Por que a Argélia descartou ajuda externa em crise de reféns?
Vagueando na Notícia :: Salas das mesas de grandes debates de noticias :: Professor Dr e mister Mokas faz a analise do Mundo
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Por que a Argélia descartou ajuda externa em crise de reféns?
Por que a Argélia descartou ajuda externa em crise de reféns?
Aidan Lewis
Da BBC News
Atualizado em 18 de janeiro, 2013 - 19:11 (Brasília) 21:11 GMT
Exército da Argélia luta contra insurgentes islâmicos desde os anos 1990
A intervenção militar da Argélia
contra sequestradores em uma refinaria de gás no Saara aparentemente
causou surpresa nos governos estrangeiros cujos cidadãos estavam sendo
mantidos reféns.
O grupo incluía centenas trabalhadores, sendo
mais de 130 estrangeiros, e embora os números ainda permaneçam
desencontrados, a operação do Exército da Argélia teria libertado ao
menos 650 deles, mas também teria resultado em 12 mortes.
Notícias relacionadas
Tópicos relacionados
O Japão pediu o fim da ação,
convocando o embaixador argelino para manifestar preocupação com as
vidas dos reféns e para pedir informações atualizadas sobre a situação.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron,
disse que estava "decepcionado" por não ter sido comunidado
antecipadamente sobre a ação.
Mas enquanto muitos dos detalhes sobre a opração
na refinaria In Amenas permanecem nebulosos, a decisão da Argélia de
usar força contra os sequestradores e de agir de forma unilateral se
encaixa na abordagem profundamente arraigada e inflexível do país contra
o terrorismo.
"Eu ficaria surpreso se eles reagissem de outra maneira", diz o analista Jon Marcks, da consultoria Cross-border Information.
"Do ponto de vista da Argélia, o ataque foi uma
afronta ao prestígio do Exército do país, que é uma parte muito central
do sistema de valores argelino."
Insurgentes
O Exército da Argélia, e o governo que ele
apoia, devem muito de sua legitimidade ao fato de terem vencido a
batalha militar contra insurgentes islâmicos nos anos 1990, durante um
conflito que deixou cerca de 150 mil mortos.
As autoridades argelinas expressam algum
descontentamento por terem sido abandonadas para lutar sozinhas nesse
conflito, antes que o resto do mundo fosse confrontado com a ameaça do
extremismo islâmico.
Mas elas também se orgulham de sua experiência
em contraterrorismo, de sua repressão militar a grupos armados e de sua
conhecida relutância em negociar ou pagar resgates.
"Aqueles que pensam que nós vamos negociar com
terroristas estão delirando", diz o ministro de Comunicações da Argélia,
Mohamed Said Belaid.
O conflito nos anos 1990 se concentrou no norte
da Argélia. Em anos recentes, os grupos armados ficaram mais ativos no
vasto deserto do sul do país e nos Estados vizinhos do Sahel.
Eles praticaram sequestros, a maior parte fora
da Argélia, mas nunca haviam lançado um ataque de grandes proporções na
indústria de petróleo e gás que há muito tempo é a espinha dorsal da
ecoomia do país.
Conhecidos
Mas tanto o suposto mentor do ataque de
quarta-feira, o militante argelino Mokhtar Belmokhtar, quanto o
prospecto de um desfecho dramático para o sequestro são sombriamente
familiares às autoridades argelinas.
"Eles cohecem Mokhtar Belmokhtar e sua quadrilha
muito bem", diz Marks, referindo-se aos relatos de que os argelinos
intervieram quando alguns dos sequestradores e reféns tentaram deixar a
refinaria.
O risco, diz o analista, era que levassem os
reféns a alguma parte remota do deserto e então negociar resgates ou
troca de prisioneiros.
"E eles usaram o mais brusco dos instrumentos, o poder aéreo, para impedir a passagem desses carros", diz.
