Fumo abre guerra com casinos
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Fumo abre guerra com casinos
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3 de Maio, 2012por Joana Ferreira da Costa
Salas de jogo admitem ir para tribunal se o fumo for proibido nestes espaços, como pretende o Governo. E prometem exigir indemnizações pela adaptação às regras feitas desde 2008.
Os casinos ameaçam avançar para tribunal contra o Estado se o Ministério da Saúde proibir o fumo nestes estabelecimentos. A revisão da lei do tabaco está em curso e além de acabar com os cigarros nos automóveis que transportam crianças, deve alargar a proibição total de fumar a todos os espaços públicos, incluindo os casinos, apurou o SOL .
A intenção de apertar o cerco ao tabaco – para evitar a exposição aos malefícios do fumo passivo – foi anunciada pelo ministro da Saúde no Parlamento no início deste mês. Mas só na próxima semana Paulo Macedo receberá oficialmente das mãos do director-geral da Saúde, Francisco George, as alterações propostas por um grupo de peritos à lei do tabaco que entrou em vigor em Janeiro de 2008.
A decisão final sobre as novas restrições será política, mas fonte do Ministério da Saúde (MS) assegura que «se se vai avançar com alterações à lei é mesmo para mudar» .
Para os casinos, a proibição total de fumar seria «um verdadeiro desastre» e iria acabar «numa litigância jurídica», alerta Mário Assis Ferreira , presidente da Sociedade Estoril Sol, que gere os casinos do Estoril, de Lisboa e da Póvoa.
«O Estado teria de nos indemnizar pelo dez milhões de euros gastos em equipamentos de ventilação e de circulação do ar» , diz o responsável. «Só no caso da Póvoa tivemos praticamente de reconstruir o casino para poder cumprir as regras da lei do tabaco» , avisa.
Assis Ferreira diz que a lei actual já obriga os casinos a distribuir os equipamentos de jogo por áreas destinadas a fumadores e a não fumadores.
«Ao fim de seis anos da aplicação da lei do tabaco vemos que as áreas de não fumadores têm apenas um terço da utilização das restantes» , avança o presidente da Estoril Sol. «Mais de 80 por cento dos frequentadores de casino são fumadores e o jogo, pela adrenalina, estimula ao consumo» , nota ainda.
Macedo empurra discussão para o Parlamento
Mas Paulo Macedo não terá de dialogar com as vozes críticas de novas restrições ao fumo, apesar de já ter defendido que estas alterações deverão ser amplamente discutidas. A discussão deverá acontecer no Parlamento, cabendo às bancadas da maioria no Governo alcançar o maior consenso possível no diploma, que poderá ser alterado, apurou o SOL .
Por isso, Assis Ferreira acredita que uma proibição ao fumo nos casinos não passará na Assembleia da República. «Tenho a percepção por parte da bancada do PSD e do CDS que tal não sucederá , diz, o presidente da Estoril Sol. «Seria a pá de cal em cima do cadáver, já moribundo pelos constrangimentos provocados pelo jogo online e pelas omissões da tutela», lamenta, alertando: « Já chegam as medidas de austeridade para ampliar os efeitos da crise económica» .
O MS diz que quatro anos depois da aplicação da nova lei já é possível avaliar os seus efeitos positivos. E garante existirem cada vez mais provas dos efeitos nocivos do fumo passivo no cancro do pulmão e da língua, mas também no agravar das doenças cardiovasculares ou respiratórias.
«A revisão da legislação é imperiosa» , defendeu ao SOL por escrito o secretário de Estado da Saúde, Leal da Costa. «Há uma necessidade absoluta de diminuir o cancro e doenças vasculares. A eliminação do tabagismo é um dos caminhos» .
O secretário de Estado lembra que a principal preocupação destas mudanças é proteger os menores e os trabalhadores expostos ao fumo e adianta que as alterações estão a ser discutidas com peritos nacionais e da Organização Mundial da Saúde.
A proibição de fumar nos automóveis onde há crianças é justificada pelo «risco do fumo passivo e do seu efeito cumulativo ser muito maior em espaços fechados» . A proposta do Ministério é que quem não cumpra esta regra seja multado, à semelhança do que já acontece com a falta de cinto de segurança ou o uso do telemóvel.
joana.f.costa@sol.pt
Tags: Casino, Sociedade, Tabaco
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3 de Maio, 2012por Joana Ferreira da Costa
Salas de jogo admitem ir para tribunal se o fumo for proibido nestes espaços, como pretende o Governo. E prometem exigir indemnizações pela adaptação às regras feitas desde 2008.
