Os males de Obama no Médio Oriente
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Os males de Obama no Médio Oriente
Os males de Obama no Médio Oriente
10.02.2012 - 16:20 Por Zaki Laïdi
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Assim que o Presidente norte-americano, Barack Obama, saudou o regresso das tropas norte-americanas do Iraque e elogiou a estabilidade e democracia nesse país, uma onda de violência sem precedentes – em Bagdad e noutros locais – revelou a severidade da crise política iraquiana. Será essa crise uma excepção infeliz ou, antes, um sintoma do falhanço da diplomacia de Obama para o Médio Oriente, do Egipto ao Afeganistão?
Ao tomar posse, Obama definiu quatro objectivos para o Médio Oriente: estabilizar o Iraque antes de o deixar; retirar do Afeganistão numa posição de força e baseado numa convergência política mínima com o Paquistão; conseguir um avanço importante no processo de paz do Médio Oriente, obrigando o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu a parar com a criação de colonatos; e encetar um diálogo com o Irão sobre o futuro do seu programa nuclear. Relativamente a estes quatro temas principais, Obama claramente conseguiu muito pouco.
Relativamente ao Iraque, desde a presidência de George W. Bush, os Estados Unidos têm tentado exercer uma influência moderadora no poder xiita, para que o país possa criar um sistema político mais inclusivo – especificamente, fazendo aprovar uma nova lei sobre a partilha dos lucros da exportação do petróleo entre as comunidades xiitas, sunitas e curdas. Infelizmente, foi precisamente o oposto que aconteceu.
O Curdistão embarcou num caminho em direcção a uma maior autonomia, enquanto os sunitas são cada vez mais marginalizados por um governo central sectário e autoritário, dominado pelos xiitas. Daqui decorrem implicações para o equilíbrio regional de poderes, porque o Iraque está a aproximar-se do Irão de modo a contrabalançar a Turquia, que é vista como protegendo os sunitas.
O reparo feito pelo primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, durante uma recente viagem a Washington de que estaria mais preocupado com a Turquia que com o Irão expôs o grande fosso entre o Iraque e os EUA, que parecem agora ter perdido toda a influência política significativa nos assuntos iraquianos. Na verdade, num desenvolvimento perturbador, os EUA decidiram não jogar a carta que lhes restava nas negociações com al-Maliki: a venda de armas.
Não pode haver mais dúvidas de que a ocupação do Iraque foi uma enorme derrota estratégica para os EUA, porque em última análise serviu apenas para fortalecer o Irão. Ainda assim, a Obama falta uma visão de médio prazo para lidar com a seriedade da situação – um lapso que, mais cedo ou mais tarde, custará caro aos EUA.
Uma de duas coisas acontecerá: ou uma maior contenção do Irão através de sanções à exportação de petróleo produzirá resultados positivos e enfraquecerá o Irão, ou a contenção falhará, levando inexoravelmente os EUA para uma nova guerra no Médio Oriente. Não é improvável que alguns membros dos círculos da política externa dos EUA encarem a intensificada crise iraquiana como um argumento para justificar uma intervenção militar no Irão.
Mas Obama não se deixa enganar. Já registou a hostilidade do Congresso dos EUA relativamente ao Irão e o desejo de confrontar militarmente a República Islâmica. Acredita, no entanto, que poderá evitar soluções extremas; em diplomacia, tudo pode acontecer, e o pior cenário nunca está garantido.
O problema é que Obama tem uma forte tendência para sobrestimar a capacidade americana para influenciar actores mais fracos. O que é verdade para o Iraque é também verdade para o Afeganistão: Obama pode orgulhar-se da eliminação de Osama bin Laden, que foi indubitavelmente um sucesso, mas um sucesso que não conseguiu resolver a raiz do problema. Apesar de uma presença militar de 10 anos, que envolveu o destacamento de mais de 100 mil efectivos militares a um custo de 550 mil milhões de dólares, os EUA ainda não conseguiram criar uma alternativa credível aos taliban. Pior, a sua aliança política com o Paquistão desgastou-se.
Na verdade, as relações EUA-Paquistão regrediram a um nível anterior ao 11 de Setembro de 2001, uma época marcada por profunda desconfiança mútua. Os líderes paquistaneses têm obviamente uma pesada responsabilidade neste estado de coisas. Mas se os EUA têm sido incapazes de envolver o Paquistão na resolução do conflito do Afeganistão, esse falhanço apenas reflecte a recusa da América em dar aos paquistaneses o que estes queriam: uma mudança no equilíbrio regional do poder à custa da Índia.O Paquistão, consequentemente, congelou a cooperação com os EUA, porque os seus líderes já não viam muitas vantagens em lutar contra os taliban. O risco é que quando começar a retirada americana do Afeganistão – um processo que acabou de ser adiado um ano, começando a partir de 2014 – os EUA tentarão novamente impor sanções ao Paquistão, um estado nuclear pouco fiável que reagirá fortalecendo laços com a China e apoiando o terrorismo islâmico.
