Escavação arqueológica em Machu Picchu é negada por autoridades peruanas

Escavação arqueológica em Machu Picchu é negada por autoridades peruanas



Especialistas descartam hipótese apresentada por arqueólogo francês, de que local abrigaria tumba de imperador inca


O pedido de um arqueólogo francês, de escavar mais de 600 metros
quadrados de terreno no complexo arqueológico peruano de Machu Picchu,
foi negado nesta quinta-feira (21/02) por autoridades da região de
Cuzco. Segundo Thierry Jamin, um estudo realizado com geo-radares
permitiu identificar dezenas de cavidades e depósitos de metal, que
indicariam a presença de sepulturas no local.

Divulgação

Especialistas da Direção de Cultura de Cuzco visitam a região e descartam hipótese de que tumba de imperador estaria no local

“Algumas delas [são] muito pequenas e poderiam corresponder a
crianças”, afirmou o especialista, co-diretor da organização não
governamental Inkari, explicando que o aparelho utilizado permite
analisar até 20 metros de profundidade do subsolo em 3D. Segundo Jamin,
algumas das cavernas poderiam abrigar até mesmo uma tumba real.







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“Seria a confirmação da hipótese do arqueólogo Guillermo Lumbreras, que
por anos considerou Machu Picchu como o mausoléu de Pachacútec”, disse o
francês sobre um dos imperadores incas, ao justificar o projeto de
investigação enviado ao ministério de Cultura do país para escavar a
zona. A Direção Regional de Cultura de Cuzco, no entanto, afirmou que
não permitirá o estudo.

Em comunicado, o organismo explica que a escavação “colocaria em grave
risco a estabilidade de muros e recintos de fina terminação que fazem
parte do conjunto arquitetônico” do patrimônio local. “Os caçadores de
tesouros não só pretendem abrir um buraco, mas também remover um extenso
terreno. Isso seria uma barbaridade já que vários recintos, passagens,
muros e escadarias acabariam caindo, o que não permitiremos”, afirmou
Fernando Astete Victoria, diretor do complexo arqueológico.

Victoria informou ainda que o projeto apresentado pelo francês carece
de detalhes técnicos sobre as possíveis alterações físicas nas zonas
geradas pela investigação, como localização de cortes e concavidades.
“Um trabalho científico não pode ser feito de maneira improvisada
somente com a finalidade de achar tesouros fabulosos como esses cidadãos
sonham”, justificou.

Em uma coletiva de imprensa, Jamin afirmou acreditar que existe “ciúme”
em relação às suas investigações, o que impede que os responsáveis pelo
complexo autorizem sua pesquisa. “Demonstrem com argumentos
profissionais a inviabilidade do projeto de pesquisa e não com versões
subjetivas como o fizeram até agora”, pediu o arqueólogo francês. O
ministério de Cultura do país já se havia manifestado, no início de
fevereiro, negando o “suposto descobrimento” por parte do arqueólogo.

O historiador peruano Donato Amado, por sua vez, descartou que os
restos mortais de Pachacútec estejam em Machu Picchu. O pesquisador
aponta às crónicas de Juan de Betanzos, que indicam que o corpo do
imperador inca foi transportado a Lima, junto a mais nove múmias, em
1572. No século XIX, no entanto, se fizeram escavações no local da
cripta, mas nenhum resto mortal foi encontrado.

Já o diretor regional de Cultura, David Ugarte, demonstrou preocupação
com a possibilidade de que as especulações possam originar efeitos
adversos na região. Segundo ele, o assunto deve ser abordado com cuidado
para evitar “um saque ou o desprendimento de alguma infraestrutura” do
“ícone turístico”, e que investigações deste caráter devem ser
realizadas pelo Estado peruano, único autorizado a realizar escavações
na região.

A organização de Thierry Jamin se dedica, há mais de dez anos, a
explorar a presença dos incas na Amazônia peruana. O Santuário Histórico
de Machu Picchu foi o ponto turístico mais visitado em 2012 no Peru,
recebendo quase 250 mil turistas.