Os casinos ameaçam avançar para tribunal contra o Estado se o Ministério da Saúde proibir o fumo nestes estabelecimentos. A revisão da lei do tabaco está em curso e além de acabar com os cigarros nos automóveis que transportam crianças, deve alargar a proibição total de fumar a todos os espaços públicos, incluindo os casinos, apurou o SOL .
A intenção de apertar o cerco ao tabaco – para evitar a exposição aos malefícios do fumo passivo – foi anunciada pelo ministro da Saúde no Parlamento no início deste mês. Mas só na próxima semana Paulo Macedo receberá oficialmente das mãos do director-geral da Saúde, Francisco George, as alterações propostas por um grupo de peritos à lei do tabaco que entrou em vigor em Janeiro de 2008.
A decisão final sobre as novas restrições será política, mas fonte do Ministério da Saúde (MS) assegura que «se se vai avançar com alterações à lei é mesmo para mudar» .
Para os casinos, a proibição total de fumar seria «um verdadeiro desastre» e iria acabar «numa litigância jurídica», alerta Mário Assis Ferreira , presidente da Sociedade Estoril Sol, que gere os casinos do Estoril, de Lisboa e da Póvoa.
«O Estado teria de nos indemnizar pelo dez milhões de euros gastos em equipamentos de ventilação e de circulação do ar» , diz o responsável. «Só no caso da Póvoa tivemos praticamente de reconstruir o casino para poder cumprir as regras da lei do tabaco» , avisa.
Assis Ferreira diz que a lei actual já obriga os casinos a distribuir os equipamentos de jogo por áreas destinadas a fumadores e a não fumadores.
«Ao fim de seis anos da aplicação da lei do tabaco vemos que as áreas de não fumadores têm apenas um terço da utilização das restantes» , avança o presidente da Estoril Sol. «Mais de 80 por cento dos frequentadores de casino são fumadores e o jogo, pela adrenalina, estimula ao consumo» , nota ainda.
Macedo empurra discussão para o Parlamento
Mas Paulo Macedo não terá de dialogar com as vozes críticas de novas restrições ao fumo, apesar de já ter defendido que estas alterações deverão ser amplamente discutidas. A discussão deverá acontecer no Parlamento, cabendo às bancadas da maioria no Governo alcançar o maior consenso possível no diploma, que poderá ser alterado, apurou o SOL .
Por isso, Assis Ferreira acredita que uma proibição ao fumo nos casinos não passará na Assembleia da República. «Tenho a percepção por parte da bancada do PSD e do CDS que tal não sucederá , diz, o presidente da Estoril Sol. «Seria a pá de cal em cima do cadáver, já moribundo pelos constrangimentos provocados pelo jogo online e pelas omissões da tutela», lamenta, alertando: « Já chegam as medidas de austeridade para ampliar os efeitos da crise económica» .
O MS diz que quatro anos depois da aplicação da nova lei já é possível avaliar os seus efeitos positivos. E garante existirem cada vez mais provas dos efeitos nocivos do fumo passivo no cancro do pulmão e da língua, mas também no agravar das doenças cardiovasculares ou respiratórias.
«A revisão da legislação é imperiosa» , defendeu ao SOL por escrito o secretário de Estado da Saúde, Leal da Costa. «Há uma necessidade absoluta de diminuir o cancro e doenças vasculares. A eliminação do tabagismo é um dos caminhos» .
O secretário de Estado lembra que a principal preocupação destas mudanças é proteger os menores e os trabalhadores expostos ao fumo e adianta que as alterações estão a ser discutidas com peritos nacionais e da Organização Mundial da Saúde.
A proibição de fumar nos automóveis onde há crianças é justificada pelo «risco do fumo passivo e do seu efeito cumulativo ser muito maior em espaços fechados» . A proposta do Ministério é que quem não cumpra esta regra seja multado, à semelhança do que já acontece com a falta de cinto de segurança ou o uso do telemóvel.
joana.f.costa@sol.pt
Tags: Casino, Sociedade, Tabaco
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