"A visão predominante entre os governos ocidentais é a de que eles tem uma obrigação de cuidar desses reféns", afirma Marks.
"No entanto, a percepção daqueles que lideraram a
operação era a de que era preciso lidar com os terroristas e não
permitir que isso acontecesse."
Cameron disse ter ouvido do primeiro-ministro
argelino que os militares "julgaram que havia uma ameaça imediata às
vidas dos reféns e sentiram a obrigação de responder".
Mas além dessa explicação, os argelino parecem
ter feito poucas tentativas iniciais de consultar o governo britânico,
muito menos de pedir aconselhamento ou ajuda. Há relatos de que as
ofertas britânicas de ajudar os argelinos foram rejeitadas.
Soberania
"A Argélia não é um país que se sentiria
confortável em depender de forças de segurança estrangeiras para ajudar a
libertar os reféns, e isso se deve ao profundo sentimento de que não
deve haver presença militar estrangeira no país", diz Robert Parks,
diretor do Centro de Estudos Norte-Africanos da Argélia.
"Isso remonta aos antigos princípios de
não-intervenção de logo após a independência. Os argelinos são muito
sensíveis em relação a questões de soberania nacional. Então estava
claro desde o início que isso seria resolvido somente pelos argelinos."
Inicialmente a Argélia se opôs a uma intervenção
internacional contra militantes islâmicos no norte do Mali. No entanto,
quando a França – antiga potência colonial tanto do Mali quanto da
Argélia – interveio, na semana passada, a Argélia concordou em abrir seu
espaço aéreo.
Mas um ataque em solo argelino é uma questão
diferente. O fato de o alvo do ataque ser uma refinaria de gás operada
em parte por empresas estrangeiras pode ter aguçado a determinação das
autoridades argelinas de resolver o problema por conta própria.
A ideia de que a elite do país e seus aliados
estrangeiros são os principais beneficiários dos lucros de petróleo e
gás é uma reclamação comum entre os argelinos.
"É importante (para as autoridades) mostrar ao
público interno que realmente controlam suas próprias fontes de
hidrocarbonetos, que não são apenas um governo fantoche", diz Parks.
Aidan Lewis
Da BBC News
Atualizado em 18 de janeiro, 2013 - 19:11 (Brasília) 21:11 GMT
Exército da Argélia luta contra insurgentes islâmicos desde os anos 1990
A intervenção militar da Argélia
contra sequestradores em uma refinaria de gás no Saara aparentemente
causou surpresa nos governos estrangeiros cujos cidadãos estavam sendo
mantidos reféns.
O grupo incluía centenas trabalhadores, sendo
mais de 130 estrangeiros, e embora os números ainda permaneçam
desencontrados, a operação do Exército da Argélia teria libertado ao
menos 650 deles, mas também teria resultado em 12 mortes.
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Tópicos relacionados
- Internacional
O Japão pediu o fim da ação,
convocando o embaixador argelino para manifestar preocupação com as
vidas dos reféns e para pedir informações atualizadas sobre a situação.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron,
disse que estava "decepcionado" por não ter sido comunidado
antecipadamente sobre a ação.
Mas enquanto muitos dos detalhes sobre a opração
na refinaria In Amenas permanecem nebulosos, a decisão da Argélia de
usar força contra os sequestradores e de agir de forma unilateral se
encaixa na abordagem profundamente arraigada e inflexível do país contra
o terrorismo.
"Eu ficaria surpreso se eles reagissem de outra maneira", diz o analista Jon Marcks, da consultoria Cross-border Information.
"Do ponto de vista da Argélia, o ataque foi uma
afronta ao prestígio do Exército do país, que é uma parte muito central
do sistema de valores argelino."
Insurgentes
O Exército da Argélia, e o governo que ele
apoia, devem muito de sua legitimidade ao fato de terem vencido a
batalha militar contra insurgentes islâmicos nos anos 1990, durante um
conflito que deixou cerca de 150 mil mortos.