Obama também tentou usar a influência americana para resolver o conflito israelo-palestiniano como parte da sua estratégia para o Grande Médio Oriente. Pensou inicialmente que, pressionando Netanyahu a parar com a criação de colonatos, conseguiria reavivar o processo de paz. Mas foi rápida e capazmente ultrapassado pelo seu aliado, que sabe como é importante a questão israelita para a política interna dos EUA. Colocando Obama contra o resto do sistema dos EUA, Netanyahu forçou-o a retirar.
Em 2009, Obama perspectivou uma resolução do conflito através do forte comprometimento da comunidade internacional. Em 2011, afirmou que apenas a vontade de ambas as partes poderia assegurar um bom desfecho. Claramente, os EUA não podem fazer muito para resolver o conflito.
Não há uma explicação abrangente para os falhanços sucessivos de Obama no Médio Oriente, mas existem alguns factores que vale a pena considerar: o aumento no número de conflitos assimétricos, onde o uso tradicional da força é largamente ineficaz; linhas cada vez mais esbatidas entre aliados difíceis e adversários intransigentes; e diferenças políticas importantes entre um presidente dos EUA centrista e um Congresso que é dominado mais do que nunca por ideias extremas.
Mas o próprio Obama tem grande parte da culpa. Contrariamente ao que se possa pensar, não tem uma verdadeira visão estratégica do mundo – uma insuficiência reflectida na sua rápida capitulação em face da oposição às suas propostas. Obama tem muitas vezes um plano A, mas nunca um plano B. Quando se trata de conduzir uma política externa bem-sucedida, um plano A nunca é suficiente.
Tradução de António Chagas/Project Syndicate
10.02.2012 - 16:20 Por Zaki Laïdi
- Professor de Relações Internacionais no Instituto de Estudos Políticos de Paris
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1 de 1 notícias em Zaki Laïdi
Assim que o Presidente norte-americano, Barack Obama, saudou o regresso das tropas norte-americanas do Iraque e elogiou a estabilidade e democracia nesse país, uma onda de violência sem precedentes – em Bagdad e noutros locais – revelou a severidade da crise política iraquiana. Será essa crise uma excepção infeliz ou, antes, um sintoma do falhanço da diplomacia de Obama para o Médio Oriente, do Egipto ao Afeganistão?
Ao tomar posse, Obama definiu quatro objectivos para o Médio Oriente: estabilizar o Iraque antes de o deixar; retirar do Afeganistão numa posição de força e baseado numa convergência política mínima com o Paquistão; conseguir um avanço importante no processo de paz do Médio Oriente, obrigando o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu a parar com a criação de colonatos; e encetar um diálogo com o Irão sobre o futuro do seu programa nuclear. Relativamente a estes quatro temas principais, Obama claramente conseguiu muito pouco.
Relativamente ao Iraque, desde a presidência de George W. Bush, os Estados Unidos têm tentado exercer uma influência moderadora no poder xiita, para que o país possa criar um sistema político mais inclusivo – especificamente, fazendo aprovar uma nova lei sobre a partilha dos lucros da exportação do petróleo entre as comunidades xiitas, sunitas e curdas. Infelizmente, foi precisamente o oposto que aconteceu.
O Curdistão embarcou num caminho em direcção a uma maior autonomia, enquanto os sunitas são cada vez mais marginalizados por um governo central sectário e autoritário, dominado pelos xiitas. Daqui decorrem implicações para o equilíbrio regional de poderes, porque o Iraque está a aproximar-se do Irão de modo a contrabalançar a Turquia, que é vista como protegendo os sunitas.
O reparo feito pelo primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, durante uma recente viagem a Washington de que estaria mais preocupado com a Turquia que com o Irão expôs o grande fosso entre o Iraque e os EUA, que parecem agora ter perdido toda a influência política significativa nos assuntos iraquianos. Na verdade, num desenvolvimento perturbador, os EUA decidiram não jogar a carta que lhes restava nas negociações com al-Maliki: a venda de armas.
Não pode haver mais dúvidas de que a ocupação do Iraque foi uma enorme derrota estratégica para os EUA, porque em última análise serviu apenas para fortalecer o Irão. Ainda assim, a Obama falta uma visão de médio prazo para lidar com a seriedade da situação – um lapso que, mais cedo ou mais tarde, custará caro aos EUA.
