito
mais central para a economia do mundo, demasiado vital mesmo para o
financiamento da dívida dos EUA, demasiado soldada às corporações
multinacionais do Forbes 500. Provocar a China, mesmo fantasiar acerca
da "exclusão" econômica para deitar abaixo a China, é perseguir
políticas que abalarão totalmente a economia mundial, em primeiro lugar e
acima de tudo a economia dos EUA!
Conclusão
O "realismo de pacotilha" de Obama, sua
comutação das guerras no mundo muçulmano para a confrontação militar na
Ásia, não tem valor intrínseco e coloca custos extrínsecos
extraordinários. Os métodos militares e os objetivos econômicos são
totalmente incompatíveis e para além da capacidade dos EUA, como estão
atualmente constituídos. As políticas de Washington não "enfraquecerão" a
Rússia ou a China, muito menos a intimidarão. Ao invés disso, irá
encorajar ambos a adotarem posições mais adversas, tornando menos
provável que ajudem as guerras seqüenciais de Obama em proveito de
Israel. A Rússia já enviou navios de guerra ao seu porto na Síria,
recusou-se a apoiar um embargo de armas contra a Síria e o Irão e (em
retrospectiva) criticou a guerra da NATO contra a Líbia. A China e a
Rússia têm demasiados laços estratégicos com a economia do mundo para
sofrerem quaisquer grandes perdas de uma série de postos avançados
militares dos EUA e de alianças "exclusivas". A Rússia pode apontar
tantos mísseis nucleares para o ocidente quanto os EUA podem montá-los
nas suas bases na Europa do Leste.
Por outras palavras, a escalada militar
de Obama não mudará o equilíbrio de poder nuclear, mas levará a Rússia e
a China para uma relação mais estreita e aliança mais profunda.
Ultrapassados estão os dias da estratégia "divida e conquista" de
Kissinger-Nixon contrapondo acordos comerciais EUA-China contra armas
russas. Washington exagerou totalmente a significância das atuais
querelas marítimas entre a China e seus vizinhos. O que os une em termos
econômicos é muito mais importante no médio e longo prazo. As ligações
econômicas asiáticas da China desgastarão quaisquer tênues ligações
militares aos EUA.
O "realismo de pacotilha" de Obama vê o
mercado mundial através de lentes militares. A arrogância militar em
relação à Ásia levou à ruptura com o Paquistão, seu regime cliente mais
dócil na Ásia. A NATO deliberadamente chacinou 24 soldados paquistaneses
e esfregou-os no nariz dos generais paquistaneses, ao passo que a China
e a Rússia condenaram o ataque e ganharam influência.
No final das contas, o posicionamento
militar e excludente da China fracassará. Washington exagerou a sua mão e
afugentaram da sua anterior orientação para os negócios os parceiros
asiáticos, os quais só querem utilizar a presença militar dos EUA para
ganharem vantagem econômica táctica. Eles certamente não querem uma nova
"Guerra fria" instigada pelos EUA que divida e enfraqueça o dinâmico
comércio e investimento intra-asiático. Obama e os seus apaziguados
aprenderão rapidamente que os atuais líderes da Ásia.
_________________
Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
Vitor mango- Pontos : 118178
Re: Obama eleva as apostas militares: Confrontação nas fronteiras com a China e a Rússia
O que antes parecia ser Novo realismo
revela-se agora ser a reciclagem de Velhas ilusões. A noção de que os
EUA podem voltar a ser a Potência suprema no Pacífico era do pós Segunda
Guerra Mundial. As tentativas dos EUA sob Obama-Clinton para retornar à
dominação do Pacífico, com uma economia avariada, com o fardo de uma
economia super-militarizada e com grandes desvantagens estratégicas: Ao
longo da última década a política externa dos Estados Unidos esteve nas
mãos da quinta coluna de Israel (o "lobby" israelense). Toda a classe
política estado-unidense é destituída de senso comum, prático e projeto
nacional. Eles estão imersos em debates trogloditas sobre "detenções
indefinidas" e "expulsões em massa de imigrantes". Pior: estão todos nas
folhas de pagamento de corporações privadas que
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
Vitor mango- Pontos : 118178
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