As autoridades argelinas expressam algum
descontentamento por terem sido abandonadas para lutar sozinhas nesse
conflito, antes que o resto do mundo fosse confrontado com a ameaça do
extremismo islâmico.
Mas elas também se orgulham de sua experiência
em contraterrorismo, de sua repressão militar a grupos armados e de sua
conhecida relutância em negociar ou pagar resgates.
"Aqueles que pensam que nós vamos negociar com
terroristas estão delirando", diz o ministro de Comunicações da Argélia,
Mohamed Said Belaid.
O conflito nos anos 1990 se concentrou no norte
da Argélia. Em anos recentes, os grupos armados ficaram mais ativos no
vasto deserto do sul do país e nos Estados vizinhos do Sahel.
Eles praticaram sequestros, a maior parte fora
da Argélia, mas nunca haviam lançado um ataque de grandes proporções na
indústria de petróleo e gás que há muito tempo é a espinha dorsal da
ecoomia do país.
Conhecidos
Mas tanto o suposto mentor do ataque de
quarta-feira, o militante argelino Mokhtar Belmokhtar, quanto o
prospecto de um desfecho dramático para o sequestro são sombriamente
familiares às autoridades argelinas.
"Eles cohecem Mokhtar Belmokhtar e sua quadrilha
muito bem", diz Marks, referindo-se aos relatos de que os argelinos
intervieram quando alguns dos sequestradores e reféns tentaram deixar a
refinaria.
O risco, diz o analista, era que levassem os
reféns a alguma parte remota do deserto e então negociar resgates ou
troca de prisioneiros.
"E eles usaram o mais brusco dos instrumentos, o poder aéreo, para impedir a passagem desses carros", diz.
"A visão predominante entre os governos ocidentais é a de que eles tem uma obrigação de cuidar desses reféns", afirma Marks.
"No entanto, a percepção daqueles que lideraram a
operação era a de que era preciso lidar com os terroristas e não
permitir que isso acontecesse."
Cameron disse ter ouvido do primeiro-ministro
argelino que os militares "julgaram que havia uma ameaça imediata às
vidas dos reféns e sentiram a obrigação de responder".
Mas além dessa explicação, os argelino parecem
ter feito poucas tentativas iniciais de consultar o governo britânico,
muito menos de pedir aconselhamento ou ajuda. Há relatos de que as
ofertas britânicas de ajudar os argelinos foram rejeitadas.
Soberania
"A Argélia não é um país que se sentiria
confortável em depender de forças de segurança estrangeiras para ajudar a
libertar os reféns, e isso se deve ao profundo sentimento de que não
deve haver presença militar estrangeira no país", diz Robert Parks,
diretor do Centro de Estudos Norte-Africanos da Argélia.
"Isso remonta aos antigos princípios de
não-intervenção de logo após a independência. Os argelinos são muito
sensíveis em relação a questões de soberania nacional. Então estava
claro desde o início que isso seria resolvido somente pelos argelinos."
Inicialmente a Argélia se opôs a uma intervenção
internacional contra militantes islâmicos no norte do Mali. No entanto,
quando a França – antiga potência colonial tanto do Mali quanto da
Argélia – interveio, na semana passada, a Argélia concordou em abrir seu
espaço aéreo.
Mas um ataque em solo argelino é uma questão
diferente. O fato de o alvo do ataque ser uma refinaria de gás operada
em parte por empresas estrangeiras pode ter aguçado a determinação das
autoridades argelinas de resolver o problema por conta própria.
A ideia de que a elite do país e seus aliados
estrangeiros são os principais beneficiários dos lucros de petróleo e
gás é uma reclamação comum entre os argelinos.
"É importante (para as autoridades) mostrar ao
público interno que realmente controlam suas próprias fontes de
hidrocarbonetos, que não são apenas um governo fantoche", diz Parks.
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
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