Uma de duas coisas acontecerá: ou uma maior contenção do Irão através de sanções à exportação de petróleo produzirá resultados positivos e enfraquecerá o Irão, ou a contenção falhará, levando inexoravelmente os EUA para uma nova guerra no Médio Oriente. Não é improvável que alguns membros dos círculos da política externa dos EUA encarem a intensificada crise iraquiana como um argumento para justificar uma intervenção militar no Irão.
Mas Obama não se deixa enganar. Já registou a hostilidade do Congresso dos EUA relativamente ao Irão e o desejo de confrontar militarmente a República Islâmica. Acredita, no entanto, que poderá evitar soluções extremas; em diplomacia, tudo pode acontecer, e o pior cenário nunca está garantido.
O problema é que Obama tem uma forte tendência para sobrestimar a capacidade americana para influenciar actores mais fracos. O que é verdade para o Iraque é também verdade para o Afeganistão: Obama pode orgulhar-se da eliminação de Osama bin Laden, que foi indubitavelmente um sucesso, mas um sucesso que não conseguiu resolver a raiz do problema. Apesar de uma presença militar de 10 anos, que envolveu o destacamento de mais de 100 mil efectivos militares a um custo de 550 mil milhões de dólares, os EUA ainda não conseguiram criar uma alternativa credível aos taliban. Pior, a sua aliança política com o Paquistão desgastou-se.
Na verdade, as relações EUA-Paquistão regrediram a um nível anterior ao 11 de Setembro de 2001, uma época marcada por profunda desconfiança mútua. Os líderes paquistaneses têm obviamente uma pesada responsabilidade neste estado de coisas. Mas se os EUA têm sido incapazes de envolver o Paquistão na resolução do conflito do Afeganistão, esse falhanço apenas reflecte a recusa da América em dar aos paquistaneses o que estes queriam: uma mudança no equilíbrio regional do poder à custa da Índia.O Paquistão, consequentemente, congelou a cooperação com os EUA, porque os seus líderes já não viam muitas vantagens em lutar contra os taliban. O risco é que quando começar a retirada americana do Afeganistão – um processo que acabou de ser adiado um ano, começando a partir de 2014 – os EUA tentarão novamente impor sanções ao Paquistão, um estado nuclear pouco fiável que reagirá fortalecendo laços com a China e apoiando o terrorismo islâmico.
Obama também tentou usar a influência americana para resolver o conflito israelo-palestiniano como parte da sua estratégia para o Grande Médio Oriente. Pensou inicialmente que, pressionando Netanyahu a parar com a criação de colonatos, conseguiria reavivar o processo de paz. Mas foi rápida e capazmente ultrapassado pelo seu aliado, que sabe como é importante a questão israelita para a política interna dos EUA. Colocando Obama contra o resto do sistema dos EUA, Netanyahu forçou-o a retirar.
Em 2009, Obama perspectivou uma resolução do conflito através do forte comprometimento da comunidade internacional. Em 2011, afirmou que apenas a vontade de ambas as partes poderia assegurar um bom desfecho. Claramente, os EUA não podem fazer muito para resolver o conflito.
Não há uma explicação abrangente para os falhanços sucessivos de Obama no Médio Oriente, mas existem alguns factores que vale a pena considerar: o aumento no número de conflitos assimétricos, onde o uso tradicional da força é largamente ineficaz; linhas cada vez mais esbatidas entre aliados difíceis e adversários intransigentes; e diferenças políticas importantes entre um presidente dos EUA centrista e um Congresso que é dominado mais do que nunca por ideias extremas.
Mas o próprio Obama tem grande parte da culpa. Contrariamente ao que se possa pensar, não tem uma verdadeira visão estratégica do mundo – uma insuficiência reflectida na sua rápida capitulação em face da oposição às suas propostas. Obama tem muitas vezes um plano A, mas nunca um plano B. Quando se trata de conduzir uma política externa bem-sucedida, um plano A nunca é suficiente.
Tradução de António Chagas/Project Syndicate
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
Vitor mango- Pontos : 118271
Re: Os males de Obama no Médio Oriente
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Resumindo:
Um fracasso chamado Obama, a quem aereamente foi concedido oum Prémio Nobel, assim a modos como um deitar de foguetes, antes da festa...
Uma desilusão para todos... menos para mim!
Resumindo:
Um fracasso chamado Obama, a quem aereamente foi concedido oum Prémio Nobel, assim a modos como um deitar de foguetes, antes da festa...
Uma desilusão para todos... menos para mim!
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Amigos?Longe! Inimigos? O mais perto possível!
Joao Ruiz- Pontos : 32035
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